Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 9
Festa? Está mais para purgatório


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores amados! Então, eu fiz uma fic — respirem fundo — mas é uma oneshot, ou seja, capítulo único õ/ Não me matem, mas será que vocês poderiam dar uma lidinha? *cara do gato do Shrek* http://fanfiction.com.br/historia/290489/Heart_Ice/ Façam uma alma feliz! Ok, parei. Boa leitura !!!



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Na noite passada, depois de receber vários sermões da minha vó, sobre como uma dama deve se portar, e blá blá blá, e que eu era uma moça de família, e não sei mais o que lá, tive que implorar para não ficar de castigo e poder ir na festa de Romeu. E adivinha? Eu consegui, óbvio. Adelina é imbatível, com certeza.

— Ô vó, vem aqui um pouquinho!

Ela entra no meu quarto postiço com seu avental roxo com margaridas. Eu que dei, afinal, meu bom gosto é incontestável.

Estar de bom humor é tão... Bom!

— O que foi Adelina?

— Qual você acha que fica melhor? — Aponto para dois vestidos em cima da cama. Um era prata e curto, tomara que caia. O outro era negro, com pequenas e delicadas alças, e sua saia rodada ia até os joelhos. O decote era generoso.

— Achei os dois um pouco vulgares.

Mais uma vez minhas pupilas quase caem no assoalho.

— Vulgares? Da onde! São super chiques!

— Aham, se estava tão decidida a usar um dos dois, por que pediu minha opinião?

Pior né.

— Eu não perguntei se você gostou deles, eu quero saber qual você prefere.

— O preto.

Com isso ela volta para cozinha, seu lugar preferido.

Coloco o vestido, e prendo meu cabelo em um coque. Um pouco de maquiagem, e prontinho.

Como meu equilíbrio é perfeito — oi ironia — coloco uma sapatilha prata. Pego meu celular, algum dinheiro e o presente que comprei mais cedo. Romeu me ligou ontem, me passou o endereço e falou para estar lá por volta das sete.

Olho para meu celular, e vejo que são seis e meia.

— Vó, eu já vou indo. Até depois.

Estou quase passando pela porta quando ela me manda esperar. Viro-me de frente para ela.

— O que foi?

— Rafael vai te levar.

O QUÊ?!

— Mas vó...

— Ou é isso ou você não vai. Eu já falei com ele, que já está te esperando na frente do portão. Não volte muito tarde.

— Ok.

Pego o elevador, para não estragar meu coque descendo as escadas.

Quando chego ao portão, quase tenho uma parada respiratória.

Rafael está encostado em uma moto prata. Qual é, o universo está conspirando contra mim?

— Finalmente. Achei que tivesse caído das escadas, ou se engasgado com a própria saliva. Afinal, qualquer coisa pode vir de você.

— Você está tentando me insultar? Como se já não fosse ruim o suficiente eu ter que ir com você. Aliás, você não espera que eu vá nessa moto, né?

— Se você preferir, eu vou de moto e você vai a pé.

— Era esse meu plano.

— Mas sua vó com certeza não vai gostar.

— Ok, vamos acabar logo com essa tortura. Anda, sobe aí e me diz o que eu tenho que fazer.

Ele sobe e me manda subir atrás.

— Espera ai, mas eu tô de vestido!

— Problema o teu, agora rápido, eu não tenho a noite toda.

Pulo na garupa, e sinto que vou cair.

— Ok, para a sua segurança, aconselho que aperte as pernas ao meu redor, e passe os braços na minha cintura. Mas não aperte muito.

Quase mando ele pro inferno, mas acabo obedecendo. Que vergonha, porque raios fui por um vestido que deixa tanto a mostra?

Ele grunhe.

— Se segure.

E me agarro nele, como se minha vida dependesse disso, o que não está muito longe da verdade.

Fico com os olhos fechados todo o trajeto, torcendo para ficar viva. Quando ele para, estou em estado de choque, e ainda não consigo me desgrudar dele.

— Ok, já pode me soltar. Não se preocupe, terá a volta também para ficar me apertando com tanto afinco.

Imediatamente me solto dele, e corro para dentro do quintal da casa, que tem um barulhão saindo de dentro. Fora as luzes que ficam piscando, e que quase me cegam.

Vejo Romeu pôr metade do corpo para fora da porta. Está rindo feito uma mula, com uma garota qualquer grudada em suas costas. Ele levanta uma garrafa em minha direção.

Bêbado. Que ridículo.

— Adi! — nom, ele não me chamou de Adi, né? Caramba, ele me chamou sim!

