Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

As coisas nesse capítulo vão começar a esquentar!!!! uahsuashuashuahsuahss



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MONTENEGRO PUBLICIDADE

Depois de um almoço um tanto diferente do normal, Diana estava se sentindo melhor. A convivência constante com Charles estava deixando-a presa a sentimentos totalmente inversos ao que gostaria. Já passava das quatro da tarde, e ela estava absorta em alguns documentos que Dominique tinha enviado pelo advogado autorizando alguns custos.

Aline estava terminando de ver os afazeres do dia seguinte para mostrar a Diana quando viu o ramal de Letícia no telefone.

– Pois não. - atendeu entediada, provavelmente Leticia falaria sobre o elogio a ela mais cedo novamente.

– Aline, o Sr. Roich gostaria de falar com a Diana. - naquela empresa, Diana odiava de ser chamada de senhora, senhorita e pronomes afins dados a donos. Só pedia postura diante de clientes, mas no ambiente de trabalho, entre eles, era tudo mais tranquilo.

– Pode passar. Eu preciso falar com ele de qualquer maneira.

– Alô. - Charles estava do outro lado já esperando pra ouvir Aline primeiro.

– Oi, Charles, tudo bem? - ele percebeu pelo outro lado que ela estava sorrindo e mesmo querendo ser educado, preocupação era a única coisa que passava por sua cabeça.

– Aline, tudo bom? Eu preciso falar com Diana, mas gostaria de saber se seria possível tomarmos um café amanhã.

– Algo errado? - ela estranhou - Amanhã temos que fazer aquela pesquisa.

– Sim, sim. Mas antes de você sair pra trabalhar. Que tal as sete e meia? Já que vai pra banda de Botafogo, podemos nos encontrar ou eu mesmo posso te buscar pra irmos a Confeitaria Colombo, que tal?

– No centro?

– Não, abriu um espaço deles no forte de Copacabana. Dizem que a vista lá de manhã é muito bonita.

– Me sinto lisonjeada, mas precisa mesmo ser tão cedo? - ele gargalhou do outro lado.

– Sim, tomamos café e depois eu te deixo em Botafogo. Algum problema?

– Ok. Sem problemas. Vou só avisar Diana, me aguarda?

– Claro.

Aline estava com o coração no peito. Era de se encontrar algumas vezes com Charles, conversavam sobre muitas coisas, mas ele nunca a fez acordar tão cedo para conversar. E ela o conhecia bem para saber que tinha caroço naquele angu. Tiago deve ter aberto o bico pra ele e claro, ele queria saber sobre isso, antes até que o próprio Tiago falasse algo.

Diana estava tão compenetrada em seus afazeres que nem se ligou de imediato com o telefone tocando. Aline imaginou que ela pudesse estar tirando um cochilo, então levantou para falar com ela.

– Diana, desculpa atrapalhar. - entrou na sala batendo na porta e a viu lendo uns livros perto de sua estante.

– Fale. Nossa reunião é só daqui a quinze minutos.

– Sim, é que o Charles está ao telefone. Ele precisa falar com você.

– Ok. - só de ouvir falar no nome dela, o corpo dela se tremia por dentro - Pode passar.

Sentou perto do telefone e esperou que Aline desligasse. Respirou fundo algumas vezes para que a voz saísse normal, coisa que provavelmente não aconteceria. Estar no meio de outras pessoas era muito mais fácil para lidar com ele do que apenas os dois, independente de estarem apenas em uma simples ligação.

– Que bom que pode me atender. - ela sentiu que ele sorria do outro lado. E só de ouvir a voz dele, o que antes era um tremor interno, perpassou o corpo todo externamente.

– Precisa de algo?

– Diana, preciso de muitas coisas, mas acho que no momento você só pode me oferecer uma. - ele sorria maroto do outro lado, sabia que ela odiava aquele tipo de insinuação, mas gostava de ouvir sua respiração cortante e voz irritada.

– Muito engraçado, Charles. Quer mesmo que eu desligue na sua cara?

