Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Aiai... O que será que virá por ai?
Provavelmente algumas risadas com Nique e Bruno eu posso garantir...



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Dominique estava sentada na sala de espera da enfermaria. Bruno foi transferido para um quarto, porque ele e os outros rapazes do quarto já estavam praticamente ligando o som dos celulares e fazendo uma mini boate no quarto. E eles precisavam relaxar. Danilo ligou para ela preocupado porque ela tinha deixado uma mensagem para ele e não tinha respondido mais. Ela o contou mais ou menos o que aconteceu e que estava com o irmão da amiga no hospital. Ele perguntou se ela precisava de alguma coisa e ela assegurou que não, que Aline já estava ajudando.

Depois de uns vinte minutos o despreocupando conseguiu voltar para o quarto. Era no quarto andar e aproveitou para antes passar na cafeteria e levar uns lanches para o quarto. Pelo menos o plano de saúde dele era muito bom e dava direito a acompanhante. Bruno estava vendo algumas atualizações na internet quando ela entrou. Olharam-se de esguelha e continuaram em silencio.

Ela ligou a TV e ficou assistindo um canal antigo com filmes bem velhos. Meia hora depois, Bruno se levantou.

- Não aguento mais. - ela riu e olhou pra ele - Sério, sabe que odeio hospital.

- Eu sei muito bem.

- Ah da outra vez deu pra aproveitar né? - ele a olhou sugestivo e ela bufou.

- Não estamos namorando mais Bruno.

- Tudo bem, arrumo uma enfermeira pra me fazer passar o tempo. - deu de ombros e ela o encarou.

- Como é? - levantou e foi chegando perto dele - Você vai colocar a merda dessa bunda na cama e ficar quieto. - ela já o cutucava no peito - E se der em cima de alguma enfermeira, eu juro que se acontecer alguma coisa com você da próxima vez, te deixo sozinho. Tá me entendendo? - o olhar mortífero fez com que ele risse.

- Tudo bem. - levantou os braços - Me rendo.

Foi andando até a cama e se sentou. Ficou olhando pra ela que parecia bem enfurecida e bufou.

- Parece criança, nunca vi disso. - sentou novamente na cadeira ao lado da cama e continuou folheando a revista e tomando suco.

- Se soubesse que iria ficar contra a vontade, teria pedido pra Aline ficar comigo. - Dominique percebeu o tom magoado. Engoliu em seco e olhou para ele que estava encolhido na cama, já com frio por conta do ar condicionado do quarto.

- Não é isso. - pegou o cobertor e o cobriu. Sentou na cama e o olhou - Mas é que você precisa entender que o médico falou que você precisa ficar de repouso. Ficar andando de um lado para o outro e transar com a primeira que aparecer pela frente não é descanso. - ela falou meio a contragosto, fazendo-o rir.

- Foi mal, mas to inquieto.

- Percebe-se. - levantou, mas ele a puxou de novo - Que foi?

- Você ficou muito triste quando eu fui embora? - Dominique levantou de novo e foi para onde estava sentada antes.

- Não disse que eu não estou preparada para falar sobre isso? - o olhou de esguelha - E você também não está em condições para tal.

Continuou olhando a revista e Bruno calou-se. Ela virou sua frase contra si mesmo e só porque ele bateu com a cabeça não queria dizer que estava indisposto para conversar. Quando disse aquilo, era porque ela não estava preparada emocionalmente. Tentou prestar atenção no filme que passava e logo em seguida adormeceu.

Passado uns vinte minutos, Dominique percebeu que o som da sua respiração já se tornava compassado. Levantou novamente e ficou ao lado dele o admirando. Percebeu que ele franzia o cenho em sonho. Passou os dedos delicadamente pelo vinco do rosto e o admirou. Tão lindo como sempre foi. Foi chegando mais perto só pra sentir a respiração dele perto da sua e logo abanou a ideia da cabeça. Era loucura o que estava fazendo. Mas mesmo assim, não resistiu mais e passou a mão pelo rosto dele. Pelos lábios, pelo queixo. Ele se remexeu um pouco e ela se assustou. Saiu de perto assim que a porta do quarto se abriu.

