POV ANNABETH

Chamamos Thomas, e ele veio com a gente. Eles estavam falando sobre um filme, ou um vídeo game. Não estava prestando atenção, mas parece que os meninos estavam se dando bem. Percy não estava implicando mais com Thomas, nas ultimas horas. Talvez tenha percebido que o ciúme era sem motivo. Não. Não era isso. Percy era teimoso, ainda mais quando se tratava de mim. Entramos no quarto, Percy se jogou na nossa cama e Thomas fez o mesmo na dele. Eu fiquei em pé de frente para ambos. Thomas me olhou e perguntou:

-Aconteceu alguma coisa?

-Aconteceu. Recebemos a profecia, segundo ela temos que encontrar um baú e a chave do mundo dos humanos. E tem mais Reyna, a pretora do Acampamento Júpiter, foi raptada. Quíron não pode saber que conhecemos essa informação, afinal não foi ele que nos contou.

- E por que ele não contou?- Thomas indagou.

-Não sei, e é isso que está me deixando preocupada. Quíron não esconde as coisas, nem de mim. Só...

-Quando o raio de Zeus foi roubado ele não te contou nada- Percy falou. Eu revirei os olhos e joguei uma almofada na cabeça dele.

-Percy! Ele não me contou porque achou que era perigoso demais. E outra, depois dessa vez, ele não me esconde mais nada.

-Mas, e a história do Jason e da Thalia? Ele sabia e não contou pra você que eles eram irmãos. – O Cabeça de Alga falou.

Aquilo me subiu a cabeça, eu já estava nervosa e com ele ali, me corrigindo, me confrontando. Percebi que a raiva me dominou, senti minha expressão mudar:

-Perseu. Se você abrir a boca pra falar mais alguma coisa sem ser convidado, você vai pra fora.

Ele apenas acenou com a cabeça, assustado.

-Continuando Thomas, isso está muito confuso. Rachel não pode nos contar mais nada. Amanhã vou tentar falar com Jason ou com a Piper. Eles vão poder nos esclarecer mais alguns fatos. Agora já está tarde, é melhor irem dormir.

-Tudo bem. Vou tomar um banho- Thomas disse.

Sentei-me na cama, e Percy ficou me encarando. Passou alguns minutos e Thomas saiu do banheiro. Eu não falei com Percy porque estava chateada. Ele sabe que eu detesto que me corrijam, ou me contradigam.

-Vou tomar um banho também- eu falei.

-Como se liga essa TV Annie?- Thomas perguntou.

-Assim- disse me aproximando do controle que ficava na parede entre as duas camas. Fui para o banheiro, e tomei um banho bem demorado. A água quente relaxava meus músculos e me fazia pensar.

Quando achei que já estava a muito tempo de baixo do chuveiro, saí me sequei, e coloquei meu pijama. Era uma blusinha de alsas finas, e um short curto. Era branco, com um contorno rosa escuro. Quando voltei ao quarto, percebi que Thomas já estava dormindo, e Percy estava assistindo um filme com aquele ator Chris Evans. Enquanto eu guardava minhas roupas na mochila, escutei Percy indo para o banheiro. Era sua vez de tomar banho. Eu ainda estava irritada. Simplesmente me sentei na nossa cama, me cobri, e abri o livro que eu havia pegado na estante. Era o Retorno do Jovem Príncipe, como eu tenho esse, só reli as partes que eu mais gostava. Enquanto lia, pensei, se eu e Percy iríamos dormir na mesma cama, eu não queria estar brigada com ele. Se é que me entendem. Ele saiu do banheiro, com uma bermuda, uma regata branca e o cabelo molhado. Estava lindo. Eu me peguei adimirando sua beleza até que ele se virou pra mim e disse:

-Tá olhando o que?

-Estou te admirando. Não posso?

- Pode, mas você não estava brava comigo?

-Percy, não é porque estou irritada com meu namorado que vou deixar de ficar babando por ele. - ele sorriu.

-Babando é?- ele se sentou do meu lado, se cobrindo também.

-É. – eu sorri e me aproximei mais dele.

-Você não vai querer ler isso. - ele disse tomando o livro da minha mão e deixando no chão. Logo me puxou para um beijo, descendo sua mão para minhas costas e me apertando mais contra ele. Eu lacei seu pescoço, e puxei-o para mim. O beijo ficou mais intenso, ele foi me apertando contra o colchão. Quando dei por mim, ele já estava por cima de mim. E o beijo ficou mais urgente, até que me lembrei de um detalhe: Thomas. Ele estava bem na cama ao lado, ele poderia muito bem acordar e nos ver fazendo coisas. Isso seria constrangedor.

-Percy... – consegui sussurrar em meio ao beijo.

-O que?

-Sério, para, vai.

-Por quê?

-Porque caso você não se lembre, tem um individuo dormindo na cama ao lado. E ele pode acordar a qualquer momento. - ele deu um suspiro longo, e relutante, saiu de cima de mim e se sentou na cama ao meu lado como estávamos antes. Eu me sentei, encostei-me ao seu peito, e ele me envolveu com seus braços, me acariciando de leve.

-Sempre alguém para nos atrapalhar- ele disse baixinho em meu ouvido.

-Vai ver é um aviso.

-Aviso?

-É. – eu disse e sorri com a ideia da minha mãe, mandando pessoas nas horas mais impróprias nos atrapalharem.

-Você acha mesmo Annie?

Eu ri com a expressão séria e preocupada que ele fez.

-Não seu bobo. Foi só um comentário. Agora, você poderia fazer o favor de me devolver o livro que eu estava lendo?- ele pegou o livro do chão e entregou. Eu li uma pagina e meia, e quando percebi ele já havia adormecido, deixei o livro de lado e me aconcheguei mais a ele. Adormeci, e infelizmente, sim, eu tive sonhos de meio-sangue.

No sonho eu estava apenas observando. Era noite. Eu só via uma menina, sozinha. Aparentava ter 15 anos. Era poucos centímetros mais baixa que eu, tinha as pontas do cabelo pintadas de loiro, usava uma blusa preta escrita The Beatles em prata. Estava de jeans escuro, e um All Star preto, meio surrado. Ela andava normalmente pela Quinta Avenida, quando de repente uma dracaenae aparece “O que temos aqui? Uma semideusa? Hora do lanche então”. A menina se assustou ao ver o monstro e saiu correndo, com a dracaenae logo atrás dela. Ela correu, correu, até que entrou em uma lanchonete 24hrs. A dracaenae havia sumido. Agora eu só via a menina assustada de frente para o espelho do banheiro feminino, ela tremia tanto que se sentou no chão e começou a chorar. Ela dizia ”Eu sabia que isso ia acontecer, se você não tivesse ido embora, eu estaria segura.” Ela soluçou mais um pouco. ”Por que mãe?” E o sonho se desfez. Eu acordei assustada, me levantei e fui em direção ao banheiro. Além de todos os problemas com o sumiço de Reyna, eu agora estava preocupada com uma meio-sangue, que provavelmente sabia sua verdadeira identidade, e estava vagando sozinha pelas ruas.