Human Nightmare escrita por Leonardo Franco


Capítulo 14
Fuga




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KRISTA

Subi as escadas correndo, enquanto ouvia Luke apertando botões para abrir a porta no teto. Ele subiu logo após, e nos encontramos do lado de fora.

— Espere – ele disse, tentando se concentrar – Precisamos de uma arma.

— Que tipo de arma? – perguntei, ofegante.

— Eu não sei, qualquer coisa serve – disse, olhando para os lados.

— Ali – gritei, apontando para um canto, onde havia vários materiais de limpeza – Usa aquela vassoura!

Luke correu até o canto, pegou uma vassoura e uma pá, e atirou a pá para mim. Peguei-a no ar, rodando em direção à entrada da casa. Estava quieto, ali no jardim.

Passei para dentro sem fazer barulho. Não encontrei Lisa e André de imediato, mas segui pelo corredor até ouvir gritos. Corri para onde imaginei que vinham os gritos, e encontrei um zumbi trombando com uma porta. Acertei-o na cabeça, fazendo-o cair.

— Lisa? – gritei.

— Kris, é você?

— Sim, abre a porta – ela não pensou duas vezes e abriu. Me pegou em um abraço, e não soltou até André aparecer atrás dela.

— Nós vimos dois deles na casa. Onde está o outro? – perguntou Luke.

— Eu não sei, ele estava aqui fora – disse Lisa.

Luke passou de porta em porta procurando por ele, até que chegou à última porta, que abriu com um chute. O zumbi pulou em cima dele, mas Luke foi mais rápido, enfiando o cabo da vassoura por entre os olhos do morto-vivo.

— Vamos descer, aqui não é seguro.

Concordei com a cabeça e o segui escada a baixo. Lisa e André desceram logo atrás de mim. Quando chegamos ao jardim, Darla esperava por nós.

— Por que você deixou seu posto?

— Vim ver se estava tudo bem.

— Não podia ver pelas câmeras?

— Luke – coloquei minha mãe em seu peito – Tudo bem, acalme-se. Ela só queria ajudar.

— Certo – ele disse, olhando para cima – Me desculpe, Darla. Vamos descer.

Ela fez que sim com as mãos, em um gesto aberto, e me olhou agradecida. Descemos a escada de terra, e a porta de grama se fechou atrás de nós.

— E o que nós fazemos agora? – perguntou Lisa. Darla e Luke se olharam e conversaram silenciosamente.

— Bem – começou Luke – Vocês podem nos ajudar a arrumar tudo aqui em baixo.

— Por quê? – perguntei.

— Nós pretendemos ficar aqui o máximo que conseguimos. Para sempre, se possível – disse Darla.

— Você está brincando, certo? – perguntou André.

— Não podemos passar o resto de nossas vidas aqui, embaixo da terra – exclamou Lis.

— É melhor do que passar o resto da sua vida fugindo daquelas coisas – disse Darla, quase como um grito.

Todos olharam para ela, e com toda aquela atenção, ela começou a corar. Desviei o olhar, e percebi que Luke estava pensando sobre aquilo. Provavelmente, a ideia de tudo aquilo havia sido de Darla. Luke não gostava de ficar preso em algum lugar por muito tempo, não iria optar por algo assim.

— Eu não posso ficar – falei, dirigindo-me a Luke – Meu pai precisa de mim. Ele ficou em casa, sozinho, provavelmente com a monstra da Lia...

— Sua mãe? – me interrompeu Luke, mas ignorei.

— ... sem saber o que fazer. Eu tenho que encontrá-lo.

— Eu vou com você – disse Luke, fazendo Darla soltar um gemido de horror.

— Você não pode ir – ela disse – Tem que ficar aqui.

— Luke – comecei – Você não precisa...

— Sim, eu preciso – ele disse – Mas preciso pegar minhas coisas lá em cima antes.

— Termina de organizar aqui primeiro. Eu pego as coisas pra você – eu disse – Lis, fica aqui tá?

— Tudo bem – ela respondeu.

— O que você precisa lá de cima? – perguntei.

— Só de uma mochila, tá no meu quarto, em cima da cama.

— Tudo bem – falei – Vou subir.

— Leve isto – Luke me entregou a pá – Caso precise.

— Obrigada. Vou tentar ser rápida.

Virei e comecei a subir as escadas. Quando cheguei ao jardim, já me deparei com três zumbis. Girei a pá de ferro, acertando-a na cabeça do primeiro. Rodei e chutei o peito do segundo, e, quando ele caiu, acertei-o em cheio. O terceiro veio lentamente, e fiz o mesmo que fiz com o primeiro.

Corri para a porta. Dentro da casa não havia ninguém. Não foi difícil encontrar o quarto de Luke; afinal, eu já entrei nesse quarto inúmeras vezes. A porta estava aberta, e a mochila estava exatamente onde ele disse que estaria. Peguei-a, passei-a para o ombro e voltei para o jardim.

Dois segundos antes de eu pisar na grama, ela já estava se elevando novamente. Pulei para dentro, e já estava começando a falar quando vi uma cena que eu não esperava.

Luke estava sentado na cadeira do computador com Darla sobre ele, olhando diretamente em seus olhos, seus lábios quase tocando. Ele não tentava impedi-la de fazer aquilo, e isso quebrou meu coração.

Joguei a bolsa no chão, e então ele olhou pra mim.

— Kris, isto não é o que parece – disse, empurrando Darla para o lado. Lis apareceu em um canto, de braços cruzados, olhando para mim.

— Sei, nunca é o que parece – falei – Lis, vamos embora daqui.

— Kris, espera – ela disse, mas eu não queria ouvir. Subi as escadas e corri para a frente da casa, onde estava o carro. Peguei as chaves e abri, olhando para trás para ver se Lisa já tinha subido.

— Krista, volta aqui – ouvi Luke gritar. Lisa vinha correndo, com André na frente. Entraram no carro logo após eu, e dei a partida. Deixei um Luke gritante para trás.

— O que foi isso? – Lisa perguntou.

— Não vamos falar disso agora, ok? – exclamei, com lágrimas começando a escorrer – Precisamos decidir para onde vamos agora.

— Não temos aonde ir, Kris, lembra? Luke era nossa última opção.

— Eu preciso encontrar meu pai.

— E como você pretende fazer isso?

— Temos que voltar para minha casa.

— Nós estivemos lá, lembra? Era um poço de mortos, sedentos por sangue.

— Eu sei, mas... – não consegui terminar a frase. Sabia que ela estava certa sobre isso, mas eu já não aguentava mais não ter notícias do meu pai – Nós vamos voltar.

— Se é o que você quer...

Ninguém disse mais nada por um longo tempo, até que começou a escurecer. Não fazia a mínima ideia de onde ir se não encontrasse meu pai, mas eu precisava tentar. E eu sabia disso.

— Kris, para um pouco – disse Lisa, acordando – Você precisa descansar.

— Não, eu preciso chegar em casa.

— Sério, você vai acabar atropelando alguém.

— Claro, mas seu eu fizesse isso seria bom pra nós.

— Claro – ela se virou e adormeceu, novamente.

Parei o carro entre algumas árvores, bem na entrada de uma floresta. Virei para olhar André. Ele dormia tranquilamente, assim como Lisa. Ver os dois dormirem me deu sono. Ajeitei-me no banco e peguei no sono.


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