Forgetting. escrita por Zoë Nightshade


Capítulo 5
Capítulo 5.


Notas iniciais do capítulo

Algo me diz que vocês vão amar esse capítulo... ou não. uhsuasuh ^^ desculpem a demora.



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Acordo em um sobressalto e com a respiração acelerada. Sento-me na cama e por um segundo não consigo lembrar-me do motivo que me acordara aos prantos, mas logo as lembranças de meu sonho retornaram como se socadas em minha mente de uma só vez. Respiro fundo algumas vezes e então me levanto, dirigindo-me ao banheiro. Jogo uma considerável quantia de água fria no rosto e noto que este está pálido e com olheiras, causadas pela noite mal dormida.

Percebo ao sair do banheiro que estava sozinha na tenda. Olhei para o relógio e entrei em pânico ao ver que era mais de nove horas da manhã. Por que ninguém viera me acordar? Me visto apressada e assim que saio da tenda dou de cara com alguém, que me segurou pela cintura antes que eu pudesse cair. Oh-oh, eu penso, reconhecendo aquele aperto instantaneamente. Olho para cima e encontro duas safiras azuis me encarando em um misto de curiosidade e divertimento.

- Kelsey, você está bem? – ele perguntou e eu assenti enquanto recuperava a postura. Ele soltou um sorriso torto. – Ótimo. Estava mesmo te procurando. Preciso conversar com você.

De imediato fui tomada pelo pânico.

- Aconteceu alguma coisa com Ren? – indaguei cautelosamente, referindo-me ao tigre branco.

- Não, ele está bem, fique tranquila. Apenas quero falar com você sobre uma coisa.

Dei de ombros, ainda um pouco desconfiada.

- Claro.

Dhiren olhou rapidamente por cima de meu ombro.

- Hum... eu poderia entrar?  Seria mais confortável.

Fiz que sim com a cabeça e dei espaço para Dhiren passar. Ele rapidamente adentrou na tenda e sentou-se sobre um sofá de três lugares nos fundos. Seguindo seu exemplo, sentei-me na ponta oposta à que ele estava.

Dhiren me olhava fixamente, mas eu evitava cruzar nossos olhares. Após um tempo, pigarreei.

- Então...?

Ele pareceu ter acordado de um transe ao se ajeitar no sofá.

- Ah, sim. Claro – ele murmurou; em seguida olhou para as mãos e sorriu, retornando logo o olhar para mim, e aquele sorriso torto em seus lábios quase me fez perder a concentração.

Dhiren suspirou.

- Já nos encontramos antes? – ele perguntou, os olhos azuis com um brilho indecifrável.

Prendi a respiração e praguejei em pensamento. Droga. Por que ele perguntou isso?, eu pensei. Era óbvio que eu não poderia contar-lhe sobre meu sonho.

Antes que eu pudesse pensar em uma mentira suficientemente boa, Dhiren disse-me algo que fez todo meu corpo estremecer e lágrimas embaçarem minha visão. Ele ainda me olhava com aquele brilho estranho nos olhos, e de repente eu soube o que ele significava.

- Sabe, não foi nem um pouco legal você ter fugido da Índia logo depois de cumprirmos a primeira tarefa.

* * *

A única coisa na qual eu pensava naquele momento era: Como?

- Kells? – ele me chamou. Não consegui disfarçar a emoção em meu rosto, o que aniquilou todas as minhas chances de alegar não saber nada daquilo. – Por favor, não chore. Sei que você sabe do que estou falando. Apenas escute, certo?

Assenti uma vez, sem conseguir olhar para ele. Dhiren suspirou.

- Algumas noites atrás, uma antes de vir para este circo, eu tive um sonho... mas não parecia um sonho. Era real demais para eu ao menos pensar na possibilidade de ser um. Nele eu era...

- Um tigre – eu interrompi. – Parte homem, parte tigre.

Ele me olhou, surpreso.

- Você se lembra...

- Seria impossível esquecer.