– Desculpa, mas não conseguir resistir. Está sendo bem difícil ultimamente. - e novamente aquela voz rouca e sedosa que a deixava louca. Balançou a cabeça sabendo que não podia se deixar levar por aquilo de novo, não tinha mais 20 anos.

– Pois então fale logo o que deseja, porque tenho uma reunião daqui a cinco minutos.

– Queria que você jantasse comigo hoje. - ela engoliu em seco, em todos esses anos ele não tinha lhe pedido para sair pra jantar, quer dizer, não daquele jeito.

– Sabe muito bem que querer não é poder. - ela mordia os lábios. Era muito difícil resistir aquela voz rouca, manhosa e pedinte do outro lado. Lembrava daquela mesma voz, quando os dois estavam envoltos em seus lençóis, pedindo coisas que somente eles poderiam fazer pelo outro.

– Realmente, eu desejo e quero muitas coisas ultimamente, mas sou paciente. Sei que com o tempo vou conseguir tudo. Mas enquanto não tenho todo esse poder, prefiro ficar na minha e deixar as coisas fluírem. - ela estava cada vez mais tensa do outro lado da linha. Ele sentia uma satisfação absurda por saber que ela ficava daquele jeito apenas com sua voz, mas também não era tão prepotente por achar que ele era o único que lhe causava aquele tipo de sensação. Ela sempre soube manter sua vida pessoal no maior sigilo, e como eles tinham apenas contato profissional, ela poderia ter outro e ele nem tinha ideia. Mas afastou aquilo da cabeça, o que menos queria era a constatação de que ela nunca mais seria sua. Ele abominava sequer cogitar essa ideia.

– E qual seria o motivo de jantar? Podemos muito bem marcar uma reunião e conversar sobre o que é necessário.

– Não agüento mais ficar conversando em sala de reunião, é sufocante. Não gostava de estudar nem na biblioteca na época da faculdade, só fazia porque era obrigado por você.

E lá vinha ele com as lembranças da faculdade. Do romance, dos dias que se afundavam dentro da biblioteca para estudar e no final do dia estavam se amando em algum canto escuro dos corredores enormes. Das brigas, das confusões e de todos os outros problemas que tiveram durante aquele tempo.

– Acho melhor nós dois deixarmos como está. Se caso achar melhor, faremos uma reunião na sua empresa. Como ela é sua segunda casa, não vai se sentir tão claustrofóbico. - e a voz taxativa e morta de sentimentos, foi o suficiente para cortar todo o clima entre os dois, ou pelo menos o que ele acreditava que estava tendo naquele momento.

– Ok. Quinta feira você pode vir aqui?

– Vê com a Aline e ela acha um lugar vago essa semana na minha agenda. To cheia de coisas pra fazer e tenho umas sessões de fotos para ir e aprovar.

– Tudo bem. Eu falo com ela.

– Vou devolver a ligação. - ela chamou o ramal de Aline que atendeu de pronto - Aline, faz um favor pra mim. Vê um lugar vago na agenda essa semana, de preferência na quinta pra que eu possa ir na PP e ter uma reunião tranqüila com Charles.

Aline ria internamente. Era palpável que na voz da chefe algo estava errado. Ela sabia de algumas partes do relacionamento dos dois, mas nunca entendeu muito bem essa coisa de irresponsabilidade que ele era taxado. O homem que conhecia era responsável e maduro até demais pra idade que tinha. Porém, por mais que fossem amigos, muitas coisas lhe eram passadas de modo superficial, como se ele tivesse além de arrependimento, vergonha do passado.

Diana já tinha desligado. Levantou e pegou uma bebida em seu bar pessoal. Estava tendo um surto em sua sala e se agüentando o máximo que podia para não gritar. Não entendia essas indiretas que Charles lhe dava, tentativas de lembrar as coisas boas do passado...

Pensava se ele realmente acreditava que tinham tido um fim naquela época. Às vezes sentia que ele a olhava como se ainda fosse sua, que seu corpo se movia como um imã para o seu e tentava afastar aquilo da cabeça. Ele não podia, depois de tantos anos, ainda estar preso ao passado. Apesar de que ele nunca fora de aparecer com outra mulher a tiracolo. Ela muito menos aparecera com namorados.

