Kit Black: Viajantes De Mundos escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 21
Uma guerreira em chamas


Notas iniciais do capítulo

Well... depois de dias, noites, meses, quase um ano consegui desempacar e estou postando os capítulos seguintes... como estava sem internet, só pude fazer isso hoje :( Continuo sem internet mas ao menos consigo dar os meus pulos, se é que me entendem...
Possivelmente irei postar os três capítulos já prontos juntos, então os próximos não terão notas iniciais porque sim, eu tenho preguiça de escrever essa parte -q
Devo agradecer imensamente, de todo o coração a minha querida Lady Scarllat Darcy, cujo comentário me motivou a continuar a postar essa história aqui. Muito obrigada, sua diva, espero que não tenha se esquecido de mim rsrs. E que goste da continuação da história também.



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Kit Black já chegara ao seu limite há muito tempo. Na sua contagem de tempo, se passara um ano desde que deixara a Sede para trás e começara sua jornada para conseguir o Rubi de Fogo, a última pedra necessária para selar sua irmã, Haradja... Ela passara por poucas e boas desde que sua aventura começara, mas simplesmente não aguentava mais...

Agora andava, junto ao irmão, por algum lugar que parecia uma cidade norte-americana -talvez estivessem nos EUA- quando depararam-se com uma movimentação estranha... era um bar, e um show estava acabando, pelo que parecia... ela puxou violentamente o irmão para chegar mais perto.

–Hey, espere! Você não pode sair entrando em qualquer lugar...

–Eu já olhei a bússula. Vamos, deve ser por aqui.

A garota usava um capuz, para esconder suas orelhas de gato. Ela achara melhor mantê-las, afinal aumentavam sua audição, e era sempre bom estar prevenida contra um ataque. Nas últimas viagens, isso havia se tornado frequente. Ainda puxando Nick pela mão, ela adentrou o bar, driblando muitos guerreiros pelo seu caminho. Aquilo parecia muito com uma convenção de RPG, mas preferiu não falar nada. Afinal, a própria Diamond era um caos de raças e classes distintas.

Puxou ainda mais o irmão, que começou a protestar, e ambos sentaram-se em uma mesa vazia. Enquanto seus olhos se acostumavam ao ambiente, notou que era observada por uma moça de enormes cabelos coloridos, uma mistura de castanho, loiro e vermelho, como se ela tivesse feito californianas ruivas e a tinta não tivesse pego no cabelo todo. Estava encostada no balcão, vestindo uma roupa claramente gótica, incluindo uma saia de babados de cor escura, possivelmente preta. Debatia com o rapaz ao seu lado, cujos olhos lilases chamavam bastante a atenção.

Kit desviou os olhos dela imediatamente, não querendo encarar de volta, e se encolheu ajeitando-se sob o capuz.

–Não é melhor voltar a sua forma natural, baixinha? - questionou Nick, conseguindo finalmente ajeitar-se na mesa. Sua companheira meneou a cabeça, simplesmente.

–Não é uma boa ideia. Eu sinto presenças muito sombrias por perto... se eu precisar, já estarei preparada. - ela batia as unhas compridas na mesa, e virou-se novamente para o rapaz que conversava com a moça gótica. E então aconteceu. A bússola disparou, o ponteiro rodando loucamente. Outra decepção, pelo visto. Suspirou, penalisada. -Outra vez não...

Seus olhos continuaram no casal, e Kit decidiu-se por ir até eles e perguntar. Não ia perder nada com isso, afinal. Seu corpo minúsculo estava quase perto da dupla quando Nicolas juntou-se a ela, cutucando-a insistente.

–Kit, não faça nenhuma bobagem...

–O que? Eu sou um amor. Hey! - Se dirigiu ao rapaz, que parecia mais sociável, embora não tivesse ignorado completamente Isis, fazendo um aceno de cabeça. -Poderiam me ajudar? Estou procurando por um... rubi.

A mulher deu tanta atenção a Kit quanto teria dado a um mosquito, muito ocupada em degustar seu vinho. Seu companheiro foi bem mais simpático, abrindo um sorriso e dizendo com um tom irônico: -Sério? Isso aqui é um bar, não uma joalheria...

–Ahn, perdoem a minha maninha... ela é meio pertubada da cabeça. Volte aqui, Kit. - ele puxou-a pelo braço, mas a menina resistiu, chegando mais perto do desconhecido, a expressão claramente transtornada.

–Eu sei que é estranho, mas é exatamente atrás disso que estou. -ela pressionou-o contra o balcão, o tanto que sua diminuta altura conseguia. -Por favor! Não sabe de nada? Estou desesperada...

Houve um momento de silêncio, enquanto ele visava sua companheira de esguelha, pensativo. Só então, voltou-se a Kit. -Escute... aqui não é um bom lugar para conversarmos. Vamos lá para fora, Isis?

