Como Ser Um Pegador Em 12 Lições. escrita por Jess B


Capítulo 10
Difícil com você, imagina sem você.




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7ª Lição: Se der mole, caia matando. Agarre e beije mesmo (o que importa é pegar)
Você está num show ou numa festa, com certeza merece se divertir no melhor estilo. Te olhou e sorriu?
Finalize, que essa é sua.

Fred:

Com os braços cruzados e cara de tédio, fiquei ouvindo as conversas dos meus amigos com as garotas freaks. Eles conversavam sobre tudo, desde o que faríamos depois do colégio até shows de rock progressivo.
– Por falar em show de rock, amanhã vai ter um. – Cris disse, animada – Vocês querem ir? – ela perguntou, no plural, mas falando diretamente para Hazz.
– Eita, nem vai dar, acho que vou ficar estudando em casa – com uma cara de pau eterna, Hazz falou. Se estudar, para ele, é comer a Sam numa festa, então, ele vai estudar. Cris fez uma cara de decepção, mas logo se animou quando foi falar com ju, que não tinha falado nada durante todo tempo em que estávamos lá.
– Amiga, você vai né? – ela perguntou.
– Vou, Cris. Eu não já disse que ia? – ju falou sem emoção – Só falta dizer aquela velha mentira para minha mãe, mas tirando isso, eu vou. – ela deu um sorrisinho de lado e voltou a tomar seu milkshake.
– É mesmo, só quero ver como a gente vai fazer isso. – Bia falou pensativa – A mãe da ju não é boba não.
– Relaxa, diz que vai dormir na casa do Mike – me ouvi dizer, num tom ríspido. Júlia me olhou pela primeira vez depois de horas, meus amigos ficaram sem entender.
– Se você tem algum problema, resolva comigo e não na frente das pessoas. – ela segurou o copo, e eu jurava que a qualquer momento ela iria jogar em cima de mim, o líquido que tinha dentro.
– E lá vamos nós de novo... – Judd falou sem emoção. – Vem, Fred, quero falar com você. – ele me se levantou, bateu no meu ombro, e foi até atrás da pequena lanchonete. Eu o segui, meio que sem entender nada.
– Você está fazendo tudo errado! – Hazz pôs a mão em meu ombro.
– Eu não sei se quero mais essa aposta. – disse, pensando que meu amigo estava se referindo a aposta.
– Eu não estou falando mais da aposta. Foda-se a aposta! – ele elevou a voz – Você deve estar com um problema sério com ela, cara! Só pode!
– Hazz, ontem ela se drogou, cara! – ele fez um uma cara assustada – E pior, dormiu na casa do Mike e não me contou nada. – eu contei toda a historia de Júlia, menos sobre que estava ficando com ela.
– Você não está com raiva só porque ela mentiu. Você está com ciúmes por ela ter dormindo na casa dele, e com orgulho ferido. E isso é coisa de gente apaixonada – ele riu – Você está apaixonado, meu amigo. Fim de caso. – eu ia falar alguma coisa, mas desisti.
– Não, não... Espera aí! Eu não posso estar gostando – apaixonado era uma palavra muito forte pra mim – dela. Não se esqueça de que a gente está falando sobre Júlia Torres, a dark, a encrenqueira, aquela que a gente achava estranha, aquela...
– Aquela por quem você está puto de ciúmes. – Hazz continuou dizendo – Olha, eu fui um dos o primeiros a dizer que ela era isso tudo, e sei que fui eu quem inventou essa história de aposta, e o que eu mais temia aconteceu, você começou a gostar dela. O mínimo que eu posso fazer é desvalidar essa merda e pronto! Está livre pra fazer o que quiser. – ele bateu suas mãos em minhas bochechas e riu.
– Mas... Como é que é? – eu não falava coisa com coisa, eu não sabia o que pensar e nem como agir – Como é que você sabe que eu gosto dela...? – perguntei espantando, nem eu sabia que gostava dela.
– Seu jeito, o jeito dela...
– O jeito dela? Se expresse melhor. – pedi.
– Conversei com ela sobre vocês, e ela admitiu que foi burra e idiota. Sabe como é difícil pra uma menina que nem a ju admitir isso, ainda mais se tratando de um cara como você? – engoli em seco – Quando eu falei que ela era a primeira menina que você ficou tanto tempo na sua vida, mesmo não ficando com ela, ju pareceu ter um surto e ficou toda “felizona”, dando até um beijo em mim – eu olhei confuso – Calma, o beijo foi na bochecha. – ele riu.
– Eu não sei o que dizer... Eu tenho que ir, não posso ficar aqui. – falei o que veio na cabeça. Saí de lá de trás, quase que correndo, e passei na mesa onde meus amigos estavam.
– Desculpem, mas tenho que ir – falei, não conseguindo olhar pra ju – Não estou bem.
– O que foi cara? – Davi me perguntou.
– Eu tenho que ir, foi mal. – saí de lá, quase fugindo.

Eu não entendia o que estava acontecendo naquele momento. Eu não queria pensar no que aquilo poderia ser, eu só queria sair dali o mais rápido o possível e chegar em casa.