— O quê, seu bastardo!?

— Vem aqui me dar feliz aniver, vem!

Acho que ele nem entendeu que eu acabei de falar mal dele da minha maneira super fashion. Pego na minha pequena bolsa o presente que havia comprado mais cedo. Aproximo-me dele e dou um chega pra lá na piriguete, que me olha com cara me espiga de milho.

— Feliz aniversário ser extraterrestre para os outros extraterrestres!

— Hnm, tá né. Obrigado Adi!

Adi de novo!?

— Te comprei um presente!

Estendo a caixinha dourada. Ele a pega super empolgado, deixando de lado a garrafa de cerveja. Ele me olha com um ponto de interrogação no meio da cara.

— Por que você me deu uma bombinha pra asma? Eu nem tenho asma!

— Nunca se sabe né. É melhor prevenir a remediar. — Dou de ombros.

— Parabéns garotão, — Rafael o abraça de forma muito máscula. Garotos — Eu comprei pra você.

Ele estende um pacote azul escuro.

Quando Romeu tira um CD lá de dentro, ele parece bem mais empolgado do que com o meu presente. Caramba, isso que dá se preocupar com a saúde alheia. Mal-agradecido.

— Mas e então, vai me deixar aqui fora, pegado sereno?

— Quem é o Sereno?

Nossa, que tapado.

— Meu amante. Vai ou não vai me deixar entrar?

Ele acena para mim, me convidando a entrar. Quando entro, sou bombardeada por luzes piscadoras e multicoloridas. Quase fico cega, na verdade. Mas como sou ninja, logo me adapto.

Pessoas que possuem cabelos e cabeças estão espalhadas por todos os cantos da casa, muitos com um copo na mão. Credo, que falta de senso de higiene. Cruzes.

— Ei, você, quer dançar comigo?

A música de repente ficou insuportavelmente alta, e precisei me esforçar muito para ouvir o garoto moreno do sorriso irresistível. Ele me convidou para dançar! Avá.

— Sim.

Não sei por que, mas respondo olhando diretamente para Rafael, que aperta os olhos, mas logo começa a conversar com uma garota com um vestido-blusa. Minha vó deveria ver, para ter uma ideia de “vulgaridade”.

O moreno me guia até onde outras pessoinhas estão dançando. O folgado logo põe as mãos na minha cintura, mas inacreditavelmente não dou uma voadeira nele. Inacreditavelmente também não compreendo porque estou olhando para Rafael, e desejando que ele me olhe.

E ele olha. E quando olha, assume uma expressão estranha, que logo é substituída por outra, quando se inclina em direção ao pescoço da sirigaita, enquanto sussurra algo. Ela, toda assanhada, abre um super sorriso oferecido e concorda. Puxa o Rafael perto de onde estamos.

Eles começam a dançar uma dança lenta e vulgar, na minha opinião.

E eu?

Bom, eu chego bem mais perto do meu moreno desconhecido. Colo nossos corpos, embora não sinta uma fagulha de atração por esse ser.

Danço de uma forma que não me orgulho muito, mas sempre olhando para meu mega hiper super inimigo. Ele não fica para trás, se esfregando naquela menina que vai virar mãe logo logo.

Quando ele morde o ombro exposto da megera, simplesmente não me seguro, agarro o completo desconhecido e tasco um beijo de tirar o folego nele. O garoto a princípio não corresponde, mas quando sua surpresa passa, ele toma as rédeas da situação. Começa a me apertar em lugares inapropriados. Mas logo não estamos mais nos beijando, pois uma maluca me tira de cima dele. Uma maluca bem mal nutrida, devo dizer. E destituída de estrogênio.

— Sua piranha! Como ousa encostar no meu namorado?!

Parece que alguém andou pulando a cerca.

— Filha, escuta aqui. A culpa não é minha se você não soube apertar a coleirinha dele, tá? E também não é minha culpa ele pedir pra dançar comigo. — Só o beijo foi culpa minha. Admitir? Nunca. — Mas também, — a olho de cima a baixo — não é de se admirar, com uma namorada feito você.

Como eu amo ser má.

— Sua...

— Não — levanto uma mão, com uma postura de total tédio — por favor não venha encher minha paciência. Vá dar um jeito no seu namorado, e vê se desencana, garota.

Na maior cara de pau, saio daquele amontoado de pessoas, que esperavam uma briga, certamente.

Pego um copo com refrigerante que está dando sopa, e mando as bactérias sumirem dali.

— E ai Romeu! Festa legal.

