A voar! escrita por NenaSt


Capítulo 23
(Peter) De volta ao lar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, queridos, tava realmente com pena de escrever esse capitulo pq a fic ta pertinho de acabar :( mas calma, ainda não é o último! Obrigada pelas reviews!



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Assim que Gancho caiu da prancha, Wendy voltou a chorar. Ela estava descontrolada, nunca havia matado ninguém, e provavelmente não era o que queria. Mas todos nós sabíamos que era o melhor a fazer. Estava quase desequilibrando, parecia estar com mil pensamentos na mente, tudo, menos que estava prestes a desequilibrar naquela prancha, portanto, voei para pegá-la o mais rápido possível e levá-la para dentro do navio. Logo Wendy me abraçou, e eu retribuí, para de alguma forma tentar protegê-la.

- Shh, pronto, pronto, acabou. Ele não vai mais nos perturbar.

- Mas... eu... não devia... ter feito isso... – soluçou. Quando finalmente conseguiu se acalmar, continuou: - Peter, eu acabei com uma vida. Mesmo que ele seja mau, eu...

- Eu sei, eu sei. Vamos, temos que ir logo pra casa.

- O quê? – tilintou Sininho. – mas... vocês já vão? Pensei que viessem para ficar.

Assim que Sininho disse isso, Wendy correu para tentar abraça-la, mas com seu tamanho era meio difícil.

- Obrigada, Sininho! Por tudo! Por ter salvado a minha vida, por ter convencido Peter a voltar... eu nunca vou ter como lhe agradecer por isso! Mas... meu lugar... nosso lugar não é mais aqui.

- Mamãe. – disse Daniel, fazendo Wendy correr para abraçá-lo.

- Oh, Daniel! Sinto muito que tenha visto isso! Nós já vamos pra casa.

Ele se soltou dela.

- Não! Eu não quero embora! Eu gostei deste lugar, eu quero ficar aqui, mesmo que não seja um pirata...

Mais lágrimas vieram aos olhos de minha esposa. Vi que ela realmente estava em choque, era muita coisa ao mesmo tempo. Decidi me intrometer:

- Daniel, filho. Você ainda tem muito que viver. Tem uma enorme infância pela frente. Eu vim pra cá quando tinha treze anos, já ia realmente crescer. Mas por enquanto eu acho que você deveria aproveitar sua infância com sua família. Daqui a dez anos, quando você completar treze, se quiser, nós compreendemos. Mas viva sua infância conosco.

- Tudo bem...

- Agora vamos pra casa – disse.

- Como?

- Voando, é claro! – dissemos eu e Wendy, em uníssono.

Nessa hora ele se lembrou da história que lhe contamos há algumas semanas, e pediu para que o ensinássemos.

- Só precisamos de pó e... – começou Wendy.

- Não. Não precisamos de pó. Esqueceu de que ele é meu filho? Eu aprendi sozinho, sem nenhuma ajuda. Apenas pensei em ir para um lugar onde jamais crescesse.

- Mas, Peter, ele também é meu filho, eu nunca consegui voar sozinha por muito tempo.

- Wendy, confie em mim.

Ela já ia retrucar, mas, quando vimos, Daniel já estava flutuando. Abri um enorme sorriso, e disse:

- Esse é o meu garoto.

Ele voava, rodopiava e dava cambalhotas no ar. É, disso eu não tinha dúvidas: Daniel era realmente o meu filho. Agora finalmente iríamos voltar para casa, onde poderíamos viver em paz novamente, já que Gancho se fora. Levamos Sininho junto. Ela afirmou que não sabia onde morávamos, que já tentou nos visitar várias vezes, mas não encontrou nosso apartamento. Ao chegar, foi a hora de se despedir. De novo. Eu estava realmente cansado de despedidas, mas sabia muito bem que Sininho iria voltar, já que agora sabia onde morávamos. Mas antes... tínhamos visita! Na verdade, não exatamente visita, era Alice que estava em nossa casa preocupada. Assim que nos viu, veio correndo nos abraçar:

- Graças a Deus! Eu estava tão preocupada, Peter! A mamãe tinha enlouquecido, pensou que fôssemos te perder novamente! Wendy, eu sinto muito, mas nossa mãe entrou em contato com os seus pais e... bom, acho melhor você dar um jeito de falar com eles antes que chamem a polícia. Estão todos procurando vocês, eu decidi ficar aqui para o caso de voltarem.

- Oi, tia Alice! – disse, Daniel, tentando chamar atenção.

- Oi, Daniel! Nossa, eu sinto muito, mas é que eu precisava falar com seus pais primeiro, né? Sua mãe é minha melhor amiga, e você sabe muito bem que eu sou sua tia, ou seja, irmã do seu pai. Mas a verdade é que eu estava preocupada com todos vocês.

Então ela pareceu finalmente perceber que entramos pela janela.

- Como é que... como... vocês... o que foi que aconteceu aqui?

Começamos a rir, e, para resumir a resposta resolvemos mostrar Sininho, que ficou com um pouco de medo no começo, mas logo aceitou que aquela garota era minha irmã e não iria machucá-la. Na verdade, acho que machucá-la seria a última coisa que Alice faria, já que quando mostramos, ela começou a gritar e saiu correndo pela casa, em direção à sala. Escutamos o grito continuar, então, quando ela voltou, vimos que já estava mais calma, porém toda descabelada.

