A voar! escrita por NenaSt


Capítulo 7
(Wendy) Ele voltou!


Notas iniciais do capítulo

Chegou enfim em um dos meus capítulos favoritos! Mas o próximo provavelmente supera muahahahah eu e a minha mania de deixar as pessoas curiosas! Reviwens?



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– Wendy! – Escutei a Alice gritar.

Acordei com um sobressalto. Ela não tinha esse direito de dormir na minha casa e me acordar gritando! Reclamei isso com ela, que apenas disse que estava tarde e que fazia um bom tempo que tentava me chamar, mas eu não acordava.

– Eu te chamei baixinho, mas você não acordou, então achei que a melhor possibilidade fosse gritar mesmo. E além disso nós já somos amigas há cinco anos! Eu não posso cometer um mínimo erro?

Ela estava certa. Mas ainda assim não devia ficar me acordando com um grito, eu ainda precisava me recuperar do susto. Trocamos de roupa e fomos tomar café.

Alice e eu éramos melhores amigas desde que eu tinha mudado de colégio. Ela me ajudou a me adaptar, e nós praticamente crescemos juntas. Já sabemos de toda a vida uma da outra. Menos por um detalhe, no meu caso. Ainda não tive coragem de contar sobre Peter. Mais cedo ou mais tarde eu sabia que teria que contar, já que ela era minha melhor amiga e eu não podia esconder uma parte tão importante da minha vida.

Quando chegamos à cozinha, ela começou a rir do nada.

– O que foi? – Perguntei curiosa.

Ela não respondeu, apenas continuou morrendo de rir.

– Alice!

– Você devia ter visto a sua cara... – respondeu, ainda rindo.

Revirei os olhos. Ela ainda estava lembrando daquilo?

O único problema não foi só o susto. Sim, sonhei com Peter de novo. Parecia que aquilo nunca ia acabar! Dessa vez, no sonho, nós ficávamos na Terra do Nunca para o resto da vida. Meus irmãos iam pra casa e eu ficava lá com ele. Mas já coloquei na minha cabeça que eu tive essa chance e a neguei! A culpa disso foi toda minha! E por que eu não esquecia logo? Já fazia seis anos e eu ainda pedia àquela estrela toda noite para que ele voltasse.

– Wendy... Eu andei pensando... – Disse Alice, interrompendo completamente meus pensamentos – Bom, agora que eu já conheço sua família, já deve estar na hora de você conhecer a minha!

Era verdade. Ela vivia indo lá em casa, mas eu nunca havia ido a casa dela. Tudo o que eu sabia era que Alice morava apenas com a mãe e o irmão, pois o pai era general e havia morrido em guerra. Nunca toquei muito no assunto da família dela, pois sabia que era um assunto delicado, assim como o meu com Peter. A diferença é que ela ao menos teve coragem de contar.

– É, pode ser – Respondi, finalmente.

– Vamos hoje! Quando você for me deixar em casa por que não fica logo e dorme lá?

– Ah, não sei... – Respondi, pensando no desejo a estrela que eu fazia antes de dormir e que sempre me fazia dormir melhor. Eu havia feito esse pedido lá em casa, quando Alice dormia, mas não sabia se na casa dela daria pra ver essa estrela tão perfeitamente. – É que eu mal consigo dormir direito sem antes contar uma historinha pros meus irmãos.

– Você foi uma fofa ontem contando a história, eles nem piscavam! Mas Wendy, uma noite não vai fazer diferença. Qual é o problema? Eu vou sempre à sua casa e você não quer ir visitar a minha, conhecer minha família...

De repente, me vi contando tudo. Simplesmente tudo o que tinha acontecido desde o dia em que eu contei uma história aos meninos e vi os brinquedos bagunçados. Contei sobre a visita dele para escutá-las, e que era este o motivo por qual até hoje eu ainda conto, pois sinto a presença dele no meu quarto. Contei sobre nossa ida à Terra do Nunca e o fato de eu ter negado o convite para nunca crescer. Contei sobre Sininho, Capitão Gancho e os piratas... Tudo. Por fim, contei sobre a estrela, que eu sentia a presença dele sempre que fazia um desejo àquela estrela, como se ele estivesse realmente me ouvindo. Ela prestou bastante atenção. Quando eu acabei, me olhou como se esperasse algo mais, mas com um sorriso enorme no rosto. Eu sabia. Ela estava rindo da minha cara. Não tinha acreditado na minha história. Afinal, quem acreditaria? Terra do Nunca, piratas, fadas... Fiquei com medo de ela acabar dizendo a frase que mata as fadas no momento em que falei de Sininho, mas tive que seguir em frente. Pra minha sorte, ela não matou minha outra grande amiga (que eu não via desde os treze anos). Mas ainda assim ela deve ter pensado que era apenas mais uma versão das minhas histórias que eu contava para os meninos. Quem dera que fosse. Mas não era. Havia mesmo acontecido, e meu coração estava partido ao meio desde que ele foi embora de volta à Terra do Nunca. Sem perceber, na parte em que eu contei que ele ia embora eu comecei a chorar, mas não parei de contar. Pedi desculpas a ela por não ter contado antes, falei que apenas não estava preparada para isso.

– Wendy... Wendy, fica calma! – Ela limpou minhas lágrimas e continuou: - Agora é a minha vez de contar uma história.

Olhei curiosa pra ela, que logo antes de começar a história, começou a chorar também.

– Alice? O que houve?

– Wendy, também teve uma parte importante da minha vida que eu não te contei! – Falou, entre lágrimas – Eu não tive uma boa infância. Desde pequena, eu escutava meus pais falarem sobre um filho deles que havia desaparecido. Minha mãe me disse que não sabe como não me perdeu quando ainda estava grávida, de tanta coisa que ela passou. – Ela estava chorando cada vez mais, eu até perguntei se ela não queria um copo d’água, mas Alice apenas pediu que eu a deixasse terminar. – Quando eu completei três anos... Meu pai viajou para a Guerra. E nunca mais voltou. Minha infância foi muito sofrida, Wendy. Passei minha vida inteira apenas com a minha mãe, que eu ainda a pegava chorando por ter perdido o filho e logo depois o marido. Eu ficava triste também, não aguentava vê-la chorar e não poder fazer nada. Até que um dia, cinco anos atrás – sim, o ano em que nos conhecemos – tudo mudou. A campainha da minha casa tocou e eu atendi como quem não quer nada. Quando eu vi, era um garoto muito parecido comigo. Ele se apresentou como Peter Pan, e eu não soube mais o que fazer, então simplesmente fechei a porta na cara dele e fui chamar minha mãe. Era o meu irmão perdido.

Comecei a chorar também. Na verdade, já estava chorando junto com ela desde o começo da história, mas quando ela falou de Peter eu não aguentei. Eles eram irmãos. Ele tinha voltado.

– Ele falou que tinha voltado por uma garota, e essa garota é você, Wendy! Eu... Eu nunca imaginei. Me desculpa, eu devia ter contado. Você me perdoa?

Eu não conseguia falar nada. Estava chorando muito. Só não sabia se era de tristeza ou felicidade. Peter cumpriu sua promessa... Ele havia voltado por mim.


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Notas finais do capítulo

Nada como uma pitadinha de drama pra melhorar a história ^^