A Infelicidade dos Anjos escrita por niimura


Capítulo 2
Capítulo 2




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Caso para vocês não esteja claro o suficiente, Erasmo e Dido eram dois anjos, anjos distintos. Erasmo era um Virtude, responsável em manter a ordem do universo e eliminar aquilo que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, como anjos maus; tendo como atributos a pureza e a fortaleza. Dido, por sua vez, fazia parte dos Principados, encarregada de receber as ordens de classes superiores e transmiti-las àquelas inferiores, andando sempre com sua coroa e cetro, o que caracteriza sua classe. Por fim, ela tinha uma autoridade especial: presidir reinos e dioceses, e velar pela ideologia, arte e ciência.

        

         Por suas obrigações diferentes passavam boa parte do tempo longe um do outro. Mas quando se encontravam, ao fim do trabalho, ou então muito por um acaso no meio de uma tarefa, era possível sentir a exultação deles numa simples troca de olhares. E, se tivessem sorte de vê-los tocarem-se, perceberiam a pureza do leve rubor em ambas as faces.

        

         Desse modo, ficarem longes quando tinham a oportunidade de se verem resumia-se a uma palavra: sacrifício. Dido sentia-se infeliz, mesmo achando Erasmo totalmente errado, não gostava de fica longe dele. Erasmo, com a mesma infelicidade, obrigou-se a perceber que Dido sempre se sentiu mal por ser diferente, então para ela a proposta era quase irrecusável. Quase.

 

         Assim, de modo romântico – permitam-se uma música lenta tocando de fundo em sua cabeça -, os dois anjos se encontraram, no meio do nada e do tudo que era o Céu. Quando se viram, pararam surpresos. Erasmo foi o primeiro a falar.

 

- Dido, sabes que te amo imensamente, mesmo sendo contra essa proposta, mas afirmo que isso é por não querer ficar longe de ti, não serei contra à tua resposta. Aquilo que queres também se tornará o meu desejo, não me importa nada se a tua felicidade está em jogo. Sendo assim, me perdoas?

 

- Ah, Erasmo! Falaste ainda mais do que eu queria ouvir! Claro que te perdôo!

 

         Os dois se abraçaram e aproveitaram aquela última noite juntos. Mas não pense de modo equivocado, os dois eram anjos, de amor ainda mais puro do que eles mesmos. Já deve estar claro que, para serem felizes, bastava manterem aquele amor que os ligava e, para serem ainda mais que felizes, bastava uni-los.

 

         Agora que Dido e Erasmo tinham feito às pazes da briga, foram juntos, na manhã seguinte, até o local onde ela viraria humana e seguiria, acompanhada de um Virtude, até a terra. Era uma despedida, sim, mas não a mais triste do mundo, pois ele poderia zelar por ela lá de cima, e juntos, com certo esforço e ajuda de superiores, ver-se-iam. Bom, era isso o que esperavam.

        

         Parados onde o céu terminava, ela em cima de um circulo de mármore, esperaram pelo Superior. Este, quando chegou, encostou a mão sobre a testa de Dido e, após alguns segundos, ela transformou-se em uma mulher. Não uma mudança drástica; mantiveram-se os longos e negros cabelos, o corpo magro, o rosto fino, e – para a alegria de Erasmo - os olhos azuis e profundos. Mas as asas negras, aquelas que traziam mágoa, haviam sumido, assim como a auréola e o leve brilho que ilumina todo anjo. Também usava roupas diferentes, humanas: uma camisa branca, jeans e tênis.

        

        O Superior disse que já era hora, e o casal se despediu. Sem lágrimas, apenas sorrisos, abraços e olhares.


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Notas finais do capítulo

Essas clases dos anjos foram tiradas do wikipédia. :D

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