–O que? - a gótica resmungou, acabando de tomar o vinho.

–Pode vir com a gente? Vou precisar de você.

A jovem Kit lançava olhares de um para o outro, meio desesperada, as orelhas de gato sob o capuz mantinham-se baixas. -Eu agradeceria muito, de verdade. Se pudesse me dar uma pista, qualquer coisa. - sentiu assim o irmão chegar do seu lado e passar uma mão em seu ombro, de maneira protetora.

–Não queremos tomar muito do seu tempo. - ele completou.

Isis resmungou alguma coisa ininteligível, mas seguiu o grupo para fora do bar. Àquela hora, a rua estava completamente deserta. Um rato passou correndo a alguns metros, e ela fez um esgar, encostando-se em um poste e indangando: -Então? Posso saber qual é o problema?

Kit fez um sinal ao irmão para que esperasse, ela mesma iria falar. Com um movimento leve, arrancou o capuz da cabeça, deixando a mostra os cabelos negros e azuis, e as orelhas felinas, de aparência inofensiva. -Meu nome é Kit Black... eu sou uma Viajante de Mundos, uma Ceifadora de Dimensões. Não sou daqui. Estou numa missão a procura de um rubi mágico, preciso dele para retornar para casa.

Foi tudo muito rápido... Assim que viu o par de orelhas que a garota exibia e reparou em seus olhos fendidos de felino, Angel reagiu. Quando se deu conta, Kit já tinha sido arremessada contra a parede, e Isis caminhava em direção a ela com a espada em punho, trajando um projeto de armadura (quando e como ela vestira aquilo era um mistério) -Demônios, Joe! É uma armadilha. Eu deveria ter percebido...

A garota sentiu os ossos estalarem ao bater contra a parede, e num gesto intuitivo grunhiu, mostrando as presas um pouco mais alongadas do que as de um humano comum, e fazendo suas garras crescerem. Seu segundo movimento foi deslocar-se da parede e correr em direção a Isis, visando acertá-la na cabeça com uma espada que igualmente não estava ali antes.

A doce Kit não poderia sequer imaginar que, naquele mundo, havia um tipo de demônio ao qual se nomeava semi-bestial. Criaturas híbridas, meio humanóide, meio fera. Era exatamente isso que Isis achava que ela fosse...

Aquela que chamavam de Angel Nigth aparou o ataque da menina, que resvalou em sua espada, soltando faiscas... -Bem, acho que deveria dizer o que realmente te trás aqui... E como passou pelo pessoal que protege essa região.

Enquanto isso, Joe olhara para Nicolas e dava de ombros, dizendo calmamente: -Vamos deixar elas resolverem, sim? Dependendo do resultado, ai a gente luta...

O outro suspirou, ele já deveria saber que as coisas iam acabar assim... -Ela sabe se virar bem, mas vamos ficar de olho por enquanto... é melhor.

Kit manteve a postura, empurrando a espada em direção a Isis e ficando cara a cara com a mesma. -Por que eu deveria mentir? Eu vim procurar um rubi, pra poder voltar pra casa... e que pessoal? Eu não encontrei ninguém, acabei de chegar a esse mundo! -seu corpo foi para trás e ela atacou uma segunda vez, mirando o ombro.

Isis visou a menina de forma confusa, ponderando as palavras dela por um segundo... seu descuido a impediu de evitar o ataque seguinte. A espada bateu sem efeito contra a ombreira de sua armadura, mas a ponta da arma abriu um talho em seu rosto na sequência. Ouviu-se um palavrão, enquanto ela revidava de imediato, desferindo um golpe transversal que rasgou braço esquerdo da garota. E o sangue escorreu. Vermelho. Então a guerreira parou, deixando a espada cair no chão. E o chute de Kit, que girara o corpo na tentativa de acertá-la, acabou atirando-a longe.

–Ai... mas que inferno, tudo isso por causa de que? -Kit segurou o braço ferido com a mão direita, mentalizando um feitiço rápido de cura, cujo o efeito era duvidoso. Manteve-se em guarda enquanto o fazia, a espada ainda presa pela outra mão.

–Eu me enganei. Você não é um demônio.

–É claro que não sou! Quero dizer, eu sou muitas coisas, mas não um demônio!

–Lê-se meio imortal, mas nosso sangue é quase completamente limpo. - argumentou Nicolas, erguendo calmamente uma mão.

–E por que não avisaram isso antes?

–Porque você já veio me atacando. - respondeu Kit, enquanto passava os dedos pelo braço machucado, que graças a seu minimo talento de cura já estava com uma aparência menos feia.

–Magia de cura... - murmurou Isis. Não se lembrava de ver qualquer outro demônio que tivesse tais dons, e nessa altura ela já duvidava que a menina fosse realmente um.

