Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 17
Tetos não são confiáveis


Notas iniciais do capítulo

Leiam notas finais.
Leiam notas fianis!
LEIAM NOTAS FINAIS



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Então, né, eu já falei que não sei nadar? Não? Que coisa, porque eu realmente não falei.

Nesse momento me encontro vestindo um biquíni preto com bolinhas brancas redondas — jura que bolas são redondas? Escondida atrás de uma porta.

Ok, eu sei que não é algo muito inteligente de se fazer, e nem algo que eu geralmente faria, mas Rafael está me esperando para nadarmos naquela piscina grande demais pro meu gosto. É onde ele faz suas preciosas aulas de natação. Vocês devem estar se perguntando como vim parar aqui.

Eu estava dormindo, feito a princesa que sei que sou, porém com o resto desconhecendo esse fato. Então o inútil, vulgo, Rafael, bateu na porta e parecia que iria derrubá-la. Obriguei-me a sair do aconchego da minha deliciosa cama, com a cara inchada de tanto dormir. Pois é, fiquei dormindo até as duas, e não saí da cama nem quando minha vó tentou me atrair com panquecas. O sono estava bom demais para ser ignorado.

Quando abri a porta, e Rafa me olhou vermelho feito um pimentão, percebi que algo estava errado.

Olhei para mim mesma, que nesse momento estava usando uma velha blusa do Bobby Esponja e a linda, porém traíra calcinha da Barbie, sim, aquela mesma. E .

Ele começou a olhar para um ponto acima da minha cabeça, como se o teto pudesse ser mais interessante do que eu semivestida. De repente minha vergonha foi substituída por irritação. Estaria eu, sendo trocada por um teto?!

— Fala, e olha pra mim quando falar. A não ser que queira namorar com o teto da minha vó.

Suas bochechas abusaram do vermelho quando ele me olhou, nos olhos. E só nos olhos.

— Hnm, você está com ciúmes de um teto?

— Porque não? Minha prima já foi traída por um arbusto.

Sua boca exibe um perfeito ‘o’, enquanto tenta assimilar a triste realidade.

— Verdade?

— Absolutamente. E tinha um cactos, no lado. Então bem feito pra ele. — Solto uma risada maléfica, só para complementar. De repente me sinto muito acordada.

— Hnm, coitada da tua prima, e do namorado dela.

— Ex. Ela flagrou ele, o arbusto e o cactos, e tirou uma foto. Ela espalhou a foto pela escola toda. — Finalizo orgulhosa. Depois de Lana, Chris era minha melhor amiga, mas ela era um ano mais velha que eu, o que dificultava nossa amizade, em virtude de estudarmos em anos diferentes. Mas ela certamente era uma das minhas.

— Me lembra de não cruzar com essa tua prima.

— Não se preocupe, você sobreviveu à pior da família, o resto é mamão com açúcar. Aliás, o que você está fazendo aqui, além de ficar olhando indiscretamente para minhas pernas?

Mais vermelho, e acabo me perguntando se alguma hora todo o sangue do corpo dele vai parar na cabeça do jeito que as coisas estão indo.

— Você não se lembra de ontem? — Ele pergunta um pouco acanhado, com o olhar voltado para o teto novamente. Feito a santa inocente que sou — mentira — encurto o espaço entre nós, e quase rio quando vejo sua respiração vacilar acompanhada de um peito arfante. O garoto parecia que ia ter um treco. Só para amenizar a situação, repouso a mão em seu peito, e seu vermelho fica ainda mais avermelhado, se possível. Sinto sua dificuldade em respirar sob minha mão.

— Refresque minha memória. — Praticamente ronrono.

— Hnm, eu posso refrescar mais coisas. Então ele percebe o que acaba de dizer, e aparenta procurar uma cratera com os olhos pra enfiar a cabeça. Por fim percebe que não vai encontrar nada ali. — Não foi isso que eu quis dizer.

