Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 13
Perigo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/279494/chapter/13

MARTIN

Camille deixou a arma cair e ficou parada, olhando para a porta. Sebastian começou a correr para a porta de trás, enquanto as dezenas de zumbis corriam para dentro. Pulei para a escada e comecei a subir, com Camille em meus calcanhares.

– Corre – gritou Sebastian, começando a subir também.

– O que você acha que nós estamos fazendo, seu imbecil? – gritou Camille. Ouvi o barulho de algo se estatelando no chão, e vi que Sebastian havia tropeçado.

– Vamos – gritei, entrando em um quarto e segurando a porta para os dois entrarem. Quando Sebastian entrou, fechei a porta e Camille chutou um armário para a frente dela. A porta começou a ser sacudida.

– Nós temos que sair daqui – Camille exclamou.

– Como? – perguntei.

– A varanda – disse Sebastian, abrindo a porta de vidro atrás de mim. O vento gelado atingiu minha pele, e foi bem recebido, devido ao calor do momento. Saímos para a varanda, e fechei a porta de vidro bem a tempo de ver os primeiros buracos na porta de madeira feitos pelos zumbis.

– Não podemos pular – eu falei, o mais alto que consegui. Camille concordou com a cabeça, mas pulou mesmo assim, se segurando nas beiras da varanda. Ela se equilibrou na grade de segurança, e, graciosamente, pulou para o muro pelo qual nos havíamos entrado.

Sebastian olhou para ela, com a boca aberta, sem saber o que dizer exatamente. Tentei enxergar um outro meio pelo qual nós poderíamos descer, pois fazer o que ela fez estava fora de cogitação. Camille fugiu, e já sumia de vista, indo em direção à frente da casa.

– Onde ela está indo? – Sebastian perguntou.

– Não sei, mas espero que ela volte.

Voltei na porta de vidro e a abri. A porta de madeira estava quase quebrando por completo, mas o armário segurava os zumbis. Sebastian gritou meu nome.

– O que foi? – perguntei, saindo de volta para a varanda; mas ele não estava mais ali.

– Aqui embaixo – ouvi sua voz. Corri até a borda e encontrei Camille segurando uma escada, enquanto Sebastian descia.

– Rápido – Camille nos apressou. Comecei a descer, e quando cheguei aos últimos degraus, pulei. Chutei a escada, derrubando-a no chão.

– Para onde agora? – perguntei.

– O muro – disse Camille, pegando a escada e posicionando-a nele. Subi primeiro, caindo do outro lado. Uma arma voou por cima do muro e aterrissou perto de mim. Eu a peguei, e apontei para o nada, tentando encontrar algo ou alguém.

Camille surgiu do meu lado, logo após Seb ter caído na minha frente.

– E a escada? – perguntei.

– Não vamos precisar mais dela.

Corremos, seguindo de volta para o acampamento.

– Como é possível que tenhamos nos perdido? – perguntei – Você não sabe o caminho de volta para seu próprio acampamento?

Havíamos corrido pouco, mas eu sabia que estávamos perdidos.

– Claro que sei – exclamou Sebastian, revoltado – Mas, acho que eles tiveram que deixar esse lugar.

– E eles conseguiram sair assim, tão rápido? – perguntou Camille.

– Sim – respondi – Eles tinham essa tática de escapamento. Mas o que pode ter acontecido? – olhei para Seb, mas ele fixava um ponto adiante, entre as árvores. Olhei para cima.

A tenda roxa, que era onde Gio, a filha de Seb ficava, estava em chamas. Não sei como não percebi antes o cheiro forte de fumaça. Seb correu em direção à arvore grossa.

– O que é aquilo? – perguntou Camille, fascinada.

– Era a tenda da filha dele – respondi – O acampamento era aqui em baixo, pouco mais a frente – apontei para onde eu sabia que ficava as barracas - Eles se foram.

Camille começou a andar lentamente para onde eu havia apontado, e depois gritou. Corri até ela.

A visão não era agradável. Vários corpos estavam ali, jogados, corpos das pessoas que antes estavam arrumando suas coisas, felizes, com suas famílias, tentando proteger umas as outras.

Era fácil perceber que o número de pessoas ali era bem menor do que eu havia visto antes, mas mesmo assim era traumatizante ver a cena. Um rosto, em especial, me chamou a atenção.

A garota da arpa. A moça que eu havia achado bonita, jazia morta no chão, com sangue escorrendo pela garganta cortada.

– O que diabos aconteceu aqui? – gritou Sebastian, chegando ao local. Ele caiu de joelhos no chão e agarrou cada corpo que conseguiu, e chorou silenciosamente.

– Seb – disse Camille, se atrevendo a dar um passo, mas rapidamente recuou. Eu não sabia o que fazer, diante a situação. Mas logo eu tinha algo o que fazer. Correr ou morrer.

Aquelas pessoas não haviam sido mordidas, não havia chace de se levantarem e serem uma daquelas coisas, mas quem as matou podia estar ali, ainda.

Uma luz me cegou, vinda de trás das árvores. Um megafone emitia vários ruídos indefinidos, que me ensurdeciam. Camille me agarrou pelo braço e me empurrou para trás, mas já era tarde demais para Seb. Atiraram nele uma flecha, e ele caiu para trás, ainda com os olhos inchados e vermelhos.

Gritei seu nome, mas Camille me puxou mais forte, e nós corremos como nunca antes. Caí atrás de uma árvore, Camille parando de repente na minha frente.

– Fiquei aqui, e não faça barulho.

Mas eu não consegui ficar parado. Eu a segui, voltando para onde Seb estava. Ela pulou os arbustos e caiu a alguns centímetros dele. Começou a puxá-lo para onde eu estava, e quando me viu, me deu um tapa no braço.

– Eu disse para você ficar quieto lá – ela gritou.

– Me desculpa – eu disse, ajudando a puxar Seb.

Quando estávamos quase escondidos, Camille foi levantada por um homem. Ela se debateu, mas ele era forte demais. Ele a levou para longe. Queria correr atrás dela, mas Seb estava sangrando muito, e eu não podia deixá-lo. Rasguei um pedaço da minha camiseta e enrolei no seu braço, onde a flecha havia acertado. Ele gemeu de dor.

– Fique abaixado – disse – Vou ver se consigo resgatar Camille.

– Vá – foi a única coisa que conseguiu dizer.

Corri para onde estavam os corpos, mas não vi ninguém vivo. Camille havia desaparecido, e era minha culpa. Corri para mais adiante, onde haviam aparecido as luzes. Nada.

– Tem alguém aí? – uma voz feminina gritou. Tentei identificar de onde vinha, mas não consegui.

– Onde você está? – gritei. A garota hesitou por um momento.

– Estou atrás da árvore caída.

– Estou indo – corri, a procura de um tronco deitado. Só quando atravessei uma clareira, encontrei.

Uma garota estava ali, com parte de seu corpo queimado e sangue escorrendo por todos os lados. O tronco estava sobre sua perna, impossibilitando-a de mexer. Me aproximei e peguei em seu braço. Ela gritou, não se se foi de susto ou dor. Quando me olhou, com olhos suplicantes, a reconheci.

Era Giovanna.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!