Culpava-se por sempre tentar ver nos homens traços da personalidade de Charles. E muitos deles eram atraentes o suficiente para encantar qualquer mulher. Queria sentir-se viva por completo e por mais que eles a animassem, alguma peça faltava naquele quebra cabeça. E negava que isso viria do fato de ainda amá-lo. Suprimiu aquele sentimento há tanto tempo que nem sabia mais aonde tinha escondido.

E percebeu que Charles, mesmo que involuntariamente, ia chegando aos poucos no caminho tortuoso que ela criou para afundar esse sentimento, e que isso cada vez mais lhe deixava angustiada. Não queria passar por aquele tormento todo de novo. Seria desesperador demais, e talvez, quem sabe... Nunca mais conseguisse se reerguer novamente.

PALMAS PUBLICIDADE

Tiago já tinha decidido o que ia fazer da vida. Não contaria nada a Leticia que não merecia saber de nada daquilo. Pediria ao irmão e ao primo que deixassem tudo como estava, já que a própria Aline tinha dito que iria fingir que nada tinha acontecido. Sabia que provavelmente seria difícil para os dois, mas nada que o tempo não resolvesse. Se não era pra ser, que se danasse. Ele não iria ficar correndo atrás dela para o resto da vida.

O irmão e o primo tinham saído e ele não sabia pra onde, e nem as secretárias souberam informar. Provavelmente tinham ficado um pouco revoltados com ele e resolveram almoçar sozinhos. Estava pensando em sua vida monótona, quando lembrou que tinha falado com Letícia sobre saírem à noite.

– Alô. - ela atendeu do outro lado.

– Oi minha linda. Esqueceu de mim? - ele sorriu. Leticia já estava no papo, por assim dizer e quem sabe com ela ele não poderia mostrar a todos que era um homem responsável?

– Claro que não me esqueci. Aliás, depois de sábado essa possibilidade se torna nula. - eles dois sorriram e ela no final soltou uma risada.

– Pois bem, já que somos inesquecíveis, que tal mostrarmos ao mundo que somos melhores ainda juntos?

– Com certeza, estava na verdade esperando que você falasse isso. Pode me buscar hoje no apartamento? Quero estar bem cheirosa e arrumada pra você. - Leticia sabia que podia estar sendo muito oferecida daquela maneira, mas não podia negar que Tiago aflorava ainda mais o seu jeito predadora. Se ele a queria, ele teria, e ela saberia se aproveitar ao máximo daquilo.

– Nove horas?

– Marcado.

Desligaram os celulares ao mesmo tempo. Nada de beijos e despedidas, não eram namorados para isso e só tinham saído uma vez. Levantou saltitante e correu para contar a novidade a Aline, que já não estava em sua mesa, provavelmente passeando pela empresa. Correu então pra falar com Dominique. Pediu a outra menina que trabalhava no setor delas, que atendesse as ligações porque ia rápido ao banheiro.

Correu até o setor jurídico da empresa e assim que passou pelos advogados, um deles piscou pra ela, mas ela nem ligava mais, considerava como figurinha repetida. Passou pelo seu ex namorado e quase teve vontade de jogá-lo pela janela. Odiava o fato de saber que ele trabalhava na empresa também. Chegou perto da mesa de Dominique que já ficava junto com os outros contadores, quando a viu conversando animadamente com Danilo.

– Epa, trabalho não é hora pra namorar não. - falou já perto dos dois que a olharam sem graça - Bonito se a patroa chega aqui e pega vocês nesse love todo. - Danilo riu e Dominique rolou os olhos.

– Não enche Leticia. O que aconteceu? Seu irmão está com algum problema?

– Já despachei o meu irmão pra casa. Ele já estava me ligando de cinco em cinco minutos. Apesar de que eu acho que ele saiu com a menina da recepção lá embaixo.

– Hum. - por algum motivo, Dominique não gostou nenhum pouco do que ouviu - Se ele voltar pro hospital quem vai ficar com ele vai ser você.