–Como eu disse, sou muitas coisas. Semi-imortal, aprendiz de feiticeiro, e quando eu quero, meio gata... mas é uma história realmente complicada.

A outra garota fechou a expressão, com um movimento abrangente conseguindo por seus cabelos no lugar, depois do chute que recebera. Ela parecia mais crente, mas não menos mal-humorada. -O que diabos você estava procurando mesmo?

Kit havia parado naquele instante, observando o projeto de armadura que cobria o corpo da rival. Tons dourados e vermelhos a coloriam, e embora ela só cobrisse os seios, ombros, quadris e boa parte das pernas, ainda assim parecia ser bem forte. E mais que isso. Viva. E aquilo que ela estava vendo eram rubis?

Ela deu mais dois passos a frente, esquecendo-se da sua ferida e puxando a bússola novamente. O ponteiro apontava diretamente para Isis. Sacudiu-a algumas vezes, só para ter certeza, e deixou-se cair sentada no chão, com as mãos nos lábios. -Eu encontrei...

Sobre suas cabeças, uma chuva de estrelas cadentes mostrara-se visível. A garota piscou, erguendo seu olhar, finalmente percebendo o fato: deveria ter começado durante a luta, e ela estava impossibilitada de reparar.

“As estrelas mostrarão o caminho”.

Kit conseguiu levantar-se novamente, estampando um sorriso nos lábios. Isis parecia visivelmente chocada com aquela mudança súbita de humor. Deu alguns passos para trás...

E ai, para variar, as coisas começaram a sair do controle.

No fim das contas não importava o quão certo as coisas davam para Kit Black, sempre tinha que acontecer algo pra acabar com a sua alegria. E dessa vez, o que aconteceu foi uma gritaria infernal, vindo de alguns quarteirões a frente. Isis franziu o cenho, e mais do que depressa discou um número em seu celular. Depois de um tempo com o aparelho parado perto de seu ouvido, ela voltou-se para Joe.

–Não respondem...

–Hum, eu acho que temos problemas.

–Eu tenho certeza. - cortou por sua vez Kit, saltando para o lado bem a tempo de evitar a colisão com uma criatura bizarra, digna de seus piores pesadelos. Ele tinha a cabeça de um réptil, talvez um crocodilo, com olhos fendidos e presas realmente enormes. Se a coisa a mordesse com elas, sem dúvida arrancaria um pedaço. O tronco era como couro, num tom mais escuro, um par de braços extras saindo por ele. Havia tentáculos que brotavam das costas, fazendo movimentos gosmentos e espasmódicos. As pernas eram musculosas, fortes, grossas, naquele mesmo tom esquisito de verde-vômito. Kit sentiu os pés patinarem na lama, enquanto seu equilíbrio voltava, trocou a espada para a mão do braço bom, e num movimento rápido a lâmina desceu, acertando a testa do monstro.

–Kit!

–Tô legal! - ela disse rápido, enquanto o ser se endireitava atrás dela. E nesse mesmo instante, sentiu o rastro de calor que passou bem perto da sua cabeça, e logo o seu inimigo começara a incendiar, balançando de maneira desesperada o corpo, tentando livrar-se das chamas. Isis mantinha um pequeno fogo surgindo entre sua palma aberta, e lançou-lhe um olhar metódico.

–Acho melhor tomar cuidado enquanto estiver por aqui, Chaveirinho.

–Hey, eu não sou um...

–Vamos deixar isso pra depois! -Nicolas rapidamente puxou-a para o lado, tirando-a da mira de outro demônio, tão grotesco quanto o anterior. No mesmo instante, retirava sua espada da bainha, girando o corpo para desferir um golpe que degolou o inimigo, fazendo-o cair no chão e logo desfazer-se. Os quatro reuniram-se, formando praticamente um círculo, com as costas viradas um para o outro.

–Eu odeio ter que pedir ajuda, mas já que vocês estão aqui...

–Sem problemas! -ecoaram as vozes dos irmãos, praticamente ao mesmo tempo.

–Tão simpática... -murmurou Joe, baixinho. Ele sentia o lugar esquentar de maneira irritante, e só assim percebeu que um círculo de labaredas subiam ao redor do grupo. -Isis...?

Ela não respondeu. O fogo deixava alguns demônios longe, mas os mais teimosos insistiam em se aproximar. Com seu sangue frio, não era difícil imaginar que alguns haveriam de pular a barreira mesmo que acabassem queimados no processo.

–Demônios são tão burros... -fez com que as chamas se alastrassem para fora, queimando as partes inferiores de alguns, e consequentemente retirando a proteção. Pegou novamente sua espada, e partiu para cima deles, começando a fatiá-los sem muito problema.

Kit se desconcentrou olhando chocada para a guerreira, e logo sentiu os cabelos serem agarrados e puxados para trás. Ela deparou-se com um rapaz atrás de si, com a aparência praticamente normal, não fossem as escamas que varavam seu rosto. -Ora, ora, ora, o que temos aqui...