— Não? — Faço beicinho e cara de decepcionada.

— Hnm, não o que? — Ele fica olhando para minha boca, completamente alheio ao assunto, provavelmente já tendo esquecido o “refrescamento”.

— Você não vai me refrescar? — Levanto uma sobrancelha. Ele se lembra.

— A gente combinou de sair, pra você me ver nadar, lembra? Era disso que eu estava falando, sobre te refrescar.

— Ah. — É tudo o que eu digo, um pouco decepcionada. Eu havia me esquecido disso, e pela maneira com que ele falou, estava explícito que Rafael esperava que eu nadasse junto. Carambolas, quando minha vida se tornou tão complicada assim?

— Então, vamos?

Lembro-me de algo que pode ser minha salvação.

— Mas eu não trouxe nenhum biquíni!

— Mas eu comprei um pra ti. — Ele revida, orgulhoso de si.

— Aposto que não serve. — Cruzo os braços, e então ele se abaixa, e pega uma sacola rosa pink do lado de fora da porta do apartamento da minha vó, cuja existência eu nem havia notado até agora. Ele tira um conjunto de biquíni bem charmoso, preto com bolinhas brancas. O estende para mim. O pego com receio, e fico irritada ao ver que ele acertou em cheio o tamanho.

— Como você sabia o meu tamanho? — Pergunto desconfiada. Ele responde completamente relaxado, e quando o faz, fico com vontade de dar um cascudo naquela cabeça de andorinha.

— Eu meio que conheço a sua estrutura, sabe, depois dos nossos, hnm, roçar de lábios inocentes.

E pisca para mim, e leva um tapa como retaliação. De repente tenho uma ideia original e infalível.

— Eu tenho alergia à água. — Finalizo triunfante, esperando dar um ponto final naquela questão. Tudo que ele faz é me olhar de forma extremamente cética.

— E eu tenho alergia ao oxigênio. Agora faz o favor de ir se vestir? Antes que eu te agarre aqui na porta mesmo?

Fico tentada a ficar, só para ser agarrada, mas acabo cedendo, e vou-me para meu quarto, apenas colocar um short e pegar minha bolsa. Calço minha amada sapatilha vermelha, e volto para Rafa, que me espera pacientemente.

— Vamos?

Concordo. Entramos em um elevador vazio, e quando as portas se fecham, o olho de soslaio.

— Que tal falarmos de uma forma sem palavras sobre aquilo de você me agarrar?

Ele entende a deixa, e me prensa contra o espelho do elevador. As portas se abrem, e vejo no espelho uma Adelina vermelha e ofegante, com um Rafa numa situação duas vezes piores.

Alguém tosse, e quando me viro, dou de cara com minha avó. Ai. Meu. Deus. Cadê a minha sorte?!

— Hnm, oi vovó.

Ela nos examina, e me dá um olhar que quer dizer: mais tarde falaremos sobre isso. Lasquei-me.

Sorrio amarelo, enquanto puxo — arrasto — Rafa para longe da minha avó.

— A gente se fala! — Grito sobre o ombro.

Chegamos ao lado de fora, e apoio as mãos nas cochas, enquanto tento respirar de forma uniforme.

— Ela não pareceu brava. — Rafael arrisca. Resmungo.

— Claro, isso porque não ser você que vai ter aquela conversa quando voltar pra casa.

— Acredite, eu tenho aquela conversa todas as vezes que tenho uma namorada, e meu tio não é do tipo de pessoa com quem você gostaria de ter aquela conversa. Agora vamos?

Concordo e o sigo. Com todas aquelas ex dele caindo do céu aos montes, deve ter tido aquela conversa muitas vezes mesmo.

Tropeço nele quando Rafa para abruptamente, em frente a um ginásio em tons azuis claro. Ele me segura para que eu não caia, sem dizer nada. Então ele volta a caminhar, abrindo uma porta na lateral, e entra como se aquela fosse sua casa.

