Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Tentando não parar e ficar no hiatus de novo... Vou postar mais dois capítulos esse fim de semana.

Espero que gostem!



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Bruno e Dominique comiam no mais alto silêncio. Ela pegou duas bandejas na cozinha e entregou uma a ele. Enquanto comiam, ela reparou que a quantidade de comida era bem maior que o estomago dos dois agüentaria.

- Não acha que trouxe muita comida não?

- Imaginei que depois você ou a Aline quisessem. Então trouxe pra todo mundo. – ele deu de ombros já procurando o controle da televisão.

- Me chama pra comer e vai ligar a TV? Não era mais fácil então ficarmos na sala?

- Aqui é mais confortável e eu estou ligando a TV porque você não fala nada. – ele reclamou e ela não gostou do tom de voz.

- Sabia que ia me arrepender de ter vindo aqui. – bufou e continuou catando os pedaços de frango dentro da caixa. Bruno procurou um canal interessante, até achar um filme que eles dois conheciam muito bem.

- Quanto tempo que não via esse filme. – ela já olhou pra TV imaginando o que viria dali. Viu o filme “Como se fosse a primeira vez” e lembrou até do dia que eles foram ver no cinema. Dela chorando, coisa que era meio incomum e de na semana seguinte, ele repetindo algumas coisas que o Adam Sandler fez para ter o amor da Drew Barrymore no filme.

- Na Europa não tem TV? – ele percebeu o deboche, mas ignorou. Continuou assistindo ao filme e rindo das trapalhadas do primo do Henry, quando ela viu que aquilo não estava certo – Será que algum dia a gente vai poder conversar como dois adultos normais?

- Nós somos dois adultos normais, mas não acho que você esteja preparada para conversar sobre nada. – ele foi sucinto. Viu rapidamente ela o olhar de boca aberta e levantar da cama revoltada.

- Calma ai, você vai embora do país, me larga aqui esperando um recomeço ou sei lá qualquer coisa, e de repente me vem com o papo de que eu não estou pronta? – ela alterou um pouco a voz, fazendo com que ele também levantasse da cama – Eu estou pronta desde o dia em que você foi embora.

- Ah claro, e quando eu estava com as passagens na mão, dizendo que tinha tomado a decisão que iria mudar nossas vidas, o que você fez? – ele chegou perto, fazendo-a recuar um pouco – Disse que não me queria mais e que eu poderia ir embora para o meu empreguinho de merda.

Dominique engoliu em seco. Lembrou-se da raiva extrema que estava quando ele tinha cogitado mesmo a possibilidade de ir para outro país trabalhar, que ele considerava a oportunidade de sua vida, e ela na raiva tinha tratado toda a historia com descaso.

- Falei aquilo num momento de raiva! – ela parecia ressentida e ele também – Imaginei que depois fossemos conversar, como sempre fazíamos.

- Engraçado que em nenhum momento eu recebi um pedido de desculpas. – ele cruzou os braços e a encarou.

- Que foi? – e ela entendeu – Está querendo que eu me desculpe agora? – e colocou as mãos na cintura – Depois de não sei quantos anos? – ela percebeu que ele parecia bem decidido em esperar que ela se retratasse – Foi por isso que foi embora? – e ele continuou quieto – Tá, ok! Desculpa. Seu trabalho nunca foi uma merda.

- Desculpada. – ele riu e voltou para a comida dele.

- E a conversa acaba aqui?

- Estou com fome Dominique, e tenho outras coisas mais importantes pra me preocupar do que conversar sobre o passado agora. – ela não acreditou no que tinha ouvido. Saiu irada de dentro do quarto e partiu pra cozinha. Ia expulsá-lo do apartamento a pauladas.

Mas assim que chegou, se deparou com uma coisa muito estranha. Uns sacos perto da máquina de lavar não paravam de se mexer e ela já temia que fosse um bicho. Foi chegando um pouco perto e assim que viu o rabo não se agüentou.

- RATOOOOOOOOOOOOOOOOOO! – berrou e saiu correndo.

