Eles saíram do salão principal e foram para fora do castelo, o céu já estava quase escuro. Ficaram andando por um tempo sem falar nada. Então pararam um pouco distantes da cabana de Hagrid e sentaram-se em uma pedra.

– O que está achando daqui? Percebi que está indo muito bem nas aulas.

– É, magia é realmente incrível! Eu sempre sonhei com um lugar como este... eu sabia que não pertencia ao mundo dos... trouxas.

– Eu acho os trouxas interessantes... divertidos. Tipo, são malucos! Acho que eu me daria bem como um.

– Ah, claro... mas eu acho que não, Neville.

– Por que não?

– Eles são mesquinhos, desonestos, sempre superficiais, em busca do dinheiro... são falsos uns com os outros e são cheios de realidade. Aqui não há realidade, só sonhos... Magia!

– A magia sempre foi real pra mim.

– Você tem muita sorte de ter nascido aqui no mundo da magia.

– É, sou um bruxo sem vestígios de trouxas na família, grande coisa. Não sei nem levitar as coisas sem fazer algum desastre...

– Ah, isso não é verdade. Eu andei observando você em algumas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, e percebi que você melhora a cada dia!

– Mesmo? - Ele perguntou com os olhos brilhantes, fazendo Kayleena sorrir com tamanha fofura.

– Mas é claro! ah ha ha.

– Obrigada.

Eles ficaram se olhando, pareciam conversar telepáticamente. Porém só sentiam um ao outro. Com Neville era direfente, ela se sentia segura, confiava mesmo nele, mas não conseguia saber se o que sentia era amor ou apenas uma grande admiração. Ele, porém, tinha certeza do que sentia. Não sabia por que, mas desde a primeira vez que a vira naquele quarto, com aquele dementador, sentiu que deveria protegê-la e amá-la. Sentiu que ela precisava disso. E ele precisava dela.

– Kayleena eu... eu acho que...

Neville não conseguiu completar a frase, Kayleena levantou depressa e parecia assustada.

– O que houve? - Perguntou preocupado.

– Nada, eu tenho que ir, conversamos depois! - E sumiu em meio a neblina.

''Tudo bem, Cinderella... eu só ia dizer que te amo...'' - Pensou entristecido.

Ele foi para o dormitório, já estava ficando tarde e ele queria conversar com Harry sobre o que sentia.

Kayleena percebeu que ele estava lá, observando-os. Correu para longe de Neville, pois sabia que Scabior a seguiria.

– Não era para nos encontrarmos lá em cima? - Perguntou irritada.

– Calminha aí, só estava passeando e ouvi vocês conversarem, aí parei para ver quem era e saber sobre o que falavam.

– Não é legal ouvir a conversa dos outros, e você poderia ter sido visto.

– Aquele garoto mala está caidinho por você, ah ha ha ha ha! - Disse mudando de assunto e rindo.

– Isso não é da sua conta Scabior, não fale assim dele!

– Tudo bem, só queria me divertir um pouco... então, onde paramos na noite passada? - Se aproximou de Kayleena e segurou sua mão.

Era incrível o modo como Scabior hipnotizava Kayleena. Ela esquecia de tudo quando ele a olhava nos olhos. Sentia uma paixão completamente enfurecida dentro dela. Ele começou a cantarolar enquanto acariciava seu rosto.

– Eu quero te mostrar um lugar.

– Que lugar?

Ele não respondeu, a puxou para perto dele e aparatou. Eles pararam em uma cemitério, com várias lápides cobertas por neve. Ele a levou para uma lápide que continha o nome de Liliam, mãe de Kayleena.

– É... é aqui que ela está?

– Sim... Ela era uma grande pessoa...

– Eu sei, já ouvi falar dela... - As lágrimas começaram a escorrer. Ela sabia o motivo, mas não aceitava que sua mãe a tivesse abandonado, a tivesse privado do mundo dos bruxos.

Scabior a observava malicioso. Não era amor, ele queria se divertir, queria ser conhecido como 'O Bruxo que trouxe o Lorde das Trevas de volta à vida'. Mas sentia algo estranho, não sabia o que era. Sacodiu a cabeça na tentativa de esquecer esse sentimento indecifrável. Pegou na mão de Kayleena, limpou suas lágrimas e a beijou.

O vento soprou forte. A neve derretia ao entrar em contato com o calor dos dois. Kayleena se separou dele:

– Scabior, tenho que voltar.

– Tudo bem... - Ele a olhava fixamente, tudo estava confuso dentro dele.

Ele a levou de volta à Hogwarts e a observou entrar no castelo. Seria possível alguém tão cruel, tão perverso, sentir algo como... amor?