— Adelina, os vestiários femininos são do outro lado, bem longe dos masculinos. Eu vou me trocar, e você também vai, certo?

Ele fala pausadamente, como se eu possuísse inabilidades mentais. Bufo e vou à direção que ele aponta, não antes do garoto me entregar a sacola rosa. Paro.

— Mas está tudo bem a gente ficar aqui? — Indago preocupada. Não quero mais confusão do que já tenho.

— O treinador é meu amigo, e ele permitiu. Agora vai! — Ele completa com um tapa na minha bunda, e corre antes que eu possa dar o troco. Saio batendo os pés, e entro no vestiário.

Troco-me rapidamente, e então me examino. Por alguma inconveniência do destino, o biquíni é um pouco pequeno, mas não pequeno do tipo que não te serve, mais do tipo que um namorado safado escolheria. Esse Rafael, ele me paga ainda.

De repente lembro-me de um detalhe um tanto importante.

Eu não sei nadar.

É nessa parte da história que saio do vestiário, e como não vejo Rafael em lugar algum, cato uma porta qualquer onde posso me esconder.

E então estou atrás da porta, em uma espécie de armário de limpeza. Acho que é esse o nome.

O tédio começa a me atingir, enquanto ouço Rafael me chamando, sem obter resposta. Coitadinho. Então começo a duvidar do meu plano porcamente planejado. O que eu faria a seguir? Como explicaria meu sumiço repentino, sem mais nem menos?

Perdida em pensamentos, mal noto a porta se abrir, até que ela se choca contra minha cara. Gemo de dor.

— O que você est... — Sua voz morre querendo me vê encolhida junto ao chão com as mãos cobrindo minha testa, que logo teria uma pequena saliência apelidada de galo. — Você está bem? — Sua voz soa preocupada.

— Claro, — morro, mas não perco a ironia — só estou abaixada aqui para examinar esse cantinho no chão. É bem interessante, sabe. Alguém deveria escrever um livro sobre ele.

Rafael suspira, provavelmente querendo me afogar. E água era o que não faltava por ali.

— Vem, me deixa ver isso aí.

Ele tenta me puxar para cima, mas resisto, e acabo caindo de bunda no chão.

— Ai!

— Nem vem, ninguém mandou ir ali, em primeiro lugar. — O fulmino com o olhar, enquanto esfrego a mão na testa. Mas não devo estar parecendo muito ameaçadora com esse biquíni poá. Como se ele pudesse ler meus pensamentos, fixa os olhos nesse traje ridiculamente pequeno.

— Hnm, você fica bem interessante de biquíni.

Tento chutá-lo ainda sentada, mas ele desvia facilmente. Bufo.

— Interessante vai ser a fratura que eu vou deixar no teu crânio quando sair daqui.

Ele nem parece relevar minha ameaça, porque logo me levanta, contra a minha vontade.

Rafa me leva até uma cadeira ao lado de uma piscina. Cruzo os braços.

— Parece que você tem um terceiro olho ali.

Fuzilo-o com meus três olhos, mas o desgraçado ignora deliberadamente.

— Bom, acho que você vai sobreviver. — Detalhe, ele nem pediu desculpas por bater com a porta na minha cara! — Agora me diz, o que diabos você tava fazendo atrás daquela porta?!

— Hnm, — pensa Adelina! — eu tava procurando possíveis lugares para me esconder num futuro ataque extraterrestre.

Genial!

Rafael fica um tempo só me olhando, provavelmente não me levando a sério. Quando por fim percebe que falei o que penso, ele apenas suspira. Passa a mão pelos cabelos, enquanto olha para o teto. Acho que vou ser trocada por um teto.

— Você não tem mais jeito mesmo.

— O que foi que você disse?

Óbvio que ouvi direitinho, mas sabe como as pessoas são, elas sentem um prazer cruel em fazer com que outros indivíduos repitam o que falam.

— Você ouviu.

— Não, não ouvi.