Júlia:

– O que deu nele? –Sophia perguntou para os meninos. Harry já tinha chegado à mesa.
– Acho que foi crise de idiotice, isso sim. – falei e todos riram, menos Harry.
– Se você soubesse, não estaria aí, falando uma coisa dessas. – fiquei com vergonha e quis saber porque ele tinha saído que nem um louco.
– O que foi, então? – Andrelli perguntou.
– Problemas, apenas problemas. – Judd me olhou – Mas acho que a ju vai saber resolver. – eu quase cuspi meu milkshake.
– Eu? Por que eu?
– Você vai descobrir.
Depois dessa frase infame, fiquei mais calada ainda. Os meninos ainda conversavam empolgadamente com as minhas amigas. Fiquei pensando em Fred, calada, até que ouvi Davi perguntar a Bia:
– O que você acha do Chewbacca? – ele perguntou com uma voz galanteadora, me fazendo rir. Esperei ouvir a resposta de Bia, que riu um pouco e disse:
– Acho ele... Peludo? – ela riu ainda mais. Davi se ajeitou na cadeira.
– Olha, eu sei que estou sendo idiota, mas queria saber que você gostaria de, sei lá, sair comigo um dia desses... – ele falou, tímido, esperando a resposta dela.
– Como um encontro? Tipo, encontro mesmo? – ela perguntou.
– Se você tem outro tipo de encontro, por favor me fale, que aí a gente faz desse jeito – Davi foi tão fofo, que eu me intrometi.
– Ai, aceita logo! – falei tão alto, que todos que estavam conversando pararam a conversa.
– Merda. – ouvi Sousa reclamar baixinho e bati minha mão testa, morta de vergonha.
– Desculpa, gente. – falei diretamente para os dois.
– Como é que é? Sousa finalmente teve coragem de chamar a Bia para sair? – Guto bateu na mesa – Já era mesmo sem tempo.
– E essa foi uma tarde cheia de surpresas... – Judd, enigmático, falou.
– E você vai aceitar, né, Beatriz? – Cris perguntou.
– Bia, fala logo, sim! – Sophia disse. Beatriz permanecia calada, nos deixando no suspense. Davi estava quase roendo as unhas, esperando ansioso.
– Claro, por que não? – ela falou, e eu quase ouvi fogos. Davi a olhou com um sorriso bobo.
Eu estava feliz por minha amiga, mas por dentro tava destruída.

Fred:

Abri a geladeira, ainda pensando no que Harry tinha me falado atrás da lanchonete. Eu estava confuso e chateado. Eu não sabia se tudo isso era drama meu. Esse problema todo poderia ser uma grande desculpa para acabar tudo com ela e me afastar de uma vez, já que aposta não existia mais. Eu poderia fazer isso, claro que sim! Fechei a porta da geladeira com a bunda, porque minhas mãos estavam ocupadas segurando uma grande tigela de gelatina de morango. Coloquei-a em cima da mesa e fui em busca de uma colher. Achei o que queria e me sentei sem pressa.
Comendo, pensei que não tinha mais obrigação de fazer parte na vida de Júlia. A aposta já tinha acabado, nós já tínhamos nos apresentado, e o recado de Mike tinha sido bem claro – mas só para constar, eu não tenho medo dele.
– Estou livre da aposta, finalmente – falei rindo, depois de uma bela colherada da minha gelatina. Ouvi uma voz lá no fundo, bem pequena, “Você gosta dela”, e quase engasguei! – Não, não pode ser! – Hazz não deve estar certo!
Eu não queria, eu não podia! Júlia era totalmente diferente de tudo que eu conhecia. Eu não podia gostar dela, eu não queria ficar desarmado e ser dominado por mulher nenhuma.
A minha vida iria ser invertida em 360° e eu estaria de quatro, sendo o cachorrinho de uma maluca obcecada por rock e drogas.
Não! Eu não iria deixar nenhuma garota me fazer de idiota.

Júlia:

– Assuma, você gosta dele. – Cris se sentou em minha cama. Eu estava no computador, vendo alguns e-mails. Revirei os olhos, cansada daquilo.
Fred tinha sido o assunto principal desde a saída da lanchonete.
– É, ju! A gente já sabe, só estamos esperando vocês confirmarem de uma vez por todas. – Sophia saiu do banheiro, ajeitando seus cabelos. Bufei um pouquinho e respirei fundo. Acho que já estava na hora das minhas amigas saberem de tudo.
– Não adianta mais, falar que gosto dele agora... – falei tristonha. Minhas amigas, confusas, arquearam suas sobrancelhas e eu continuei: – Ele não quer mais ficar comigo.
– O QUÊ? – Bia, que estava deitada, deu um pulo. – Como assim não quer mais? Vocês estavam ficando, Júlia Torres? – todas olharam para mim, curiosas e incrédulas. Assenti que sim.
– Eu não acredito que você não falou pra gente! – Cris falou, chateada. – Pensei que você nunca iria esconder isso da gente.
– Eu tinha medo...
– Medo de quê, Júlia? – Beatriz levantou a voz, e eu me encolhi assustada.
– Medo de vocês rirem de mim, de dizerem que não ia dar certo, porque ele era o Frederico Maia. – senti lágrimas caírem dos meus olhos – Mas agora, de quê adianta? Acabou! Ele está com raiva de mim! Não quer saber de mim, vocês viram como ele falou comigo hoje – eu chorei ainda mais.
Palmas. A Júlia centrada, calma, não existia mais naquele momento.
As meninas não acreditavam no que viam. Era a primeira vez que eu fazia aquilo, nem quando eu terminei com meu ex eu fiquei assim.
– Oh, amiga. Não fica assim. – Cris veio até mim e me abraçou. – Não precisava nos esconder isso, a gente não ia julgar, nem nada, não é meninas? – ela olhou para outras duas e as mesmas assentiram – Olha o meu caso, falei para vocês sobre a minha paixão idiota pelo Judd sem medo, sem vergonha, e mesmo sabendo que vocês iam me botar o pé no chão em relação a isso, eu continuo aqui, sonhando com o dia em que ele vai olhar pra mim com outros olhos – ela riu enxugando minhas lágrimas.
– E você vai desistir dele? – Sophia me perguntou.
– Do jeito que está, acho que sim. Ele não quer me ver nem pitada de ouro... – falei entre soluços – E, cara... Só por causa de um vacilo... – solucei ainda mais.
– Desculpa, ju, mas eu não queria que o meu ficante dormisse na casa de uma amiga ou alguma coisa do tipo, e além do mais, drogado. – Bia disse – Você tem que entender o lado dele também, né...
– Eu sei, mas eu já pedi desculpas, eu já tentei falar com ele e nada! Nada o fez mudar! E o modo como ele falou de mim... – aí eu chorei ainda mais. As meninas se juntaram e me abraçam num abraço coletivo e fofo.
– O que ele falou foi feio, eu sei. – Sophia disse baixinho – Mas acho que não falou por mal. Ele deve estar machucado, entenda. – Sophia fez carinho em minha cabeça e deu um sorriso terno e gentil. Ela sabia como me acalmar.