O desconhecido precisou largá-la para escapar de um ataque de Nicolas. -Não encoste as patas na minha irmã!

–Eu já estava pronto a acusá-la de traição, se juntando ao inimigo... -ele estalou a língua, fazendo as garras da mão direita crescerem. -Mas tem algo errado, você disse sua irmã?

–Quantas vezes eu vou ter que dizer que não sou um demônio, caramba! -Kit protestou, batendo o pé, e logo apontando a espada para o rapaz. -Eu não sou daqui não, cara, me dá um tempo!

–Bom... se é assim, devo matá-la de toda forma, afinal está de conluio com nossos adversários.

–Ele não está escutando...

–Pare de perder tempo tentando explicar.

O rapaz parecia estar cansado da conversa entre irmãos, saltando por cima deles e separando-os. Seu alvo primário era Kit, era meio óbvio que ele escolhera-a por parecer o integrante mais fraco da equipe. Enquanto tentava transpassá-la com as garras, certas vezes conseguindo acertá-la de raspão, também era capaz de desviar da espada de Nicolas. Este tentava decapitá-lo, sem muito sucesso. Seja lá quem fosse, era muito rápido. Ele foi atacado por trás por algum outro ser desconhecido, e sentiu nitidamente o flanco esquerdo ser esmagado por uma garra forte. Aturdido, virou-se apenas o suficiente para ter certeza da monstruosidade que agora teria de enfrentar, sendo forçado a deixar sua irmã com o outro demônio. Quem havia acertado-o dessa vez parecia um humano normal... apenas parecia, afinal seus olhos acenderam, avermelhados, e presas surgiram entre seus lábios.

–Péssima hora pra aparecer... -Nicolas levou a mão ao ferimento, presionando-o, enquanto arfava. -Vampiro.

Devia ser muito azar o fato da maioria dos mundos para os quais ele viajava junto da irmã tivessem vampiros. Ele esperava realmente que Kit estivesse ocupada o suficiente para não reparar naquela coisa que o atacara. Seria problemático, no mínimo, se ela descobrisse tal fato. Seu medo a congelaria de tal forma que seria um alvo fácil.

–Você não é daqui.

–Bom... pelo menos é inteligente. -Nick voltou a puxar a espada, alheio as batalhas que aconteciam ao seu redor. A tal de Isis estava fazendo um verdadeiro massacre, Joe parecia ajudá-la e Kit invertera sua situação, surrando seu adversário, preparando-se para dar cabo dele. Não iria se preocupar com eles tão cedo.

–Agradeço o elogio, mas isso não vai te fazer sofrer menos, garoto.

–Veremos.

O vampiro atacou. Sua rapidez era ainda maior que a do parceiro demônio, e os movimentos muito mais limpos. A força dos golpes que chegavam a atingir Nicolas deixavam-no tonto, no entanto ele ainda tinha uma espada a seu favor. Sabia que era impossível vencê-lo apenas cortando-o. Precisava de fogo, ou então que ele abrisse uma brecha suficiente para que pudesse arrancar sua cabeça. Enquanto continuava o embate, ficando cada vez mais cansado devido a dor do primeiro ferimento, Isis pareceu dar-se conta de sua situação. Ela fez uma careta estranha, questionando a presença de tal inimigo por ali. Vampiros junto a demônios? Em seu mundo isso não era recorrente, quem dirá normal. Esqueceu-se momentaneamente das suas dúvidas, no entanto. Não ia deixar aquele desconhecido morrer. Moveu seu corpo em direção ao local onde ambos se engalfinhavam, reparando que o vampiro vivia perdendo um membro ou outro, embora aquilo fosse inútil. Os demônios mais uma vez cercaram-na, o que deixou-a possessa. Detestava que ficassem em seu caminho.

–Saiam da minha frente!

Kit havia acabado de terminar com a existência de seu adversário e buscou o irmão com os olhos... ele lutava contra um humano... não, não era um humano. A compreensão chegou ao seu cérebro quando os olhos daquele cara se acenderam. Era um vampiro. Isso pareceu travar imediatamente seus movimentos, por mais que tentasse evitar. Nicolas estava lá... ele estava ferido, precisava dela. Mas suas pernas não se moviam. O instinto de perigo fez com que saísse dessa letargia, evitando ser carregada por um algomerado de demônios que acabavam de chegar e que acabaram cercando-a junto a Isis e Joe. Fez com que a espada materializasse entre seus dedos novamente, irritada. Podia ser até o Rei dos Demônios daquele lugar, não ia deixar que machucassem seu irmão. - Nick!