— Então talvez eu deva refrescar a sua memória... e o resto.

Ah meu pai, não estou gostando da cara de psicopata dele. Espera, porque ele está chegando perto assim de mim tão de mansinho? Hnm, refrescar? AI MEU DEUS!

Rafael me ergue como se eu fosse um saco de batatas, e me atira na piscina. Ela é funda, e começo a engolir água, — que aliás, tem um gosto h - o –r – r –í – v – e – l – e a me afundar.

— Eu não sei nadar, sua anta!

Meio que grito, meio que choramingo. Mas é claro, sem deixar os xingamentos de lado. Ouço um barulho de algo caindo na água, ao meu lado, mas estou ocupada demais tentando não morrer afogada, para me preocupar com seja lá o que for o motivo do barulho.

Não tarda muito para que sinta um par de mãos na minha cintura, e logo sou erguida, e não tenho mais perigo de morrer afogada.

Rafael me fita preocupado, e logo que me sinto um pouco melhor, assento a mão com força naquele rostinho bonito.

— Isso é por bater a porta na minha cara e quase ter me afogado. E isso, — o corto quando ele está prestes a falar algo. Inclino-me em sua direção — é por ter me salvado.

E o puxo para um beijo aquático, muito molhado, e perigoso, afinal não sei nadar, lembra?

Adelina bipolar, oi?

Separamo-nos ofegantes, e ele permanece com os olhos fechados.

— Você é maluquinha, piradinha, fora da casinha. Mas eu gosto de você, muito.

Sorrio enquanto mexo em seus cabelos molhados e desarrumados. Só então, fico super consciente da quantidade de pele nua, minha e dele, que estão em contato, compartilhando espécies de cargas elétricas. Acho que isso se chama atração. Não sei.

— Você não sabe nadar. — Ele diz. Resisto ao impulso de revirar os olhos.

— Acho que foi o que eu disse, quando estava me afogando.— Eu posso te ensinar, isso é, se você quiser.

Fico pensando por alguns segundos. De fato, isso pode chegar a ser útil num futuro distante.

— Ok, me ensine então.

***

Rafael definitivamente não é um bom professor.

Fato.

Quase me afoguei umas seis vezes no período que ele chamou de aula, mas que eu chamei de tentativa-de-homicídio-explícita. Pelo menos aprendi, mas não posso dar mais que 25% dos créditos pra ele.

— Eu não aguento mais ficar nessa piscina. — Digo pra ele uma hora.

— Tudo bem, já saio. Vai na frente.

Concordo e salto pra fora da piscina. Enrolo-me em uma toalha, e fico observando ele nadar.

É quase hipnótico, o jeito que seus músculos se contraem, em perfeita sintonia. A forma como a água desliza por seu corpo, como se fossem velhos amigos, e ela apenas o estivesse cumprimentando com carícias. Mal vejo o tempo passar, enquanto continuo o observando.

Até que em certo momento, ele se junta a mim, e para na minha frente, cenho franzido e olhar confuso.

— Você ainda não se trocou?

— Essa pergunta requer uma resposta? De verdade?

— Vai logo, senão você pode ficar resfriada.

Saio reclamando algumas coisas sobre como garotos são chatos e insuportáveis, e parecem viver numa eterna TPM.

Tiro o lindo biquíni e ponho minha roupa normal de volta. Saio do vestiário com os cabelos ainda úmidos, e vejo um Rafael paciente me esperando encostado perto da saída. Quando me vê, ele faz um gesto para que eu me apresse. Tento controlar a raiva. Odeio quando tentam mandar em mim.

— Tá, e agora, o que acontece? — Pergunto, enquanto Rafa abre a porta para mim.

— Sei lá, o que você quer fazer?

— Hnm, — penso um pouco antes de responder — que tal irmos ver a fantasia para aquela tal festa?

— Eu já comprei a minha. — Ele diz de prontidão.