Fred:

– Como é que é, dude?! – meus amigos exclamaram, quando eu disse toda a verdade sobre mim e ju.
– É isso mesmo, eu estava ficando com ela e... – falei, tirando a minha correia da guitarra e pondo a mesma perto do amplificador. Estávamos todos no subsolo, tentando ensaiar. Hazz havia se sentado no pequeno sofá velho, enquanto nós três estávamos guardando os nossos instrumentos.
– Júlia se drogou enquanto estava com Mike! De novo! – Harry contou a última parte da história para os guys, me interrompendo.
– SÉRIO? – Guto soltou um suspiro – Sou fã dessa garota! – ele se sentou ao lado de Judd, levantou os dois braços, colocando-os por trás da cabeça, e se encostou ao sofá.
Revirei os olhos. Ele era amigo de quem, afinal?
– Você está do lado de quem? – perguntei sério.
– Cara, presta atenção! – ele saiu de sua posição anterior e pôs-se a olhar pra mim, ainda risonho – Primeiro você corre atrás dela pra ganhar uma aposta que seu amigo idiota...
– Hey! – Hazz deu um tapa em sua cabeça.
– Continuando... – ele fez uma cara de dor, massageando o local – Uma aposta que seu amigo idiota fez – ele olhou desconfiado pra Harry, e vendo que ele não ia fazer de novo, continuou a falar – E por causa disso, aprontou no colégio, ficou em detenção, fez de tudo pra fazer o projeto com ela. Entrou no castelo sombrio, vulgo casa da Júlia. – enquanto falava, Guto enumerava as coisas que eu tinha feito, com os dedos – Deixa eu ver mais, ah... A trouxe aqui em casa, coisa que é muito rara pra você, que só trás meninas aqui com um só objetivo e o pior de tudo, ficou com ela sem nos contar! Tipo, a aposta toda se baseava nisso, de você ficar com ela! E o que você fez? Escondeu tudo da gente! – ele falou, um pouco surpreso com minha atitude.
– Eu... Só fiz aquilo porque... – fiquei nervoso ao tentar me explicar – Porque... Porque ela me fez prometer que não o faria. – falei por mim e os meus amigos me olharam surpresos. Até Davi, que até agora não tinha dito nada, ficou de cara com o que eu disse.
– Isso só comprova a minha teoria. – Guto completou. – Você gosta dela. Tanto gosta, que está aí que nem menina mal comida, chorando por ela ter te feito de idiota saindo com aquele Mike. – ia começar a me defender, mas Guto foi mais rápido – E por isso, sou fã da ju. Ela é a primeira menina que você gosta, mesmo você nem sabendo que gosta dela.
Incapaz de falar alguma coisa, já vencido por alguns de meus amigos, olhei pra Davi pensando que ainda restava uma esperança. Davi podia dizer que, tanto Harry quanto Guto estavam errados, e fazendo isso, ele também podia me convencer que os dois estavam errados.
– Davi? – o chamei. Davi estava fingindo (ou algo parecido) em desparafusar alguma coisa em sua guitarra. – Davi! – quase gritei. Ele me olhou, assustado.
– Quê? – me perguntou desentendido.
– O que você pensa dessa coisa toda? – Davi bagunçou o cabelo e deu um grande suspiro.
– Eu só estou impressionado. – ele falou calmo. – Impressionado em como Guto chegou a essa conclusão. – os caras, sentados no sofazinho, riram da cara que Davi fez.
Porra, Davi! Eu aqui tento a crise do século e você impressionado com Guto?
Quero ter amigos novos!
Davi chegou perto de mim, batendo em meu ombro disse:
– É, cara. Você está com um problemão... Se você gosta da esquisita da ju, que faça como eu, chame ela pra sair. – ele disse simplesmente, tirando sua carteira de cigarros do bolso e saindo do Subsolo pra fumar.
– Ele chamou a Bia pra sair. Vamos ver no que vai dar, parece que ele está realmente interessado nela. – Judd falou, se levantando. Olhou-me pela última vez – Espero que você faça a coisa certa dessa vez. Porra, cara você nunca se deu a chance de gostar de alguém...Vê se não vacila. Essa história começou com uma brincadeira, mas não precisa terminar mal se ambos os lados se gostam de verdade, e eu tenho certeza que ela gosta de você.
– Ah, claro! Gosta tanto, que dormiu na casa de outro. – eu bufei de raiva.
– Fred, você sabe que não foi desse jeito que ela dormiu... – Guto disse.
– Eu sei! Eu sei, mas... Mas ela devia ter retornado minhas ligações, devia ter dito onde estava e com quem! – falei, nervoso.
– Se você está procurando desculpa para esconder o que realmente está rolando, não sou eu quem vai dizer a verdade. Vou comer alguma coisa, essa sessão de descarrego emocional me deixou faminto – ele alisou a barriga e saiu. Hazz não falou nada, apenas o acompanhou me deixando só, com os meus pensamentos.
O que eu iria fazer?
Eu não estava me escondendo de nada, estava? E, na real, eu curti ficar com a Júlia, mas foi só para o bem da minha aposta. Como já acabou tudo, não preciso ficar fingindo que gosto dela, não preciso fingir que estou com ciúmes dela e nem preciso aturar seu amigo maconheiro.

