Acidentalmente Amor escrita por mebealine


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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...

Ponto de vista Sam


Levantei cedo até demais, mas não ligava. Troquei de roupa, desci as escadas e fui tomar café com a minha mãe que já estava acordada.

- Oi mãe.

- Bom dia. – Ela forçou um sorriso.

- Argh... O que eu fiz dessa vez?

- Como assim?

- Eu te conheço Pam Puckett. Me diz, o que eu fiz?

- Bem... Marissa me contou que você embebedou Freddie. Não quis acreditar nisso.

- O quê?! É claro que eu não fiz isso! Aquela va... – Pensei antes de falar. – Aquela cobra da Agatha mentiu pra ela. Mas a verdade é que foi a Agatha que o embebedou e não eu.

- Suspeitei. – Minha mãe sorriu. – Mas enfim, eu vou pro trabalho encontrar o meu gatão. – Se levantou.

- O que?

- Meu novo namorado, o doutor Paul. Te falei sobre ele...

- Ah, claro. – Fingi ter lembrado. – Boa sorte com ele. Espero que não seja casado.

- Não, eu já saí dessa de homem casado... Depois que a mulher do Phil arrumou um barraco na empresa, eu desisti.

- Claro...

- Bom, tchau.

- Tchau.

Ela saiu e eu apenas revirei os olhos, me perguntando quando minha mãe ia parar com isso.

Tomei meu café da manhã e fui para o estábulo. Sabia que Carly não estaria lá tão cedo, eram 6:00. Mas eu não ligava, podia aproveitar e ficar um pouco com Hensey.

Quando abri a porta do estábulo, me deparei com alguém que eu não esperava encontrar lá dentro.

- Oi. – Freddie sorriu meio sem jeito.

- Nerd! O que você tá fazendo aqui? – Fui grossa.

- Calma! Eu só vim aqui pra... pensar.

- Pensar? Isso você pode fazer sozinho com aquele iPod  no seu quarto!

- Olha Sam se eu soubesse que iria te encontrar aqui, nem teria vindo ok?

- Tá, ótimo saber disso. Então já que eu estou aqui, saia. – Apontei para a porta.

- Você não manda em mim. – Ele revidou.

- Olha aqui seu merda, é melhor você não me provocar!

- Eu já te disse que não tenho medo de você!

- Cala a boca! – Gritei.

- Olha Sam você tem que parar de ser assim. Grossa. Nenhum garoto vai querer chegar perto de você. É por isso que você é sozinha. É por isso que você só tem a Carly e o Tim como amigos. Porque ninguém consegue ficar perto de uma pessoa como você por muito tempo. Nem sei como eles conseguem! – Freddie praticamente cuspiu essas palavras em mim.

Aquilo me machucara de uma forma que ninguém pode imaginar. Pensei em qualquer fora para dar, mas não saía. A minha única escolha foi olhar para baixo segurando as lágrimas. Afinal, eu sabia que tudo o que ele dissera era verdade.

- Sam... – Ele falou um pouco baixo.

- SAI DAQUI! SAI DAQUI SEU NERD ESQUISITO, SEU MAURICINHO DE MERDA, VAI EMBORA DAQUI, VAI EMBORA DESSE LUGAR, EU NÃO QUERO MAIS OLHAR PRA SUA CARA! – Gritei, com os olhos cheio de lágrimas. Vi que Freddie ia dizer alguma coisa que simplesmente não saiu. Ele engoliu o seco e passou por mim, indo em direção a porta.

A única coisa que eu fiz foi sentar-me em banco que havia ali e chorar. Encarei Hensey por um minuto que estava com os olhos tristes.

- Você não acha isso de mim, acha? – Falei sussurrando. Sim, eu poderia estar maluca, estava falando com um cavalo. Me aproximei dele e o abracei. Eu sabia que ele estava sentindo a minha dor. Eu sabia que Hensey era um bom amigo. Todas as vezes que eu ficava triste, eu simplesmente o procurava. E quando ele me via chorar, abaixava a cabeça e eu podia ver tristeza em seu olhar. E aquilo bastava para me fazer feliz novamente.

Ponto de vista Freddie


Saí do estábulo com a cabeça quente. O que eu fiz? Não devia ter dito aquilo pra ela. Eu sabia que Sam estava chorando naquele momento. Resolvi caminhar um pouco pra ver se passava, mas eu ainda me sentia culpado. Tomei uma decisão sem pensar duas vezes. Voltei para o estábulo, mesmo sabendo que poderia sentir a bela mão de Sam na minha cara.

Quando eu entrei lá não vi ninguém. Mas quando olhei direito, pude vê-la no chão, abraçando os joelhos de cabeça baixa. Uma lagrima intrusa saiu de meus olhos, mas logo a limpei. Não podia deixá-la assim.