O rapaz focou-se apenas na voz, sem tirar sua atenção do inimigo. Seus anos de treinamento haviam condicionado-o a nunca fazer tal coisa, podia ser fatal. Deu um pulo para trás, erguendo rapidamente a mão. Ele não precisava olhar para Kit para saber o que ela estava fazendo no momento. Podia discernir pelo tom de aviso o que era, e virou o corpo apenas o suficiente para agarrar a espada que ela lhe lançava. Com as duas lâminas, ele voltou a sua posição original, abaixou o corpo e prendeu o pé da criatura com uma, enquanto transpassava seu pescoço com a segunda. Antes que os tecidos se regenerassem, ele mudou o ângulo da segunda espada e arrastou-a num movimento rápido, deixando-o com metade do pescoço cortado. Arrancou a lâmina, e desta vez golpeou-o do outro lado, separando por fim a cabeça do corpo.

Nick deixou-se cair ajoelhado, obviamente cansado. Um segundo depois, um lampejo vinha naquela direção, uma faísca que logo transformou-se em chama, consumindo o corpo do vampiro num piscar de olhos. Voltando a olhar na direção do qual ela viera, pôde ver Isis, Joe e Kit sobre um monte de cinzas. A primeira estava com os dedos preparados, como se tivesse estalado os mesmos, e jogou os cabelos longos e multicoloridos para trás, suspirando, irritada. -Vocês só dão trabalho.

–É... pior que tenho que concordar mesmo. -Nicolas disse num tom mais baixo, agora novamente estava apertando o ferimento no flanco. Possivelmente uma ou duas de suas costelas tinham sido esmigalhadas. Não queria nem imaginar o que tinha acontecido com os órgãos perto daquela região.

Kit já corria em sua direção, apoiando seu corpo e apalpando a ferida, tentando ver se podia ajudar em algo. -Nick! Dói muito não é? Sinto muito, se eu tivesse prestado mais atenção isso não teria...

–Relaxa, baixinha. -ele acariciou brevemente o topo da cabeça dela. -Acontece. Eu também me distrai...

–Fique parado, vou curar isso rapidinho... espero.

Enquanto a garota fazia mais uma vez um feitiço de cura, visando pelo menos dar os primeiros socorros, Isis e Joe debatiam, cismados.

–Vampiros e demônios...

–Isso não está me cheirando bem.

–Vamos ter que investigar. -ela resmungou, naquele tom zangado que lhe era familiar. Seus olhos ergueram-se para ver um vulto que virara a esquina e corria em sua direção. Estava completamente encapuzado, mal dava para ver algo de seu rosto. -Samael...

–Estão todos bem? Fiquei sabendo de uma invasão.

–Sim, foi uma surpresa, mas tivemos ajuda. -Joe estava aliviado, pelo visto, e fez um sinal em direção aos dois irmãos, ambos num estado muito melhor que antes.

–Hum... quem são vocês? E... -o encapuzado apontou metodicamente para Kit. -O que é isso na sua cabeça, orelhas? Você também é um demônio?

A garota, que ainda mantinha o irmão embalado como se fosse uma criança, com a cabeça em seu colo, fechou a expressão imediatamente. -Mas que coisa... eu sou humana. H-U-M-A-N-A! Eu nem tenho cara de demônio.

–Tecnicamente você parece uma semi-bestial. -alegou por sua vez o rapaz (pois parecia ser um rapaz embaixo de todo aquele tecido) levantando aquele mesmo dedo que usara para apontá-la.

–Ela não é... -cortou Isis, passando a mão pelo ombro dele. -O sangue é vermelho. Eu já olhei.

–Não acredito que você feriu ela só pra ter certeza...

–Bom, é uma história meio complicada, de toda forma. -coçou brevemente a bochecha, logo colocando uma mão na cintura.

–Acho que como todos os mau-entendidos foram resolvidos, podemos nos apresentar, certo? -sugeriu Joe. Ele parecia ser uma pessoa bastante gentil, e solícita. O assunto sobre vampiros e demônios estarem numa aliança também levaria um tempo para ser discutido... depois. Quando os visitantes fossem embora, principalmente.

–Você é Kit alguma coisa não é? Kit Kat? Algo assim... não é marca de chocolate? -alegou Isis rapidamente, ainda observando de esguelha a garota.

–Kit Black... -corrigiu a outra, sem se incomodar. Em palavras rápidas e concretas, lhes contou o motivo para que tivesse chegado até ali, e de onde viera. Não que quisesse fazer chantagem emocional para conseguir o rubi que tanto procurara, ela simplesmente achava que tinha de ser sincera para com Isis e os outros.

Em contrapartida, também soube um pouco da história daquele mundo. Que os demônios queriam tomá-lo, e para que isso fosse evitado existiam os Guerreiros do Futuro, cinco jovens que estavam destinados a salvar o mundo. Também haviam outros, como Joe, que mesmo sendo guerreiros comuns se uniram à causa, a qual aos poucos ia ganhando proporções maiores. E também havia Samael, um mestiço, filho da mãe de Isis com um demônio, vítima de várias injustiças, naquele momento sendo caçado pelos outros demônios como um traídor.