– Eu acho isso uma ótima ideia. - Danilo comentou deixando as duas surpresas - Desculpa.

– Tá com ciúmes é amor?

– Já estao assim? - Leticia riu - "Amor". - falou com um deboche divertido fazendo os dois rirem.

– Sim, sim, amor. - ele repetiu no mesmo tom que Dominique - Estou com um pouco de ciúmes sim.

– Preciso contar uma coisa rápida, tenho que voltar a trabalhar.

Enquanto ela contava para eles tentando não se ligar na situação de amor dos dois no meio do ambiente de trabalho, algumas pessoas tentavam ouvir a conversa. Claro que a servente já tinha ouvido as coisas na sala de reunião no dia anterior e já tinha espalhado tudo para as outras pessoas saberem. Poucos ali precisavam apenas de uma sucessão de fatos para acreditarem de fato na fofoca. E claro, isso se deu porque a própria Leticia narrava os fatos para os dois ali perto. Não falava alto, mas como o ambiente era um tanto quanto quieto, alguns ali conseguiram ouvir o que ela falava.

– Então quer dizer que esse lance é sério? - Dominique olhava desconfiada.

– Bom, se é eu não sei, mas que vou aproveitar enquanto posso, eu vou. - piscou e saiu andando toda feliz e contente com o que tinha ouvido.

– Isso vai acabar mal, muito mal! - ela concluiu e Danilo a olhou sem entender nada - Depois te conto.

Aline já estava saindo da sala de Diana. A reunião com ela tinha sido um pouco mais demorada do que imaginara, mas nem por isso desanimou. Olhou o relógio e deu graças a Deus porque iria pra casa.

Todos se encontraram na porta do prédio e Leticia disse que precisava ir logo embora porque ia se encontrar com Tiago. Aline engoliu em seco, e Dominique pediu desculpas porque ia com o namorado para um barzinho próximo. Elas duas foram embora e Aline quase se tacou pela janela porque Leticia não parava de falar do encontro que teria mais tarde com Tiago e em como iria se arrumar toda pra ele.

CONDOMINIO ANIMALE– HORAS MAIS TARDE

Aline estava em seu quarto tentando dormir. Já estava de saco cheio de tudo e queria mais que o mundo explodisse. A vontade de jogar tudo pela janela estava deixando-a cada vez mais inquieta, então resolveu fazer algo que não lhe era muito comum. Ligou para o ex namorado.

– Que surpresa receber uma ligação sua.

– Onde você está? - ela foi logo curta e grossa.

– Em casa, porque? - aquela voz rouca já indicava que ele estava alegre por ter ouvido sua voz.

– Ainda mora em Copa?

– Claro, não mudei tão cedo.

– To indo pra ai. Me espera. - desligou o telefone antes mesmo dele falar alguma coisa.

Como já tinha tomado banho, passou apenas um creme pelo corpo que combinasse com o perfume que ele tinha lhe dado de presente antes de terminarem de vez. Colocou uma roupa e depois que se viu no espelho, percebeu que estava ótima. Iria aproveitar a noite sim, e não seria algum safado que ela estava apaixonada que iria estragar. Se todo mundo podia aproveitar a vida a seu bel prazer, ela também iria.

Ao sair do quarto e ir para a sala, colocou apenas a sandália e deixou um aviso na geladeira. Virou e deu de cara com Letícia também pronta pra sair.

– Epa... Está indo pra onde?

– Depois a gente se fala. Talvez volte apenas amanhã.

– Como é que é? - Leticia estranhou, Aline nunca fazia aquilo. Nem quando namorava, no mínimo levava uma trouxa de roupas com ela pra poder ir trabalhar no outro dia - Volta aqui.

Tentou ir atrás de Aline, mas já era meio tarde. Foi tudo tão rápido e ela saiu como um vulcão que não deu tempo nem de Leticia raciocinar. Olhou para o recado na geladeira e imaginou que ela poderia ter ido fazer alguma besteira. Ligou para Dominique já preocupada, quando o interfone tocou.

– Pode mandá-lo subir. - ela agradeceu e desligou - Nique, está me ouvindo?