— Mas eu não, — aponto o óbvio — e como meu namorado, você tem a obrigação de me acompanhar, mesmo se eu queira ir ao submundo. Agora tira essa cara da tua cara, e me leva aonde vendem fantasias. Anda logo!

Mas ele apenas fica me olhando. Meu sangue começa a ferver, e quando estou prestes a xingá-lo de todas as formas possíveis, o garoto resolve abrir a boca.

— Ok, siga-me.

E assim o faço. Caminhamos até chegar em frente a uma loja com um aspecto sinistro, e uma estátua de uma bruxa baranga e barriguda fica ao lado da entrada. Faço uma careta para a coisa.

— Credo, querem espantar os clientes, é isso?

Ganho um silêncio por parte de Rafa como resposta.

— A propósito, você já pegou essa também? — Faço um movimento esquisito com as sobrancelhas, que sempre fazia Lana rir de mim. — Porque sabe, você já pegou quase todas daqui, então...

— Não, eu não a peguei. Aliás, eu pensei que a gente já tinha conversado sobre isso ontem.

Sua resposta soa irritada, e ele entra na loja me deixando de fora, perdida, e sem saber o que fazer. Resolvo ir atrás dele. A loja tem um forte aroma de incensos pairando no ar, e a decoração segue um estilo gótico. O local parece mal-iluminado, e tenho que tomar cuidado onde piso, com tanta tranqueira espalhada no chão, no teto, enfim, por todos os lugares.

Levo um susto quando uma mulher me aborda subitamente. Ela parece uma cigana, roupa em tons púrpura, azul turquesa e safira. Um medalhão em forma de coração rouba minha atenção. É grande, chamativo, e parece guardar segredos.

Suas feições parecem felinas, e seus olhos, são do tom de verde mais intenso que já vi. Mais que os meus. Seus delicados lábios estão vestidos de um vermelho escarlate, em um sorriso de quem sabe alguma coisa que mais ninguém sabe. Seus cabelos são longos, e cacheados, em um tom de ouro. Ela me analisa de volta.

Essa mulher é perigosa, o tipo de perigo que te fascina. Ela também detém mistérios, e isso me atrai como ferro para um imã.

— Posso ajudar? — Sua voz é lírica, e soa como uma poesia cantada. Tento me lembrar do porquê de eu estar ali.

— Hnm, eu vim ver uma fantasia para uma festa.

— Claro, a festa. Venha comigo.

Ela me guia por entre as tralhas, e de repente me lembro de que tenho um namorado perdido por aí. Quer saber? Tomara que ele pise naquele prego que eu vi lá trás. E pegue tétano.

— Moça, qual o seu nome?

Ela nem olha pra mim quando responde.

— Nomes não são tão importantes quanto parecem ser. Mas me chame de Ney.

Paramos perto de um lugar que tem muitas roupas esquisitas penduradas em fila numa parede. Perto tem um balcão com máscaras. Aproximo-me para vê-las melhor. Uma em especial me chama atenção. Toda negra como breu, adornada com delicadas penas. Pequenas pedras a tornam ainda mais graciosa, se possível.

— Eu preciso dela. — Aponto para a mascara. Ney se aproxima, e faz um barulho esquisito com a língua.

v Infelizmente não tem nenhuma roupa que combine.

Uma imagem vem em minha cabeça, daquele não-encontro que tive com Rafa, e o vestido que comprei lá. Ficaria simplesmente perfeito com a máscara. E eu tinha sapatos lindos que combinavam.

— Não importa, eu tenho um vestido que combina.

Ela anui, enquanto retira a máscara debaixo do vidro do balcão. Toco delicadamente as penas, que fazem cosquinhas nos meus dedos.

Voltamos por aquele labirinto, e só quando já terminei de pagar, lembro de que tinha um namorado perdido por ali.

Suspiro.

— Ney, você viu um rapaz por ai? Ele veio comigo e eu me esqueci dele.

De repente sinto um par de mãos apertarem minha cintura, e dou um gritinho de susto.