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- Já dormiu? - a enfermeira apontou pela porta e ela apenas assentiu - Ok então. - chegou mais perto e colocou o monitor cardíaco em seu peito. E novamente Dominique se viu admirando o pouco de seu peito desnudo pela enfermeira. Ele estava mais forte, malhado, e muito mais sexy do que antes.

- Enfermeira? - ela a olhou e depois de subir um pouco a roupa e cobri-lo com o cobertor, olhou pra ela.

- Diga.

- Posso pedir um grande favor? Seu plantão é noturno?

- Sim, saio as sete da manhã.

- Pode me acordar as seis? - elas olharam e viram o relógio já apontando duas da manhã - Coloquei os telefones para vibrar e não quero acordá-lo com o barulho. E eu preciso trabalhar.

- Claro. Não se preocupa. Muitas pessoas me pedem isso quando estão de acompanhante. - sorriu novamente e a deixou sozinha.

O corpo já não respondia mais. Dominique sentia um cansaço absurdo e apenas se ajeitou na poltrona e apagou.

Algumas horas depois, estava acordando por ouvir uma movimentação estranha no quarto. Abriu os olhos, mas não saiu daquela posição. Bruno estava de pé, conversando com o chefe dele ao telefone, explicando que não poderia trabalhar. Contou por alto o que aconteceu e disse que tinha o atestado médico para entregar a ele. Foi quando finalmente ela reparou que ele estava nu embaixo daquela camisola. Segurou o riso, mas depois que o viu escorando o corpo em uma perna e depois em outra, e claro a bunda dele subindo e descendo, danou a rir.

Ele virou para olhar e não entendeu nada. Ela apontava pra bunda dele e logo em seguida, ele desligou a ligação, fechou como pode e largou o telefone em cima da cama. Foi em cima dela e a encarou com aqueles braços cruzados deixando todos os músculos mais evidentes.

- Tá achando bonito?

- Pra que ficar pelado? - ela riu mais ainda - Você não fez nada demais.

- Tive uns percalços. Na hora de fazer o exame, escorreguei e a cueca prendeu na cama junto com outra camisola dessas. - ele falou envergonhado e ela explodiu ainda mais em gargalhada - Dá pra parar de rir? - chegou mais perto ainda do rosto dela. Estava quase em cima e deixando praticamente tudo à mostra, já que o laço tinha se desfeito. A enfermeira entrou e tomou um susto quando o viu quase que sentando em cima dela na poltrona.

- Bom dia. - ele logo tomou um susto e saiu se arrumando como pôde. - O senhor precisa de outra camisola? - e tentou conter o riso quando ele virou para ela.

- Gostou do que viu não é? - ela se assustou e Dominique arregalou os olhos - Brincadeira. Não precisa não, vou ficar quietinho e quando o médico me liberar eu coloco uma roupa.

- Já vejo que a senhora está acordada. Com licença.

E tinha como não acordar? Estava quase tendo um treco. Do jeito que ele era implicante, bem capaz de ficar peladão mesmo na frente dela. E seria bem interessante... Não, esquece isso. Meneou a cabeça e viu que ele estava rindo.

- Não podia se conter não é?

- Ela gostou mesmo do que viu. Que posso fazer se tenho uma bunda linda? - ele falou prepotente e ela não se aguentou. Voltou a rir mais ainda - Vai me dizer que é mentira?

- Como é que é? - e ficou vermelha como um pimentão.

- Você sempre gostou de colocar as mãos nelas. Então não pode me desmentir. - falou tranquilamente como se estivesse comentando em como ela gostava de tomar suco de maracujá. Estava pensando em falar algo e responder a toda aquela prepotência, mas a porta do quarto se abriu novamente.

O médico dava passagem para uma Aline apressada. Assustou-se ao ver a amiga tão cedo no hospital e com o rosto um pouco inchado. O médico chegou perto de Bruno e o avaliou por uns dez minutos e Aline entregou uma bolsa com roupas para Dominique.