– Mais ou menos, vim aqui pro Pampa. Acho que vou chegar tarde.

– Você não sabe o que aconteceu.

– Seu irmão? Aconteceu alguma coisa com ele?– Dominique quase se desesperou do outro lado da linha, deixando Leticia ainda mais desconfiada.

– Não, ele ligou avisando que ia sair com a menina que ele conheceu. Do jeito que é provavelmente não teremos noticias dele por dias.

– É um ingrato mesmo.– e a voz indignada da amiga, a fez imaginar coisas. Como se não desse pra perceber que ainda se gostavam. A campainha tocou e ela foi atender.

– Não é isso. - chamou Tiago para entrar e voltou-se para o bilhete na geladeira - Ela se arrumou toda, colocou aquele perfume que o Caio tinha dado pra ela que nunca mais usou, e saiu.

– Como assim?

– O que aconteceu? - Tiago chegou preocupado, mais devido a feição de Leticia do que por estar entendendo o que ela falava. Ela apenas balançou as mãos e voltou-se de novo para a geladeira.

– E desde quando ela usa aquele perfume? Ai meu Deus, será que ela foi encontrar com ele?– Dominique quase teve um AVC.

– Ai eu já não sei. Ela está muito estranha esses últimos dias. - Dominique sabia porque, mas não podia falar o que era pra ela.

– E o que ela colocou no bilhete?

– Pasme agora: "Já que todo mundo está bem, vou sair também pra ser feliz!"

– Como é que é?– Tiago e Dominique falaram ao mesmo tempo – Quem está ai?

– Tiago. A gente vai sair, lembra que te falei? - Leticia olhou desconfiada pra ele que deu uma risada para disfarçar a mancada que deu.

– Sim, sim, lembro. Bom, eu vou tentar ligar pro celular dela, provavelmente foi fazer alguma coisa, não sei. Vai que arrumou alguém e a gente não está sabendo?

– Sinceramente, acho que ela foi mesmo atrás do Caio.

– Quem é Caio? - Tiago perguntou já se revoltando por dentro, quem era o tal cara?

– Ninguém. - Leticia foi taxativa, ele estava muito curioso. - Vamos fazer o seguinte: Como ela saiu daqui e não me contou nada, não vai adiantar eu ligar. Tenta falar com ela, e se não atender, paciência.

– Verdade. Vou tentar. Divirta-se.

– Você também. - sorriu e desligou - Está muito curioso, não acha não? - sorriu e ele também tentando sair da saia justa.

– Desculpa, força do hábito.

– Essa passa. - ela riu e se jogou em seus braços já lhe dando um beijo meio sugestivo - Pra onde vamos?

– Pra onde você quiser. - sorriram e saíram do apartamento.

COPACABANA

Amy Winehouse - Back to Black

Aline estava parando seu carro na porta do prédio do Caio. Olhou-se novamente pelo retrovisor do carro e só colocou um batom para dar cor ao rosto. Caio nunca gostou muito de maquiagem mesmo e pra ela, pro que queria naquele momento, aquilo era o que menos faria diferença. Entrou no prédio já falando com o tão familiar porteiro e subiu até o décimo andar. Respirou aquele ar de purificador que o zelador sempre colocava a noite e assim que chegou, passou pela porta dos outros dois apartamentos do andar. Chegou até a porta dele e sentiu uma pontada, provavelmente se arrependeria disso no dia seguinte, mas estava se lixando pra qualquer conseqüência. Tocou a campainha e tirou o casaco.

Assim que Caio abriu a porta, se deslumbrou com a figura em sua frente. Poderia dizer que estava ganhando um presente do Papai Noel, mas ainda estavam longe do Natal.

– Que devo a honra? - assim que sentiu o cheiro de menta vindo de sua boca, Aline salivou. Caio poderia ser um dos maiores cafajestes da face da terra, mas era muito gostoso. Tinha um beijo maravilhoso e era ótimo na cama.

– O que acha que vim fazer aqui? - ela lhe deu um sorriso maldoso e ele cravou o olhar em suas pernas que estavam mais descobertas que o normal. Ela não era de usar vestidos tão curtos.

