A voar! escrita por NenaSt


Capítulo 3
(Wendy) Desejo à estrela


Notas iniciais do capítulo

Um pouco maior que os dois primeiros, mas ainda assim espero que gostem!



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Os anos foram se passando. Eu o esperava todas as noites. Tentei voltar para a Terra do Nunca, mas além de não ter conseguido voar sem o pozinho mágico, eu sabia que já era tarde. Eu havia crescido. Já tinha 19 anos. Dormia no meu próprio quarto já à seis anos. O tempo que se passou desde minhas aventuras com Peter. Passou muito rápido. Os meninos nem tocam mais no assunto, é como se já tivessem esquecido. Miguel está com 11 anos e João com 16.

Esse era o meu maior problema. Três anos atrás, quando João completou 13 anos tivemos que nos mudar, já que ele também precisava de um quarto próprio, e não um quarto com uma criança de oito anos, pois ele também precisava crescer. Ao contrário de mim, ele não deu trabalho algum, já fazia um tempo que pedia um quarto só pra ele. Mas como nos mudamos, o que era difícil se tornou impossível. Peter nunca mais me encontraria. Tive que botar isso na cabeça de uma vez por todas.

Apesar de tudo, todas as noites eu olhava pela janela da minha nova casa a estrela da Terra do Nunca. A esquerda da estrela mais brilhante. Eu passei a fazer sempre um desejo para aquela estrela, para que um dia Peter me encontrasse.

Uma certa noite, João e Miguel me visitaram no meu quarto para que eu contasse as histórias, pois, segundo eles, não importava o quanto eles crescessem, iriam querer ouvir minhas histórias para sempre. Mas na hora em que eles chegaram, eu estava fazendo o meu desejo à estrela.

– Wendy – Disse Miguel, e eu dei um pulo.

– Pensando em Peter? – Perguntou João.

Dei um suspiro.

– Não, eu estava só...

– Só... – Disseram os dois, em uníssono.

– Tudo bem, tudo bem. Eu estava pensando em Peter, sim. Na verdade, estava fazendo um pedido à estrela da Terra do Nunca para que ele voltasse. É uma coisa boba, ignorem. Então... Vão sentando aí que eu vou começar a história.

Os dois se sentaram imediatamente no chão e eu na minha cama, como de costume, desde que eu mudei de quarto. Minhas histórias eram sempre as mesmas, todas tinham o nome do Peter no meio.

– Era uma vez... – Comecei.

– Por que você sempre começa as histórias com “era uma vez”? Sabe, não precisa mais ser tão infantil, já estamos meio crescidinhos! – Reclamou João.

– Porque eu ainda prefiro as infantis. Vocês dois sabem muito bem que EU não queria crescer. E que eu saiba, os dois também não, lembram?

Era verdade. Quando estávamos na Terra do Nunca eu que tive que insistir para que voltássemos, pois eles já estavam esquecendo os pais. Mas depois que voltaram parece que esqueceram também uma boa parte da infância lá. Ou será que era só eu que carregava a infância comigo a vida toda?

Eles ficaram em silêncio. Sabiam que eu estava certa. Decidi continuar logo com a história.

– Continuando. Era uma vez, uma fada. Uma fada muito linda e corajosa. Seu melhor amigo no momento, era Peter Pan. Mas antes de conhecer Peter Pan, esta fada também já havia passado por muita coisa.

Enquanto eu contava a história de Sininho, os meninos nem piscavam. Contei que uma fada nasce sempre que uma criança sorri pela primeira vez. Contei que ela tinha muitas amigas, também fadas e que todos viviam muitas aventuras no Mundo das Fadas. Contei que ela era uma fadinha raivosa e ciumenta, que ficava vermelha sempre que algo que ela não queria acontecesse. Essa era a história que eu contava em que o nome de Peter menos aparecia.

Quando terminei, eles até aplaudiram!

– Wendy, essa foi a segunda melhor história que você contou! – Exclamou Miguel.

– E qual foi a primeira? – Perguntei, rindo.

– Como se você não soubesse! – Brincou João.

Ele estava certo. É claro que eu sabia. Nunca esqueceria aquela história. Havia sido a primeira história que eu tinha contado sobre Peter Pan. Falei sobre a Esquerda da Estrela Mais Brilhante, conhecida também como Terra do Nunca. Falei sobre Capitão Gancho e os piratas, e de quando Peter havia decepado sua mão esquerda e jogado ao crocodilo. Nesta noite também escutamos um barulho de algo caindo, e quando vimos, nossos brinquedos estavam espalhados no chão. No começo nos assustamos, mas decidimos que devia ser só a Naná. Mas não era. Era Peter. Na sua primeira noite escutando minhas histórias. Será que ele ainda as escutava? Tirei esse pensamento da cabeça rápido. Não existia a mínima possibilidade. Havíamos nos mudado, ele nunca nos encontraria. O alarme das 22h tocou. Hora dos meninos irem pra cama.

– Boa noite, meninos. – Disse, dando um beijinho na cabeça de cada um. Miguel aceitou meu beijo, mas João logo se esquivou, dizendo que estava muito velho pra receber beijinho de boa noite da irmã mais velha.

Logo que eles saíram, voltei para a janela. Fiquei observando a estrela, imaginando se Peter ainda estaria lá. Falei baixinho:

– Eu continuo te esperando...


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