- Pois então meu jovem. To sabendo do lance da cueca. - ele riu e Bruno também, mas já sem graça. Aline não entendeu nada e Dominique franziu o rosto e apontou que falaria depois - De qualquer forma pode se arrumar, as enfermeiras me disseram que você dormiu muito bem e que não apresentou mais nenhum sintoma. De qualquer forma, vou receitar um remédio pra dor de cabeça e umas anotações para você cumprir. Só peço que você fique em casa hoje e depois se houver qualquer problema, vomito, náuseas ou qualquer outra coisa diferente, me ligue.

- Ok. - o médico olhou novamente para as duas.

- Ele não pode carregar peso e nem fazer esforço nenhum se possível. Mas apenas por hoje. Alguém precisa ficar de olho nele. Já soube também que é muito inquieto.

- Doutor, eu não tenho mais 12 anos.

- Mas age como se tivesse. - Dominique reclamou e ele a olhou furioso - Ele precisa mesmo de babá doutor, quando fica doente, fica inquieto.

- Mereço isso, está parecendo minha mãe. - ele reclamou e Aline e o médico riram.

- Pois bem, vou assinar sua alta, depois preciso que assine uns documentos na recepção e a senhorita também como responsável e acompanhante.

- Ok.

Assim que o médico saiu pela porta, ele fez menção de se levantar.

- Epa, fica ai, a não ser que queira que Aline veja sua bunda. - ela chiou, pegou a bolsa no colo e partiu para o banheiro - Vou tomar um banho, você vai tomar um também, vamos ao seu apartamento, vai trocar de roupa e passar o dia com a gente na empresa.

- Eu tenho que ficar de repouso. - ele não entendeu nada. Dominique o ignorou e se trancou no banheiro - Como assim ficar com vocês? E cadê a minha irmã?

- Falei com ela ontem lá pelas três da manha. Quase teve um surto pelo telefone, mas expliquei que estava tudo bem e disse que você ia com a gente para o escritório.

- E desde quando vocês decidiram isso?

- Não interessa. Você vai e ponto final. - ela sorriu conclusiva o deixando irritado - Não fica assim, no hall do prédio tem um restaurante e um lugar tranquilo onde muitos funcionários ficam conversando na hora do almoço. Qualquer coisa vai ter passe livre pela empresa.

- Vou conhecer muitas mulheres bonitas pelo menos?  - ele piscou e ela riu.

- Claro. Mas me conta... Que história é essa da cueca e de estar pelado?

CONDOMINIO MARTIN

Dennis e Tiago estavam compenetrados no café da manha. Um silencio meio mórbido. Ariana e Marta estavam apreensivas na cozinha, porque lembraram da discussão da noite anterior. Charles tocou a campainha e assim que entrou, Ariana o carregou para a cozinha. Contou mais ou menos a situação porque ela e Marta não conseguiram ouvir tudo. Eles dois estavam no segundo andar, dentro do quarto de Tiago, e só a movimentação que foi mais extrema.

- Os dois discutindo a uma hora da manhã?

- Acho que foi quase duas. Um pouco depois que Tiago chegou em casa.

- E por que ele chegou tão tarde numa segunda feira? Voltou a fazer as noitadas dele? - Charles cruzou os braços e Marta engoliu em seco.

- Acho que tem a ver com mulher sim, mas não com noitada. Não sei como explicar.

- O de sempre Charles. - Ariana se meteu - Ele está agindo novamente com toda a imaturidade dele. Usa as mulheres ao seu bel prazer e depois fica desolado, sabe-se lá Deus por que. E você sabe muito bem que Dennis não gosta disso.

- Ele faz a mesma coisa Ariana. - a olhou sucinto - Não defenda nenhum dos dois, porque eu já estou tendo problemas sozinho com eles, não quero ter mais um. - ela apenas assentiu, mas não se conformou. Queria que eles acordassem para a realidade e percebessem que acabariam sozinhos se continuassem daquela maneira. Olhou para Charles que estava numa tentativa vã de entender o que Marta tentava explicar. Charles também era outro que estava sozinho, Ariana até sabia um pouco dos problemas dele, mas não achava justo que ele se prendesse a um passado que ela acreditava que não teria futuro. Mas não podia se meter naquilo, tinha sido um segredo há anos confiado por Manoel, caso ele morresse e precisasse de alguém mais novo para ajudar.