— Estou aqui.

Ele fala como se estivesse tudo normal.

— Oi Ney.

— Oi Rafa, faz tempo que não te vejo.

Estreito os olhos para ambos. Quando Ney vê minha expressão, ela ri, uma risada graciosa enquanto inclina o pescoço para trás.

— Não é nada disso, querida. Nós apenas somos amigos de longa data.

Amigos, sei. Mas permaneço impassível, afinal não quero discutir com essa mulher.

— Ok, bem, vamos Rafa? Eu estou com fome.

Ele concorda e saímos da loja. Antes que eu diga qualquer coisa, ele começa a falar.

— Lembra-se daquela fonte?

— A dos desejos?

— Sim, aquela mesma.

Como me esqueceria? Eu caí nela, e isso não é algo que acontece todos os dias.

— Então, ela tem uma história. Ney faz parte dessa história. — Fico em silêncio para que ele continue. — Ela viveu uma história de amor épica. O seu amado era um hábil escultor, então fez a estátua para mostrar o quanto a amava. Eles até iam se casar, mas então o homem precisou ir viajar, porque seu pai estava morrendo. Quando ele voltasse, ambos se casariam, essa era a sua promessa. Mas ele morreu em um acidente, e nunca mais voltou. Ney se fechou para o mundo desde então.

— É uma história triste. — Digo com pesar. — Mas Ney é tão jovem, e aquela estátua parece ser um pouco velha.

— Ney tem uns trinta anos, embora não pareça.

E realmente não parecia, não com aquela pele perfeita e o brilho jovial que seus olhos emanavam.

— Nossa.

— É. Então dizem que a fonte concede desejos, principalmente amorosos, em conta do verdadeiro significado da estátua. Ele disse que a fez como via Ney, e colocou todo o seu amor por ela lá.

— Coitados.

— Pois é, até hoje ela espera por ele, embora saiba que nunca o verá novamente.

Agora estamos entrando no prédio lindamente amarelo. Subimos o elevador, sem demais sessões de agarramento.

Paramos em frente a porta, e meu estomago ronca.

— A gente se vê amanhã, certo?

— Sim, sua piradinha.

Dou um beijinho dele, e me enfio dentro do apartamento, pensando em comida.

Minha avó me recebe com um delicioso cheiro de janta.

— Adelina, deixaram isso para você. — Ela aponta para um pacote pardo.

Abro-o, e vejo uma única rosa vermelha ali, e um pedaço de papel dobrado. Leio seu conteúdo.

Encontre-me amanhã de noite perto daquela fonte. Caso contrário, segredos serão revelados.

Com amor, seu Alex.

Subitamente a fome some, e sinto o chão rodopiar aos meus pés.

E eu acreditei nele. Acreditei que poderia confiar nas promessas das pessoas. Mas convenhamos, Alex nunca foi do tipo confiável.

E agora, o que eu faria?


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Notas finais do capítulo

Oi pessoas lindas! (LEIAM TUDO)
Então, hoje é um dia especial para mim. MEU ANIVER!! Faço 15 aninhos ^^ Vocês bem que podiam fazer desse aniversário um dos melhores, né? Me dando lindos reviews *---*
AmorA19V está no fianl :/ Pois é, só faltam quatro capítulos, com epílogo e bônus. Mas só vai ter bônus - do POV do lindjo Rafa - se vocês mostrarem o quanto querem ele uú
eu vou começar uma nova fic para substituir essa, igualando em termos de comédia. Aliás, a protagonista vai ser a prima da Adelina, a Christina, sabe aquela que foi trocada por um arbusto? Pois é...
Eu já postei a prévia, para ver se ela vai ser aceita
.
http://fanfiction.com.br/historia/324997/Mais_Do_Que_Voce_Imagina
.
Deem uma passadinha lá ;-)
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eu gostaria de agradecer por todas as lindas que deixaram review no capítulo passado. Eu li e amei :*