Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 16
O motivo? Simples, o mundo é complicado


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooooooooi ^^ Sentiram minha falta?! kkkkk Eu senti a de vocês, minhas leitoras lindas. Agora vou postar regularmente :) Leiam as notas finais, de queridas ;-)
Capítulo dedicado a todas lindas leitoras ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/278103/chapter/16

Acho que eu nunca fiquei tão feliz em sair da cama como agora. O motivo? Simples, eu veria o meu Rafael. E sim, ele era meu, embora o próprio desconhecesse o fato. Detalhes, frívolos e supérfluos detalhes. Eles podem ser revistos depois. No momento, meu eu anda bastante ocupado.

E sim, eu sou uma pessoa super ocupada. Se conformem, minha presença é altamente requisitada.

Tão ninja como sempre, desvio daquele tapete assassino&invejoso, tentando derrubar a mim e desgraçar minha felicidade doce feito algodão-doce com calda de batata-doce, tão contagiante quanto a febre amarela.

Mostrei a língua para ele, por pura implicância. Na minha mente, ouvi o tapete me mandando tomar em um lugar inapropriado, se é que me entende.

Quando por fim resolvi que brigar com um tapete, que não era lá uma das melhores coisas da vida, resolvi trocar o pijama. Dessa vez, escolhi uma roupa que realçasse minhas curvas, que não eram muitas, mas certamente não passavam despercebidas. Eu queria deixar Rafael completamente desnorteado hoje, seja pela roupa, tanto quanto o resto. O motivo? Simples, acordei inspirada.

Terminei de me vestir, e quase soltei um suspiro de satisfação, ao ver meu cabelo completamente domado. Se eu soubesse que cortá-lo faria esse milagre, isso certamente já teria acontecido há muito tempo. Faço uma maquiagem rápida, e quando estou pronta, encaro o espelho, que exibe uma maluca sorridente.

— Que gata, eu pegava. — E completei com uma piscadela.

Me processem. E daí se eu tenho motivos — vários, só para constar — de ter amor próprio? Tudo bem, egocentrismo, tanto faz. O que importa é que um pouco de amor próprio de vez em quando, moderadamente, — agora é a hora de me usar como exemplo, quando o caso passa do moderado para o excesso excessivo — é essencial. Se nós não nos amarmos, por que deveríamos esperar que alguém ame a gente? Ou como poderemos amar outro alguém?

Suspiro para meu reflexo, que acompanha meu movimento. Balanço a cabeça, e sacudo meus cabelos.

Quando chego à cozinha, vovó está sentada no sofá, lendo um livro de forma distraída. Tropeço em um calçado — meu — e ela levanta os olhos em minha direção. A culpa? Minha. Admitir? Bem-vindo à terra do nunca. É um lugar bem agradável, até.

— Querida, achei que você ia acordar tarde. Quer que eu faça o café...?

Ela já está se levantando enquanto fala.

— Não, não. A senhora pode ficar aí curtindo esse livro, por que eu — que nesse momento acabo de abrir um sorriso ofuscante, essa eu sou eu, ok? — vou ver Rafael agora. Acho que vamos tomar um café lá no Pepinos verdes e voadores.

Imagina se eu iria me esquecer de uma lanchonete como aquela, com aquele grau de elegância. Tudo bem, exagerei na ironia dessa vez. Vovó me lança um olhar questionador.

— Então vocês estão ficando amigos, hum?

Seu “amigos” está carregado de um sentido oculto, que me faz corar. Vovó! Que é isso?!

— Digamos que sim...

Nesse momento ela fecha o livro e o descansa em seu colo, e passa a fitar suas mãos, vítimas do tempo.

— Não sei o que sua mãe conversou com você sobre garotos...

Ah não... Essa conversa não!

— Não se preocupe, ela falou tudo que precisava ser dito.

Ela pareceu quase tão aliviada quanto eu.

— Eu preciso ir. Prometo não voltar muito tarde para casa. Beijos!

Termino a sentença gritando, enquanto fecho a porta atrás de mim, aliviada. Tudo o que eu não precisava no momento, era aquela conversa, e com a minha avó.

Me recomponho, e caminho até a porta do apartamento dele.

