Eu não queria ir embora. Queria ficar com Wendy. Mas apesar de tudo eu não estava preparado para crescer. Os Meninos Perdidos, Sininho... Eu não poderia deixá-los. Eles eram minha família agora. Tudo o que eu lembrava da minha mãe era de uma mão... Uma mão que acariciava meus cabelos e também me contava histórias. Seria de minha mãe que eu lembrava? Será que ela se lembrava de mim? Eu não lembrava como voltar... Mas tinha esperanças que um dia fosse lembrar.

– Peter! – Gritou Slightly.

– Você voltou! – Disse Tootles, correndo para me abraçar.

– Pensávamos que você não ia voltar, que ia ficar com Wendy. – Disse Curly.

– É... Eu não poderia deixar vocês! – Respondi. – Onde está Nibs?

– Foi embora... Encontrou a mãe dele. – Disse Tootles.

– Wendy vai voltar? – Perguntou um dos gêmeos.

– Precisamos de uma mãe, Peter! – Disse o outro.

Não queria acabar com a alegria deles. Era verdade, eles realmente precisavam de mãe, mas era algo que eu não poderia dá-los. Eles também não se lembravam de suas verdadeiras mães, não poderiam voltar. Fiquei triste por eles, sabia que eles sentiriam tanta falta de Wendy como eu já estava sentindo.

O que eu senti por Wendy enquanto ela estava na Terra do Nunca era algo que eu não conseguia explicar. Sempre que ela aparecia, meu coração acelerava, eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Quando a beijei pela primeira vez... Eu não sei. Foi como se o mundo tivesse parado. O que era aquilo??? Wendy disse que esse sentimento se chamava amor. Descobri que esse tal amor que ela tanto falava, era a melhor coisa do mundo e ao mesmo tempo a pior. E descobri isso no momento em que a vi na janela, me observando enquanto eu ia embora.

– Não. – Respondi, finalmente. – Wendy decidiu ficar para crescer. Nunca mais poderá voltar para a Terra do Nunca.

– Peter, você deveria voltar e ficar com Wendy! – Tilintou Sininho

– Não, Sininho. Eu não poderia voltar! Meu lugar é aqui!

– Mas você a ama...

Aquelas palavras realmente mexeram comigo. Ela estava certa. Eu a amava. Mas ainda assim não poderia deixar todos.

– Eu... Eu não sei. Preciso de um tempo pra pensar!

Com isso, entrei no nosso esconderijo. Eu deveria realmente voltar para procurá-la? Passei a noite em claro, apenas pensando nisso. Apesar de que – pelas palavras dela e de Sininho – eu amava Wendy, eu não poderia deixar os Meninos Perdidos. Alem disso muitas outras crianças também precisavam de mim. Mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria voltar. Assim que me lembrasse de minha mãe.