Nas primeiras semanas em que Hou esteve treinando na Ilha da Rainha da Morte, ele se mostrou um garoto forte para a sua idade, tendo menos dificuldades que a maioria dos aprendizes de cavaleiro, mas mesmo tendo um bom físico que herdou de sua antiga vida em Londres, ele ainda estava longe de ser um legítimo protegido por uma das 88 constelações. Além dos treinos físicos, Ikki também ensinava ao seu pupilo certos valores morais, como usar sua força para proteger aquilo que acredita e fazer o que achar melhor em nome do bem, sendo que a definição de "bem" pode variar para cada pessoa e que com o tempo, Hou adotaria o significado do qual poderia achar mais adequado para si.

Uns anos depois, Hou mostrava certa dificuldade em poder manifestar seu cosmo, a energia que dá poder aos cavaleiros. Depois de um longo dia de treinamento, Hou estava casado. Ele se encontrava deitado e ofegante no chão rochoso de um dos cantos da ilha e perto dele, estava o Ikki, olhando para o horizonte com uma expressão séria enquanto mantinha os braços cruzados em meio ao por do sol e disse:

– Hou, apesar de você conhecer o conceito do cosmo, ainda não consegue usa-lo, apesar de ter um desempenho físico exemplar. Vou te dar uma dica. As emoções podem ter uma grande influência em sua força. Para conseguir esse poder, sinta ódio.

– Mas teacher, ódio não é uma emoção ruim que pode me levar a praticar o mal? - Questionou o Hou enquanto olhava para o céu, ainda deitado. (Nota: Caso não saibam, "teacher" significa "professor" em inglês).

– Depende. Emoções são capazes de fazer você desviar do melhor caminho para resolver determinadas questões. Para resolver isso, basta usar a razão. Conseguindo controlar seus sentimentos, você poderá canalizá-los para os fins que você tem em mente. Controlando seu ódio, receberá transforma-lo em poder e manipula-lo para fazer o bem. - Explicou o Ikki pouco antes de se virar e ver que seu aluno acabou dormindo, babando, roncando e estando com aquela clássica bolha de catarro em uma das narinas dele, encolhendo e enchendo de acordo com o ritmo dos roncos do Hou. Depois de ver aquilo, Ikki simplesmente foi embora, não sabendo se seu aprendiz o ouviu ou não.

Na manhã do dia seguinte, Ikki estava procurando pelo Hou para retomarem o treinamento depois do nascer do sol e como é de costume por lá, estava rolando uma erupção vulcânica para criar nas valas que lá existem, rios de lava e o Hou estava em uma das grandes trincheiras e foi em uma delas em que o Ikki achou o seu aluno e pensou em tira-lo daquela vala imediatamente, mas notou que seu pupilo estava bem concentrado, usando o método mais arriscado, porém, o mais eficiente para poder despertar seu cosmo, arriscando tudo em uma situação de vida ou morte. Confiando no potencial no seu aprendiz, Ikki resolveu agir apenas no último instante, caso o garoto não conseguisse se salvar, enquanto o Hou estava parado e em guarda, vendo a lava se aproximar cada vez mais ao mesmo tempo em que monologava dentro de sua própria mente, ficando em guarda e esperando o momento certo para agir.

–Aqui estou eu. Arriscando tudo para despertar meu cosmo. Se eu conseguir, poderei prosseguir com meu treino, senão, morrerei como um fracassado com um passado desprezível e mesmo depois de morto, eu me odiaria para sempre.

Perto do final do monólogo, Hou fechou os olhos e quando os abriu, vendo que a lava estava bem perto dele, ficou envolvido por uma aura de energia de cor laranja que foi desencadeada pelo seu ódio que ele canalizou para desferir um soco tão rápido e forte, que gerou uma bola de fogo que mesmo sendo pequena, era poderosa o bastante para fazer com que toda aquela rocha derretida recuasse uns 15 metros. Depois disso, Hou ficou caído no chão, não tendo forças para se mover. Felizmente, Ikki o tirou de lá antes da lava engoli-lo depois da mesma ter retomado seu fluxo normal. Depois do resgate, Ikki perguntou, de forma calma, mas com seu típico tom de seriedade:

– Hou, o que você estava pensando? Você poderia ter morrido.