Bruno ouviu os berros e foi atrás dela rápido porque não conseguiu entender muito bem o que era. Se chocaram no meio do corredor e como ela estava mais forte, ele serviu de amortecimento para a queda dela. Bruno deu com a cabeça na fresta e sentiu uma dor meio forte. Colocou a mão na cabeça e fez uma cara de dor que preocupou Dominique.

- Está tudo bem?

- Claro que não. – ele respondeu ainda sentindo dor – Dá pra sair de cima?

- Quem manda aparecer no meio do caminho? – ela chiou e levantou. Bruno tentou, mas assim que ficou sentado, sentiu uma tontura e voltou com o peso todo pro chão. Dominique voltou junto com ele e acabou sentada com as pernas em torno da sua cintura – Acho que você não está legal.

- Você acha? – ele continuou olhando para o teto – Eu tenho certeza.

A preocupação a tomou instantaneamente. Chegou perto do seu rosto e ficou bem de frente, já que ele parecia um pouco alienado.

- Ai Bruno, me responde. Quantos dedos têm aqui? – ela apontou apenas dois e ele ficou olhando a mão dela. Sabia que tinha apenas uma, mas alguma coisa ali estava errada, ele estava começando a ver as coisas meio turvas.

- Cinco. – ela quase deu um tapa na cara dele – Mas eu estou tonto.

- Vem cá.

Quem olhasse de fora viria a situação como bem constrangedora. Ela sentada no colo dele, daquela maneira, os dois no chão, o rosto dela quase colado ao dele. Mas como estavam tão preocupados com outra coisa, ela apenas levantou, o fez sentar, e o encostou à parede.

- Vou pegar gelo. – e saiu correndo para a cozinha. Pegou o gelo, colocou num pano de prato ali perto e voltou correndo de novo. Esqueceu-se até do saco mexendo e do tal rabo por ali.

Bruno já se sentia um pouco melhor. Assim que ela chegou com o gelo, agradeceu, mas sentia uma dor chata. Ele ia pegar o gelo, mas o lado mais maternal dela não deixou. Sentou de frente para ele no corredor e pediu para que se encostasse no colo dela.

- Olha que podem pensar mal da gente. – ele riu, mas logo que sentiu a dor, calou a boca.

- Engraçadinho, quer ficar com a cabeça doendo?

Ele foi para o lado dela se arrastando e deitou o lado que não doía. Ela colocou o gelo e com as mãos ele indicou onde estava doendo de verdade. Os dois permaneceram ali por um tempo, até que Bruno sentiu uma vontade louca de dormir. Foi relaxando os músculos e ela percebeu, e logo ficou desesperada.

- Não vai dormir não! – ele resmungou algo inaudível para ela e tentou novamente – Sério Bruno, não faz isso, eu não tenho certeza de como está ai dentro e se você dormir eu posso nunca descobrir.

- Foi só uma pancada na cabeça. – ele disse já se aconchegando mais a ela – Nada demais.

- Para com isso! – jogou o pano para o lado e foi tentando sentá-lo. Assim que conseguiu, ele a olhou melhor e já não via as coisas turvas – Vou te levar no pronto socorro.

- Não precisa disso Nique. – ele reclamou e pela primeira vez naqueles dias ele tinha pronunciado seu apelido. Não sabia se sentia felicidade por ter ouvido aquilo, ou apenas saudades de lembranças do passado.

- Se você ficar de brincadeira, vou aproveitar que ainda está lerdo e vou dar com um vidro na sua cabeça só pra ir ao hospital.

- Faria isso mesmo? – ele arregalou o olhos e ela riu maléfica.

- Duvida?

Vinte minutos depois, eles já estavam na porta do prédio dela. O porteiro acionou a cooperativa e um táxi esperava por eles. Mesmo se sentindo melhor, ele ainda estava tonto, tanto que o porteiro teve que ajudá-la a colocá-lo no carro. Dominique ligou para Leticia, mas o celular estava desligado. Ligou para Aline, mas o celular tocava e ninguém atendia.

MON CHIQUE

Tiago olhava para Aline desacreditado. Não acreditava que ela pensava a mesma coisa dele assim como toda e qualquer mulher que ele conhecia. Leticia não era muito diferente, mas não parecia do tipo que ligava pra isso.