Bato à Adelina. Ou seja, quase derrubo a porta.

Quem abre é ele, e acabo batendo em seu peito, sem perceber que a porta já não estava mais suscetível a — espancamentos — batidas carinhosas. Sua expressão é um misto de irritação e indignação, até que ele me vê. No mesmo instante Rafa fica com uma cara de bobo, e sorri de um jeito retardado pra mim. O motivo de eu pensar essas coisas dele? Simples, eu estou enamorada dele.

Saio do meu transe, quando sinto sua respiração acariciar minha face, provocando mais sensações do que um toque com qualquer outro poderia me ocasionar.

— O que você está fazendo aqui, a essa hora? — Seu cenho está franzido, o que o torna tremendamente fofo, e indiscutivelmente irresistível para mim. Alguém me mate, por favor. Esses pensamentos melosos, apaixonados, completamente irracionais, estão acabando comigo. E o pior, no bom sentido. Isso faz algum sentido? Porque para mim está parecendo aquelas geléinhas, sabe? Quando caem na sujeira e se transformam em um mutante do mal, só que é claro, sem o cheiro ruim. Porque esse perfume dele, tenho que admitir, está me matando. Me matando de vontade de fugir para uma ilha deserta com Rafael.

Olha eu aqui, precisando de uma consciência para me mandar calar a boca nos pensamentos, se é que isso faz algum sentido.

Nessas horas, devo ser franca, nada faz sentido.

Percebo que ele ainda está esperando minha resposta. Traço com o indicador um desenho em sua camisa. Seus olhos acompanham meu movimento.

— Eu estou aqui para te convidar para um café naquela linda lanchonete com nome propício para o verde.

— Hnm? — Ele nem está prestando atenção no que estou tentando transmitir a ele, enquanto meu dedo sobe, e minha mão se abre, descansando a palma aberta em seu peito, que passa a se movimentar de forma acelerada.

— Eu. Você. Café. Pepinos verdes e voadores. Agora.

Ele finalmente parece acordar de seu transe, mas seu olhar permanece em minha mão, que aperta levemente o tecido sob meus dedos.

— Agora?

Resisto ao impulso de revirar os olhos e perguntar se ele possui alguma deficiência auditiva. Calma Adelina, hoje é um dia pacífico, só amor, paz e abraçar eucaliptos.

Um sorriso maroto se apresenta em seu rosto, e então ele passa a fitar meus olhos.

— Eu jurava que você ia pedir se eu era surdo ou retardado. O que te deixou de tão bom humor, eu poderia saber?

Rafael se inclina na minha direção, deixando pouco espaço para eu pensar. Bom, deixando pouco espaço para eu fazer qualquer coisa. Até respirar era uma conquista nessa situação.

Fecho os olhos, e quase me rendo perante a tentação, mas eu resisto. Afinal, sou Adelina, a...

Enfim, acho que deu pra passar a ideia. Ok, a verdade é que eu não estou muito afim de inventar mais uma qualidade para a minha pessoa. Ser tão amada assim por mim e todos cansa, sabe.

Empurro ele com ambas as mãos, e o garoto fica me olhando confuso.

— Vamos lá, que eu vou esfregar nós na cara daquela garçonete barata.

Pensa que eu esqueci? Não, não. Lembro de cada megera atirada que cruza o meu caminho. E por mais incrível que parece, a tendência só é de aumentar essas pessoas.

Rafael me olha magoado.

— É pra isso que você que ir comigo? Para me usar?

— Pelo amor! — Atiro ambas as mãos pra cima. — Para de imitar uma donzela indefesa. E bancar a puritana usada. Anda, vai se trocar que eu não tenho o dia todo.

Ele parece prestes a rebater, quando o empurro para dentro do apartamento e fecho a porta atrás de nós. Atiro um ‘oi’ para Joseph, que está assistindo o canal do boi. Nem me pergunte...

Continuo empurrando Rafa para seu quarto, que apesar de não demonstrar estar cooperando, me deixa empurrá-lo. Convenhamos, eu jamais conseguiria fazê-lo se mover dois centímetros do lugar se essa não fosse a vontade dele.

Fecho essa porta também, e ela faz menos barulho que a outra.

