Fabula Temporis escrita por Linnet Lestrange


Capítulo 7
Capítulo 7 - Aquele na Biblioteca




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Capítulo 7 – Um banheiro, uma visão, e um lorde.

- Bom dia, K! – exclamou uma voz atrás de mim muito alta e fina, que quase fez com que eu cuspisse o pedaço de torrada que havia acabado de botar na boca.

- Bom dia, Charlie – respondi com a boca cheia à Charlotte, que se sentava ao meu lado na mesa da Sonserina. Charlotte não havia desistido de ficar no meu pé, e há quatro dias eu estava andando bastante com ela. Bom, pelo menos eu tinha feito algum amigo. Além do elfo Felix, que eu visitei toda noite em busca de algo que saciasse minha sede e não envolvesse abóboras.

Quanto ao Devon, nunca mais o vi depois daquele dia. O que é um certo alívio, porque juro que acho que na próxima vez que nos esbarrarmos, ele vai tentar arrancar minha cabeça ou algo do tipo.

E Riddle, bem, raramente o via. Ele aparentemente nunca se alimentava, já que eu nunca o encontrava nas refeições, e não cruzei com ele uma vez sequer no dormitório, a não ser esta manhã, o que foi bem desagradável se você quer saber.

Vou contar como foi.

Manhã ensolarada de sexta-feira, acordo com meu típico bom-humor matutino e saio do meu quarto de pijama e pantufinhas e com uma juba de dar inveja à um leão, visando ir até o banheiro.

Qual foi minha surpresa ao abrir a porta e ver o Sr. Postura Perfeita em pé, já devidamente vestido, cabelos molhados do banho e perfeitamente ajeitados, me encarando.

- Hoje é sexta. Temos que buscar nossos cronogramas.

- Tá falando comigo?

Riddle franziu o cenho, como se tivesse se arrependido imediatamente da decisão de estabelecer algum contato comigo.

- Sim – grunhiu, com acidez.

- Hm. Tô sabendo que dia é hoje, obrigada por avisar. Agora se me dá licença, vou tomar banho - disse, enquanto me dirigia ao banheiro.

Riddle crispou os lábios tão vêementemente que parecia que ele nem tinha mais lábios.

- Me encontre na biblioteca às oito, para irmos buscar – disse, com os dentes trincados.

- Por que eu deveria... – comecei, mas parei ao ver que, logo assim que ele notou que eu ia voltar a falar ele se virou e saiu – babaca.

Terminei de comer minha torrada com geléia de abóbora (a geléia era boa, diferentemente do suco), e tomei o último gole da minha água, antes de dizer:

- Charlie, acho que já vou indo. Tenho que encontrar o Riddle na biblioteca às oito – expliquei, já me levantando.

- Mas são sete e meia ainda! – disse Charlotte.

- É, eu sei, mas eu quero aproveitar para ir ao banheiro, estou tão apertada que posso explodir – esclareci. Ela assentiu a cabeça, entendendo minha situação, e eu dei o fora.

Fui andando pelo corredor do primeiro andar, tentando me lembrar onde havia a droga de um banheiro. Merlim! Por que eles não entregam uma droga de um mapa para os alunos novos? Ou não colocam algumas placas indicando os locais importantes, como banheiros, salão principal, etc, que nem nos Shoppings trouxas?

Acelerei o passo, tentando desesperadamente achar algum toalete.

Finalmente, finalmente, achei uma porta que devia dar a um, e corri para alcançá-la.

Mas, como minha sorte não é das melhores, logo vi a indicação de que era um banheiro masculino.

Ahhhhhhhhh...

Olhei para os lados. Corredor vazio.

Bem... ah, quem se importa.

Alegre com minha decisão, tentei abrir a porta, mas estava fechada.

- Ocupado! – ouvi uma voz lá de dentro dizer. Droga. DROGA!

Não dava para arriscar a procurar o feminino. Se eu me movesse muito, minha bexiga não ia aguentar. Diabos. Essa escola não tem lógica alguma. Pra quê, santo Merlim, não botar os banheiros femininos e masculinos um do lado do outro?