- Sua amiga não ligou muito para o que as pessoas pensam de mim.

- Está me comparando a Leticia? - ela riu sem acreditar naquilo - Está achando que somos iguais? Pois está muito enganado.

Aline levantou revoltada. Jogou o guardanapo na mesa, pegou a bolsa e o olhou irritadíssima. Tiago percebeu que não tinha que ter falado aquilo. Mulher nenhuma gosta de ser comparada a outra. Largou o dinheiro em cima da mesa e foi atrás dela. Com certeza tinha muito mais do que a conta toda deu, o garçom veio correndo e pegou o dinheiro na mesa assustado. Procurou pela garrafa e viu que não estava mais lá.

Ela já estava andando pela Nossa Senhora de Copacabana arrependida do que tinha feito. Nunca devia ter ido ali conversar com ele, tinha que ter dito que queria esquecer as coisas e seguir sua vida sozinha.

Ele procurou por ela, mas não era muito dificil vê-la na rua. Foi correndo e viu uns pivetes chegando perto. Acelerou mais o passo e a alcançou pela cintura. Ela se assustou e quando fez menção de dar uma cotovelada, sentiu o cheiro do perfume familiar.

- O que pensa que está fazendo?

- Você nunca andou pela Nossa Senhora à noite? Aqui é um festival de pivetes querendo roubar as pessoas. Sorte sua que eu estava por perto e tinha umas pessoas por perto também.

- Como se um monte de pivetes fosse fazer alguma coisa comigo. - saiu do abraço dele e foi andando mais rápido. Ele adiantou mais e ficou ao lado dela - Vai embora Tiago.

- E você?

- Importa por acaso? - ela parou e o olhou - Por que bem entendi que você procura um tipo de mulher como a Leticia, então vai lá e fica com ela, não precisa se importar comigo.

- Quem disse que eu quero uma mulher como ela? - ela se assustou e o encarou. Trocaram olhares por alguns momentos, até que ela percebeu que aquele olhar dele era muito sugestivo. E por um momento viu seu ex namorado naquele olhar, desviou e foi andando.

- Eu nunca sei o que pensar. Você me confunde.

- É porque você é a única mulher que eu não consigo decifrar. - ele a segurou novamente e ela acabou ficando muito mais perto do rosto dele - Eu olho pra você e também nunca sei o que vai sair daí de dentro.

- Isso porque você não decide o que quer. - ela se soltou - Não sou o tipo de mulher de uma noite só Tiago, olha a confusão que se deu só porque pensei que o que aconteceu não fosse ter continuação.

- Ok, entendo. - o vento gelado soprava em cima dos dois. Tiago chegou mais perto de Aline e percebeu que ela estava tremula por conta do frio. Novamente aquela troca de olhares intensa e cheia de significados calava a boca dos dois. Por mais que Aline tentasse resistir, era impossível se desconectar dele. Só assim eles conseguiam demonstrar um ao outro o que realmente queriam. Ele tirou umas mechas que com o vento foram de encontro aos olhos dela, acariciou seu rosto e a puxou para um beijo.

E aquela era a resposta para as dúvidas que qualquer um ali tivesse. Ela tinha certeza que ele ainda era muito imaturo e indeciso, mas naquele momento ele era exatamente o que ela sempre imaginou em um homem. E ela era a resposta para todas as suas perguntas. As coisas foram esquentando, o beijo se tornando mais intenso, até que se aperceberam de que estavam no meio da rua. Afastaram-se e ela percebeu a garrafa de vinho na mão dele.

- O que é isso?

- Paguei por ela ué. - ele riu - Ainda tem metade da garrafa, que tal irmos para um lugar mais reservado? - olhou o relógio e sorriu - Ainda nem deu onze horas.

Foram até um táxi e ele pediu para que os deixassem em seu apartamento. Ela não entendeu muito bem porque não sabia onde era e olhou pra ele.

- Estamos indo pra onde?

- Meu apartamento.

