Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 19
Alívio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/279494/chapter/19

LIA

Matt para do meu lado o olha para trás, para o homem que vinha logo atrás dele. Percebi que não era Martin, e sim um homem não muito alto e gordo. Minha expressão de alívio não poderia ser mais evidente, mas ninguém fala nada sobre isso.

— Lia, este é Sebastian. Foi ele que você viu aqui embaixo agora mesmo...

— Prazer em conhecê-lo – aperto sua mão. Lembro-me da aliança que está em minha outra mão e tenho que perguntar: - Ei, foi você que deixou isso aqui cair?

— Ai meu Deus – ele começa, e pega a aliança da minha mão – Meu Deus! Se eu tivesse perdido isso de vez, Martin me mataria...

— Martin? – tento não parecer preocupada – Quem é Martin?

— Um amigo meu, ele mora aqui perto... Ele está logo ali atrás, junto com a minha filha... Eu vim aqui para buscar remédios e curativos para ela. Ela sofreu algumas queimaduras.

— Então, vamos lá – Matt diz, e ele entra na floresta. Sebastian o segue, e mais uma vez eu fico paralisada.

Martin está logo ali. Eu poderia simplesmente atravessar essas árvores e estaria junto dele. Mas isso significa ter que voltar a conviver com Krista, isso se ela ainda estiver viva. Espero que não. Independente disso, eu também quero ficar com Matt. Ele é mais jovem, e ele me faz mostrar o que há de melhor em mim. Eu não consigo explicar de outra maneira o que eu sinto por ele.

Decido não ir atrás de Martin. Entro na floresta, seguindo os passos de Sebastian.

KRISTA

André joga a última flor no chão. Em algum momento eu pergunto se estamos longe do destino, mas o homem simplesmente me ignora. Depois de não muito tempo andando, eu vejo uma casa.

— É aquela? – pergunto.

— Sim.

Ele bate na porta. Ouço passos correndo do lado de dentro e logo depois a porta se abre, mas somente uma fresta, que deixa uma luz fraca sair por ela.

— Quem é ela? – uma voz pergunta.

— Ela é a namorada do rapaz que eu trouxe até você.

— Tudo bem – a voz diz, depois a porta se abre completamente.

Uma mulher aparece na porta, e ela dá espaço para eu e André entrarmos. O homem para antes de entrar e a puxa para fora. Eles conversam por uns minutos, e depois, sem dizer nada, ele se vira e vai embora. A mulher se vira para nós.

— Ele teve que ir. Mas não se preocupe, ele voltará antes do anoitecer. Por favor, venha comigo. Vou te levar ao seu namorado.

Ela passou por mim sem esperar uma resposta, e entrou em um quarto não tão iluminado.

Olhei para André, e ele estava quase caindo de sono.

— André, acho que você pode dormir um pouco agora. – apontei um sofá para ele, e ele concordou com a cabeça, com uma expressão aliviada. Esperei até que ele tivesse caído no sono, e depois entrei no quarto.

A mulher estava sentada em uma cadeira de madeira do lado de uma cama, e na cama estava Luke. Sinto um grande alívio ao vê-lo. Ele estava aparentemente bem, mas estava desacordado.

— Ele está bem? – pergunto.

— Sim – a mulher diz, sem olhar para mim – Ele só está dormindo. Acho que ele ficou cansado depois de conversar tanto com aquela ali.

Ela indicou com a cabeça uma poltrona que eu não tinha percebido antes. Ela estava virada para a parede, então não puder ver quem estava dormindo nela. Me aproximei da poltrona devagar, tentando não fazer barulho, enquanto a mulher continuava cuidando de Luke. Cheguei perto o suficiente e dei uma olhada na garota que estava sentada, e meu coração deu um salto.

Era Lisa.

CAMILLE

Acordo assustada, com um ronco vindo da sala. Agora já consigo me levantar sem sentir muitas dores. Vou a passos lentos até a porta e a abro.

Na sala encontro um menino dormindo no sofá. Não sei quem ele é, mas o jeito que ele dorme me dá uma sensação de relaxamento, de alívio, e sinto como se eu não precisasse me preocupar com mais nada.

Uma porta se fecha perto de mim e eu saio do meu torpor. Meus olhos se viram instintivamente para a esquerda, e vejo a mulher que me curou. Não sei o nome dela, e nunca senti a necessidade de saber.

— Quem é ele? – pergunto em voz baixa, indicando o garoto no sofá.

— Ele chegou agora mesmo, junto com uma outra garota. Ela está aqui dentro agora.

Concordo com a cabeça e volto a olhar para o menino. De repente, ouço passos do lado de fora da casa, e depois batidas na porta.

— Olive – ouço alguém gritando – Sou eu, abra a porta.