Não me restava opção além de esperar. O cara devia estar apenas fazendo um xixizinho. Não iria demorar.

Cara. Como eu estava errada.

Ele não saía de lá nunca. Ou estava com sérios problemas intestinais, ou estava me sacaneando mesmo.

Com o desespero aumentando, comecei a dar pulinhos, cruzando as pernas, sentindo que eu podia morrer a qualquer momento.

Ok, estou exagerando.

De qualquer modo, logo quando eu estava praticando a patética dança do segure-seu-xixi, ouço uma voz arrastada atrás de mim dizer:

- Olá, Beauxbatons.

Ótimo.

Devon.

Espero que ele me mate logo, assim meu sofrimento terá fim.

Olhei para trás, e dei de cara com aquela figura loira, que me encarava com um sorriso sarcástico.

- Hmmm, oiê – falei, parando de pular.

- Tem alguém lá dentro? – ele perguntou.

- Ah não, estou só fazendo aquele jogo "espere até o último segundo até você explodir e morrer"!

Devon ergueu as sobrancelhas e estreitou os olhos amendoados, depois cruzando os braços fortes.

- É o banheiro masculino, Beauxbatons – explicou ele.

- É, bem, eu não ligo – retruquei. E era verdade.

Devon revirou os olhos em desprezo e se aproximou de mim, fazendo com que eu me sentisse uma anã. Droga, como ele era alto.

Logo depois ele se virou para a porta e começou a socá-la.

- ACELERA AÍ, ZÉ MANÉ! – urrou para o cara que estava dentro do banheiro há séculos.

Putz.

Olhei para cima para encará-lo. Isso que eram modos.

- Sua delicadeza me impressiona – murmurei, enquanto ouvia o delicioso som da porta destrancando.

- Não te perguntei nada – retrucou Devon. Logo depois, a porta se abriu e um garoto que devia ser do terceiro ano saiu, praticamente correndo.

Dei um passo a frente para entrar no meu almejado banheiro quando o braço enorme do Devon me parou.

- Onde você está pensando que vai? Vá procurar seu banheiro – disse ele.

Senti meus olhos se enxerem de lágrimas. Sério. Ele não tinha idéia do QUANTO eu precisava daquele banheiro.

- Devon, você NÃO vai na minha frente! – praticamente gritei, numa voz ultrassônica.

Ele riu. Riu. Ahhhhhhh, como ele vai se arrepender.

Ergui minha mão e cravei minhas unhas no braço dele que me impedia de entrar no paraíso. É isso aí. Ninguém mandou se meter comigo.

Ele deu um gemido supreendentemente femino e tirou o braço da minha frente no mesmo segundo, e eu aproveitei para entrar depressinha.

Hihihi. Olá, banheirinho lindo!

Envolvi o vaso sanitário com papel higiênico (cara, era um banheiro masculino, meio eca) e sentei.

Ahhhhhhhh, que alívio.

Meu alívio foi tão grande, que por um momento até esqueci que eu tinha deixado um Devon enfurecido do lado de fora, que provavelmente estava esperando para estourar meus miolos ou coisa pior.

Por isso quando terminei de lavar as mãos, abri a porta e dei de cara com a ponta de uma varinha que estava apontada diretamente para minha cabeça, eu levei um susto.

Ai, Merlim.

O que eu faço? Pego minha varinha também? Começo um duelo?

Não, talvez isso não fosse uma boa idéia. Quero dizer, meus conhecimentos mágicos estão muito além de uma estudante do sexto ano, e eu não queria trazer desconfianças. Muito menos do Loiro Assassino aqui.

Por isso, tomei a providência mais adequada e sábia de todas.

- Seu cadarço está desamarrado! – exclamei.

Ele franziu o cenho como quem me achava muito idiota, e eu, aproveitando este momento de fraqueza, agarrei a varinha dele e saí correndo.

Não olhei pra trás um segundo sequer. Acho que ele ficou tão consternado com minha brilhante estratégia de guerra que nem se deu ao trabalho de me seguir.