Kit sentiu-se absolutamente tocada por eles. Estavam todos sob o poder de um destino maior, como ela. Isis Minamino, a Guerreira do Fogo, ou simplesmente Angel Night, não teve opção alguma. Era lutar ou morrer.

Mundos tão distintos, tão distantes, e mesmo assim tão ligados.

Nicolas foi levado para um hospital, para que continuasse a ser tratado. Kit decidiu, mesmo com os protestos do mesmo, que não iria a lugar algum até que ele se restabelecesse. Enquanto isso, foi ter de novo com Isis, e assegurou seu pedido.

–Você tem certeza que o tal rubi está encrustrado na minha armadura, Chaveirinho? -ela parecia disposta a chamá-la por esse apelido carinhoso, não dava para saber se isso era algo bom ou ruim vindo dela.

Kit afirmou com a cabeça. Estavam mais uma vez naquele beco escuro, onde ninguém apareceria para incomodar. Teoricamente.

–Eu acho que é meio impossível, a julgar pela passagem de tempo. -Samael havia se intrometido na barganha, e coçava a parte de trás da cabeça. Ele tinha cabelos castanhos e repicados, olhos da mesma cor e aparência juvenil. A única coisa que o diferia de um humano comum eram as orelhas pontudas. No entanto, Kit só pudera ver essa aparência quando estavam no quarto do hospital, fechados. Em geral, Samael andava encapuzado o tempo todo, caso contrário poderia ser reconhecido.

–Eu tenho certeza absoluta. -ela argumentou mais uma vez, decidida. -Tudo aponta para sua armadura, e se não for isso... -abaixou os olhos, juntando ambos os dedos indicadores. -Eu só terei que procurar mais, não é?

Ambos podiam reparar no desânimo que tal ideia causava nela. Tinham ouvido o suficiente de sua história para saberem como ela devia estar exausta de procurar.

–Eu só quero voltar pra casa, nada mais que isso. -juntava as mãos na frente do corpo, quase suplicante. -Se me ajudarem eu prometo fazer qualquer coisa por vocês. Quando precisarem de algo, ajuda qualquer coisa. Se quiserem eu nunca mais volto aqui.

–Nossa, não seja tão exagerada. Tá, você é um imã para problemas, mas não é tão ruim assim. -Isis balançou metodicamente a mão. Era mais fácil ter trazido Joe consigo mais uma vez, ele era muito melhor com as palavras. No entanto, o rapaz estava ocupado naquela noite.

–E seria legal se você retornasse também. -atalhou Samael, abrindo um breve sorriso por debaixo do capuz. Era estranho o fato dele ter se apegado a uma completa desconhecida em tal pouco tempo. Não havia se passado nem uma semana desde a luta no beco.

–De qualquer forma, vocês nos ajudaram durante a luta. Se não estivessem aqui tenho certeza que podiamos ter nos machucado muito mais, à toa... -Isis suspirou, e com um estalar de dedos sua armadura estava revestindo mais uma vez seu corpo.

–Não fizemos lá muita coisa. -A outra garota estava visivelmente sem graça, e ao notar que Isis havia se preparado, puxou a bussola do bolso e ergueu-a diante de seus olhos. Não havia dúvida alguma desta vez, o ponteiro era insistente, apontando para uma gema em especial. Todas refulgiam na mesma medida, mas aquela lhe trazia um sentimento distinto de familiaridade. Podia sentir também a energia liberada pelas outras pedras, talvez felizes por reencontrarem sua irmã perdida.

Isis observou atentamente para qual lado aquele aparelho esquisito apontava e retirou o rubi correspondente da armadura, arrancando-o sem hesitação. Ele desprendeu-se com absoluta facilidade, mais do que o esperado, até. Brilhou por alguns instantes, vermelho como sangue, ao ser colocado sobre a palma da mão de Kit.

Queimava. A garota chegou a essa conclusão assim que ele começou a machucar sua mão, e mais do que rapidamente ela virou a palma, fazendo com que a pedra rolasse para o encaixe que faltava na caixinha. Ao ser acoplada, todas as pedras brilharam ao mesmo tempo, e logo se apagaram. A bussola parou de mexer-se, definitivamente. Mesmo sendo balançada por Kit, o ponteiro não deixava o local onde havia parado.

–Acho que terminou. -ela disse, num suspiro, e com um sorriso vitorioso voltou a guardar o acessório dentro do bolso de seu casaco. Seus olhos ergueram-se para o engaste vazio da armadura. -Isis... e esse buraco?