- O que você mora com seu irmão? - ela arregalou os olhos - Nem pensar.

- Mas... Por que? - ele não entendeu nada e depois olhou desconfiado - É por causa do meu irmão?

- Mais ou menos. - e tratou logo de se redimir - Não é questão do que aconteceu na MP, mas é porque a Leticia já foi lá e...

- E...?

- Por favor, agora não, eu vou me sentir mal. - ele assentiu, afinal ela não estava tão errada assim - Vamos para um hotel.

- Tudo bem.

O taxista ficou olhando para eles dois através do retrovisor, olhou acusador para Aline e ela tentou entender o porque daquilo. Depois que percebeu que tinha falado no nome da Leticia, é que se sentiu a outra. Pela primeira vez na sua vida, era a outra. E tirou isso de sua cabeça rapidinho, afinal ela tinha conhecido ele primeiro, tinha transado com ele primeiro e claro que depois eles iriam conversar sobre isso com ela.

O taxista ia deixar os dois na porta do hotel, mas ele pagou um pouco mais para que entrasse com eles e os deixasse lá dentro. Explicou para Aline que poderiam ser fotografados e que isso não era legal, já bastava provavelmente terem sido fotografados na rua do jeito que se beijaram. Ela assentiu e entendeu, claro que isso poderia pegar um pouco mal para os dois.

Assim que entraram no hotel, ela sorriu. Era do tipo que se pagava por hora, mas até que era bem arrumadinho. Tiago também parecia meio deslumbrado com o quarto, nunca tinha ido ali e pela primeira vez se agradou de verdade de algum lugar.

- Vou ao banheiro rapidinho. - ela jogou sua bolsa no balcão ali perto e foi andando, quando foi parada, puxada pela cintura e jogada na cama. Riu, quando viu que ele já estava em cima dela, beijando-a, levantando seu vestido, e apertando suas coxas - Tiago... - sua voz já estava no limite.

- Sim... - ele continuava passando a mão pela sua cintura, brincando com o elástico de sua calcinha. Aquela voz rouca só deixava tudo mais tenso.

- Se eu não for ao banheiro, provavelmente irei fazer xixi na cama. - ele parou imediatamente o que estava fazendo e a encarou divertido. Os dois começaram a rir e ele saiu de cima dela.

- Desculpa. - e ela saiu correndo. Entrou no banheiro, quase explodiu em uma gargalhada, só ela mesma para parar falar daquele jeito.

Tiago estava deitando olhando para o teto. Catou dois copos por ali e depois de muito procurar, viu dois copos de uísque, ou de água vai entender, e resolveu tomar logo o resto do vinho. Aline demorou um pouco no banheiro. Olhava para o espelho e tentava encaixar na cabeça tudo que se sucedeu do restaurante até ali. Ao mesmo tempo em que Tiago lhe irritava pela imaturidade, lhe trazia à tona a mulher decidida que sempre foi, mas que outros namorados, principalmente Caio, conseguiram fazê-la esconder.

Saiu e encontrou-o sentado na cama com dois copos na mão. Entregou um a ela e ela tomou um pouco sentindo aquele líquido quente caindo pela sua garganta. Tiago também tomou um pouco e foi direto para seus lábios. Invadiu sua boca com a língua, e sentiu um pouco do vinho e sorriu logo em seguida.

- O sabor ficou muito melhor sabia? - ela sorriu também e assentiu.

- Muito melhor. - colocou os dois copos em cima do criado mudo, passou o dedo dentro do seu e logo em seguida, passou nos lábios dele. Beijou seu queixo, passou a língua nos lábios dele e Tiago já não resistiu mais.

Queria muito descobrir a lingerie por baixo daquele relevo do vestido. Só tinha conseguido sentir e não estava satisfeito com isso. Aline foi logo tirando a blusa dele, o beijando loucamente, os dois caíram na cama novamente e foram se aconchegando.

Tiago já foi subindo de novo o vestido dela, tirando-o pela cabeça e deixando-a apenas de lingerie, deitada, e deslumbrou-a por alguns momentos. Aline já estava um pouco mais impaciente. Ele a deixava assim. Foi desabotoando sua calça e logo em seguida voltaram-se a se beijar.