Fui correndo, quando de repente me veio uma remota lembrança de que era para eu estar na biblioteca às oito para encontrar Riddle.

Parei e olhei meu relogio. Oito e dez. Com toda aquela confusão, nem me liguei na hora. Puxa, eu estava meio ferrada.

Pensei em quantas vezes uma pessoa podia sofrer ameaças de homicídio antes do almoço.

Acelerei ainda mais o passo, quase derrubando todo mundo que tava no caminho.

Finalmente, cheguei à biblioteca. Sentia que minhas bochechas estavam vermelhas de tanto correr, e meu cabelo devia estar sem explicação. Guardei a varinha do Devon na mochila e olhei no relógio. Oito e quinze. Quinze minutos de atraso. Não quero nem saber o que isso significa no mundo das trevas de Riddle.

Olhei em volta, vendo aquele monte de mesas e estantes e livros que voavam de um lado para o outro, entretanto, não vendo nenhum sinal de Riddle. A biblioteca parecia estar completamente vazia.

Hm. Estranho.

Comecei a andar, dando uma olhada pelas sessões. Nada. Franzi o cenho e acelerei o passo.

Não é possível que ele tenha desistido de esperar e ido embora, é? Porém é mais impossível ainda que ele esteja atrasado também.

Cheguei até a última sessão, sem resultado. Olhei para o lado e vi que nesse corredor tinha uma mesinha perdida bem ao fundo, onde uma pessoa parecia estar sentada atrás de uma enorme pilha de livros.

Claro. Ele não iria sentar num lugar de fácil localização. Tem que complicar as coisas pra coleguinha aqui.

Olhei para a estante, vendo que era a de Artes das Trevas – Defesa e Manutenção.

Faz sentido.

Andei até a mesinha, sem despertar a atenção dele, que parecia estar quase devorando o livro que estava aberto a sua frente, e larguei minha mochila com força na cadeira do lado oposto ao dele, fazendo um estrondinho. O lugar era tão escondido que chegava a ser meio escuro. Dei uma olhadinha pro ser que tava sentado para garantir que era ele mesmo, e não outro obcecado pelas artes das trevas qualquer.

O barulho do material conectando com a madeira fez com que o cara de cabelos negros milimetramente ajeitado piscasse e olhasse pra cima, dando de cara comigo.

- Eu espero que estar sempre deselegantemente atrasada não vire um hábito permanente seu, Schiffer – disse ele, com um leve tom depreciativo em sua voz normalmente cortês.

- Bem, se você tivesse deixado setas na porta da biblioteca com sua localização, eu teria achado você mais cedo – repliquei e, sem ser convidada, me sentei na mesa também – E aí, você vem aqui sempre? – perguntei, num tom de flerte meio ridículo, depois dando uma risadinha.

Ele, que havia voltado às atenções ao livro, reergueu o olhar com o cenho franzido, analisando meu rosto como sempre fazia com uma expressão impossível de ler. Depois de muitos minutos, ele assentiu com a cabeça.

- Então quando você come?

Ele deu de ombros.

- Eu encontro tempo – ele disse indiferente, fechando o livro (que devia ter pelo menos uns dois milhões de anos) com um baque forte, fazendo com que voasse um pouco de poeira para o meu nariz, e jogando-o rapidamente em sua mochila.

Hm, isso explica porque ele nunca está no Salão Principal, pensei, enquanto coçava o nariz.

Depois disso, ele tirou uns pergaminhos da mochila e empurrou para mim. Era o horário das monitorias. Ele já tinha pegado!

Bem, isso ia me economizar de subir muitas escadas.

Nem me dei ao trabalho de agradecer – como se ele merecesse, não fez mais do que a obrigação – e comecei a dar uma lida.

Hmmm. Chatice, chatice, chatice. Dippet realmente queria que eu perdesse todo meu sono rondando o castelo.

Já estava bolando planos para burlar os horários quando me senti observada. Desviei meu olhar dos horários e encontrei o olhar de Riddle. Pude jurar que o olhar dele era de quase de diversão atrás de seus olhos acizentados apáticos.