–Relaxa, ela se concerta sozinha. -ela se desfez da armadura novamente, reaparecendo com o sobretudo que escolhera para tal ocasião. -A partir de agora acho que ambas estaremos muito ocupadas. Então marque sua visita para daqui a bastante tempo, okay?

–Certo. -a garota assentiu com a cabeça, sorrindo gentilmente e erguendo uma mão para apertar a dela. -Realmente, agradeço de todo o coração.

–Tecnicamente só estou devolvendo o rubi ao seu mundo de origem, não é nada de mais. -ela observou os olhos brilhantes de Kit, e suspirou, abrindo levemente os braços. -Tá, tá... pode abraçar.

Samael olhou perplexo a garota menor praticamente dar um abraço de urso em Isis. Ficou assim por um tempo, antes que a moça de cabelos coloridos a empurrasse com certo cuidado. -Sem demonstrações excessivas de afeto... não abuse tanto assim da sorte, Chaveirinho.

–Imaginava que ia dar nisso. -murmurou o rapaz, com uma expressão cética. Logo ele estava sendo abraçado também.

–Obrigada por ajudar com meu irmão aquele dia... ele é muito importante pra mim.

Samael tossiu, abaixando ainda mais o capuz para esconder o rosto sutilmente ruborizado e, como Nick fizera dias antes, passou brevemente a mão sobre a cabeça dela. -Não tem de que, acho.

–Bom... eu preciso voltar para o hospital agora. -ela acenou, dando a volta e correndo até a entrada do beco. -A gente se vê!

Os dois acenaram brevemente, vendo-a se afastar.

–Garota estranha.

–Põe estranha nisso...

Outra semana se passou. Kit tivera a certeza absoluta que o irmão estava perfeitamente bem -com a ajuda dos medicamentos e de suaspróprias sessões de cura- e finalmente saiu com o mesmo do hospital. Havia sido dias agitados, nervosos. Ela esperara tanto para retornar, e aquela demora estava incomodando-a bastante. Mas a ideia de missão cumprida fez com que mantivesse a compostura. Eles despediram-se daqueles que conheceram ali, até mesmo tomaram uma rodada de vinho com Isis e os outros. Com a promessa de um dia, muito a frente, retornarem, finalmente eles saíram a procura do habitual campo aberto, para fazer o ritual que Kit agora já sabia de cor. Usando o Olho de Osíris como guia, eles conseguiram chegar a Diamond sem problemas.

Foi um verdadeiro alívio abrir seus olhos e reconhecer a famosa Ilha do Silêncio, mesmo com todo o mal estar que causava neles. Ver aquele céu conhecido, aquelas águas já percorridas. Lá, passaram-se apenas três meses desde que eles partiram da Sede Black, mas mesmo assim Kit sabia que não era a mesma coisa. Ela tinha a consciência de que ficara vagando por um ano inteiro, em busca do rubi do fogo. Isso a deixara cansada, e agora só queria reencontrar aqueles que ficaram nesse mundo, abraçá-los, dizer que estava de volta, que tinham um motivo a mais para comemorar.

Nicolas utilizou-se do Olho de Osíris novamente, desta vez para enviar uma mensagem aos tripulantes do Diamante Negro.

–E eu realmente achando que eles iam nos encontrar sozinhos... -protestou a garota baixinho, enquanto cruzava as pernas na praia e ficava sentada, à espera do navio.

–Eles estavam blefando com você. Culpa sua por ser tão inocente. -Nick riu, voltando a guardar o Olho.

–Pensei que não podiamos usá-lo.

–Não para coisas absurdamente complexas. Ou para desejos grandes. Como já dissemos antes, essa coisa tem vida própria, praticamente. Se fizermos pedidos muito dificeis, podem ser usados contra nós. -ele sentou-se também na areia, sentindo o vento bagunçar seus cabelos negros, jogando-os em seu rosto, junto de muita poeira. Precisou fechar seus olhos para evitar isso. -Mas simplesmente usá-lo como localizador, ou como uma maneira de enviar uma mensagem rápida, é seguro. Entende?

–Mais ou menos. Prefiro não me arriscar, de qualquer forma.

–Essa é a intenção. -ele abriu um dos olhos para dar um peteleco em seu nariz. -Ainda temos provisões para poucos dias, espero que eles não demorem muito para nos encontrar.

–Passou nossa localização direito? -abanava a mão, tentando tirá-lo de perto dela.

–Sim. Pelo que parece estamos na região de Moon Sky, mas não tenho certeza se vamos mudar até eles conseguirem chegar. De qualquer forma poderemos mantê-los informados. -Nick voltou a levantar-se e bateu na roupa para tirar a areia. -Vamos lá, temos que arrumar uma fogueira. E cabanas.

–Parece com um acampamento. -ela pareceu interessada, e também pos-se de pé. -Por onde começamos?