- Sam... – Comecei. A loira levantou um pouco a cabeça e pude ver que seu rosto estava todo vermelho e molhado. – Por favor, não faz isso.

- Eu mandei você ir embora. – Ela falava em meio a soluços.

Me sentei ao seu lado e segurei a sua mão.

- Eu não vou embora.

- Por que?

- Porque eu magoei você. Me desculpa. – Olhei para baixo.

- Olha Freddie... Você não está errado. Eu realmente não sou o tipo de menina que todo garoto espera encontrar.

- Eu não quis dizer isso, eu estava de cabeça quente e só... – Ela me interrompeu.

- Mas tem um motivo pra eu ser assim.

- E qual é o motivo? – Gaguejei. Não sei porque eu tinha feito essa pergunta se estava com medo da resposta.

- Eu era pequena... Tinha uns 10 anos. E montava á cavalo. Sabe, eu costumava correr. Todos sempre me elogiaram, falavam que eu corria muito bem e que devia entrar no ‘’Show de hipismo’’. É um evento de hipismo que acontece por aqui todo ano. E eu entrei, animada é claro. Lá eu conheci Agatha. Ela no início foi minha amiga. Me ajudava a montar, já que ela fazia aquilo desde novinha. Ela sempre concorreu e sempre ganhou. Eu não seria um problema para ela... Pelo menos foi o que ela pensou. O dia da competição chegou e eu ganhei. Ela ficou furiosa e disse que eu ia pagar por isso. Não liguei muito, eu só tinha 10 anos. Mas ela levou isso bem á sério. No ano seguinte, outra competição e eu iria participar. Eu sempre corri com o Hensey, ele já é um cavalo treinado para isso. Mas Agatha deu um jeito de colocar um cavalo muito parecido com ele que não era treinado. E lá na hora, eu acabei caindo e me machucando muito feio pois o cavalo não me obedecia. Eu fui para o hospital, fiquei 3 dias lá. Quebrei alguns ossos, mas no final, tudo ficou bem. Quando encontrei Agatha de novo ela começou a me humilhar. E a me chamar de perdedora. Falou para todos que eu mal sabia coordenar meu próprio cavalo. Mas eu sabia que tinha algo errado ali. Então, eu soube que o cavalo tinha quebrado uma pata. Fiquei sentida, e quando fui ver o verdadeiro Hensey, vi que ele não tinha nenhuma pata quebrada. Eu poderia contar essa história para todo mundo, mas não contei. Porque quem iria acreditar que uma menina de 11 anos fez isso tudo? Agatha sempre teve a fama de santinha. E a partir desse dia, eu nunca mais competi, pois não permitiram. Eles disseram que eu não sabia montar. – Ela falou com os olhos cheios d’água novamente. – É por isso que eu sou assim. Sabe, eu já tentei deixar de ser. Mas eu não consigo. Ninguém sabe dessa história, a não ser você. Então por favor, não conta pra ninguém.

Essa história me comoveu. Então esse era o motivo de Sam ser assim e de odiar tanto Agatha. Agora tudo fazia sentido e aquilo só fez a minha culpa ficar ainda maior.

Me aproximei e a envolvi em um abraço apertado. Sam já chorava descontroladamente e, ao contrário do que eu pensei, ela devolveu o abraço. Depois de alguns minutos o silêncio tomou conta do lugar. Eu senti que Sam não ia dizer mais nada, então resolvi começar á falar tudo o que eu tinha pra dizer.

- Sam... Eu não sei o que dizer... Me desculpa. Quando eu disse aquilo era porque eu estava nervoso. Não foi minha intenção magoar você.

Ela encarava o chão, imóvel. Por um momento, pensei que ela não estivesse me ouvindo.

- Você não me magoou, nerd. Sua opinião é a que menos me fere. – Ela falou sem tirar os olhos do chão. Aquilo doeu um pouco, mas fiquei calado. E ela continuou. – É que eu só queria que as pessoas parassem de ficar pensando coisas sobre mim sem antes conhecer tudo o que eu passei. Isso que eu te contei Freddie, é só o começo.

- Como assim só o começo?

Ela suspirou.

- Meu pai. Ele e minha mãe viviam discutindo e ele saiu de casa. Não me lembro muito bem do seu rosto, mas a lembrança mais recente que eu tenho é do seu sorriso. Enfim, eu sinto falta dele. Sinto falta de um pai. Esses namorados que a minha mãe arruma não conseguem substituí-lo. E o que mais me dá raiva é que meu pai não quer saber de mim. Ele não se importa comigo. Ninguém se importa comigo.

- Isso não é verdade, a Carly se importa com você. O Tim se importa. E... Eu me importo.

Ela soltou uma gargalhada alta.