- Quê? – perguntei.

- Você está anormalmente rabugenta hoje, Schiffer. Nenhum 'bom-dia, como vai?'.

Revirei os olhos. Ok, minha manhã já estava suficientemente ruim, não estava afim de participar de qualquer joguinho estúpido que ele estivesse fazendo. Peguei o pergaminho que estava embaixo do meu horário, e entreguei pra ele, falando:

Esse aqui é seu, muito obrigada, e não me venha com discursos sobre educação, Sr. Eu-Não-Faço-Formalidades.

Riddle ergueu uma das sobrancelhas, enquanto me escaneava.

- Bem, pode ficar calma Schiffer, porque eu não tenho a menor intenção de fazer tal coisa – ele afunilou o olhar – A esta altura, alguém tão grosseiro quanto eu jamais sonharia alcançar seus altos padrões de etiqueta.

Merlim. Ele tem uma respostinha engraçadinha para tudo, não tem?

- Sabe o quê? Por mais inteligente e espirituoso que você inegavelmente seja, Riddle, eu não gosto de ser ridicularizada. Então vamos parar de perder nosso tempo com suas piadinhas.

Certo. Minha missão sempre fora impedir que Tom Riddle se tornasse Lord Voldemort, seja lá quais medidas fossem necessárias. Eu estava querendo ir por um caminho mais pacífico, pra ser sincera. Como tentar mudar a cabeça dele, desviá-lo do caminho do mal, etc, etc. Mas se matá-lo fosse a única saída, por mais que as vozes em minha cabeça dissessem que isso era terrivelmente errado, eu teria que considerar esta opção também.

E ele tava ajudando muito a me tender pra esse lado.

Ficamos em silêncio. Riddle aparentemente perdeu o interesse em qualquer coisa relativa a mim e abriu o pergaminho com seus horários, escrevendo sei lá o quê neles, e eu fiz e desfiz diversas vezes uma trança no meu cabelo.

- Que eventos? – perguntei, repentinamente. Me veio à cabeça aquela conversa na sala do diretor, e a pergunta saiu da minha boca antes que eu pensasse melhor.

Os olhos de Riddle se mantiveram fixos nas páginas amareladas. Minha perguntinha não pareceu perturbá-lo nem um pouquinho.

- Quê? – ele perguntou, finalmente, parecendo distraído.

- "Não queremos que os eventos de um ano atrás se repitam" – falei, citando o que Dippet havia dito naquela reunião, depois cruzando os braços enquanto esperava por uma resposta.

Riddle ergueu os olhos, afastou um pouco a cadeira e esticou os braços, parecendo completamente despreocupado. Ele era um ótimo ator. Devia seguir essa carreira.

- Você realmente aparece com as coisas mais aleatórias, Schiffer.

Estreitei os olhos, deixando claro que eu não ia largar esse assunto tão cedo.

- Não tão aleatórias assim – resmunguei.

Eu ainda tentava ler sua expressão enquanto ele me encarava sem emoção, mas era impossível. O cara escondia tudo com perfeição.

- Me parece que ao invés de terminar de uma vez esse trabalho com os horários para passarmos o menor tempo possível juntos, você é quem está saindo significantemente do assunto... – começou ele.

Ahhh, você não vai se livrar dessa, Tom Lord Voldemort Riddle!

- Desculpe se eu estiver errada – interrompi – mas qualquer coisa que tenha a ver com o bem-estar dessa instituição parece bem dentro do assunto para mim – falei, agarrando o pulso dele antes que ele voltasse a escrever...

... e soltando antes que você possa dizer 'ai'.

Dessa vez, eu tive certeza que vi um flash de alarme passar momentaneamente pelos olhos azuis de Riddle. Ele levou as mãos para trás numa rapidez incrível, com a respiração parecendo acelerar - não a ponto de ser notável, mas como eu estava prestando atenção a qualquer movimento dele, eu percebi.

E isso com certeza era porque ele estava se lembrando da última vez que nos tocamos.

E com razão.

Hihihihi. Até que isso vai me servir bem.