Ficaram ainda alguns momentos nas carícias. Ela ainda de lingerie, e ele de cueca. Os beijos foram se tornando mais intensos, fortes, as línguas travavam uma luta frenética em suas bocas, ele foi descendo os beijos para seu pescoço, no vão de seus seios e indo em direção a sua barriga lisa e perfeita. Passou sua língua em volta de se umbigo, fazendo-a arcar as costas.

Voltou com sua língua por um tracejado em sua barriga, novamente no vão de seus seios e voltou para sua boca. Tiago estava em cima dela novamente e ela queria que ele chegasse cada vez mais perto dela. Apertou-o mais e seus quadris já estavam próximos o suficiente para que ela percebesse sua animação. Virou os dois na cama, ficando por cima dele e sorriu lascivamente.

- Acho que estamos enrolando demais. - e ele gargalhou. Puxou-a novamente para um beijo sabendo que aquela noite, ou pelo menos aquelas horas, aquele ninho era apenas dos dois.

Aline sentia a conectividade dos dois. Pareciam que tinham sido feitos um para o outro. Tudo se encaixava, os beijos eram perfeitos, não precisavam falar muita coisa para se entenderem perfeitamente e provocarem um no outro as melhores sensações. E mais uma vez naquela noite, ele a fez ir a lugares que homem nenhum tinha conseguido daquela forma. Estava exausta em cima dele, e sem conseguir mover nenhum músculo. Tiago sentia sua respiração pesada contra o seu peito e se preocupou.

- Está tudo bem? - ela apenas virou o rosto e ele afastou seus cabelos já grudados pelo suor.

- Se eu disser que não estou conseguindo me mover, você acreditaria em mim? - ele gargalhou e ela tentou sorrir, meio sem graça.

- Sou tão bom assim? - falou prepotente e ela o olhou com fúria - Que foi? Você que está falando que não consegue se mexer.

- Daqui a pouco você vai ver só, quando eu conseguir, vou te bater.

- Adoro um sexo masoquista. - concluiu malicioso e com a voz rouca. Beijou-a calidamente, colocou-a ao lado dele e a admirou por um tempo. Alguns minutos se passaram naquele silêncio confortável, quando ela sentiu que já conseguia se mexer - Melhorou?

- Sim. - olhou para o relógio e viu que já eram quase uma da manhã - Preciso tomar um banho.

- Calma ai. - viu as pernas dela ainda um pouco marcadas - Como ficaram os machucados?

- Ah sim. - ela sentou e ele puxou as pernas dela pra perto dele - Os machucados eu dei uma disfarçada e a pomada que me deram no hospital é muito boa. Vê-se que as queimaduras não ficaram muito marcadas.

- Aham. Desculpa, não tinha intenção de te assustar. - ela sorriu.

- Sem problemas. - lhe deu outro beijo.

Levantou-se correndo e foi em direção ao banheiro. Tiago continuou ali deitado e tentado a ir tomar banho com ela, mas sabia que se o fizesse, provavelmente não conseguiria. E eles sairiam de lá de manhã cedo correndo para trabalhar.

Lembrou do irmão dando em cima dela e da situação no restaurante. Lembro do hotel, dos momentos e no final já estava pensando em Leticia. O que diria a ela? Nem imaginou quanto tempo levou deitado quando Aline já estava colocando suas roupas, com um coque mal feito e já sem muita maquiagem no rosto. Ela era linda de qualquer jeito. Sentiu-se despida novamente com aquele olhar dele e sentou na cama.

- Não vai tomar banho também?

- Antes eu preciso saber de uma coisa. - ele acariciou seu rosto e ela sorriu.

- Pergunte.

- Como vamos ficar?

- Está perguntando pra mim? - colocou os brincos novamente e o encarou - Me diga você.

- Eu sei que a situação não é das mais confortáveis, mas já falei com meu pai sobre a Leticia. - ela já o olhou de canto de olho temendo o que viria - E não sei como ele e o Charles vão reagir ao saberem de nós dois.