Mas isso tudo era mesmo fingimento?

Júlia:

Apesar dos meus olhos cansados e pesados, eu não conseguia dormir. Remexendo-me na cama, vi que eram quatro horas da manhã. “Ótimo”, pensei comigo.
Para pouco tempo, Fred, já fazia parte da minha vida.
Pode parecer exagero, mas ele era como uma pessoa que sempre esteve ali na minha frente, mesmo desconhecido por mim, eu sabia que algum dia nossas vidas iam se juntar de uma forma meio estranha. Não sei se já aconteceu isso com vocês...
Eu via Fred quase todos os dias, captava seu modo falar e até de abordar as meninas populares. Pensando bem, assumo ter “espionado” Fred por um bom tempo, mesmo que sem ser propositalmente.
Eu ia para a cantina, sentava em alguma mesa, e do nada, lá estava eu, olhando para Fred e seus amigos. Tinha aula de História com ele, e enquanto a professora falava de guerras e presidentes, lá estava eu, olhando pra ele.
Eu me pegava olhando pra ele. Alguma coisa que eu não sabia explicar, me levava a ele. E tudo foi tão rápido!
Em um dia eu estava dando-lhe, de má vontade, um cigarro; e no outro estava aos beijos no sofá com ele!
Virei-me de novo, percebendo que o sol estava nascendo. A claridade entrara em meu quarto, silenciosa e majestosa.
Respirei fundo.
Minha cabeça estava uma bagunça!
Lembranças do dia anterior vinham e voltavam. “Acho que quando eu estiver em algum pub, vou ligar pra você e pedir para que você durma lá em casa. Quem sabe assim você faz o que eu quero?!” ouvi a voz de Fred dentro da minha cabeça. Fechei meus olhos, e só pude ver seu rosto vermelho de raiva.
Poucas lágrimas desceram e eu rapidamente as enxuguei.
– Se Fred pensa que eu vou ficar toda deprê por causa dele, ele se engana. – dei uma risada falsa. – Eu vou para o show hoje à noite e vou me divertir ao bom e velho estilo Júlia Torres! – falei baixinho.

Era dez da manhã quando acordei com o sol na minha cara. Saí da cama, indo até a janela.
Ah, era um bom dia para sair e se divertir!
Me espreguicei. Vi meu celular no criado-mudo que tinha ao lado da minha cama, e o liguei. Resolvi mandar uma mensagem para Cris, então fui até a opção de mensagens e lutei comigo mesma pra não abrir onde estavam as mensagens recebidas.
Fui fraca e abri a última mensagem que tinha recebido. Era de Fred.
Li mais uma vez e não pude deixar de sorrir. Saí com tudo daquela área, jogando meu celular na cama.
Eu tinha que esquecer ele. Não tinha jeito melhor a não ser ignorar sua existência.
Decidi ligar para Cris.
– Cris, está fazendo o quê? – ela fez um barulho estanho.
– Na verdade, eu estava dormindo até agora. – Cris disse numa voz abusadinha.
– Então, levanta e vem para cá, para gente sair. Preciso fazer alguma coisa, ficar em casa não dá! – falei de uma maneira rápida. – Cris? – de repente, o outro lado da linha estava silenciosa demais – Pode ir acordando e vindo pra cá! – ela bocejou e falou:
– Tá, tá! Vou tomar banho e já estou passando por aí, sua chata.
– Eu te am... – e desligou.
Mesmo com amigas tão amáveis desse jeito, meu dia não seria abalado!
Afinal, hoje é sábado, maluco!

Fred:

Fui à varanda fumar meu cigarro matinal de sempre. Sentei em um dos bancos de madeira e contemplei o jardim de grama queimada. Traguei, me divertindo tentando fazer bolas nas fumaças.
Vi Davi sair de casa e sentar perto de mim, também fumando.
– Se soubesse como é bom fumar aqui nesse climinha de manhã, vinha aqui antes. – ele colocou seu cigarro na boca, ainda não olhando pra mim. Escorou-se no parapeito branco também de madeira, jogando as cinzas do cigarro na grama queimada.
– Ainda não te parabenizei pela Bia. – com o cigarro em uma das mãos, arrumei meu cabelo. Davi se virou pra mim.
– Relaxa. Eu entendo. Deve estar sendo difícil pra você ter que assumir que gosta mesmo da ju. – seu cigarro ficou entre seus dedos indicador e polegar.
– Eu não sei porque vocês insistem nisso! Eu não gosto da Torres, aliás, ela me fez um grande favor fazendo aquela merda! Foi melhor do que ter que me desfazer dela no futuro. – pus meu cigarro na boca. Cruzei os braços e encostei minhas costas na parede. Eu já estava bem puto com essa história toda!
Pronto, já acabou! No more Júlia Torres e seus dramas de drogada!
– Se você diz... – sentou ao lado da caqueira bizarra e jogou sua bituca lá.
– Porra, não quero mais saber dessa história! Vamos falar de coisa interessante, boa. – dei um sorriso maléfico – A festa da Sam é hoje e sinto que todos nós vamos nos dar bem. – Sousa riu e disse:
– Eu definitivamente vou me dar bem hoje, vou sair com a Bia. – eu fiz uma cara tipo “WHAT?”
– Mas, dude! A gente esperou por essa festa quase duas semanas! Você está de brincadeira, né? – falei sem acreditar. Como assim, o cara vai faltar a uma festa onde vão rolar meninas e bebidas?!
– Pior que não, cara. Não estou na vibe de ir para festinhas desse nível. – ele gesticulou com a mão. – Já cansei de festas assim. Sempre as mesmas pessoas, as mesmas coisas de sempre.
– Porra, e a putaria? – perguntei, desesperado. Meu amigo tinha se perdido e nem começou a namorar com a mina. – E as meninas loucas querendo uns beijos nossos, ou até mais? E os body shots? Você vai perder body shots com as gostosas? – falei, mais desesperado ainda.
Ele riu, acredite, ele riu!
– Vou, vou perder tudo isso aí. Por um jantar com uma comida boa e uma companhia boa. – ele se levantou – Você também pode ter isso, é só querer. Tchau, vacilão. – e saiu.
Porra, meu amigo virou um viadinho apaixonado.

Júlia:

– E aí amiga, como você está? – Cris perguntou enquanto estávamos tomando sorvete. Fiz uma caretinha e lambi meu sorvete de morango.
– Fingindo que ele não existe. – dei um sorriso amarelo e continuei a lamber. Cris revirou os olhos e voltou a falar.
– Está tudo certo para hoje à noite? – ela se referia ao show do “Sounds Of Darkness” que era a minha a banda favorita, mas na real, não estava muito empolgada pra ir. Acenei com a cabeça positivamente e Cris lambeu seu sorvete de chocolate, rindo satisfeita.
– Eu só preciso enrolar a minha mãe mais um pouco. Não ficou bem eu dormir na casa do Mike – falei.
– A gente percebeu! – ela riu, me fazendo rir também.
– Idiota! – dei uma tapinha em seu braço – O plano é que vou dizer a ela que estarei na casa da Sophia, fazendo uma maquete relacionada a vulcões e erupções, e isso pode durar a noite toda! – eu ri ainda mais.
– E porque a Sophia? – Cris perguntou enciumada – Ela nem vai para o show!
– Porque a Sophia é única que passa confiança para minha mãe, e espera aí, por que ela não vai ao show?
– Ela vai numa festa aí que um carinha a convidou. – Cris falou meio abusada – Ela vai nos abandonar por um cara. – ela deu de ombros, chateada.
– Oh, que linda! Com ciúmes, meu Deus! Mas aposto que se esse cara fosse o Judd, quem iria correndo para essa festa era você! – apontei pra ela.
– Mas é claro! Eu espero por esse momento desde... desde sempre! – ela falou, com olhos brilhando – E agora que houve esse pequeno atrito – sabia que ela ia voltar a falar do... – com o Fred, vai ser mais difícil ainda Harry Judd voltar a atenção para mim. – ela fez uma voz de menina chorosa e voltou para o seu sorvete.
– Me desculpa por acabar com os seus planos. – disse chateada.
– Oh, amiga, eu disse brincando. – acho que Cris percebeu que eu não estava lá pra brincadeira – Foi mal, eu sou uma boba sonhadora – Cris me olhou arrependida.
– Nada, eu que explodo por uma besteira. Você vai ver amiga, Harry ainda vai ser seu. – disse, cruzando os dedos – Mas me diz, quem é esse carinha que a Sophia vai sair?

A gente passou praticamente a tarde toda conversando sobre as pessoas do colégio e sobre nossos amigos. Volta e meia, percebia que Cris tomava muito cuidado para não citar Fred e seus amigos, mesmo querendo falar sobre seu amor incurável, Harry Judd.
Fomos para minha casa, para eu colocar tudo que eu precisava pra balada numa bolsa e ir pra casa da Cris, onde eu ia me arrumar, e dali ir para o show.
– Estou saindo, mãe! – minha bolsa estava pendura em meu ombro. Ouvi minha mãe gritar meu nome.
– Venha até aqui! – ela gritou mais uma vez. Subi as escadas, indo até seu quarto. Ela estava deitada e zapeava os canais na TV. – Para quê precisa de uma bolsa, se vai passar só a noite na casa de Sophia? – ela perguntou, desconfiada.
– Mãe - pensei numa desculpa rápida –, é que talvez, só talvez, eu possa dormir na casa dela porque a maquete vai ser enorme, do tipo – gesticulei com as mãos –, imensa! Vai ter larvas saindo pra todo lado, isopor pra todo lado! Até que a gente acabe e limpe tudo, vai ser muito tarde e eu não quero incomodar os pais de Sophia, para me trazerem para cá, e também não quero incomodar seu lindo sono. – dei um sorriso enorme, pra fazer a média – Então, preferi dormir na casa dela, posso? – ela olhou pra mim, olhou pra TV. Pensou e pensou mais um pouco. Minha mãe era osso duro de roer. Depois que soube que dormi na casa de Mike, ela piorou. Não sei se vocês já perceberam, mas ela não é muito fã de Mike.
– Tudo bem! Só não quero saber de festas ao estilo Skins, está entendo?
– Mãe, já falei pra você não assistir Skins! Isso mancha a juventude britânica! As nossas festas não são assim – nesse caso, preciso mesmo mentir. Ela olhou de um jeito estranho e pensei logo em ir embora, antes que ela me pressionasse pra falar sobre cada coisa que rola nas festas em que eu ia. – To indo, mãe! O táxi está me esperando. – fui embora, correndo até meu táxi e indo direto para a casa de Cris.
Hoje a lei era: Nada de Fred e mais diversão!