Riddle me encarava intensamente, como se estivesse na expectativa. Comecei a girar os olhos e parecer sonolenta.

- Tinha uma câmara... câmara... câmara silênciosa? – comecei, tentando imitar as videntes que eu já vi em feiras lá na França.

Olhei para ele com o canto do olho, e ele estava com a sobrancelha erguida, sem dúvidas achando que eu havia simplesmente pesquisado alguma coisa sobre os tais eventos e que estava agora apenas aprontando um showzinho.

Bem, eu posso não ser boa atriz como ele, mas eu tinha certamente muito mais informações do que ele achava!

- Secreta – ele corrigiu finalmente, numa voz baixa e equilibrada.

- Sim... sim... isso... Câmara Secreta – divaguei, fechando os olhos como se fosse para continuar vendo as imagens – Havia algo... algo dentro da Câmara! Era orientado pelo ódio... – eu me sentia muito ridícula a cada palavra mas, ei, faz parte do serviço – Mate, mate os sangue-ruins! – tentei forçar a minha voz para ficar mais grossa do que a minha própria.

Reabri os olhos, tendo que fazer uma força que você nem imagina para não começar a rir desesperadamente ali mesmo com o olhar estreito de Riddle, que ia de suspeita até descrença.

- Uma garota... uma garota morreu! – continuei, completamente agradecida ao pessoal da Ordem que deu todos os detalhes sobre o assunto para nós – Ela estava em um banheiro... e... havia olhos enormes e brilhantes... uma cobra gigante! Merlim, era enorme! – não pude evitar de dar um sorrisinho, sabendo que a próxima informação eu só poderia ter obtido, hipoteticamente, do próprio herdeiro de Slytherin – e tinham canos... um buraco gigante no meio de um monte de pias. Hm, isso é estranho... espere! Ela abriu!

BOOM!

Riddle lançou sua mochila em cima da mesa, me acordando do 'transe psíquico'. Enquanto eu pulava de susto, ele apontou para o meu relógio.

- A hora, Schiffer. Nove e dezessete. Se você enrolar mais, não vai poder exibir seus talentos pelos corredores.

Certo. É isso aí. Eu já tive o bastante de Riddle e seus comentários estúpidos!

Me levantei bruscamente e apertei a mandíbula, cheia de ódio. Me apoiei na mesa com uma das mãos e com a outra apontei para o meio da cara dele.

- Escuta aqui, senhor engomadinho! O que eu faço ou deixo de fazer não é nem remotamente da sua conta, e, imagine só!, eu não sou a morena burra que quer aparecer e comprou o cargo de Monitora que você parece achar que eu sou.

- Não? – perguntou Riddle, com as duas sobrancelhas erguidas, desperturbado, enquanto ele inclinava sua cadeira para trás, pra evitar que eu furasse seu nariz com o dedo.

- Não! – grunhi, levantando minha mochila e pendurando-a nas costas – E estava certo, não estava? – perguntei, antes de me mandar – A Câmara Secreta, a garota morrendo no banheiro, eram esses os 'eventos' aos quais Dippet estava se referindo, não era, Riddle?

Por mais que seu rosto não demonstrasse qualquer emoção, eu podia perceber que ele estava sentado bem mais rígido e bem menos relaxado do que quando eu entrei na biblioteca. Ele investigou minha expressão por alguns segundos – com o que eu já estava começando a me acostumar – e eventualmente disse, numa voz baixa:

- Dez pontos para a Sonserina por sua... exibição perturbadoramente exata, Srta. Schiffer.

Com essa estranha maneira de reconhecer que eu tinha acertado, foi a minha vez de erguer as sobrancelhas. Mas eu sabia que Riddle tinha que agir, nem que fosse pra evitar que eu saísse contando pras pessoas da minha 'visão'. Ele tinha que agir como se tudo aquilo fosse do conhecimento de todo mundo.

O que definitivamente não era.

- Certo, hm, te vejo por aí – falei, num tom que eu imaginei que fosse desinteressado, girando nos calcanhares e dando o fora dali, com um sorrisinho.

Eu merecia um troféu por isso.


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