— Valeu! Escuta, posso te fazer uma pergunta?

— Já fez.

Ele me olha confuso.

— Não, na verdade ainda não fiz.

Suspiro para a incapacidade mental dele.

— Tá, pergunta.

— Se uma pessoa comer o pó da gelatina, e depois tomar água, e depois colocarem ela num congelador, faz gelatina no estômago dessa pessoa?

Pisco pra ele. Vamos dar um crédito, o garoto está bêbado.

— Sinceramente não sei. Mas se a pessoa cheirar o pó da gelatina, com certeza vai ficar igual a você.

— Isso é bom, certo?

Dou de ombros.

— Depende do ponto de vista. E da pobre alma que cheirar.

Ele suspira aliviado.

— Dança comigo?

Dou um pulo quando Rafael encosta no meu ombro, me fazendo um pedido idiota.

— Sim. — Que eu respondo de forma extremamente idiota.

— Vem. — Ele me puxa pelo braço, e simplesmente me deixo levar.

No meio de tantas outras pessoas dançando, me sinto pequena, mesmo não sendo baixinha. De frente para Rafael, me coração começa a galopar. Eu sabia que não devia ter bebido aquele refrigerante! Agora as bactérias estão me causando sensações estranhas!

Sinto algo muito estranho quando é ele quem põe as mãos na minha cintura, apertando levemente. Passo uma mão em seu peito, muito musculoso por sinal, enquanto subo, passando por seu pescoço e sentindo sua pele se arrepiar, e então pouso em seu rosto. Ele é tão... Macio. E seus olhos estão mais escuros, o que faz com que meu estômago rodopie. Mas seus lábios... Céus, como uma pessoa tão odiosa assim pode ter lábios tão, tão convidativos?

Suas mãos sobem pelas minhas costas, de forma lentamente dolorosa. Então ele me puxa contra si, e eu passo meus braços ao redor de seu pescoço. Seus olhos fitam minha boca de forma intensa, e não sou capaz de impedir o que vem em seguida.

Nossos mundos se chocam de forma arrebatadora quando nossos lábios se encostam. Enquanto o beijo se aprofunda, tento lembrar-me do meu nome, e de onde estou.

Tudo que sinto são suas mãos me explorando e nossas línguas dançando. Agarro seus cabelos, enquanto digo para mim mesma que esse beijo não significa nada. Nada.

Quando o ar começa a fazer falta, nos separamos, com muita dificuldade. Passo a encarar meus sapatos de forma ofegante, me repreendendo por ter sido tão fraca. E tentando pensar em um plano para me livrar da sensação de incerteza.

Antes que possa pensar melhor, minha mão deixa uma marca vermelha em seu rosto. Isso que é contradição, estapear o cara que instantes antes estava me beijando. E nem posso ter a cara de pau de dizer que ele me agarrou. Porque a verdade seja dita, ambos estávamos descontrolados, sob efeito das bactérias e hormônios. Puberdade, isso é um saco.

— Por que você fez isso? — Ele me encara chocado.

— Por quê? — É, porque eu fiz isso mesmo?

— É, por que.

— Bom, você me beijou, violando minha virtude.

— Aham, e antes, quando você estava beijando aquele cara que nem devia saber o nome — ei, como ele sabe desse minúsculo detalhe? — aquilo não era um atentado contra sua preciosa virtude?

— Bom, ei! Você acha que só porque eu o beijei isso quer dizer que todo mundo pode sair me beijando?

Naquele momento, um idiota com uma cueca de patinhos na cabeça passa correndo, e me tasca um beijo no rosto. Enquanto continua correndo, grita um sonoro “sim”.

Desgraça.

— Ok, acho que não estou gostando disso.

— Foi você quem beijou o garoto. Agora vai ficar se lamentando.

— Como você sabe que fui eu quem o beijei, e não o contrário?

Ele parece encabulado e super sem graça nesse momento.

— Bom, acontece que sua vó disse para manter um olho em você, e eu não queria acabar com a confiança que ela tem em mim.

Aham, e eu tenho um filho que se chama Ozônio. Fala sério, essa foi a pior desculpa que já ouvi na minha vida. Interessante, se esse não é o verdadeiro motivo, porque ele ficaria olhando para mim? Que estúpido mesmo.

Nessa hora eu resolvo olhar em volta, para saber por que ninguém mais estava dançando. Simples, todos estavam parados olhando para mim e Rafael com expectativa.

Mais essa agora.