– Tenho idéias. - ele sorriu, passou a mão pela barba ainda pra fazer, coçou e a olhou de cima a baixo.

– Vou ficar esperando aqui na porta? - ela encostou-se ao batente da porta também olhando-o de cima a baixo - Porque senão arrumo outro lugar pra ir. - ela puxou a gola de sua camisa, já beijando delicadamente seu queixo, deixando logo em seguida um ar quente ali perto.

– Entra. - ele engoliu em seco e praticamente botou a porta abaixo quando a fechou.

Aline foi andando devagar pelo apartamento. Jogou seu casaco e sua bolsa no sofá da sala e percebeu que ele não tinha feito muitas mudanças. Caio não entendia nada do que via. Sim, ela estava tão linda como sempre foi, com aquele vestido que deixava suas curvas ainda mais evidentes, e aquele cabelo solto que ele tanto gostava de mexer.

– Eu não entendo Aline, você me pede pra sumir da sua vida e de repente aparece desse jeito todo...

– Todo? - ela virou-se já sentando na parte alta do sofá e deixando o vestido subir ainda mais em suas pernas.

– Tá, pára de me seduzir e diz logo o que você quer. - ela chegou bem perto dele, fazendo-o recuar.

– Não mordo Caio. - ela sorriu novamente e do jeito que ele já conhecia. Sabia que ela queria sexo, mas com que propósito? - Está com medo de mim.

– Medo? - ele gargalhou - Só acho estranho você aparecer no meio da semana pra isso. Achei que tinha reconsiderado minha proposta de Sampa.

– Não reconsiderei nada. - ela se afastou, já deixando as sandálias pela sala - Tenho outra coisa pra lhe oferecer e espero que você não recuse. - Foi andando em direção ao quarto dele - Porque é bem provável que eu vá arrumar o que procuro em outro lugar. - Piscou pra ele foi levantando o vestido, mostrando uma lingerie branca cheia de detalhes. Caio engoliu em seco novamente e saiu correndo. Se ela queria tanto, ele faria o favor de lhe oferecer os melhores serviços.

CONDOMINIO MARTIN

Tiago e Leticia deixaram qualquer que fosse a ideia de jantar para depois. Como já estavam se agarrando dentro do carro como dois cachorros no cio, nada mais justo do que terminarem a noite onde deveriam: na cama de alguém.

Entraram no apartamento na surdina e ele pediu para que ela subisse as escadas. Foi até a cozinha procurando por Marta ou Ariana, mas não se lembrava se era o dia da semana que elas saíam para jogar com as amigas. Deixou isso de lado e catou comida por algum lugar. Depois de uns dez minutos, recebeu uma mensagem de celular de Dennis:

"Maninho, hoje não volto pra casa. Estou com uma amiga e a noite promete. D."

Leu e riu, porque a dele também seria muito boa.

"Aproveita ai, que eu aproveito aqui. Também estou com uma amiga e claro que a minha noite também promete. T."

Dennis estranhou ao ler a mensagem. Queria muito não imaginar, mas pelo pouco que conhecia Aline, não era ela que estava com Tiago. Provavelmente era Leticia. Balançou a cabeça negativamente, e a preocupação o tomou. Tiago estava nadando em águas desconhecidas e muito profundas, e querendo ou não, ia acabar se afogando. Voltou o olhar para a loira que estava de robe entrando no quarto com uma bandeja cheia de quitutes. Largou o telefone longe. Como o pai dele falou, ele teria que enfrentar isso sozinho.

Tiago estava sorridente. Colocou algumas bolachas e afins numa bandeja e catou umas taças para que eles tomassem um vinho que estava ali brilhando pra ele. Abriu a geladeira e pegou os morangos que Ariana tinha dito que tinha comprado no dia anterior e quando fechou viu o bilhete de Marta avisando que era só esquentar o jantar, que estava pronto. Pensou maldade, imaginando que o jantar estava mesmo se aquecendo e assim que olhou novamente para a geladeira, lembrou do bilhete de Aline e do recado que tinha deixado. Uma sensação ruim passou por ele, mas se desligou assim que viu o celular vibrando na mesa.