Ponho as mãos na cintura, de forma autoritária.

— Vamos, troque-se.

Ele me encara cético. Ficamos um bom tempo nos encarando em uma guerra silenciosa. Finalmente ele cede, soltando um longo suspiro, enquanto mexe de forma inquieta nos cabelos, quase como um tique nervoso.

— Ok, você venceu.

Dou uns pulinhos bem infantis, devo confessar, enquanto bato palmas para acompanhar minha infantilidade. Ele revira os olhos, mas não consegue reprimir aquele sorrisinho.

Me jogo sobre sua cama, feita a folgada que eu sou. Fico olhando seus movimentos, a forma como seus músculos se movem sob sua camisa. O jeito que ele fica tirando aquela mexa insistente de cabelo da frente de seus olhos, que sempre volta para o mesmo lugar. Solto um suspiro.

Ele se vira para mim, com algumas roupas na mão.

— Você vai ficar aí enquanto eu me troco?

Finjo desinteresse enquanto passo a analisar minhas unhas, cobertas por um roxo vibrante.

— Algum problema?

— Sim, tem problema sim. Eu vou no banheiro e já volto.

— Nossa, tá bom, eu não vou olhar.

Com essas palavras eu cato um travesseiro e afundo minha cabeça nele. Fico inebriada com seu perfume. Será possível algum dia eu ter uma overdose de Rafael? Por mais ridícula que a ideia possa parecer, é, sem sombra de dúvidas, tentadora.

Continuo com a cabeça enterrada no travesseiro, enquanto ouço sons de roupas jogas no chão.

— Rafa?

— Hnm?

— Porque você é tão hnm, atlético assim?

Ouço sua risada ecoar pelo quarto, e agradeço às divindades desconhecias por ele não poder ver minha face tingida de vermelho escarlate.

— Eu sou um amante da natação.

Fico abismada com sua resposta, e por impulso, ergo minha cabeça. Ele está passando a blusa por seu pescoço nessa hora.

— Sério?

— Essa pergunta requer uma resposta?

— Não foi uma pergunta, foi mais uma interjeição. Mas nossa, que legal.

Legal é o tipo de comentário que te faz querer cometer suicídio.

— É. Vamos?

— Claro.

Salto da cama, e saímos do apartamento. Entramos no elevador.

Fico pensando o quão pouco o conheço.

— Eu queria te ver nadando. — Digo de repente.

Rafael abre um sorriso preguiçoso, enquanto permanece encostado contra o espelho do elevador.

— Te pego às duas amanhã, então.

E com isso, as portas se abrem.

Faço questão de ir a pé. Ele não insiste, então andamos paralelamente de mãos dadas.

Chegamos à lanchonete elegante, e puxo Rafa para uma mesinha que me atraiu. A garçonete da última vez vem nos atender. Lanço um sorriso malvado para ela enquanto entrelaço meus dedos nos de Rafa. Qual é, nunca me rotulei como santa.

Ela sorri de uma forma falsa pra mim, um sorriso que poderia ser traduzido como dane-se.

Sorrio de volta. Rafael limpa a garganta para chamar nossa atenção.

— O que vocês vão querer? — A megera se recompõe, bastante ciente do meu olhar afiado.

— Eu quero um café, o mais forte que você tiver.

— E eu vou querer um chocolate quente. Com chantilly.

Ela sai sem dizer mais nada. Então ficamos eu e Rafa se encarando, palavras ditas através dos nossos olhares, enquanto tudo o que conseguíamos fazer era sorrir um para o outro.

O motivo? Simples, se apaixonar era uma droga, mas valia a pena.

Uma garota com cabelos longos, mais até que os meus de antigamente, resolve atrapalhar bem nesse momento. Já não gostei dela de cara.

— Rafa! Quanto tempo.

Era só o que faltava.

— Será que alguém ligou o interruptor ex-namoradas do Rafa e eu não fiquei sabendo?

Ela me olha de um jeito estranho, e parece um passarinho quando vira a cabeça de lado, me encarando. É impossível manter a raiva com essa garota.