— Povo fofoqueiro e curioso, parem de encarar. E sinto em informar vocês, mas vou privá-los da minha ilustre presença. Estou de saída. A pé. — Essa última parte falo baixinho para Rafael, que parece prestes a socar algo.

Mas vai se comprar uma mini geladeira e soca ela.

— Adeus povo sem virtude e escravo!

Com muita dignidade, saio de nariz empinado. Mas — o que seria da humanidade sem o chato do mas? — naquele momento o moreno do beijo aparece na minha visão periférica. Estou prestes a dizer algo como, “talvez na próxima vida, mas não”, quando ele vomita nos meus lindos sapatos prateados.

Isso mesmo, esse bastardo acabou de vomitar nos meus sapatos novos!

Eu vou acabar com ele.

Mas não tenho essa oportunidade, pois ele desmaia em cima do próprio vomito. Eca.

Alguém pode me matar agora a acabar com essa agonia?

Dou um jeito de tirar os pés debaixo dele, e saio correndo, com o estômago imitando um cata vento. Que nojo!

Vejo uma espécie de laguinho perto da esquina, e entro com os pés dentro. Mas não contava que o fundo fosse tão lamacento e resbalativo. Principalmente por eu ter entrado correndo dentro dele. Sabe quando alguém pisa em uma casca de banana? E cai de bunda? Pois é, aconteceu praticamente a mesma coisa, mas com o detalhe que eu estava num lago, com uma água bem sujinha, devo acrescentar.

Agora estou completamente encharcada, e talvez meu celular tenha se molhado, o que não é boa coisa. Levanto com dificuldade, quase me arrependendo de ter ido à tal da festa. Quase.

Quando olho para meus pés, meus sapatos estão um lixo, completamente arruinados. Atiro numa moita ambos e passo a andar de pé descalço. Torço a bainha do vestido enquanto continuo a caminhar rumo à bronca que certamente levarei. Quando já estou no portão, vejo um Rafael escorado na cerca de forma pensativa. Quais eram as probabilidades de ele não me ver? Nulas, com certeza. Paro perto o suficiente para ele me ver, e quando o faz, seus olhos se arregalam e sua boca exibe um perfeito “O”. Cara, hilária sua expressão de choque.

— Menina, o que aconteceu com você?! Parece que saiu de um bueiro.

Olho sarcástica para ele.

— Com certeza. Aproveitei e também dei uma voltinha nos esgotos da cidade. É bem agradável, sabe. Um dia desses nós deveríamos fazer um piquenique lá. Tem uma vista incrível.

— Haha, engraçadinha. Você está fedendo, sabe. E também deve saber que sua vó vai surtar com a gente quando te ver assim.

— A gente?

— Eu estava falando sério quando disse que ela me mandou ficar de olho em você.

— Ela também te mandou me beijar?

Ele parece corar nesse momento. Ai, que fofo, ele corou! Espera, não, fofo não. Gay, é, muito gay.

— Com sua licença, meu guardião, vou me retirar para meus humildes aposentos, e enfrentar a fúria da mãe do meu pai.

Faço uma mesura com o vestido sujo e molhado. Ele gira os olhos para mim.

— Eu vou junto. Mas não fica muito perto, porque esse cheiro é terrível.

Quase mostro o dedo médio, mas me contenho. Subimos pelo elevador, e enquanto, planejamos uma desculpa plausível.

— Olha, eu vou dizer que no caminho pra casa eu pensei ter visto alguém se afogando no lago, daí eu te fiz parar a moto, e corri de forma corajosa pro lago. Só depois que me joguei dentro dele, percebi que tudo não se passava de uma ilusão de ótica.

Ele me olhou cético.

— E você acha que ela vai acreditar nisso?

— Eu tenho dois motivos para acreditar que sim. Primeiro, é de mim que estamos falando. A Adelina que quase morreu engasgada com mms. — Ele levanta as sobrancelhas para mim, e simplesmente dou de ombros. Meu passado me condena, fazer o quê. — E segundo, ela acreditou na história do top, lembra?

— Inacreditavelmente. — Ele concorda.

Quando paramos em frente à porta, acabo me lembrando não só dos beijos de hoje, mas do dia anterior também. Que grande gororoba essa minha vida.

— Acho melhor eu entrar sozinha.

— Sim.

Quase não acredito quando ele concorda. E estou preparada caso ele queira me beijar — joelho mirando bem lá — quando ele simplesmente dá meia volta e entra em seu apartamento, me deixando sozinha no corredor.

Garotos, nem com um mapa eu os entenderia.


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Notas finais do capítulo

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