–Vamos à floresta. Pode não ter animais aqui, mas árvores tem de sobra.

Os dois, juntos e com uma ajuda extra da magia de Kit,conseguiram rapidamente criar um acampamento decente. Uniram gravetos o suficiente da fogueira para passar ao menos dois dias e arrancaram madeira e folhas de algumas árvores, criando o que se assemelhava bastante com uma tenda. Não era muito quente, levando em consideração que não haviam camas de fato, apenas folhas grandes, mas era o suficiente para aquele pouco tempo que esperariam. Os suprimentos foram dividos irmamente, para durar o máximo possível, assim como a água potável. Haviam pegado-os no mundo de Isis, antes de partirem, o que fora bom: a Ilha do Silêncio não podia oferecer nenhum tipo de carne, e as plantas que haviam ali tinham aparência claramente duvidosa.

Na terceira noite, Kit observava o céu, era seu turno de vigia. A bem dizer, não estava com sono nenhum, portanto ficara remoendo algumas coisas. Como lidar com Haradja, o que aquelas pedras fariam exatamente ao serem invocadas. Quando tudo iria acabar. Muitas perguntas, nenhuma resposta. Ela já se acostumara bem a isso.

Seu olhar perdeu-se no horizonte, desta vez. Era difícil ver algo, mas por via das dúvidas ela e o irmão haviam colocado mais duas fogueiras ao longo da praia, para que a tripulação do Diamante Negro pudesse encontrá-los, se chegassem à noite. Parecia uma decisão certa a se tomar. Agora ela podia ouvir o som de vozes que chegavam com o vento, vozes que gritavam seu nome e o de Nick. Ela acordou o irmão finalmente, e ergueu-se.

–O que houve? Já é o meu turno?

–Não... eles chegaram! -a empolgação voltara a sua voz, enquanto ela corria para a beira da água. O rapaz acordou de fato, ainda sem enxergar o navio, mas ouvindo tão bem quanto ela os sons vindos dele. Começou a juntar as coisas, e logo ambos esperavam pela aproximação da embarcação. Em um dado momento, quando já eram visíveis, lançaram um bote ao mar, que foi levado até a praia por um marinheiro jovem. Ele os saudou, aparentemente contente, no entanto havia algo mais... um certo incomodo. Usando toda a força dos seus braços, ele fez o caminho inverso, levando-os rapidamente à bordo.

–Pessoal! -Kit levantou a voz logo que pisou no convés, cheia de expectativa. Ed estava carrancudo como sempre, ou fingindo estar. Laurent tentava sorrir de maneira agradável, e Lyra parecia ansiosa com algo. E não era algo muito bom, a julgar pela tensão em seu rosto.

–O que houve? -Nicolas percebeu de imediato, adiantando-se até eles e trazendo Kit consigo, puxando-a pelo braço. -Por que estão com essas caras?

A jovem não parecia entender nada. Olhava de um para o outro, e depois para o irmão. Seu rosto começou a mostrar sinais de desespero. -O quê...?

–Escutem. Precisam ter calma. Nós temos uma notícia...

–Sobre o quê? -insistiu Nick, auterando seu tom de voz.

–A Sede Black foi destruída. -Ed disse, com sinceridade, e rapidamente Lyra olhou-o, com reprovação. Ele não tinha mesmo a menor noção de tato.

–Edwart! Demônios, controle-se. -voltou sua atenção para os irmãos, que continuavam a olhá-la. Nick ficara pálido. Kit parecia prestes a começar a chorar.

–O que aconteceu? O quê? Como estão os outros... como... -ela começou a soluçar, agarrando a roupa dela com certa dificuldade.

–Acalmem-se, vamos contar tudo. Eles sobreviveram, estão na capital. No Hospital Central. Por favor, mantenham-se calmos, vocês dois...

Nicolas deixara-se cair sentado no convés, apoiando as costas na amurada. Suas mãos foram para o rosto, escondendo-o entre elas. Kit largou as roupas de Lyra, lágrimas começando a descer dos olhos esverdeados.

–Me diga... o que aconteceu?

–Uma armadilha de Haradja, ao que parece. -Lyra respondeu, em um tom baixo, enquanto Ed desviava o seu olhar duro. Laurent suspirou, parecendo preocupado com ambos também.

–Tentaremos contar os detalhes no caminho. Vamos levá-los até eles... Farem foi perdida.

Farem... uma das poucas cidades que tinham uma frente de batalha forte para lidar com Haradja. Perdida. Assim como a Sede Black. O local que ele construira com as próprias mãos. Que criara do nada. Sua casa, seu lar. Nicolas pensou que fosse morrer por dentro de novo, cair tão fundo dentro do poço que seria impossível sair. E ele rezou aos Deuses.

Rezou para que todos os seus amigos estivessem a salvo desta vez.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso por enquanto... espero que tenham gostado :3



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