- Alice, o que foi que você fez? – perguntou Wendy, indo em direção à sala para ver a bagunça.

- Já te disseram que você é louca? – perguntei.

- Desculpem. Foi só um surto. Agora eu estou mais calma. Eu não acredito que...

Antes que ela terminasse de falar, decidi tapar sua boca, pois já imaginava que o fim da frase poderia matar uma fada.

- Se você disser isso, a Sininho morre e eu nunca mais te perdoo, Alice. Sabe muito bem que fadas realmente existem, eu te contei isso já faz uns dez anos, quando voltei da Terra do Nunca.

- Tudo bem. Não vou terminar minha frase. Mas... você não disse que a Terra do Nunca era um lugar pra crianças?

- É uma longa história, Alice, agora precisamos falar com a mamãe e os pais da Wendy, eles devem estar morrendo de preocupação.

Nessa hora, Wendy voltou:

- Alice, saiba que é você que vai arrumar isso tudo! Ah, olá, Sininho!

- Oi...

- O que foi isso? Pareceu um...

- Sino? Nunca se perguntou de onde veio o nome da Sininho? Ela tilinta quando fala, faz o som de um sino. – disse Wendy

- Ah... cada vez mais normal...

- Ah, vamos, Alice! Tenho certeza de que vocês duas seriam melhores amigas! – falei

- Bom, isso não importa agora. Temos que falar com a mamãe, Peter. Wendy, você poderia ir sozinha com o Daniel falar com seus pais? Estamos com pressa, nossa mãe está prestes a chamar a polícia!

- Claro. – respondeu. – Adeus, Sininho. Foi muito bom te reencontrar!

E então foi em direção à sala.

- Adeus, Wendy. Adeus, Peter. Sejam muito felizes juntos...

Então, pela primeira vez, vi uma lágrima escorrer pelo rosto da minha pequena fada.

- Sininho? Você está chorando?

- N-não. É só... é que... meu pó...

- Sininho... Você sabe que eu te conheço já faz muito tempo e sei bem quando você está mentindo. O que houve?

- Peter... eu tenho medo de nunca mais te encontrar. Sabe... eu te conheci você ainda era uma criança... tinha muitos sonhos, mas não queria crescer. Viramos uma dupla. E então você conheceu Wendy. Até hoje me lembro da carinha de apaixonado que você fez no dia em que escutou suas histórias pela primeira vez... foi aí que eu percebi... eu ia te perder. Tentei a todo custo separar vocês para que assim tudo voltasse ao que era antes. Mas eu vi que não adiantaria. Você ficou com raiva de mim e me baniu. Então eu notei que não importa o que eu fizesse... nada poderia voltar ao que era antes. Se eu me livrasse dela, você iria ficar com raiva de mim para sempre. Se eu não fizesse nada, você iria com ela. Logo eu decidi que o melhor a fazer era tentar te deixar feliz. Mas quando me aliei a Gancho, eu estava me sentindo humilhada, pensei que ele não fosse fazer nada com você. Até que teve aquela coisa do presente. Eu lembro que tive que beber o veneno por você para te salvar...

- Sininho, não faça mais isso, tive que juntar todas as crianças do mundo para dizer “eu acredito em fadas” para que você sobrevivesse! – interrompi.

- Peter, por favor, deixe-me terminar. Para te fazer feliz, decidi que era melhor te ajudar. Mas você não faz ideia da minha felicidade quando disse que não iria voltar para casa! Mas vi que estava sozinha com toda essa felicidade... você iria ficar infeliz porque estaria se separando de Wendy. Achei melhor te convencer a ir atrás dela... Peter, quando você foi... – mais lágrimas saíram de seus pequenos olhinhos verdes – eu pensei que o mundo fosse desmoronar. E agora que te encontrei de novo... ah, eu não sei... não quero me separar de você novamente. Mas ainda assim quero que você seja feliz.

Com todas aquelas palavras, até eu estava com lágrimas nos olhos.

- Sininho! Você sabe que eu jamais vou te abandonar! Você sempre foi minha melhor amiga! Somos uma dupla desde que nos conhecemos! Sim, eu estou apaixonado pela Wendy, mas jamais te deixaria por esse motivo! Pensa que eu também não fiquei triste depois que fui embora por te deixar? E nós não vamos nos separar, Sininho. Nunca. Você agora sabe onde eu moro. Será bem-vinda sempre que quiser! Você me ajudou todo esse tempo pra me ver feliz... como eu posso me separar de alguém assim? Os amigos verdadeiros são poucos. E você, Sininho... acho que é impossível que alguém consiga ter uma amiga assim como você! Sou a pessoa mais sortuda do mundo! Eu tenho a melhor amiga do mundo, a melhor esposa do mundo... e tudo por você! Não vamos nos separar...

Então ela veio e abraçou meu rosto com seu corpo pequenino.

- Agora você realmente precisa ir. É você que está deixando tudo em ordem na Terra do Nunca, não é? E, sabe... Wendy me ensinou a se comunicar com alguém que você quer muito falar na Terra do Nunca. É só fazer um pedido àquela estrela e a pessoa sonha com o seu pedido. Sempre que quiser lhe ver aqui, irei fazer isso.

Ela apenas balançou a cabeça e foi saindo em direção à janela.

- Ah, e Sininho! – Sininho se virou - Obrigado. Por tudo.


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