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Ponto de vista Sam

Resolvi passar na casa de Tim. Fazia uns dois dias que não nos víamos. E ele precisava saber das coisas. Pelo menos de uma parte das coisas.

Achei melhor não contar á ele que eu e Freddie tínhamos nos beijado. Tim ás vezes parecia sentir ciúmes de Freddie ou qualquer garoto que chegasse perto de mim.

Quando cheguei lá, Tim me recebeu com um sorriso e um abraço apertado. Apenas retribuí.

- Sam! Você sumiu, o que houve?

- Muitas coisas. Posso entrar?

- Claro.

Contei á ele sobre meu pai e minha irmã.

- Eu acho que você devia tentar perdoar a sua mãe e conversar com seu pai.

- É, Freddie disse a mesma coisa.

Tim revirou os olhos.

- O que foi?

- Nada. – Ele olhou para baixo.

- Tim... De mim você não vai conseguir esconder as coisas.

- Ugh. Tudo bem. Vou falar tudo de uma vez. – Tim fechou os olhos e respirou fundo. Não sei porque, mas algo me dizia que eu não iria gostar do que ele estava prestes á dizer.

- Fala. – Segurei sua mão.

- Sam, eu... estou afim de uma garota. E faz muito tempo só que ela não percebe. Ela é minha melhor amiga e eu tenho muito medo de perder a amizade dela. Eu suspeitava que ela também gostava de mim, mas chegou um garoto e fez com que essas minhas suspeitas se transformassem em dúvidas. Não sei como consegui aguentar isso por tanto tempo, mas agora eu não consigo mais. Tenho que dizer... – Ele respirou fundo mais uma vez. – Sam, essa garota é você.

Fiquei paralisada. Vou confessar que isso não me pegou de surpresa, eu já tinha minhas suspeitas sobre sentimentos do Tim por mim. Mas nunca pensei que fossem tão fortes. Nós éramos melhores amigos, e depois disso com certeza nossa amizade não seria a mesma.

- Tim, eu...

- Não precisa dizer, Sam. Eu já sei.

- Sabe? Do que?

- Você não sente o mesmo. Não é?

- Olha, eu...

- Não precisa Sam. Não precisa tentar dizer alguma coisa que faça eu me sentir melhor. – Ele olhou para baixo. – Eu sei que você nunca amaria alguém como eu.

- Tim. – Apertei a sua mão – Não fica assim. Você vai encontrar alguém bem melhor que eu. Disso eu tenho certeza.

- Não Sam. Não há outra melhor que você. Eu posso até gostar de outras garotas, mas a única que eu sempre vou amar vai ser você.

- Você fala isso agora. Mas depois vai chegar alguém que vai roubar o seu coração e você vai conseguir se esquecer de mim. Eu prometo.

- Não prometa uma coisa que você sabe que nunca vai acontecer.

- Tim, por favor...

- Não Sam. Deixa. Eu só queria que você soubesse dos meus sentimentos. Apenas isso. Não esperava que você fosse dizer que sentia o mesmo. Eu te conheço e sei que você gosta do Freddie.

- Eu não gosto dele! Eu não gosto de ninguém, Tim!

- Isso não melhora as coisas.

- Tim... Eu sinto muito.

- Tudo bem. – Ele tentou sorrir. – Só espero que a nossa amizade não mude depois disso e que você não comente isso com ninguém.

- Claro. – Sorri. – Nossa amizade vai ser a mesma de sempre.

Meu celular tocou e pude ver que era minha mãe. Não sabia se atendia, fiquei parada encarando a tela.

- Atende. Pode ser importante. – Tim disse.

Maneei que sim com a cabeça e atendi o celular. Minha mãe disse que meu pai estava em casa e queria conversar com nós duas. Meu coração acelerou e eu acabei aceitando. Contei á Tim e ele disse que tudo daria certo. E eu adorava isso nele. O jeito dele de me encorajar pra fazer as coisas, de pensar positivo realmente me ajudava.

Sorrimos e eu fui embora.

Ponto de vista Freddie

Acordei com o galo cantando. Não me aborreci, já estava acostumado com isso. Fiz minha higiene, troquei de roupa e desci. Tia Tarcy estava lá em casa conversando com minha mãe, tia Carmen e tio Karl. Pareciam estar falando de um grande evento.

- Eu sei, Carmen. Mas não podemos deixar isso para a última hora! Alguém tem que cuidar da comida. – Disse tia Tarcy.

- Eu já disse que posso cuidar da comida. – Insistiu tia Carmen.

- Sozinha? Nem pensar.

- Eu posso ajudar Carmen com a comida. – Minha mãe falou.

- Ah, seria ótimo Marissa! Obrigada!

- E eu, o que vou fazer? – Perguntou tio Karl.

- Você vai me ajudar com os preparativos do evento! – Respondeu tia Carmen.