— Eu nunca fui namorada dele. Minha irmã foi. — Ela aponta para uma garota sentada sozinha em uma mesa, sabe aquelas morenas de parar o transito? Pois é. Ela acena de forma animada para Rafael, deliberadamente me ignorando. — Ela pediu para eu vir te dizer que ela gostaria de tentar outra vez.

A garota fala tudo num fôlego só, como se tivesse recitando alguma coisa decorada. O que provavelmente era o caso.

Rafael parece desconfortável, se remexendo sobre a cadeira.

Ergo uma sobrancelha para ele.

— E aí Rafa, vai dar uma segunda chance? Ela parece bem na tua. Vai lá.

Meu humor está tão agradável quanto um dragão de TPM. Travamos uma briga silenciosa.

— Adelina...

— O que foi? Ah, claro. Provavelmente deve ter mais algumas — sim, com plural — ex-namoradas para aparecer, porque francamente, só falta cair do céu.

Ele balança a cabeça para mim, parecendo triste.

— Eu não posso mudar quem eu fui, ou o que eu fiz. Só posso tentar melhorar.

Dou uma risada amarga.

— Bom, eu já dei o recado, com licença.

A menina sai praticamente correndo daqui.

Ignoro.

— Bom, vai tentando melhorar. Aposto que você ainda não pegou a garçonete, e eu te garanto, ela está tão na sua.

Se eu disser que não sou ciumenta, estaria mentindo. Mas não sou psicótica. Agora, convenhamos ninguém em seu juízo perfeito iria ficar calma mediante todas as exs do cara que gosta. Principalmente quando tem uma legião delas, que parece sofrer acréscimos a cada dia.

Levanto da cadeira, e saio.

Não demora muito para que ele me alcance.

Rafael me puxa pelo braço, e faço questão de me desvencilhar dele.

— Eu quero ficar sozinha.

De repete ele parece muito furioso. E toda essa ira é direcionada para mim.

— Eu nunca menti para você. Nunca disse que era santo, ou que tinha ficado com poucas meninas. Na verdade, você nunca perguntou. O que quer que eu faça? Me diga, porque eu não sou capaz de te entender.

— O que você quer que eu faça?! Que aceite numa boa todas aquelas malucas que praticamente se atiram para cima de ti, com aqueles olhares de pura luxúria? Sabendo que um dia elas também ganhavam os beijos que agora é a minha vez de ganhar? Sim, porque isso parece um revezamento. Me pergunto quando você vai se enjoar de mim.

Ele estreita os olhos, parecendo perigoso.

— Que tipo de pessoa você pensa que eu sou?

— Não sei. Porque não me diz você?

A tensão entre nós é praticamente palpável. E o melhor, ou pior, ah, sei lá, é que estamos discutindo no meio da calçada, atraindo olhares curiosos de quem passam por perto.

Me diz você, já que é quem está julgando aqui.

— Julgando? Eu tenho todo o direito de julgar. Não precisou muito para eu te fazer esquecer a Rachel, por quem você era tão profundamente apaixonado. E quando surgir outra garota-novidade na tua vida, e te arrancar um beijo, você também vai deixar de mim?

Ele fica olhando para os próprios pés, e então seu rosto se ergueu só um pouco, o suficiente para eu ver seus olhos, me olhando por debaixo dos longos cílios. Ele parecia um garotinho inseguro quando começou a falar.

— Mas nenhuma delas era você. E nem nunca vai haver outra Adelina. Você é meu tipo de garota, provavelmente a única do seu tipo no mundo todo. Por que eu te trocaria por outra, se eu só quero você?

Essas palavras atravessaram minha armadura de cólera, e eu fiquei amolecida diante delas. Mas não iria deixar ele se dar bem tão facilmente. Eu sou a Adelina, aquela que sabe que está errada, mas não admite. Aquela que não se dobra, e é o ser mais teimoso da crosta terrestre. Aquela que fala as coisas por impulso, e no fim, sempre acaba se arrependendo.

— Palavras. — Minha voz atinge um nível de maldade extrema, e o vejo se encolher um pouco. — Palavras. — Repito. — Palavras de um garoto. Você acha que isso é o suficiente? Pois não é.