Ele se dirigiu para a onde eles estavam tomando café da manhã, Marta arrumou tudo para ele também tomar café, todos se olharam e continuaram comendo. Depois de uns vinte minutos, Tiago percebeu que Charles analisava a situação e levantou bufando.

- Pode ficar sentado ai. - ele foi autoritário. Dennis engoliu em seco e Tiago sentou novamente - Não quero ter que chamar meu tio aqui pra resolver picuinha dos dois maricas. São maiores de idade, portanto comportem-se como tal. - os irmãos se olharam e voltaram-se para Charles que já agradecia a Marta do café que ela servia em sua xícara - Pode trazer aqueles bolinhos que eu adoro? - ela sorriu e assentiu. Ele voltou o olhar para os dois, tomou um gole do café amargo e olhou pra eles - Pois bem, comecem a falar agora.

- Mas não temos nada pra falar Charles. - Dennis tentou sair do meio do fogo cruzado, quando Charles ficava daquele jeito, as coisas iam terminar mal.

- Ok, então vamos ficar o dia todo aqui. Porque se eu não me sentir satisfeito com nenhuma explicação, a cada revolta, menção de se levantar ou qualquer outra coisa que me desagrade, será um desconto de R$ 500,00 no salário de cada um.

- Como é? – os dois começaram a reclamar, dizendo que era um absurdo aquela situação, exploração, falaram de leis e xingaram palavrões que não eram nenhum pouco apropriados para aquele horário.

- Aumentou para R$ 1.000,00. – ficaram calados – Acho melhor começarem a se explicar.

Ariana ria do outro lado ouvindo a conversa. Apontou um ok pra Marta, enquanto que na mesa, os dois irmãos olhavam estupefatos para o primo sentado, tranquilo e tomando seu café, degustando de seus bolinhos.

Óbvio que nenhum dos dois queria perder dinheiro, então começaram a falar ao mesmo tempo. Depois de não sei quanto tempo, Charles estava perdido. Só tinha entendido frases desconexas, situações meio absurdas, bebida, enfim... Depois que eles perderam o fôlego para falar, que finalmente Dennis deu o touché da situação.

- Ai ele me dorme com ela, faz o que faz e depois aparece aqui em casa revoltado, jogando ela pra cima de mim como se fosse um objeto.

- Eu não fiz isso. Você não deu em cima dela, se interessou? Que custa tentar? De repente você é o homem que ela tanto quer, mas não tem paciência de esperar.

- Afinal, de quem vocês estão falando?

- Aline. - responderam ao mesmo tempo, fazendo com que ele quase derramasse café na mesa.

- Como é? Você dormiu com a Leticia e com a Aline? - levantou revoltado - O que você tem na cabeça?

- Merda. - Dennis respondeu.

- Caramba, ela dormiu comigo no hotel sabendo quem eu era e fugiu.

- Ela te pediu desculpas, cacete! - Dennis também levantou e se arrependeu. Charles o olhou e ele se sentou de novo já irritado - E você me deve R$ 1.000,00.

- Quem se revoltou foi você, não eu. Não tenho nada a ver com isso.

- MARTA! - Charles a berrou e ela chegou correndo na cozinha - Liga pra empresa e avisa que os três vão chegar atrasados. Ainda bem que meu tio já voltou pra casa de praia.

Uma hora depois, celulares desligados e inúmeras xícaras de café, Tiago finalmente tinha contado a história para Charles.

- Tenho pena dela, sinceramente. - concluiu já jogando o corpo na cadeira.

- E eu quero mais que ela...

- Cala a boca. - o cortou - E você não tinha nada que ter se metido na história. - olhou pra Dennis.