– Bom, teacher, eu estava tentando despertar o meu cosmo da forma que eu achava melhor. A dica que você me deu foi de grande ajuda. Eu usei o ódio que eu sentia por me achar fraco e um fracassado e assim, despertei meu poder. Se eu morresse ao falhar em despertá-lo, não faria diferença para ninguém, pois eu não teria um futuro e deixaria para este mundo apenas um passado de desgosto e vergonha. - disse o Hou enquanto olhava para baixo, até que então, direcionou seu olhar ao seu tutor quando este colocou uma de suas mãos em seus ombros.

–Hou, não diga isso. Mesmo que levasse mais tempo para você despertar seu cosmo, eu não me importaria com o fato com o quanto isso viesse a demorar. Sou seu mestre e sou seu responsável e estou aqui para te ajudar e com o meu auxílio, te guiarei a um futuro você brilha mais que as estrelas da constelação que você representará, fazendo que esse seu passado que tanto despreza seja totalmente ofuscado por um glorioso futuro e deixado para trás. - respondeu o Ikki.

–Só por curiosidade, teacher. Durante todo meu treinamento, eu corri o risco de morrer. Por que me salvou da lava? - Questionou o Hou.

–Porque seria uma pena para alguém com a sua fibra morrer logo depois de ter despertado seu cosmo, sem falar que encarar um rio de lava contando com a própria sorte não faz parte do treinamento. Em relação ao treinamento, eu faço você encarar o inferno que é treinar aqui para se tornar um cavaleiro, pois você aceitou os riscos e vi que fez isso por causa da sua decisão de vir aqui e durante todos esses anos, comecei a te ver menos como um aluno e como alguém da minha família. Eu acredito em você, Hou. Sei que irá sobreviver e se tornar um grande cavaleiro. - Declarou o Ikki.

Depois de ouvir tudo que seu mestre falou, Hou sorriu e o abraçou. Isso surpreendeu o Ikki, que não sabia como reagir e só deu alguns tapinhas nas costas de seu aluno, até afasta-lo, sorrindo para seu pupilo, estando um tanto comovido com o abraço e então, Ikki falou:

–Ha ha. Fico feliz por ter ficado comovido com as minhas palavras, Hou. Agora, vamos retomar o treino. Conversamos bastante e passou muito tempo. Vamos ter de compensar o tempo gasto com o papo.

–Sim! - disse o Hou, com bastante entusiasmo para continuar o treinamento.

Mais alguns anos se passaram e o Hou continuou a mostrar bastante dedicação durante o treino. Graças a toda a dedicação dele somada às instruções de seu tutor, Hou passou a ter um bom controle de seu cosmo, que é um tanto forte para alguém que ainda nem é um cavaleiro de bronze, tinha uma força física excepcional e conseguia usar as técnicas de batalha que aprendeu com a ajuda de seu mestre com absoluta maestria e inventando às suas, fazendo isso tudo com muito suor, energia e fibra. Finalmente, em 1997, após, aproximadamente, 8 anos de treinamento, Hou, agora um garoto de quase 14 anos, estava pronto para encarar a etapa final de seu treinamento para então, tornar-se um cavaleiro e para isso, deveria enfrentar o seu mestre.

Um dia, de madrugada, com várias tochas acesas ao redor do ringue onde estavam o Hou e o Ikki, eles finalmente iriam se enfrentar e antes do confronto, Ikki falou:

– Meus parabéns por ter chegado até aqui, Hou. Não posso dizer que estou surpreso em ver que sobreviveu ao treinamento, pois nunca duvidei de você.

– Eu tenho uma boa motivação. Conseguir poder para fazer o bem e assim me redimir para que eu possa deixar meu passado para trás e toda a minha ambição que o senhor já deve estar careca de saber, teacher. Eu também tive um bom mestre. - disse o Hou estando ansioso depois de todos esses anos para finalmente ter sua armadura, já estando em guarda para a batalha.