Sua mágoa é camuflada logo em seguida, e meu coração sangra ao ver o estrago que eu fiz no dele. É como se meu coração fosse um espelho do seu, e cada ferida causada no dele, é refletida no meu, mas duas vezes pior.

— Você fala como se eu tivesse mentido. Mas e você? Você nunca disse nada sobre o passado misterioso de vocês, e eu nunca te pressionei. Você não tem moral para falar de mim.

Sinto as doces e traiçoeiras lágrimas embaçando minha visão.

Lágrimas de raiva.

— Ótimo! Você que saber?! Então aí vai. — Tomo fôlego. — Ele foi o primeiro garoto por quem me apaixonei. A gente começou a namorar, e ele me fazia juras de amor, dizendo que aquilo que tínhamos era eterno. — Dou uma risada sarcástica. — Um dia eu fiquei sabendo que ele me atraiu. Mas o amor é cego, certo? Eu me fiz de cega, com medo de acabar com aquilo que tínhamos. Então teve a segunda vez. E a terceira. Na quarta, eu não era mais capaz de manter aquela venda sobre meus olhos, e confrontei ele. Alexander me prometeu que mudaria, por mim.

Faço uma pausa para respirar e engolir as lágrimas, enquanto Rafael apenas me observava, sem nenhuma expressão.

— Estava tudo indo tão bem, ele realmente melhorou, sabe. Acho que foi a melhor fase do nosso namoro. Então tinha o meu aniversário. Naquele dia eu decidi que queria mais dele. — Vejo Rafael enrijecer quando compreende o que eu quis dizer. — Estávamos no meu quarto, tudo parecia tão lindo, como um conto de fadas. Então Lana mandou uma mensagem no meu celular, liga urgente, caso de vida ou morte. Liguei pra ela do meu banheiro, com minha alma gêmea do outro lado da parede, me esperando. Sabe o que ela queria dizer?

Rafael permanece em silêncio. Continuo.

— Ele tinha dado em cima da minha melhor amiga, que era como uma irmã para mim. Ele não poderia ter sido mais canalha. Quando eu comecei a gritar com ele e o expulsei da minha casa, ele ainda teve a capacidade de dizer que a Lana tinha seduzido ele. — Balanço a cabeça, mordendo o lábio e me abraçando, mesmo não estando frio. Estávamos os dois sozinhos.

— Lamento.

Dou de ombros, fingindo desinteresse.

— A partir daquele dia, eu jurei nunca me apaixonar novamente. Não que tenha funcionado. — Mais uma risada neurótica e sem humor. — E eu aprendi uma lição valiosa também. Você não pode lutar contra sua natureza.

Agora encaro seus olhos, que parecem o céu noturno mais lindo que eu jamais irei ver.

— Alex me amava. Do seu jeito torto e egoísta, ele gostava de mim. Mas ele nunca foi de se amarrar. Ele tentou, Deus sabe que tentou, mudar por mim, mas não conseguiu. Eu era idiota, e pelo jeito continuo. E você também não é do tipo que se amarra. Pode não ser canalha feito o Alex que trai, mas não vai se contentar muito tempo com a mesma garota. Você sabe disso.

Sua expressão está determinada agora. Ele parece ter ressurgido das cinzas, péssima comparação, eu sei. Mas é como se ele fosse um novo ele. Mais confuso ainda. Droga.

— Adelina. Primeiro, você não é uma idiota. Na verdade é a garota mais maravilhosa que eu já conheci. Segundo, Alexander é um babaca, e ele não te amava. Quem ama, não trai. Terceiro, eu vou provar que você está errada sobre mim. Algumas pessoas não mudam, porque não tem motivos para isso. Mas eu tenho você, que é muito mais além de um motivo.

Pela primeira vez na vida, me encontro sem respostas. Ele tampouco parece esperar uma resposta minha.

Rafael se inclina na minha direção, e deposita um beijo na minha testa.

— Te vejo amanhã às duas.

Ele me deixa sozinha, como eu havia pedido há algum tempo atrás. Mas eu não me sinto sozinha.

Sua presença permanece comigo muito tempo depois do horizonte engolir ele.

Sinto-me fraca, como se fosse cair a qualquer momento.

O motivo? Simples, o amor é uma incógnita.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!