- Como? - ela recuou já colocando as sandálias e começando a se arrepender da noite - Está querendo então que a gente mantenha tudo em segredo?

- Não é bem assim... - ele tentou se redimir, mas viu que já estava se enrolando - Vocês duas são amigas, trabalham e moram juntas. Diana a colocou no projeto junto com a gente, e ela não sabe de nada. Imagina quando descobrir que todo mundo sabe da gente, menos ela?

- E eu fico como? Sendo a outra? Olhando você saindo com ela e me encontrando com você às escondidas?

- Epa, eu não disse que ia continuar saindo com ela. - ele se enfezou.

- Mas não vai me assumir pra todo mundo.

- Não estamos namorando Aline. - ele falou taxativo, deixando-a desnorteada - Estamos nos conhecendo. Não estou dizendo que vou sair por ai dormindo com outras mulheres, sim eu gosto muito de você, e quero sair só com você.

- Mas não tem coragem de admitir para as pessoas o que há entre a gente.

- E se no final não der certo? - ela se assustou de novo - Estou jogando com todas as cartas na mesa.

- Eu não sou criança Tiago. - ela reclamou - Sei muito bem onde o calo pisa. Sempre tive cabeça o suficiente para saber que poderia não dar certo, tanto que joguei com outras cartas naquele dia no hotel. Pensa o que? Que eu não queria acordar ao seu lado? Eu queria muito sim, mas fiz o que a razão me pediu, pensando no que seria melhor com o trabalho. E olha no que deu.

- Mas por que tanta pressa? Vai mesmo chegar na cara dura e contar tudo pra Diana e pra Leticia?

- Já disse que não sou criança, se não contar nada a Leticia, ela vai atrás de você igual cachorro corre atrás do dono, vai infernizar a sua vida até você aparecer de mãos dadas com outra pessoa.

- Ela é assim?

- Você não a conhece, ela está muito afim de você e vai até o fim nisso. E Diana é além de minha chefe, minha amiga. E não só tem o direito de saber o que acontece em sua empresa, como eu vou contar porque quero.

Tiago sentou-se e fitou o chão por um tempo. Aline continuou parada de pé esperando uma resposta dele e percebeu que ele estava agindo exatamente como o Caio. E engoliu em seco. Tudo que não queria novamente na vida era um homem igual ao ex namorado, outra estaca para carregar sozinha, outros problemas que provavelmente viriam pela frente.

- Pra que tudo isso então? - ela apontou para o quarto de braços abertos - Qual a finalidade de tudo isso?

- Eu... - ele começou e parou logo em seguida - Não sei.

- Quer saber? - pegou sua bolsa e o olhou bem decidida - Eu quero um relacionamento de verdade. Um homem de verdade que....

- Está dizendo agora que não sou homem de verdade? - ele levantou e chegou perto dela que o enfrentou e peitou - Depois do que aconteceu aqui nessa cama, você me diz isso?

- Eu não disse que você não era homem, mas se a carapuça serviu é porque você mesmo sabe que não age como um. Uma coisa pra você saber, pra um cara se intitular como homem, ele além de ser bom na cama, ele também ter que ter atitudes de um.

- Eu não vou ficar aqui ouvindo isso.

- Pois bem, eu já cansei. Posso até estar sendo exagerada aqui, mas já estou de saco cheio. Cometi um erro, me desculpa. Pode ficar tranqüilo que ele nunca mais vai se repetir. - chegou na porta enquanto ele a olhava abismado - Quanto ao que aconteceu entre a gente, pode fingir que nunca aconteceu. Eu também irei fazer o mesmo. - abriu a porta e fez menção de sair, quando voltou e o olhou bem nos olhos.

- Sabe por que estou com pressa? - ele continuou a olhando e não sabia mais qual reação teria sobre aquela mulher - Porque cansei de esperar.

Fechou a porta com força e pegou o elevador. Tiago mantinha-se estático, parado e olhando a porta fechada a sua frente. Nunca, em toda sua vida, mulher nenhuma tinha falado e feito aquilo com ele. Engoliu em seco com todas as informações provindas da boca dela e sentiu um ódio percorrer por todo o seu corpo. Pegou o resto do vinho e tomou do próprio gargalo e saiu chutando tudo quanto era móvel daquele quarto.