- Eu só fiz a minha parte como irmão. Ele andava todo caído pelos cantos porque se sentia enganado, e quando a vi na empresa, não achei que fosse manipuladora, maníaca ou sei lá mais o que, e achei que seria justo que eles tivessem uma conversa decente e resolvessem logo isso.

- Tudo bem, e veja no que deu.

- E eu ia imaginar que ele ia agir feito um imbecil? - Dennis se revoltou de novo - Sabe o que me irrita? Que eu to levando a culpa aqui sendo que tentei ajudar.

- Não estou te culpando. - Charles respondeu - E acredito que nem o Tiago esteja.

- Não disse isso. - ele olhou pro irmão - Discuti ontem com você porque me disse coisas...

- Que você merecia ouvir. - Charles concluiu novamente, fazendo Tiago se calar - Ele não estava errado e você não deveria tê-lo mandado calar a boca.

- Obrigado.

- Você está realmente precisando de um choque de realidade. - Tiago fez menção de falar e ele o cortou - Não acho que ela tenha agido certo com você no hotel, mas ela teve coragem de pedir desculpas e admitiu que colocou o trabalho em primeiro lugar. E pelo que parece vocês dois tiveram uma atração bem incomum. Mas infelizmente as cabeças não batem. Certas atitudes dela mostram que está muito mais a sua frente.

- Está defendendo porque é sua amiga.

- Não. Porque a conheço muito bem. Ela é humana e comete erros, assim como você também. Mas não adianta eu tentar falar nada, não está preparado pra ter uma mulher como ela na sua vida. - os dois o olharam surpresos. Parecia o pai deles falando ali e estremeceram só com o pensamento - Eu não vou sair por ai espalhando e acredito que nem ela. Só acho justo que se vá continuar tendo algo com essa amiga dela, que seja honesto com ela. Não vou falar nada, seu irmão também não. Vai caber a você essa responsabilidade. Agora, vai terminar de se arrumar que você tem reunião daqui a duas horas. Vou falar com seu irmão.

Ele levantou exausto já por aquela conversa. Por mais que não quisesse, aquela frase que Charles disse grudou em sua cabeça. E sabia que esse seria mais um motivo para ela não sair de sua cabeça.

- Acha mesmo que isso é certo? Deixar isso na mão dele? - Dennis parecia preocupado.

- Nós dois vamos na casa do meu tio. Precisamos ter uma conversa muito séria.

- Não falei que isso ia sobrar pra mim? - ele chiou e Charles riu.

- Vai se arrumar e olha: Não vou descontar nada do seu salário. Era só para assustar.

Ele saiu já mais contente porque estava com seu salário mais intacto. Chocou-se com o irmão no meio do caminho que já lhe sorria. Depois também do chá de cadeira que tomaram, precisavam mesmo ficar um ao lado do outro. O pai não morava com eles, e no final só tinham eles mesmos pra conversarem.

- Desculpa cara.

- Sem grilo Tiago. - se abraçaram - Vou me arrumar.

Ariana entrou com Marta e Charles ainda estava comendo. Ela o olhou assustada e assim que viu ele pegando mais um bolinho, lhe deu um tapa.

- Já tá bom, vai engordar e ficar feio. Eu hein!

- Por que simplesmente não reclama? Precisa dar um tapa como se fosse minha mãe? - ele chiou e assim que viu seu olhar assassino recuou - Tá bom, parei de comer. - levantou e ela sorriu satisfeita - Como sei que deva ter ouvido pela porta, não preciso lhe dar o parecer não é?

- Como ousa? - lhe deu outro tapa e voltou com seus xingamentos em francês - Entendo o que você e seu tio querem fazer, mas sabe muito bem que não concordo com essa modalidade de educação de Manoel.

- Eles estão ai não é? - ele sorriu maroto e lhe deu um beijo no rosto - Fica tranquila, vai dar tudo certo. E não precisa ligar pro meu tio, vou com Dennis lá depois e conto tudo a ele.

- Acho bom mesmo. - foi andando em direção a cozinha e chamou Marta para que recolhessem o que sobrou do café da manhã.