Fred:

– Caralho, cadê a minha cueca da sorte? – Harry andava no meio do corredor, com a toalha em volta de sua cintura, suas mãos estavam com duas ou três cuecas na mão. – Sem a minha cueca da sorte, não terei como transar com a Sam!
– E precisa de cueca da sorte pra transar? – eu ri da cara dele.
– Claro, seu idiota! Se eu não estiver com minha cueca da sorte, as coisas não vão...
– Subir? – eu ri ainda mais.
– Não! – ele bateu em sua testa – Elas não vão acontecer do jeito que quero que aconteça. – ele entrou em seu quarto. Fiquei parado no batente da porta só de calças jeans e descalço. Meus cabelos molhados batiam na testa. Tirei-os dali e falei:
– Sério que você pensa numa transa perfeita em uma festa onde só tem gente louca e quarto com cheiro de vômito? – perguntei. Hazz bufou sem paciência.
– Qualquer transa com Sam é perfeita, A MENOS QUE EU NÃO ESTEJA COM A MINHA CUECA DA SORTE! – ele abriu seu armário, tirando quase todas as roupas e as jogando no chão.
– Lembre-se de que quem vai arrumar isso daí, é você. Boa sorte. – dei uma piscadela e saí da porta do quarto de meu amigo, indo ver os outros.
Davi sentado em sua cadeira, não se movia. Ficou olhando para tela do computador, parecia em choque ou algo do tipo.
– O que foi, Sousa? – entrei em seu quarto e sentei na cama.
– Ela não vai. – Davi falou triste. – Ela não vai se encontrar comigo.
– Ih, cara por que a Bia não vai? – quis saber.
– Ela vai sair com uma amiga que precisa dela porque um idiota a machucou. – ele virou a cadeira pra mim, ficando frente a frente comigo.
– Agora a culpa é minha? – levei minhas mãos ao meu peito. – Eu não fiz nada, foi a amiga dela quem fez merda – levantei a sobrancelha.
– Pode ser culpa de um ou de outro, só sei que nessa história quem se fudeu fui eu! – ele apontou pra si.
– E eu não, né? – me ouvi dizer. – Você acha que eu estou todo “felizão” aqui por causa disso, mas não estou! E quer saber mais? Vamos beber porque essas mulheres nos fazem de besta! Cadê o puto do Guto? Guto! – joguei tudo para o alto, se é pra estar na merda, que façamos direito.

Horas depois.

– Hazz, não liga para essa cueca idiota. – Guto disse ao chegarmos na casa de Sam. Harry revirou os olhos por Guto relembrar que ele não estava usando a tal cueca.
A da Sam era enorme. Ficava em um condomínio fechado, num bairro rico de Londres. A casa tinha duas piscinas gigantes, onde já se podiam ver pessoas tomando banho de roupa e tudo. A maioria da galera ficou no espaço de fora da casa, mas se podia ver muita gente dentro, dançando ao som alto.
Entramos e vimos já alguns possíveis alvos para aquela noite. Eu não estava muito no clima, porém eu precisava daquilo. Eu precisava me entreter com alguma garota que me fizesse esquecer Júlia nem que fosse por uma noite.
– Puta casa linda, Sam! – Davi falou, assim que vimos Sam com um vestidinho verde e um cabelo vermelho altamente lindo. Olhei para Hazz de lado, e notei quando Sam deu uma piscada pra ele, o fazendo tremer. Imaginei que fosse tesão acumulado.
– Obrigado por terem vindo. Espero que curtam essa noite, prometo que será inesquecível. – olhou mais uma vez para o nosso pobre Judd.
– Então... Onde estão as bebidas? – perguntei, sem cerimônias. Ela riu e suas sardas das bochechas se juntaram num jeito bem fofo, eu diria.
– Vocês podem encontrar na cozinha ou no bar lá fora. Fiquem à vontade. E, Harry, nos esbarramos por aí. – ela alisou seu ombro e saiu.
– É hoje, gente! É hoje! HOJE TEM!– Harry esfregou suas mãos, nos fazendo rir. Fomos até a cozinha em busca das bebidas.
– Cara, essa casa vai explodir! – Guto disse.
– Vai o quê? – Davi perguntou. Nós estávamos na sala vendo pessoas entrarem e saírem. A sala estava cheia, lotada de gente suada e bêbada.
– VAI EXPLODIR. – ele gritou.
– Vamos sair daqui! Tá foda. – falei, levantado do sofá, sendo seguido pelos meus amigos.
As piscinas estavam cheias e tinham alguns engraçadinhos que fingiam nos empurrar para que caíssemos naquela porra. Me afastei logo!