A mulher, que agora presumo que seja a Olive, corre até a porta e a abre. Um homem entra desesperadamente e bate a porta atrás dele.

— Precisamos sair daqui, agora. – ele diz, olhando para os lados e depois pelas janelas.

— Por quê? O que está acontecendo? – Olive pergunta.

— Eles estão chegando – ele diz, finalmente – E estão em números bem maiores do que essas paredes poderiam aguentar, ou que nós poderíamos derrubar.

Vejo o olhar de terror no rosto de Olive, e sinto o pânico tomando conta de mim.

KRISTA

Acordo Lisa com um abraço e lágrimas nos olhos. Ela dá um pulo na poltrona, e por instinto ela me empurra para longe.

— Socorro – ela tenta gritar, mas sua voz sai rouca e o som não é muito alto.

— Lis – digo, quase rindo – Sou eu, a Krista.

Ela para de tentar me empurrar e me olha. Seus cabelos estão bagunçados e seu rosto está inchado.

— Kris – ela diz, e me abraça, aliviada – Ai meu Deus, como você chegou aqui? Cadê o André?

Ela se levanta e começa a olhar para os lados. Ela anda até a porta, mas antes dela abrir eu a seguro.

— Calma, calma... Ele esta ali na sala, dormindo. Deixe-o descansar um pouco, depois você o acorda. Agora venha aqui, sente-se... – ela se senta de volta na poltrona, e a gira para ficar de frente para a cama de Luke – O que aconteceu com você?

— Bem... Naquela hora que os zumbis estavam atacando o carro, eu corri para ajudar André. Depois alguém começou a atirar neles, e eu não sabia se eu também era um alvo, então nós corremos para a floresta. Quando não consegui ouvir mais disparos, disse para André se esconder, por que eu estava voltando para te encontrar. Só que... Quando estava quase saindo da floresta eu encontrei um zumbi. Eu não estava com nada para matar um deles, então eu corri para o outro lado, entrando mais fundo na mata. Corri por um bom tempo, sem olhar para trás, e, quando vi, já estava fora das árvores de novo, mas em um lugar totalmente desconhecido. Encontrei essa casa, e vi uma mulher pela janela. Ela me acolheu aqui. Depois encontrei Luke, e estava esperando ele ficar melhor para que nós dois pudéssemos ir procurar por vocês...

— Nossa, Lis... Você nem acredita. Eu vi uma mulher morta, um zumbi. E ela era muito parecida com você. E eu pude jurar que... – não consigo continuar, pois as lágrimas tomam contam do meu rosto e eu levanto a mão rapidamente para secá-las. Ela se levanta e senta do meu lado, na cama de Luke. Nós ficamos abraçadas, em silêncio, até que sinto um movimento atrás de mim.

Olho para Luke e vejo que ele está acordando. Começo a rir, e, ao me ver, ele ri também.

— Kris... – ele diz, e eu me deito em seu peito. Agora eu já esqueci os nossos problemas do passado, e também o que tinha acontecido há pouco tempo entre ele e aquela outra menina. Arrumo meu corpo e seguro sua mão. Olho para Lis, e nada mais importa agora.

E essa sensação dura por mais apenas alguns segundos.

A porta se abre de súbito, e o homem que me trouxe até aqui entra.

— Seu namorado está acordado? Ótimo. Precisamos sair daqui, AGORA.

MARTIN

Sinto que estou adormecendo, mas não me permito descansar. Estou sozinho com Giovanna, e ela não está em condições de tomar meu lugar. Levanto-me e vou até onde Seb acabou de entrar junto com um garoto.

Ouço um barulho atrás de mim, e quando me viro, vejo um zumbi se aproximando de Gio, enquanto ela dorme. Sinto um leve pânico, mas depois corro até onde ele está e o acerto na cabeça com uma faca que estávamos carregando. Gio se mexe, mas não acorda.

De repente, vejo mais zumbis se aproximando por entre as árvores. Agora o pânico é bem mais intensificado, e sei que não vou conseguir acabar com todos eles. Pego Gio no colo, ignorando seus protestos, e começo a correr em direção ao grupo de adolescentes.

LIA

Matt está entregando vários produtos para Sebastian. Quando ele termina, puxo-o para o lado.

— Eu preciso conversar com você... – digo.

— Sobre o quê? – ele está distraído, ainda procurando equipamentos médicos.

— Sobre o amigo do Sebastian. – digo. Decidi ser aberta com ele, e contar sobre tudo: Martin, Krista, como eu me sinto sobre ele e etc.

Ele para de mexer nas coisas e olha para mim.

— Aquele que está com a filha do Seb?

— Sim... Eu o conheço. – Agora sim, tenho total atenção de Matt.

— Tudo bem, o que você quer falar?

— Aquele homem é o meu marido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!