- Ah, Benson faça-me um favor! Você me odeia, e eu te odeio. É assim que funciona. – Ela sorriu de novo.

- Porque nós não podemos ser amigos, Sam?

- Não começa com isso, ok?

- Ok. – Olhei para baixo. – Acho que você e Agatha deviam conversar sobre isso... Sabe os anos se passaram e ás vezes ela não é tão malvada quanto você pensa que ela é.

- Porra Benson! Para com isso. Para de ficar defendendo essa vadia. Já basta a Carly e todos ao meu redor!

- Eu não estou defendendo Sam! Você tem que parar com essa mania de achar que qualquer coisa que eu digo em respeito á ela quer dizer que  eu estou apoiando-a. Só quero que as coisas melhorem entre vocês! – Aumentei o tom da voz.

- As coisas nunca vão melhorar entre a gente. Você entendeu? Nunca!

- Ótimo, e aí você vai ficar chorando, o tempo todo, sofrendo e não vai ter ninguém pra te ajudar porque você  não se mexe, não faz nada pra mudar essa situação!

Ela abriu a boca pra falar alguma coisa, mas se calou. Droga, eu tinha estragado tudo de novo.

- Me desculpa... Sam, eu não queria...

- Você nunca quer, não é? Nunca quer me magoar, mas sempre magoa.

- Mas você disse que... Minha opinião era a que menos te feria.

- Sim. Mas eu não disse que não feria. Você tem noção do quanto eu tento ser forte? Do quanto eu tento ignorar essas opiniões sobre mim? Mas simplesmente não funciona Freddie. Porque quando eu tenho quase certeza de que estou conseguindo ignorar tudo isso, quando eu tenho quase certeza de que as pessoas estão desistindo de ficar opinando sobre mim, alguém chega e faz isso. – Ela voltou a chorar. – Alguém chega e me derruba de novo.

- Eu... – Olhei para baixo. – O que eu posso fazer pra você me perdoar?

- Isso é o de menos. Já cansei de perdoar as pessoas.

Um silêncio se formou no estábulo novamente. Eu queria dizer alguma coisa, qualquer coisa que pudesse fazê-la sorrir, mas eu simplesmente não conseguia. Toda vez que eu abria boca, falava besteira.

- Talvez você esteja certo. – Ela falou baixinho. – Nenhum garoto nunca vai querer olhar pra mim. Porque eu sou grossa, eu sou fria...

- Não fala isso. Olha, cada um tem seu defeito. E você tem que dar graças por ter milhares de qualidades.

- Quais qualidades Freddie? Quais? Não tente me iludir com isso. Eu não tenho.

- Você tem esses olhos azuis, da cor do oceano. Aposto que qualquer garoto se perde quando olha para eles. Você tem esse sorriso encantador. Sabia que quando eu te vi na festa de Boas-Vindas uma das primeiras coisas que eu notei foi no seu sorriso? E esses cabelos cor de ouro. Qualquer garota te inveja por causa desse cabelo, eu tenho certeza. Você também se preocupa com seus amigos. Quando a Carly estava chorando, você praticamente entrou em desespero e fez de tudo para ajudá-la. Você é forte, com tantos problemas assim você ainda consegue sorrir e ainda superou tudo isso.

E pela primeira vez naquela manhã, eu senti que tinha falado a coisa certa. Sam me encarou por alguns segundos e depois um sorriso se formou no seu rosto. Ela ia falar alguma coisa quando foi interrompida.

- Oi Sam e... Ahn, Freddie. – Carly entrou no estábulo, estranhando.

- Oi. – Falei meio sem graça.

- Hey Carls.

- Sam você estava... Chorando?

- Não. Quer dizer, é que eu caí. Mas eu já estou bem.

- Ah. E você vai andar á cavalo?

- Sim. – A loira se levantou. – Vamos?

- Aham... – Ela passou um olhar para nós dois que eu não entendi muito bem. – Então, estou esperando lá fora.

Me levantei também e ajudei Sam a pegar o Hensey.

- Eu não preciso de ajuda!

- Deixa de ser orgulhosa!

- Ahn... Freddie. Obrigada. – Ela pareceu meio desconcertada. – Não sou muito boa com isso de agradecimentos, mas... Enfim. Valeu.

- De nada, Puckett. – Sorri e senti Sam me dando um beijo na bochecha. Depois disso a loira foi embora com seu cavalo. 


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Notas finais do capítulo

Bom gente, tenho que assumir pra vocês que eu sinceramente não gostei muito desse capítulo, tudo bem que Sam e Freddie estão se reaproximando e tal, mas sei lá, tem muito ''draminha'', sabe, essa história toda da Sam e eu acho que eu não escrevi muito bem essa parte. Enfim, eu acho que agora eu vou voltar a postar como antes (todos os dias) e, por favor, não me abandonem.