Não estava entendendo nada do que eles estavam falando, então resolvi aparecer.

- Ah, Freddie! Venha, se junte a nós!

- O que está acontecendo? – Perguntei.

- Estamos organizando o Show de Hipismo.É um evento onde os profissionais daqui montam nos cavalos e participam de provas. Vai ser neste fim de semana. Todo ano fazemos isso!

Fiquei me perguntando da onde conhecia esse Show de Hipismo e então me lembrei da história de Sam. Imaginei por um momento o quanto ela devia odiar esse evento.

- Ah. E alguém daqui do condomínio participa?

- Sim! Agatha é uma das melhores. Não sei se você a conhece, mas ela monta muito bem! – Disse tia Tarcy.

- É... Já tive a oportunidade de conhecê-la. – Tentei forçar um sorriso. – Bem, se vocês quiserem, eu posso ajudar.

- Claro! – Disse tia Carmen. – Você pode escovar os cavalos junto com aquela Samantha.

- Eu... Não acho que seria uma boa ideia, Carmen. – Minha mãe disse.

- Eu acho uma ótima ideia. Adoro cavalos. – Sorri.

- Ótimo então! A Sam vai começar a dar banho nos cavalos daqui a pouco. Você pode encontrá-la lá no estábulo!

- Ok.

- Freddinho, quero falar com você. Vem aqui. – Minha mãe me puxou pelo braço e me levou até um canto da sala. – O que pensa que está fazendo?

- Ajudando?

- Você sabe muito bem que eu te proibi de ver a Samantha!

- Eu a vejo quase todos os dias e você nem sabe.

- O quê?!

- Olha mãe, você precisa acreditar em mim. Não foi ela quem me embebedou. Eu vou provar isso. Só espere.

- Ugh. – Ela bufou. – Tudo bem.

- Bem, eu vou pro estábulo dar banho nos cavalos.

Me retirei da casa do tio Karl indo em direção ao estábulo. Sam já devia estar lá. Não sei porque, mas até que a ideia de dar banho nos cavalos com ela não era tão ruim assim. Eu estava até feliz.

Mas eu mal sabia que essa minha felicidade duraria tão pouco.

Cheguei no estábulo e dei de cara com Tim. Não sabia o que ele estava fazendo lá, mas fui simpático.

- Ei, cara. – Sorri.

- Ah, oi. – Ele não pareceu muito animado ao me ver.

- Então, vai ajudar a dar banho nos cavalos também?

- Como assim também?

- É que eu também vou.

Tim revirou os olhos.

- O que houve?

- O que houve? Freddie, eu já estou cansado! Cansado!

- Do que? – Tentei entender.

- De você tentando se aproximar da Sam. Tentando tirar a Sam de mim!

- Cara, eu não to tentando tirar a Sam de você.

- Não? Então porque você está aqui? Simplesmente pelos cavalos? – Tim deu uma pausa, como se estivesse esperando uma resposta. – Não. – Ele mesmo respondeu. – Eu sei que você está aqui por causa dela.

- Olha, não fui eu quem escolhi o que eu iria fazer! Minha tia simplesmente disse para eu vir escovar os cavalos, então é o que eu vim fazer!

- Freddie, eu já te avisei pra não roubar a Sam de mim. Eu avisei!

- E eu não estou roubando! Nós somos apenas amigos, Tim! Se controle!

- MAS EU A AMO! DEMAIS! E VOCÊ ESTÁ ESTRAGANDO TUDO!

- O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?! – Sam gritou, chegando no estábulo. – Dá pra ouvir os gritos de vocês dois lá da minha casa, sabia?

- Não fui eu quem comecei. – Falei.

- Você começou tudo quando você chegou aqui!

- Vocês dois, parem! E me expliquem o que os dois estão fazendo aqui.

- Eu vim escovar os cavalos, tia Carmen me mandou. – Falei.

- Eu vim... Ver se você queria ajuda, Sam.

- Eu não preciso da ajuda de nenhum dos dois!

- ARGH! – Tim bufou e saiu com raiva do estábulo.

Não sabia o que dizer pra Sam.

- Você vai me contar tudo o que aconteceu aqui! – Ela praticamente gritou. Estava sem paciência. Típico de uma Puckett.

Contei tudo á ela.

- Me desculpe, Sam. Não queria brigar com Tim.

- Ai que droga! – Ela colocou a mão na cabeça.

- Você contou a ele sobre... – Engoli em seco. – O beijo?

- Não! Você tá doido?! Como quer que eu fale disso com ele?!

- Então porque ele estava gritando comigo e dizendo que eu estava roubando você dele?

- Porque ele sente ciúmes, Freddie. Ele me ama.

- Jura? – Ironizei.

- Sem piadinhas, Freddork.

- Porque você não fica com ele?

- Porque ele é meu amigo. E eu não o amo. Eu iria acabar iludindo-o. Ia ser pior, acredite em mim.