Depois da conversa, Ikki também ficou em posição. Depois de se encararem por alguns instantes, Hou resolver fazer o primeiro movimento. Ele foi disparando várias bolas de fogo com os movimentos de seus punhos, mirando em seu mestre enquanto corria na direção do mesmo, com o fim de criar uma abertura . Ikki defendeu-se de algumas usando suas próprias mãos, mas por causa da força que elas eram jogadas, apesar dele ter um dos cosmos mais poderosos entre todos os cavaleiros, começou a se esquivar das esferas incandescente, pois se ficasse só se defendendo, acabaria ficando cansado e mais vulnerável, se impressionado com a força física de seu aluno. Quando o Hou e o Ikki ficaram bem próximos, começou o combate corpo a corpo. Hou atacava com socos e chutes em alta velocidade enquanto seu mestre continuava a se esquivar de cada um dos ataques do seu pupilo, até que viu a oportunidade perfeita para revidar, pegando seu aluno pelo antebraço e o jogando para um dos cantos do ringue, o fazendo chocar-se de costas contra uma pilastra, sendo que o Hou afastou-se da mesma, ficando com os pés no chão e o Ikki aproveitou a chance para tentar atingi-lo com um Phoenix Genma Ken, mas seu aprendiz previu esse movimento e agiu rápido, esquivando-se igual ao Neo do Matrix, quando se esquivou das balas enquanto atiravam nele no primeiro filme, e levantou uma das pernas e a usou para atingir seu mentor em cheio na região do corpo onde fica o estômago, o fazendo cuspir um pouco de sangue, sendo o impacto tão forte, que o Ikki fora arrastado para o outro lado do ringue até parar por causa do atrito entre de seus pés com o chão ficando com a cabeça baixa e com a respiração um tanto alterada. Logo depois do chute, Hou teve sua sustentabilidade comprometida e acabou caindo no chão, mas se levantou rapidamente, no mesmo momento em que seu tutor havia levantado a cabeça. Assim, ficaram se encarando por um tampo enquanto ficavam em guarda mais uma vez.

–Está se saindo melhor do que eu esperava, Hou. - disse o Ikki enquanto sorria, contente com o desempenho de seu aluno durante a luta.

–Obrigado, teacher. Você também não é nada mal. - respondeu o Hou, olhando para ele de forma séria.

–Você ainda não viu nada. - disse o Ikki ao começar a queimar o seu cosmo.

Hou também começou a queimar o seu cosmo junto de seu mestre e coincidentemente, ambos começaram a fazer a mesma coreografia de seus ataques mais poderosos, que verdade, são movimentos bem dinâmicos, pois se fosse lentos, eles seria vencidos em combate enquanto se preparavam para atacar. Pouco antes de atacarem, uma breve ventania apagou todas as tochas e depois, ainda se vendo por causa das auras luminosas que envolviam seus corpos, Hou e Ikki gritaram exatamente ao mesmo tempo:

–Hoyoku Tensho!

Quando os redemoinhos de fogo gerados por cada um dos dois colidiram, foi gerada uma onda de calor que reascendeu as tochas. Ambos os ataques estavam bem equilibrados, até que o Ikki passou a queimar um pouco mais do seu cosmo, fazendo com que o seu ataque superasse o de seu discípulo aos poucos. Vendo que seu Hoyoku Tensho estava sendo vencido pelo de seu mestre, Hou percebeu que precisaria de um plano para que pudesse ganhar. O instinto dele dizia que o Sol estava a ponto de nascer e baseando-se nisso, ele elaborou uma estratégia de tudo ou nada para vencer seu professor. Colocando o plano em prática, Hou parou seu Hoyoku Tensho e saltou para que não fosse atingido pela técnica de seu tutor e ficou a dispara várias bolas de fogo com os movimentos de seus punhos na direção do chão em alta velocidade, mas ele não estava mirando no Ikki e sim, acertando dos pontos do ringue ao redor de seu tutor para deteriorar a arena e deixar seu mestre encurralado. Depois, Hou moveu seus punhos para o alto de forma que o impulso gerado pelas bolas de fogo que ele lançou para o ar o fez voltar ao chão rapidamente e com o impacto, tirou um grande pedaço do ringue que ficou no ar tempo o bastante e em uma altura ideal para que o pudesse atirar o mesmo com um empurrão na direção de seu mestre. Então, Hou saltou da direção do seu mestre, que quebrou facilmente a parte do ringue que estava indo em sua direção, mas aquele pedaço estava bloqueado a luz do nascer do Sol, comprometendo a visão do Ikki pelo tempo necessário para que seu aluno o derrubasse o pegando pelo pescoço e imobilizando-o já que estava caído no chão e o Hou estava com cada um de seus joelhos encima de cada um dos braços de seu mentor. Logo em seguida, desferiu um poderoso soco para acabar com a luta, mas não acertou a cabeça de seu mestre e sim, o chão criando um pequeno buraco no mesmo. Durante aquele momento, Ikki nem mesmo havia piscado seus olhos, sabendo que seu pupilo não o mataria.