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Aline estava revirando uns papéis tentando não pensar em coisas impróprias para o horário de trabalho. Infelizmente, a noite quente com o senhor imaturidade não lhe saía da cabeça. Dominique toda hora passava entregando os relatórios pela metade e ela sabia que era só pra ver se ela começava a contar as coisas. Diana estava dentro de sua sala pensando na vida. Trabalhar que era bom nada. Não conseguia.

Leticia estava no hall tentando fazer o irmão comer alguma coisa. Discutiu com ele muito tempo achando que ele fosse o culpado de tudo e quando ele reclamou que estava com dor de cabeça, cuidou dele como se tivesse cinco anos de idade. Subiu e viu Aline um pouco alienada. Encostou-se à mesa dela e ficou observando.

- O que foi? - ela lhe olhou de canto de olho.

- Já viu que tem quatro ligações em espera pra você aqui? - ela apontou para o PABX e ela deu de ombros.

- Não estou a fim de falar com ninguém.

- Aline... Amanhã não estaremos aqui entendeu? - a fez acordar pra realidade e lembrar o que não queria - Será que não percebe que está trabalhando? Ultimamente está bem avoada hein.

- Nem fala. - reclamou e recebeu um aviso do hall - Pois não.

- Srta. Resende, o Sr. William Stolt está aqui e deseja ver a srta. Montenegro. - Aline estranhou - O que ele fazia ali se não tinha marcado nada?

- Ok, pode pedir para que ele suba. - procurou e viu Leticia pegando um café - Lê, vem aqui.

- Fala.

- O Stolt está ai e vai subir. Recepciona ele pra mim, por favor, que vou avisar a Diana que ele está aqui.

- Ok.

Aline entra na sala da chefe e a ve olhando a janela absorta da vida. Do mesmo jeito que ela quando estava sentada em sua mesa.

- Desculpa Diana. - ela a olhou e sorriu - Mas o sr. Stolt está ai.

- Ah sim, ficamos de almoçar hoje. - ela tinha esquecido desse detalhe - Pode pedir pra ele entrar na minha sala. - sentou-se e procurou se arrumar um pouco. Aline sorriu e saiu logo em seguida.

Assim que chegou em sua mesa, viu Leticia e ele surgindo pelo elevador e rindo como se fossem velhos amigos. Leticia apontou por onde ele deveria ir e assim que ele viu Aline, seus olhos brilharam. Leticia apontou como sendo a assessora de Diana, e logo suas duvidas foram sanadas. Ela não tinha aparecido naquele fim de semana em São Paulo.

- Bom dia sr. Stolt. - ela sorriu e estendeu a mão. Ele logo a pegou delicadamente e beijou suas costas.

- William, querida, William. - Aline corou. Muitos que estavam ali pararam disfarçadamente para ver o galanteio dele com ela e só piorou para que ela corasse mais - Não se preocupe com os outros ao redor, duvido que tenham beleza tão aprazível quanto a sua.

- Obrigada. - consertou mais a postura e apontou a sala de Diana - Vamos?

- Claro.

Entraram na sala dela que já estava de pé o esperando. Stolt era um homem muito conceituado e merecia todo mimo que as pessoas lhe davam.

- Bom dia Stolt. - já se cumprimentaram com mais intimidade, um cumprimento de mãos e dois beijinhos no rosto.

- Bom dia. Ainda estou me acostumando com o tratamento carioca. Esses beijos no rosto não são muito comuns onde vivo.

- Imagino. - sorriram e ela olhou para Aline - Querida, traz dois cafés pra gente? - ele olhou pra ela - Sim, nossas reservas são pra daqui a meia hora e ainda temos um tempo. O restaurante é a dez minutos daqui e podemos chegar rapido.

- Nada de carro, se pudermos ir a pé fico mais agradecido. - ele sorriu e ela assentiu.

- Que assim seja. De qualquer forma, ainda temos um tempinho.

- Mas Diana, não acredito que tenha um tesouro tão lindo guardado em sua empresa. - ele apontou para Aline que já sorria novamente sem graça - Ela é muito linda, pena que não pudemos nos conhecer em São Paulo.