Aline, por sua vez, já deixava lágrimas caírem pelos seus olhos. Imaginar que tinha tido a melhor e a pior noite da sua vida estava deixando-a desestruturada ao ponto de seu emocional todo ceder através de lágrimas. E com todas as emoções a flor da pele, todas as lembranças e palavras ditas naquela noite, ela se arrependeu imediatamente de ter constatado o que mais odiaria dali pra frente. Estava apaixonada por ele.

HOSPITAL SÃO LUCAS

No hospital, Dominique já se sentia frustrada por não conseguir falar com ninguém. Bruno estava dentro da sala de raio-x fazendo alguns exames, até que finalmente  seu celular tocou.

- Caramba Aline, eu sei que as coisas devem estar boas, mas custa atender? - chiou até ouvir um mínimo barulho de choro - Aconteceu alguma coisa, o que aquele canalha te fez? - alterou a voz, e as enfermeiras olharam torto pra ela.

- Nada. Não é momento pra conversar, deve ter acontecido algo muito pior pra você estar me ligando. - Aline secava as lágrimas do outro lado. Não valia a pena ficar chorando por alguém que não lhe merecia.

- Vem aqui pro São Lucas.

- Mas como assim?

- Quando chegar aqui eu te explico não é grandes coisas.... - parou um momento para pensar - Pelo menos eu acho.

- Tem algum problema com você?

- Está aonde afinal?

- Estou no táxi, já estou chegando. Moço, me deixa no hospital São Lucas, por favor.

Dominique ouviu ela falando com o motorista antes de desligar. Sentiu que tinha algo muito errado e ia perguntar quando ela chegasse. Mais uma bomba para o final do dia. E que dia longo era esse, meu Deus! O médico chegou próximo e perguntou a enfermeira alguma coisa, até a mesma apontar pra ela.

- Srta. Fagundes?

- Sim, sou eu. - ela levantou apreensiva e ele sorriu.

- Não precisa se preocupar, ele está bem. A principio a pancada foi um pouco forte, já que o próprio narrou as dores no local, tontura e visão turva. E depois disse que não conseguia andar muito bem não é?

- Por isso que o trouxe, sempre quando eu batia a cabeça quando era pequena minha mãe via se eu estava bem e me levava ao hospital.

- Sim, fizemos os exames, a tomografia e está apenas com um galo, digamos assim, no local da concussão. De qualquer forma, devido ao que ele teve, prefiro que fique conosco para observação. Amanha ele pode ir pra casa tranquilo.

- Ixi doutor, ele odeia hospital. - ela sorriu e lembrou de quando ele sofreu um acidente de moto e ela passou maus bocados com ele reclamando no hospital.

- Percebi. - ele sorriu - Gostaria de vê-lo?

- Só estou esperando uma amiga. - olhou pra entrada e viu a dama de vermelho praticamente correndo a recepção - Que já chegou.

- Ok, enfermaria 25. - ela sorriu e agradeceu.

Aline chegou já procurando algo de errado na amiga e assim que os olhares se encontraram, Dominique viu o olhar dela meio avermelhado.

- Estava chorando por causa daquele imbecil? - cruzou os braços e ela disfarçou. Pegou um espelho dentro da bolsa e uma base junto com o pó.

- Não quero ninguém me vendo assim.

- Mas está meio inchado. - puxou Aline para sentar - O que aconteceu?

- Depois eu conto. - ela respirou fundo, deu um jeito meio torto, mas disfarçou bem mais seu rosto meio inchado e olhou pra Dominique - O que diabos você está fazendo na emergência?

Ela narrou os fatos desde quando Aline saiu do apartamento. Ela mudava o ar de divertida pra assustada e assim que ela terminou de contar todo o problemão que tinha arrumado, partiram para ver o adoecido. Ou machucado, enfim. Chegaram e ele já estava sentado procurando alguma coisa pelo celular. Estava com aquela camisola de hospital e rindo com outros dois caras que estavam com ele e com celulares na mão também.

