A Infelicidade dos Anjos escrita por niimura


Capítulo 3
Capítulo 3




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Narro, aqui, o tempo de uma semana que Dido ficou naquela cidade. Muito pouco tempo, poucos acontecimentos, sem muito para narrar. Logo no primeiro dia recebeu a visita de um anjo que explicou como funcionavam as coisas no apartamento, minúsculo comparado ao Céu, em que viveria a partir daquele dia. Explicou pouca coisa sobre uma vida humana, porque Dido já sabia muito. Naquele dia, depois que o anjo se foi, ela acomodou-se no lugar e deu uma curta caminhada pelas ruas próximas ao prédio.


        


         No segundo dia ela e Erasmo tentaram um contato. Ele tentou aparecer, como na forma de uma visão, para ela. Descobriram que, além de muito complexo, requeria enorme quantidade de energia que ele não possuía e que ela, ao se tornar humana, havia perdido. Assim os dois aproveitaram ao máximo o curto tempo em que puderam estar juntos. Neste dia Dido nem sequer saiu de casa.


 


         No terceiro e quarto dia ela voltou a andar pelas ruas, mas não se demorava a retornar ao apartamento, logo depois do almoço. Aí estava uma coisa com que ela não conseguia se acostumar, a fome. Na verdade, era uma de muitas. Os barulhos quase ensurdecedores de uma cidade grande eram praticamente o pior, mas a sujeira, a inúmera quantidade de pessoas, e tantas outras coisas, não ficavam muito atrás. E tudo isso a assustava. Era impuro para o que ela aprendeu a viver e conviver com. Nestes dois dias, Erasmo, no Céu, descansou para que no próximo tivesse forças para outra aparição.


 


         O quinto dia chegou com chuva, Dido até surpreendera-se com tanto frio. Achava que aquilo era a fúria de Deus por algo que os humanos haviam feito. No fim da tarde descobriu não ter comida, e, quando foi comprar em um lugar perto de casa, aterrorizou-se com um homem baixo e de roupas rasgadas que gritava “Fim do mundo, fim do mundo!”. O pior foi quando ele esbarrou nela e lhe gritou na cara palavras de baixo calão. Essa foi a gota d’água, pensou ela, quero voltar a ser anjo, voltar para a minha verdadeira casa! Não me sinto nem um pouco igual, e muito menos a vontade, a essas pessoas com coração, se é que elas têm esse coração, porque não aparenta. Furiosa, voltou para o apartamento e teve a sorte de chegar quando Erasmo se materializava para ela. Ali, contou a ele como esses dias têm sido horríveis, como a vida dela nesse lugar vem sido horrível. Implorou ao amante que ajudasse ela a sair dali, voltar a ser aquilo que sempre fora, um anjo.


 


         No sexto dia Dido não saiu de casa, mas Erasmo teve muito com o que se ocupar. Falou com seus superiores e o Superior, revelando-lhes o que Dido havia confessado e o seu desejo de voltar. Eles ouviram tudo com paciência, mas, com rostos visivelmente tristes, disseram a Erasmo que não havia o que ser feito. O único jeito de Dido voltar a ser anjo é que morresse de forma natural, e, se antecipassem ou interferissem nisso, ela viraria um nada, sumiria para sempre. Erasmo ficou desesperado. Se mantivessem o ritmo com que estavam, ela ficaria infeliz e ele muito fraco, capaz de, na pior das hipóteses, morrer. Foi então que o Superior deu-lhe uma luz, uma idéia que os ajudaria, mas que necessitaria de força de vontade para fazê-la. É o máximo que poderemos chegar, pensou Erasmo.


 


         No sétimo e último dia na cidade, Erasmo apareceu para Dido, com a ajuda dos superiores, preparado para contar-lhe as coisas discutidas no dia anterior.


 


- Dido, preciso que você se mantenha calma enquanto conto minha conversa com os superiores.


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Notas finais do capítulo

depois de algum tempo, estou postando novamente.
espero que tenham gostado deste capítulo. :D

críticas, elogios, comentários, receitas de bolo, não importa, mas deixe seu review e faça essa autora feliz!



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