–Ganhei. - disse o Hou, pouco antes de sair de cima de seu mestre e estender oferecer uma mão para ajuda-lo a se levantar.

– Sim, você ganhou. Sabia que não iria me matar, mas em uma luta real, esse misericórdia poderia lhe custar a vida - disse o Ikki logo depois de aceitar a ajuda do Hou para que pudesse se levantar.

– Se isso fosse uma luta de verdade, você teria usado todo o seu poder para me derrotar ao invés de usar apenas uma fração dele para diminuir sua força até o meu nível. Eu tenho conheço bem, teacher e sei o quão forte você realmente é disse o Hou.

Após esse breve papo, Hou e Ikki começaram a rir por terem se divertido com a luta e por causa da verdade existente nas palavras de cada um. Em seguida, Ikki começou a andar para fora do ringue.

–Siga-me, Hou - disse o Ikki.

E assim o Hou o fez, foi seguindo seu mestre e indo com ele para um canto da ilha onde havia uma grande rocha e lá, Ikki disse:

–Hou, eis aqui o prêmio por ter superado esse longo treinamento e por ter me vencido no combate que concluiu a sua estadia como aprendiz aqui na Ilha da Rainha da Morte.

–Nossa, mas que legal. Depois de tanto tempo neste pedaço do inferno na Terra, poderei salvar o mundo com uma pedra - disse o Hou com um sarcástico enquanto olhava para o alto num ângulo na diagonal, estando decepcionado, pois esperava mais depois de tudo que passou.

– Na verdade, seu prêmio está dentro desta rocha. A sua armadura. Ela esteve adormecida debaixo da lava nos últimos anos, esperando você, Hou disse o Ikki para dar um fim à decepção de seu aluno.

Quer dizer... - disse o Hou, tendo uma grande suspeita sobre qual armadura estava dentro daquela pedra e por isso, mostrava uma grande empolgação.

Ikki desferiu um soco na rocha, a quebrando de forma que fosse revelada a urna da armadura de Fênix.

–Meus parabéns, Hou. Você é o novo cavaleiro de Fênix - disse o Ikki, feliz em ver seu aluno oficialmente como um cavaleiro.

Estando contente, Hou chegou perto da urna e tocou nela com uma de suas mãos, fazendo com que a mesma abrisse , revelando a armadura de, que por alguma razão, voltou à forma da qual o Ikki a recebeu quando ele terminou o seu treinamento.

–Ver a armadura assim é um tanto nostálgico. - disse o Ikki.

– Como assim? A armadura tinha outra forma? - questionou o Hou.

– Sim, mas considere isso um início para você e a armadura. Com o tempo, você e ela ficarão mais poderosos - respondeu o Ikki.

–Eu perguntaria por que ela regrediu, mas não me importo em saber. O que faço agora, teacher? - disse o Hou. (Nota: Se o Kuramada fica se explicar um monte de coisas na história dele, acho que está tudo bem se eu deixar de explicar algumas na minha).

– Faça o que quiser Hou. Agora que seu treinamento acabou, você é livre para agir como quiser. Se quiser ficar mais forte, recomendo que vá ao Santuário de Atena na Grécia. Lá, você poderá ficar mais forte e talvez, achar alguns outros cavaleiros que possam te ajudar nisso - disse o Ikki.

– Mas e o senhor, teacher? O que fará sem a sua armadura? - perguntou o Hou.

–Eu me viro. Além do mais, fico feliz em ver que ela está em boas mãos. Cuide-se, Hou - disse o Ikki.

Como despedida, os dois fizeram um breve aperto de mãos e sorriram e finalmente, Hou começou a ir embora rumo ao porto para voltar à Europa como um cavaleiro que sonha em poder ser um herói. Ikki o olhava se distanciar com orgulho em ver o seu pupilo como um legítimo cavaleiro depois de ter superado todo o inferno pelo qual passou sem desviar para o mal, desistir ou perecer na face da morte, da qual encarou em vários momentos para então, tornar-se um indivíduo que lutará pelo que acredita, sentindo que seu aluno poderá fazer coisas bem grandes no futuro.