A voar! escrita por NenaSt


Capítulo 21
(Peter) O Navio de Gancho


Notas iniciais do capítulo

Consegui! Escrevi três capítulos em um dia pra compensar a demora dos outros ;)



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Finalmente, chegamos à Terra do Nunca. Fomos os primeiros adultos a chegar lá voando, pois uma coisa nós tínhamos: fé. Nós acreditávamos na Terra do Nunca, eu passei uma boa parte da minha vida lá. Sabíamos que existia. Afinal, se não fosse por esse lugar nunca teríamos nos conhecido. Sininho nos levou direto ao navio, onde começamos a espionar.

- Muito bem, garoto! – disse Gancho.

- Já falei que meu nome é Daniel!

- Não é mais.

- Peter... – começou Wendy, cobrindo o rosto no meu ombro. – eu não quero ver isso. Gancho gosta de enganar as pessoas. Ele nos engana e nos leva para o lado dele. Eu não quero que isso aconteça com Daniel.

- Wendy, já é tarde, isso já aconteceu. Agora tudo o que podemos fazer é torcer para que ele veja o que você viu. Que Gancho é realmente malvado. – tilintou Sininho.

Eu estava realmente surpreso pelo fato das duas agora serem amigas. Ainda me lembro do dia em que fui à casa de Wendy, e, quando ela tentou me beijar Sininho puxou seu cabelo e disse que ela era muito feia. Ainda não acredito que ri daquilo. Wendy não era feia. Não mesmo, e nunca foi. Ela é e sempre será a mais bela de todas pra mim. Como nos contos que ela contava aos irmãos. Lembro de uma vez que fui lá para escutar uma história e ela estava falando de uma princesa que era a “mais bela de todas”. Wendy poderia não ser princesa, mas era sim a mais bela.

Estávamos em cima de uma nuvem, exatamente a mesma de antes, espionando Gancho falar com Daniel, quando de repente...

- Peter Pan à vista!

Não podia acreditar. Fomos pegos. Notei que a história estava se repetindo, desde o dia em que viemos para a Terra do Nunca pela primeira vez, quando crianças. Mas dessa vez não estávamos lá por diversão. Muito menos para conhecer a ilha. Nós só queríamos nosso filho de volta. E eu esperava realmente que dessa vez Sininho não tentasse matar Wendy novamente, pois eu teria de pedir o mesmo favor de antes.

- Sininho, leve Wendy para o esconderijo, não importa onde seja agora.

Ela fez que sim com a cabeça e começou a voar.

- Sininho! – gritei, e ela se virou. – Nada de tentar matar Wendy novamente, hein? Estou de olho!

E fui em direção aos piratas.

- Ora, ora, ora. Olhe só quem voltou para ver o filhinho. – disse Gancho.

- Devolva-o, Gancho.

- Mas por que a pressa? As coisas ainda nem começaram. Vejo que conseguiu chegar aqui voando, não é?

- Não quero conversa, Gancho. Diga, o que você quer?

- Não, não, não, não, não. Não é assim que se começa com uma conversa. Vamos, entre. Temos muito o que conversar.

- Já falei que não quero conversar! Eu só quero meu filho!

- Mas ele não quer! Ele é um pirata agora. É como a mãe... A diferença é que o garoto não é um traiçoeiro como ela.

- Wendy não é traiçoeira!

Ele pareceu que nem estava me ouvindo.

- Ahh, espere, por falar nela... Smee, traga a garota!

Garota? O que ele queria dizer com... Não.

- Wendy! – gritei. Ela estava amarrada e amordaçada, enquanto Smee a segurava por trás. Vi uma lágrima escorrer sobre seu rosto. Sininho. Eu mandei Sininho levar Wendy para o esconderijo, será que ela obedeceu? – Onde está Sininho?

- Ah, claro, a fada. Smee, onde está a fada?

Nessa hora, Smee deixou Wendy com Gancho e saiu para buscar algo. Os olhos dela pareciam dizer “me desculpe”. Logo depois, vi Smee voltar com um vidro tampado. Não conseguia ver direito o que estava dentro do vidro de longe. Quando ele finalmente se aproximou, eu vi. Não, não era culpa de Sininho. Ela também havia sido capturada.

- Diga logo, Gancho, o que você quer?

- Apenas vingança. Quieta, menina! – gritou, enquanto Wendy esperneava para que ele a soltasse.

- Vingança por quê? O que foi que eu fiz com você? E nem me venha falar da sua mão! A culpa não foi minha e você sabe muito bem disso!

- Não estou falando de brincadeira de criança, Pan! É tudo culpa dessa maldita garota!

Wendy soltou um gemido.

- Sim, foi culpa sua, sim! Você havia se tornado uma pirata... Iria se chamar Bucaneira Dil, lembra? Lembra-se disso? Mas o que foi que você fez? Você nos traiu! Eu passei anos em uma canoa perseguido por aquele crocodilo idiota até conseguir voltar!

- Ela não teve culpa! – intervim – Você mereceu, Gancho!

- E você... Você também teve culpa, Peter Pan! Você foi o mais culpado de todos! Foi você que influenciou essa traíra! Se não fosse por você, Pan, eu ainda teria minha mão. Eu não teria chegado bem perto de morrer de enxaqueca! E, principalmente, eu não teria sido perseguido por anos por um crocodilo idiota numa maldita canoa! Então me surgiu a ideia. Se eu ficasse com a sua esposa e seu filho, você nunca mais seria feliz. E é isso o que eu vou fazer! O menino já tomou sua decisão. Agora Wendy terá sua chance. Voltará a ser uma pirata, ou... Irá para a prancha!

Dizendo isso, ele tirou a mordaça dela, que permaneceu calada, chorando em silêncio.

- Vamos, escolha!

- Eu nunca serei como você, Gancho Bacalhau! – disse

ela, finalmente. – e você também não vai levar meu filho! Eu prefiro morrer a cometer o erro de ser uma pirata novamente!

- Wendy, não! – gritei.

- Que assim seja! – disse Gancho, empurrando-a em direção a prancha. Eu ia começar a voar para salvá-la, quando um dos piratas me segurou.

- Wendy! Não! – eu já estava chorando. Não podia perdê-la. – Gancho, deixe-me ir no lugar dela!

- Não. E sabe por quê? Porque se ela for, você nunca mais será feliz. E eu enfim ficarei em paz.

- Por que está fazendo isso? – perguntei. Wendy já estava lá na frente. Mais um passo e caía no mar.

- Já falei, Pan. Por vingança. Podem empurrá-la!

- Não! – disse Wendy, com firmeza. – deixem que eu mesma vou. Peter, salve Daniel. Eu amo muito vocês dois, e diga isso para ele. Adeus. – e deixando derramar uma última lágrima, deu seu último passo para cair no mar. Dessa vez, não tinha ninguém para salvá-la. Eu havia acabado de perdê-la novamente. E dessa vez eu nunca mais iria encontrá-la de novo.


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