- Obrigada novamente. - Aline já saiu da sala formando todos os tons de vermelho possiveis em seu rosto.

- Novamente? - Diana olhou pra ele já desconfiada - Está dando em cima de minha assessora, Stolt?

- Imagina, só elogiei a beleza dela. E ainda fico mais fascinado quando elas ficam tímidas com elogios.

- Faz jus mesmo a sua imagem hein! - eles gargalharam e ele assentiu.

- Mas claro, acho que toda mulher bonita merece ser elogiada. Além do mais, estou na idade que me permite falar isso sem que todas levem para o lado sexual.

- Mentira! - ela apontou uma poltrona e o mesmo sentou em frente a ela - Não acredito que não tenha nenhuma mulher aos seus pés.

- Não foi bem isso que falei. - ele se consertou - A facilidade é muito maior em elogiar uma mulher mais nova do que da minha idade.

- Como se você fosse muito velho.

- Não me acho velho, mas acredito que muitas moças não levem para esse sentido. Já mulheres mais velhas...

Foi então que Diana percebeu o que ele estava falando. Ele queria que ela lhe elogiasse para entrar no terreno dela.

- Sabe, impressionante a maneira como você tentou me enganar agora. - ele se assustou e ela sorriu - Quer um elogio? Eu lhe dou, mas não venha pensando que ao me elogiar também terá outros pontos além de profissionais. - ela falou calmamente, o que o fez gargalhar.

- Viu? Mulheres mais maduras sempre tendem ao lado mais maldoso da situação.

- Muito pelo contrário, as mulheres mais novas são muito piores, principalmente as que almejam posição social. Já, nós, mulheres independentes e experientes, apreciamos mais um elogio quando ele é sincero e não com conotação sexual.

- Então se eu disser que lhe acho atraente desde o primeiro dia que te vi... - ela já recuou um pouco - Acharia que estou querendo apenas sexo com você?

- Diria que sim, porque esse seu papo de ser mais velho não cola comigo. - ele riu novamente - Mas não vou dizer que não gosto, por que no final das contas, toda mulher gosta de receber um elogio.

Aline entrou novamente com a servente e o carrinho de café. Arrumaram perto da mesinha de centro e deixaram os dois mais a vontade. Stolt já olhava Diana com outros olhos, como se quisesse agarrá-la ali mesmo. Diana, por sua vez, o encarava tentando entender o que no final o trouxe ali para almoçar. Se é que ela podia dizer que ele queria almoçar, no sentido literal da palavra.

Saiu já tendo uma sensação estranha. Algo tinha acontecido naquele pouco tempo que foi buscar apenas um café. Os dois continuaram se olhando firmemente e logo pegaram seus cafés. Tomaram em silêncio, até que ele, mais impaciente decidiu quebrar a situação.

- Ok, estamos aqui, nos olhando sem falar nada... Como ficamos?

- Em que sentido? - ela riu.

- Esse... - e ele achava impressionante como ela o desarmava. Seu charme não colava muito com ela, pelo menos não lhe dava um impacto como em outras mulheres.

- Stolt, já que somos dois adultos e sei que você tem muito mais experiencia de vida do que eu, serei sincera. Gosto muito de você, admiro seu tato para tentar chegar em mim como homem, mas se for pra realmente ter algo, quero que aconteça naturalmente, devagar. Já tive muitos problemas com relacionamentos para me jogar em outro assim, e tenho muitas cicatrizes que não foram fechadas totalmente.

- Entendo. - ela era totalmente sincera com ele, o que o impressionou.

- Sei que apesar de toda sua fama de galanteador, você é um homem digno. Mas, primeiro eu prefiro que sejamos amigos e que tenhamos um relacionamento focado no profissional. Pode ser?

- Com certeza. - ele sorriu, deixou o café na mesinha, levantou e esticou a mão para que ela subisse - É sempre bom ter uma amizade de uma mulher linda, inteligente e madura como você. - eles sorriram, ela deixou seu café na mesinha, aceitou sua mão estendida, levantou e foi em direção sua bolsa.