– E aí, pega ou deixa? – Guto se referia a uma menina que passava na nossa frente.
– Deixo, muito magrinha. – falei, bebendo minha cerveja.
– E essa?
– Deixo total! Mano, já viu a boca dela? Ela tem herpes. Eca! – ele revirou os olhos. – Minha vez! Aquela ali! – apontei pra uma menina de blusa azul marinho e uma saia de cintura alta, vermelha. – Pega ou deixa?
– Cara, aquela é a Sophia! – Guto disse pra mim, assustado.

Júlia:

– YEAH! – fiz o sinal do rock com a mão – ESSA BANDA É DO CARALHO! – bati a cabaça várias vezes enquanto minhas amigas ficavam paradas me olhando. – Porra! – bebi mais um pouco da minha cerveja preta.
– Júlia, acho que você já bebeu demais. – Bia disse – Me dá isso aqui – ela tomou meu copo.
– Oh, estraga prazeres! Eu estou me divertindo, e você também. deveria! – eu falei, ainda pulando.
Eu estava com uma blusa branca que tinha bem no meio “Trouble Maker”, minha calça skinny preta era linda e combinava muito com a minha botina preta. Elas eram muito amor.
– Júlia! – uma voz de homem tinha me chamado. Procurei-a, não fazendo ideia de onde essa pessoa estava. – ju, aqui! – ainda não identificando, fingir não ter ouvido nada.
– Eu não acredito que é ele. – Cris falou um pouco alto, fazendo com que eu pudesse ouvir. Bia olhou pra frente e eu fiz o mesmo.
Era Mike.
Parei na mesma hora de pular, ficando parada. Ele veio até a mim, com seus amigos cabeludos e metaleiros.
– Hey, pequena. – me abraçou – Como você está? Depois daquela pequena confusão, nunca mais nos falamos. – ele se referia à parte em que briguei com ele por ter contando ao Fred que tinha dormido em sua casa.
– Só teve confusão porque você se intrometeu demais na minha vida – falei, saindo de seu abraço.
– Eu só quis informar ao seu amiguinho, quem é que cuida de você – ele falou, com um sorriso intenso no rosto.
– Não preciso de ninguém cuidando de mim! – falei meio mole, por conta da bebida. Ele riu e falou:
– Pequena, você sempre precisará de mim, como agora. Vem, vou te levar pra conhecer umas pessoas – ele me puxou pelo braço.
– Não vai dar, estou com as minhas amigas aqui. – olhei para minhas amigas que estavam caladas e assustadas. Elas sempre tinham esse tipo de reação quando Mike estava por perto.
– Não tem problema, elas podem vir com a gente também. – vi mais uma vez as duas. Bia balançava a cabeça negativamente e Cris me olhava com certa pena. – Elas não vão. – decidi na hora. Não queria que minhas amigas vissem o que provavelmente poderia acontecer.
– Certo, melhor assim. Vamos... – ele me puxou de novo.
– ju! – Cris me chamou – Não vai.
– Eu vou, eu preciso disso.
– Não é isso que vai te fazer se esquecer dele, ju. Pensa bem. – Bia me olhava nos olhos.
– Eu sei, mas vai aliviar a dor.

Fred:

– Porra, quem é aquele cara que está com a Sophia? – Guto perguntou. – Ela está linda, vocês não acham?
– Eu não acho nada demais. – falei.
– Nem eu. – Hazz concordou.
– Será que ju e Bia estão aqui também? – Davi perguntou para nós, com uma pontinha de esperança de que seu encontro estivesse perambulando pela festa. E eu, sinceramente, não queria ver ju por ali. Não estava pronto e nem afim.
– Sei lá, mano. Foda-se, vou beber e achar alguma mina pra catar. Falou. – eu disse, pegando uma garrafa de Abosolut e a colocando de baixo do braço. Adentrei a casa procurando por alguém que pudesse me satisfazer naquela noite.
Abri a garrafa de vodka, bebendo no gargalo. A vibração do som estava tomando conta do meu corpo e do nada, resolvi dançar.
À medida que eu ia dançando, ia bebendo. Eu não estava sentindo meus pés, meu corpo estava ridiculamente leve. Eu sorria que nem um idiota com os olhos fechados, viajando.
Senti uma mão traiçoeira e gostosa em meu abdôme, ela fazia meus pêlos se arrepiarem. Por um bom momento, soube quem era a dona daquela mão e aquilo me fez sorrir ainda mais. Com a mão livre, alisei seu braço e em resposta, senti uma arranhada de suas unhas. Estranhei porque Júlia nunca tinha feito isso antes. Seu corpo colou-se às minhas costas, dançando igualmente a mim. Aquilo me fez achar que tudo estava perfeito entre nós dois, que não precisaríamos mais brigar e que ela tinha dado um soco perfeito em Mike, o tirando definitivamente de sua vida.
– Te levo para o céu a qualquer momento. – ela falou e logo meus olhos abriram. Aquela voz não era a de ju. Me virei e vi uma menina loira e peituda. Me deu um largo sorriso e me olhou de um jeito super sexy.
Ah, foda-se. Fácil demais.
Abracei-a, e sem mais delongas, a beijei. Seu beijo era violento, sedento. Colocava suas mãos por debaixo da camisa fazendo carinho. Derrubei sem querer a garrafa de vodka da mão e segurei seus cabelos. Minha outra mão foi direto a sua bunda, a apertando. Fiz a garota peituda gemer e logo ela quebrou meu beijo.
– Precisamos de um quarto. A propósito, meu nome é Rachel. – ele me deu um selinho…
– E sou o...
– Eu sei quem é você e quando eu contar para as minhas amigas o que vai acontecer essa noite, elas não vão acreditar! – ela deu um gritinho fino e eu fiz uma cara de “merda”. Aquilo já não dava mais pra mim. Tipo, há um tempo atrás até que eu ficava feliz quando uma mina falava esse tipo de coisa. Hoje em dia, já não me interessava. Sentia-me num açougue. Quem me pegava mais, ganhava.
Porém, como eu queria muito aquilo, fingi não escutar e a puxei.
– Acho que os quartos estão cheios. Vamos ficar por aqui mesmo, qualquer coisa a gente faz na grama, longe de algumas pessoas. – eu sorri, passando confiança. Rachel, um pouco contrariada, sorriu e me beijou. A puxei mais para mais perto. Rachel mordeu meus lábios, e não vou negar, achei gostoso.
Fomos pra um lugar perto das escadas, onde era tinha uma luz bem fraca e muitos casais.
Eu ia pôr as mãos em baixo de seu vestido, quando senti uma batida em meu ombro.
– Eu odeio quando sou um empata foda, mas isso é sério. – ouvi a voz de Guto. Parei de beijar imediatamente, e olhei pra ele.
– Espero que seja. O que foi? – eu perguntei ainda abraçado a Rachel.
– ju. – ele falou e eu senti meu coração disparar. - Ela... Ela está aqui? – perguntei, meio inseguro. Eu não sabia o que iria acontecer comigo se ela estivesse aqui.
– Não, Fred. – Guto parecia preocupado. – É pior.
– Então diz logo, cacete!
– As meninas ligaram para Sophia, ju não esta bem. – tirei meu braço do ombro de Rachel e pedi pra que ela esperasse. Andei com Guto até um pouco mais a frente, para que Rachel não ouvisse nossa conversa.
– Fala de uma vez. – disse de um jeito desesperado.
– Parece que elas foram para aquele show de rock doido e ju encontrou o... – Guto olhou pra mim, tomando cuidado com as palavras – e o resto você já pode imaginar.
– Júlia está doidona, isso não é novidade. – eu ri um pouco forçado – Eu não tenho nada a ver com isso, você não tem nada ver com isso. Quem ela pensa que é pra envolver eu e os meus amigos nesse lixo que é a vida dela? – falei um pouco afiado, sentindo uma raiva que fazia um nó grande em minha garganta.
– Cara, agora é diferente... – ele falou. – A Sophia está chorando. Cris ligou pra ela desesperada!
Engoli em seco levando, agora, levando um pouco a sério.
– Cadê a Sophia? – perguntei.
– Eu a deixei com Davi na cozinha, está tomando água pra ver se acalma. – assenti.
– Me leve até ela. – falei sério e Guto prontamente me levou. Sem pensar, deixei Rachel me esperando.
Entrei na cozinha um pouco colérico. Sophia estava chorando, segurando um copo de vidro cheio d’água enquanto Davi lhe falava palavras de conforto.
– Me diga! Como ju está? O que realmente aconteceu? – eu falei um pouco alto demais e Sophia me olhou com os olhos cheios de lágrimas.
– Eu não sei bem, Fred. – ela fungou – Cris me ligou pedindo ajuda. Júlia está desmaiada. Ela e Bia tentaram acordá-la e não conseguiram. Cris falou tão rápido que eu só entendi que tinha alguma coisa a ver com Mike e seus amigos. – suas lágrimas caíram e Sophia as enxugou com as costas da mão livre. – Elas estão em um show, Fred. Cheio de gente estranha e duvidosa, por favor, nos ajude. – ela pediu.
E fazendo isso, Sophia me jogou contra a parede. Eu não queria ajudar a drogada que mentiu, mas eu queria ajudar a Júlia que fez mudar tanta coisa dentro de mim.
Assenti com a cabeça.
– Cadê a porra do Harry? – perguntei quando notei que só faltava ele na cozinha.
– Não sei, deve estar... – Guto olhou pra Sophia – conversando com a Sam.
– Certo, vou atrás dele, e vocês, tomem conta dela. – corri, sem pensar duas vezes, até o andar de cima.
Passei por varias pessoas bêbadas que estavam deitas nos degraus. Já no andar de cima, entrei em três quartos diferentes para saber se Harry estava em um deles.
Passei por quatro quartos diferentes, eu já estava cansado de ouvir “vai se foder” ou “fecha a porta!”. Quando já estava cansando de procurar, vi uma cabeça muito parecida com a do meu amigo se mexendo, e eu gritei:
– Vamos, Harry! A gente tem que ir. – ele estava em cima de Sam, que estava seminua.
– Mano, você está vendo que eu estou ocupado! – acenou com a cabeça para Sam, que escondia seu corpo embaixo do edredom.
– Temos que ir, depois eu explico! Agora vamos. – falei num tom raivoso e ele se levantou.
– Puta que pariu, viu. Eu tinha que não ter usado minha cueca da sorte hoje! – ele saiu resmungando, colocando suas roupas e indo comigo.
No carro estávamos eu, os caras e a Sophia.
– Primeiro, diga onde é esse maldito show. – olhei para Sophia – E segundo, me lembrem de matar o Mike depois de tudo isso. – falei dando a partida e indo embora dali.


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