"O broche do meu vestido está travado. Acho que preciso de mãos habilidosas que me ajudem a tirá-lo do vestido. Lê."

Gargalhou com aquela mensagem e assim que se tocou do que ela realmente dizia, saiu correndo com tudo na mão para o seu quarto. Assim que entrou, Leticia estava sentada com as pernas cruzadas, as pernas praticamente todas de fora, e quando o viu, apontou para o fecho.

– Está difícil de sair sabia? - ele colocou a comida perto da mesinha e foi em direção a ela.

– Pode deixar que o especialista aqui sabe exatamente como agir nesse tipo de situação.

PAMPA GRILL - BARRA

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N/A: Pelo que eu vi no site, o único lugar que tem o Pampa Night é o do Centro, porém como eles estão na Barra, o de lá também terá um. Dois ambientes e dois andares, assim como é no outro. Só por questões de comprovação de local e tal.

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Dirty Dancer - Enrique Iglesias feat Usher and Lil Wayne

Dominique ligava para o celular de Aline, mas não tinha sucesso. Tentou mais algumas vezes até que desistiu completamente. Danilo a chamou para dançar e lá foi ela com ele se esbaldar na pista de dança. Mas qual não foi sua surpresa quando viu Bruno se agarrando no meio da pista com a tal menina que até então ela desconhecia. Respirou fundo diversas vezes e por mais que tentasse se conter com Danilo a agarrando também no meio da pista, pensou em ir lá e acabar com aquela situação vergonhosa no meio da pista.

Assim que ele a viu sorriu internamente, não imaginou que fosse ter tanta sorte assim em apenas um final de semana. Poderia negar para si mesmo que não a amava mais, mas que ele tinha um ser dentro dele que queria provocar e saber até onde ela iria com aquele olhar fulminante, ele tinha.

Desceu mais as mãos na cintura da menina e foi rebolando com ela ao som da música, se encaixou mais nela e foi beijando seu pescoço suavemente. Dominique não acreditava no que via. Tudo bem que para uma terça feira aquele lugar estava lotado, e que mais uns cinco casais faziam a mesma coisa, ma tudo tinha limite.

Danilo tentou dançar mais perto e assim que ela viu que Bruno estava olhando, ela também começou a provocar. Agarrou-se mais no pescoço de Danilo, e rebolou bem perto de sua cintura. Ele foi só acompanhando seu ritmo. A questão é que Dominique quando quer, chama muita atenção. Ela parece aquele tipo de mulher que exala sensualidade. Sorriu ao ver que Bruno estava tentando manter a situação a seu favor, mas assim que ela se virou de costas para Danilo e ele lhe beijou o pescoço, foi fazendo caminho e chegando perto de sua boca, ela sorriu vitoriosa. Bruno provavelmente estaria nervoso e querendo afastar os dois. Danilo continuava com suas mãos possessivas em sua cintura e a virou de novo, que assim que prestou mais atenção, não viu Bruno por perto. Sorriu novamente. Aquela batalha ela tinha vencido.

Mas logo depois se tocou do que fazia. O que ela estava pensando em ficar de provocação com seu ex namorado? Percebeu que o clima tinha ido pro espaço, e pediu licença a Danilo para ir ao banheiro, jogar uma água no rosto. Eles estavam no inverno, vivendo realmente um frio, mas o calor ali dentro daquele lugar era iminente. Foi andando em direção ao banheiro, quando viu Bruno se agarrando com a menina bem perto de uma pilastra.

Acelerou os passos e foi com muito mais raiva para o banheiro. Agora estava com mais raiva de si mesma do que qualquer outra coisa, por se deixar levar por uma situação tão idiota como essa.

BOTAFOGO

Charles estava jantando sozinho num restaurante tranqüilo que tinha achado no meio de Botafogo. Não tinha janta em sua casa e quando ligou para o apartamento dos meninos pra jantar com eles, Ariana avisou um pouco antes de sair que ninguém estava em casa e que elas também não estariam por lá. Não ligou muito e achou um restaurante novo no menu do Rio de Janeiro.