Dhiren suspirou.

- Isso levanta outra questão. Afinal de contas, seria apenas coincidência termos sonhado com a mesma coisa ou o quê?

- Fruto da imaginação, talvez. Já li muitas histórias que coincidem com pelo menos parte do sonho. – murmurei, minha voz perdendo a força cada vez mais.

Pedi que ele contasse sua versão do sonho. Era idêntica a tudo que ele me contara durante o meu. Ele era um príncipe indiano com mais de trezentos anos, traído pelo irmão e sendo amaldiçoado a viver como um tigre e, após muitos anos, eu apareci para ajudá-lo a quebrar a maldição. Nossos sonhos eram iguais, diferentes apenas pelos pontos de vista.

Após um tempo de silêncio, Dhiren me chamou.

- Kelsey?

Olhei para ele.

- Poderia se aproximar um pouco? Quero testar uma coisa.

- Não acho que eu seja um boneco de testes – observei.

Dhiren sorriu.

- Claro que não é. Você é um rabanete, se esqueceu?

Não pude evitar sorrir e corar com a lembrança. Me aproximei e, no mesmo instante, Dhiren segurou acima de minha nuca e gentilmente me puxou para mais perto antes de juntar seus lábios nos meus – e um turbilhão de sentimentos explodir dentro de mim. Aquilo me lembrou tanto o nosso primeiro beijo que eu não me contentei apenas com isso e segurei seu cabelo, aprofundando ainda mais o contato enquanto brincava com os fios negros.

Não sei dizer quanto tempo aquilo durou, mas meu bom senso despertou quando percebi abruptamente que estávamos deitados sobre o sofá, meu corpo abaixo do dele. No mesmo instante separei nossos lábios, que ainda pediam por mais.

- Dhiren... – murmurei, uma parte de meu tom em reprovação e a outra como um suspiro.

Ele pareceu recobrar a consciência naquele momento e levantou-se, ficando em pé na frente do sofá. Permaneci sobre o móvel, sentada enquanto o observava. Seu rosto pensativo vez ou outra dava alguns sorrisinhos. Resolvi quebrar o silêncio.

- Por favor, não diga que isso foi esclarecedor ou algo do tipo.

Ele me olhou e seu sorriso se abriu por completo.

- Desculpe, mas vou ter que dizer. Você é, definitivamente, a Kelsey com que eu sonhei.

Opa.

- Espere aí, então quer dizer que há outras Kelseys? – levantei uma sobrancelha. Dhiren arregalou os olhos e seu rosto assumiu uma expressão de pânico. Eu ri. – Estou brincando, relaxe.

O silêncio que se seguiu me lembrou de uma coisa.

- Dhiren? Você realmente tem um irmão chamado Kishan? E o Sr. Kadam e Nilima existem?

Ele franziu a testa e pensou por um segundo antes de responder.

- Sim, todos eles existem. Kishan vive na Índia com nossos pais, mas está prestes a casar com, coincidentemente, Yesubai. Aliás, também não foi nada legal quando você me trocou por ele quando ainda me amava.

Eu sorri.

- Convencido. Me desculpe.

Dhiren prosseguiu.

- Kadam é um velho amigo de meu pai e Nilima é sua neta. São boas pessoas.

Outra questão surgiu repentinamente em minha cabeça.

- Mas e quanto a Durga? Eu não tinha conhecimento algum sobre a mitologia hindu antes do sonho.

Ele ponderou a pergunta por um momento antes de responder.

- Me desculpe, mas isso eu realmente não sei responder. – ele pegou um celular do bolso e suspirou. – Preciso ir agora.

- Dhiren?

- Sim?

Mordi o lábio.

- Qual é sua última lembrança do sonho?

Ele soltou um sorrisinho malicioso e olhou fixamente para mim.

- Tenho certeza de que é a mesma que a sua.

Corei furiosamente.

- Conversaremos novamente mais tarde, rajkumari.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? reviews?