A Infelicidade dos Anjos escrita por niimura
Notas iniciais do capítulo
Para mim, os anjos não tem coração.
Ela era única, só ela. Não confunda-se, ela não era sozinha. Na verdade, era cheia, cheia de tudo o que você possa imaginar. Tinha asas negras, mas não era má; tinha nos olhos o céu, tamanho o seu azul, tão infinito quanto sua mente. E, o que a mais fazia única, era o coração no íntimo do peito, necessitado e precioso. Ela era admirada pelo coração, mas também afastada pelo batimento. O que mais podia fazer, era diferente dos outros, e aceitava isso.
Ele a achava digna de idolatria. Era bela como o amor, era quente como o amor, era especial como o amor. Deus, ela era o próprio amor! E, além do mais, ela tinha o coração para sentir o amor, pra sentir ela mesma. Ele era incapaz de achar motivo de sua existência senão o fato de contemplá-la. Sim, meus caros, ele estava apaixonado. Estava inegavelmente confundido naquilo que tanto admirava.
Toda vez que se encontravam era diferente. Uma vez, ele parou e ficou encarando-a. Na outra, ela fez questão de invadi-lo com o olhar e sorrir. Numa terceira, olharam-se fixamente, levantaram as mãos e, muito sutilmente, tocaram as pontas dos dedos. Confirmo agora o amor dela por ele. A paixão dos dois. A pureza da felicidade.
Certo dia ela foi chamada pelo Superior.
- Como a senhorita sabe, tem uma distinção muito peculiar em relação a todos nós. Essa mesma distinção é característica crucial de outros. Sem explicação para como ocorreu isso que a diferencia, achamos que devemos lhe dar a chance de se juntar com aqueles outros que se assemelham a você. Está de acordo?
Ela ficou emocionada, excitada, com a idéia de conhecer aqueles com coração, assim como ela.
- Claro, senhor.
- Então, amanhã quando acordar será um deles.
Coincidentemente, quando saiu da sala de seu Superior, encontrou-se com ele.
- Ah, que bom encontrar-te! Não adivinharia, assim como mal consigo acreditar, no que o Superior me disse!
- Conte-me, então!
- Ah, Erasmo, - ao pronunciar o nome fez com que o peito dele aquecesse. - terei a chance de ser humana! Vou me juntar aos da terra, serei rodeada daqueles com coração! Estou tão contente!
Erasmo, o nome dele, soltou sem tom:
- Estou feliz por você, Dido. – atreveu-se a dizer o nome dela.
Dido, ela, olhou para ele com aqueles olhos azuis, que por ele tantas vezes tomados como malditos pelo fato de prendê-lo. Dos olhos trasbordavam a decepção.
- Não minta, não está feliz de verdade. Mentir é feio, não faça isso. – deu-lhe as costas e saiu.
Ele não foi atrás dela, naquele momento - o odeie se quiserem - a achava ingrata. Como pode olhá-lo e dizer aquilo com tamanha felicidade? De imediato, pensou Erasmo, já digo que aqueles humanos, que de verdadeiros “humanos’’ são poucos, nada tem a oferecer senão somente o coração e o pecado que os consome, o que ela, minha doce amada, poderia querer com aquele tipo? Segundo, continuou ele em devaneio, o que seria de nós? E o nosso amor, a nossa felicidade? Ela não sente culpa em permitir que nos separemos, que ficaremos longe um do outro? Bom, eu sinto a tristeza; ela, não deve sentir absolutamente nada.
Pobre Erasmo, tão certo, tão enganado. Dido, “a ingrata”, sentia mais do que o peito permitia-lhe. E o coração, machucado, só piorava a situação. Pensava ela: como pode alguém que por tanto sinto, ser incapaz de ficar feliz com a alegria minha? Sua afeição por mim se foi? Nunca deixei que fosse dúbio o que pensava em ser diferente; sempre mantive claro que a mágoa era o que mais me preenchia.
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espero que tenham gostado desse capítulo, pequeno porque só é uma amostra.
reviews e críticas sempre me deixam muito feliz! :D
E, caso não tenha ficado claro, ambos são anjos.