- Pronto galera, passando o aplicativo pra vocês. - todos assobiaram assim que viram as duas entrando na enfermaria. Aline já estava com o rosto mais normal, cabelo preso, deixando o colo livre pra gola do vestido, e Dominique estava simples, mas tinha um charme que chamava a atenção de qualquer um que passasse perto dela.

- Então doentinho, como você está? - Aline chegou perto e ele percebeu os olhos minimamente inchados, mas o suficiente pra saber que tinha algo errado.

- Não estava chorando por minha causa não é? - ela sorriu e negou com a cabeça. Dominique chegou perto e puxou o rosto dele - Calma Nique, isso ainda dói.

- Nique? - Aline arqueou as sobrancelhas - Já estão assim?

- Depois que bateu a cabeça que começou com isso. - ela bufou e ele riu. Quando ela percebeu os homens olhando pra eles, Bruno piscou pra Aline e olhou de novo pra Dominique.

- Vou ter que ficar aqui a noite toda?

- Sim. O médico pediu pra você ficar de observação.

- E você vai ficar comigo não é? - ele fez cara de cachorro pidão, e ela revirou os olhos.

- Como tenho certa culpa nisso, sim, vou ficar. Mas acho que não posso dormir aqui com você.

- Bruno, não vai apresentar não cara? - um dos internados olhou para ele que riu.

- Aline, Dominique... - apontou para os novos amigos - Fernando e Vicente.

- Prazer. - eles disseram maliciosamente.

- Oi. - elas responderam secas. Eram até bonitos, mas Dominique já tinha namorado e Aline, bom, ela já tinha problemas demais.

- Bruno, eu vou indo, depois conversamos melhor. - ele assentiu e olhou pra Dominique - Amanhã cedo eu passo aqui com alguma roupa pra você trabalhar.

- Vê se consegue se comunicar com Leticia. O telefone dela está desligado. E provavelmente quando ligar não vai entender as trocentas ligações que fiz.

- Pode deixar.

Aline foi embora pro apartamento. Pegou outro táxi e assim que colocou os pés dentro dele, desabou no chão. Podia muito bem disfarçar as coisas na frente dos outros, mas para si mesma, sozinha naquele lugar, era tudo muito real e pior do que imaginava. Estava apaixonada por um cara que não a merecia. Respirou fundo e se levantou depois de algum tempo chorando encostada na porta. Foi tomar um banho e dormir, afinal amanhã tinha que trabalhar e não tinha muita escolha.

CONDOMINIO MARTIN

Tiago chegou em casa enfurecido. Depois de passar por uma certa humilhação e ser julgado dentro de um quarto de hotel, queria mais era que o mundo todo explodisse. Não estava nem ai. Dennis estava no segundo andar do apartamento terminando de fazer uma tacada na mesa de sinuca. Assim que ouviu o baque da porta atrás dele, tomou um susto e fez uma tacada nova, acertando duas bolas na caçapa.

- Pode me assustar de novo? - olhou rapidamente para o irmão e voltou a olhar a mesa - De repente eu entendo o que fiz aqui. - colocou a mão na cabeça e coçou. Estava confuso. Tiago viu o copo de vodka em cima da parte de madeira da mesa e logo em seguida virou na boca - Opa, opa. O que aconteceu?

- Toma. - tirou o cartão de Aline de dentro do bolso e colocou em cima da parte de madeira com um baque que a tremeu toda - Toda sua.

Foi andando em direção a porta e Dennis ficou o olhando em sem entender absolutamente nada.

- Mas o que...? - assim que ouviu novamente o baque forte na porta, tomou um gole de vodka, largou o taco na mesa, colocou o cartão no bolso e levou a garrafa com ele. Pelo jeito a conversa seria longa. 


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Notas finais do capítulo

Ok, vamos matar o Tiago um pouquinho? Acho que ele está precisando....

Fiquei com pena do Bruno tadinho... Mas pelo menos foi amparado por Nique... Enfim... De um todo até que não foi ruim não é? uhsauhsahusahu



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