Sempre gostou muito de conhecer lugares novos e estava esperando pelo tio para jantarem juntos. Assim que ele chegou, os dois começaram a conversar sobre amenidades e fizeram seus pedidos. Ainda estava com a roupa do trabalho e reclamando com o tio que se enrolou e nem teve tempo de trocar de roupa. Ele sorriu e disse que era a coisa mais normal que podia acontecer com um CEO. De repente a feição de seu tio se tornou séria e assim que foi atrás do olhar do tio, viu Diana entrando no restaurante com o Stolt. Os dois riam de algo que ela falava e foram recepcionados e levados a uma mesa próxima.

– Não me disse que tinha a convidado pra jantar?

– Aham. - ele respondeu seco já querendo dar uma de Jesus e transformar aquela taça de água em vinho.

– Não entendo.

– Eu sim. - ele sorriu já meio irritado. Respirou fundo e olhou para o tio que já parecia preocupado - Ela não aceitou porque já tinha um jantar marcado com ele. E fica tranqüilo tio, já tenho controle sobre mim, não vou fazer nenhuma besteira.

– Eu não disse nada disso. Acredito em você. - ele sorriu já mais compassivo com o sobrinho.

– Mas veja como sou sortudo: fui chutado de tarde e ainda a vejo entrar no mesmo restaurante que escolhi a dedo para ir.

– Pretendia jantar com ela aqui?

– Não. Ela nunca gostou muito de ir a restaurantes recém abertos. Enquanto eu queria ir na inauguração, ela pedia pra esperar uns três meses e saber como era a resposta do público.

– Entendo. - ele olhou para mesa e viu os dois pedindo a comida - Vai ver vieram aqui para discutir sobre negócios.

– Eu também queria discutir sobre negócios. - Manoel o olhou inquisidor - Tudo bem que eu levaria mais para os negócios pessoais, do que pra das empresas... - eles riram do comentário e assim que os pratos chegaram e foram servidos, ele olhou pro tio - Vou tentar não me preocupar com isso. Vamos comer, que é o melhor que fazemos.

Na outra mesa, Diana estava entretida com o menu. Como não conhecia o restaurante e não sabia suas especialidades, esperou que Stolt olhasse pra ela.

– Então, o que acha?

– Já vim aqui uma vez. Achei interessante a sopa da casa. Tomei outro dia porque estava muito frio e achei divina.

– Ok, então, há tempos que não tomo uma sopa.

– E traz, por favor, aquele creme de cebolas com torradinhas parmesão. - Diana salivou mentalmente, sempre gostou de torradinhas parmesão - Sugere algo para beber?

– Lei Seca. - ela sorriu - Mas ficaria feliz com um suco de abacaxi.

– Claro, claro. Como estou de motorista, quero uma dose de uísque. O melhor que você tiver.

O garçom assentiu, pegou os cardápios e saiu de sua vistas. Olharam-se por um tempo até que ela resolveu quebrar o gelo.

– Nunca imaginei que um homem tão fino fosse se encantar por sopa.

– Olha, também não. - soltaram uma risada e ele continuou - Mas me indicaram com tanto afinco que resolvi experimentar e me deliciei.

– Que bom.

– Agora o que realmente tem me feito muito feliz... - ele a olhou como se calculando exatamente o que diria - É a facilidade com que estou de ter você disponível.

– Ah sim, fala pelo almoço e agora pela janta? - ela não viu maldade na afirmação, até mesmo que para ele não houve intenção de soar como uma.

– Sim. Fiquei muito feliz quando você aceitou o meu convite.

– Mas não acho que tenha me chamado apenas para ser sua companhia, está interessado em me perguntar algo desde o almoço, isso eu percebi.

– Observa muito bem não é? - ela sorriu e assentiu - Pois bem, estava aqui pensando... Vou ficar na cidade um bom tempo. Gostaria de saber se você poderia ser minha companhia durante esse tempo.

Diana o olhou assustada. O que ele queria dizer com aquilo?

Podia ser apenas terça feira, mas a noite estava apenas começando. PARA TODOS ELES.


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