- Pensando por esse lado, até que você tá certa.

- Enfim... Você tem mesmo que escovar os cavalos comigo?

- Acho que sim.

- Então começa logo, tá esperando o que?

- Vamos dar banho neles aqui?

- Não. Vamos pra trás do estábulo, lá tem mangueiras.

- Mangueiras?

- É. Mangueiras. Agora anda. – Ela falou sem paciência. E eu não a culpava. Com certeza aquele Show de Hipismo devia deixá-la nervosa e somando com a cena que ela tinha acabado de ver no estábulo... Ela tinha razão de estar brava.

Chegamos atrás do estábulo e eu ajudei Sam a dar banho em uma égua marrom, cujo nome era Gabrielly.

- E então... – Tentei puxar algum assunto. Aquele silêncio já estava constrangedor. – Já conversou com sua mãe?

- Sim. Estamos meio que bem. Ontem meu pai foi lá em casa e nós três conversamos. Ele disse que minha irmã está na casa dele, ela não veio. Mas ele me perguntou se eu não queria passar as férias do próximo ano com eles.

- E você aceitou?

- Eu disse que iria pensar. Na verdade, eu não sei muito bem.

- Se eu fosse você eu ia. De repente pode ser legal. Onde eles moram?

Ela suspirou.

- Nova York.

- Eu também moro em Nova York!

- Eu sei. Mas isso não quer dizer que vamos nos ver ou qualquer coisa no tipo. Eu nem sei se vou.

- Ah. Entendi. Posso te fazer uma pergunta?

- Você vai fazer mesmo se eu disser que não?

- Vou.

Ela revirou os olhos.

- O que é?

- Você gostaria de voltar a competir?

Senti que essa pergunta mexeu um pouco com ela. Já sabia que a resposta seria sim.

- Eu... Sempre sonho com isso, mas não daria certo. Eles vão pensar que eu vou quebrar a pata de mais um cavalo.

- Não, Sam. Eles não podem te proibir. E eu aposto que você monta muito bem.

- Freddie, isso não daria certo.

- Daria. Você sabe que daria. Você sabe montar, Sam. E com certeza é melhor que Agatha. Vai por mim. Se inscreve. Aposto que você vai ganhar esse Show de Hipismo.

Sam sorriu. Percebi que aquilo era tudo o que ela queria.

- Eu tenho medo. Tenho medo de fracassar. – Ela olhou pra baixo.

- Você não vai fracassar. Eu te prometo. – Sorri.

- Obrigada. Eu... Vou pensar sobre o assunto.

Sorrimos e continuamos escovando o cavalo.

Ponto de vista Tim

Saí do estábulo com raiva. Não conseguia entender como Sam não podia me amar.

Eu não queria conversar com ninguém, mas é claro que tive que esbarrar com alguém no meio do caminho.

- Dá licença. – Fui grosso e nem olhei pra cara da pessoa.

- Tim. – Reconheci a voz. Era Agatha. – O que houve?

- Nada. Deixa eu passar Agatha.

- Espera! – Ela segurou meu braço. – Pelo visto você não está nada bem. Não quer conversar um pouco? Desabafar faz bem.

Eu podia dizer que não e sair dali deixando-a sozinha. Mas Agatha não merecia isso. Ela não parecia ser legal e apesar de todo o ódio que Sam sentia por ela – sem motivo nenhum, acredito eu – eu resolvi aceitar. Talvez ela estivesse certa. Talvez eu precisasse desabafar um pouco.

Fomos para debaixo de uma árvore e nos sentamos em um banco que tinha ali.

- Então? – Ela perguntou. Respirei fundo para começar.

- É sobre a Sam.

- Ah, Sam. Você gosta dela, não é?

- Já está tão na cara assim?

- Sempre esteve.

- Ah. – Suspirei.

- O que houve dessa vez? Ela te deu um fora?

- Não é isso... Eu contei pra ela os meus sentimentos. E ela não sente o mesmo. Isso eu já esperava. Mas sabe o que mais me mata? O Freddie. Ele sabe que eu amo a Sam e fica se aproximando dela só para me fazer ciúmes. E o pior de tudo é que a Sam sempre fica do lado dele. Agora mesmo eles estão lá juntos, escovando cavalos.

- Eu sinto muito Tim. Mas se você quiser, eu posso ajudar. – Ela sorriu.

- Como assim ajudar?

- Você pode ter a Sam só pra você, Tim. Eu tenho um plano perfeito que vai ajudar a você e a mim.

- Qual plano?

Ela riu.

- Eu só te conto se você concordar. Mas, eu vou te dar um dia pra pensar direito. Só lembre-se que você pode ter a Sam nas suas mãos. Para sempre.

Depois de dizer isso ela saiu e me deixou sentado no banco. Vou confessar que não sabia o que fazer.