- Vamos, já que quer ir a pé, podemos perder a reserva.

Saíram da sala já rindo de alguma piada que ele lhe contou. Leticia já estava escorada ao lado de Aline e assim que eles desceram pelo elevador, ela sentou na mesa de Aline.

- Menina, que elogio foi aquele para sua pessoa?

- Não sabe que tem cadeiras espalhadas pela empresa Leticia? - ela revirou os olhos e incentivou que ela falasse com o olhar - Ah vai saber, ele me olhou e elogiou. Que posso eu fazer?

- Além de ficar vermelha que nem um pimentão? - Leticia gargalhou - Nada, só agradecer. Mas que o homem é tudo de bom ele é! Eu tinha feito algum comentário. 

- Eu bem sei que tipo de comentário você faria. - Aline levantou - Vamos almoçar logo? Seu irmão deve estar esperando lá embaixo desesperado e Dominique também.

No hall de entrada do prédio, Dominique estava apresentando Bruno para Danilo. Os dois pareciam dois adultos normais se cumprimentando, mas no fundo, como dois bons homens crianças que eram não gostaram um do outro. Claro, um era o ex namorado e o outro atual. Danilo já não estava muito satisfeito porque ela tinha passado a noite com ele no hospital, mas entendeu no final, porque Leticia não era o exemplo de responsabilidade.

Elas apareceram logo depois e todos foram almoçar. Leticia contava do Stolt para eles e de como Aline ficou sem graça, enquanto ela tentava esconder o rosto em algum lugar.

PONTA NEGRA - CASA DE PRAIA PALMAS

Manoel estava tranquilo lendo seu jornal. Assim que ouviu o som de um motor de carro, levantou-se e foi checar quem chegava. Viu Charles e Dennis saindo do carro e já imaginando que alguma bomba estava pronta pra ser jogada em seu colo. Chamou a empregada e pediu pra que preparasse um almoço para três. Ela tomou um susto, mas assim que viu os dois chegando, entendeu o motivo. Foi correndo para a cozinha.

- Acredito que estejam com fome. - ele sorriu e eles assentiram - Entrem.

Foram para a sala de recepção e sentaram. Começaram a conversar sobre amenidades, nada demais. Meia hora depois, cada um tomou um copo de uísque, e a empregada chamou. Sentaram-se na sala de jantar e foram servidos. O almoço soou tranqüilo, Dennis contando apenas de suas aventuras amorosas e Charles sobre algumas contas da empresa. Depois de muito conversarem e degustarem do almoço, foram para a ala da piscina. Pelo menos lá não ventava e o tempo estava um pouco aberto para o inverno meio incomum do Rio de Janeiro.

- Pois então, já que estamos aqui, vamos logo ao que interessa. Se quisessem passar o dia nadando, com certeza não viria de terno.

- Eu não diria bem isso. - Charles começou e Dennis se lembrou do papelão de outra vez.

- Eu tinha acabado de ganhar uma conta pra empresa, nada mais justo do que comemorar.

- Aham, com a loira de vestido dourado. Sei... - eles riram e Manoel os olhou instigadores - Desculpa. Vamos logo ao que interessa.

Os dois contaram a história toda. Manoel mais do que ninguém tinha que saber daquela confusão. Depois de muita indagação, feições preocupadas e surpresas, ele concluiu o mesmo que Charles naquela manhã.

- Também acho que ele tem que arcar com as consequências.

- Mas não gosto disso pai. - Dennis o olhou preocupado - E se ele nunca aprender?

- Dennis, seu irmão vai aprender nem que seja na marra. Pelo que percebi, não a conheço muito bem, mas Aline é muito madura. E vai abrir os olhos do seu irmão da maneira mais improvável possível.

- Como?

- Quando ela aparecer com outro homem. - Charles respondeu - Você vai perceber também.

- Tenho medo de vocês dois, isso sim. - eles riram e continuaram a conversa.


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Notas finais do capítulo

Bom, como eu me empolguei, vou postar até o 15 hoje.... shuahsuahuahauhsh



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