Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 15
Corar? É comigo mesmo!


Notas iniciais do capítulo

OIii linjdosas!!! Então, eu nem ia escrever esse capitulo tão em breve, mas digamos que é um presentinho de Natal ^^ Ho HO Ho (ok, não me matem)



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Seria eufemismo dizer que não dormi nada essa noite. Simplesmente fiquei acordada, escutando o suave som de sua respiração. Senti uma vontade estúpida de ir ao banheiro, então sai da cama nas pontas dos pés, já que minha intenção era não fazer mais barulho do que o suficiente. Digamos que sutileza não é meu nome do meio. Bati o pé na cama depois de levantar. Praguejei baixinho.

Fui até o banheiro, e me aliviei, por assim dizer. Voltei em silêncio para o quarto, mas simplesmente não resisti chegar perto de onde Rafa estava dormindo, com aspecto de anjo. Me abaixei ao lado de seu colchão, e fiquei observando como ele parecia suspirar enquanto respirava. Reparei como uma mecha de seu cabelo o deixava simplesmente irresistível, caída por cima de seu olho fechado, que parecia estar se mexendo, provavelmente resultado de um sonho. Por impulso — porque se eu estivesse no controle de mim mesma, jamais faria isso — repousei minha mão sobre seu rosto. Ele pareceu ser atraído para ela, enquanto encostou ainda mais sua cabeça nela.

— Adelina...

Ele chamou meu nome enquanto dormia. O choque foi tamanho, que me joguei para trás sem prever as consequências. Caí — novamente — de bumbum no chão, soltando uma interjeição de dor e surpresa. Quase imediatamente ele se ergueu da cama, acordado.

Rafael olhou em volta aturdido, até que seu olhar se concentrou em mim. Ele pareceu se acalmar um pouco.

— O que você está fazendo fora da cama?

Caramba, ele conseguiu soar igual a minha mãe.

— Eu precisava ir ao banheiro.

O chato ergueu uma sobrancelha de modo petulante, claramente já tendo se recuperado do estado dormente de sono.

— Mas a porta fica do outro lado do quarto.

— Pois é né... Acontece que eu já fui ao banheiro, daí quando eu voltei eu vi uma sombra se mexendo perto de ti, e resolvi vir ver se não era uma barata, ou sei lá.

Menti de forma descarada, imaginado de onde vinham essas coisas absurdas que eu falava. Ele me olhou descrente, provavelmente não acreditando em uma palavra que eu disse.

— Deixe-me adivinhar, ilusão de ótica?

— Na mosca!

— Hnm, interessante, a sombra de uma barata deve ser enorme mesmo, para você enxergar do outro lado do quarto.

— Era uma barata mutante!

— Ah, certamente que sim.

Então Rafa bocejou, e seus olhos começaram a piscar, tentando ficar abertos. Ele foi para a beirada do colchão, e deu dois tapinhas no lado vazio.

— Vem aqui.

Mordi meu lábio inferior de forma nervosa, não deixando de reparar o modo que seus olhos se fixaram na minha boca.

— Eu não posso.

Você poder ou não poder não te impediu na outra noite.

— Mas eu estava com medo! — Exclamei ultrajada. Coloquei minhas mãos na cintura, assumindo uma expressão de petulância.

— Então vem aqui, me proteger da barata mutante. Daí ficaremos quites.

Ele deu uma piscadinha para mim, e eu me derreti toda. Desde quando eu me derreto por causa de um garoto?!

Sem minha permissão, meu corpo dá um passo em sua direção. Quando travo e não saio do lugar, ele simplesmente diz:

— Por favor...

Sua voz é baixa, rouca, e extremamente sedutora. Parece mel, parece uma caricia, que arrepia minha pele exposta do pescoço. Parece uma poesia lírica, feita só para mim. Não resisto, e ando de forma quase hipnotizada em sua direção.

Deito ao seu lado, enquanto ele me cobre. Ficamos de frente, se encarando. Sem pedir, Rafa simplesmente põe um braço ao meu redor, me puxando mais para perto de si.

Agora me digam, quem resistiria?

Estou a ponto de beijá-lo, quando ele sorri um meio sorriso para mim.

— Boa noite, Adelina.

E fecha os olhos, me deixando confusa. O porcaria foi essa?!

E sabe o que é pior? Ele realmente dormiu! Sua respiração se estabilizou, e seu braço também está menos apertado ao meu redor.

Me controlo para não cobri-lo de tapas. Acho que minha expressão poderia ser descrita como azeda nesse momento.

Se eu não era capaz de dormir na outra cama, seria dez vezes mais impossível ao lado de Rafael, cuja respiração acariciava minha face, cujo rosto eu era incapaz de parar de encarar.

Suspirei. Era por esse e muitos outros motivos que não queria me apaixonar de novo.

Quando a gente gosta de alguém dessa forma, não somos capazes de pensar com razão. Esquecemo-nos do resto do mundo, e ficamos bobos apaixonados. Nosso coração também fica exposto, suscetível a magoar-se ainda mais facilmente.

Sei disso por experiência própria.

Ao invés de dormir, passo o resto da noite pensando nos prós e contras de se apaixonar por alguém. Quando estou quase a pegar num sono, o despertador me faz levar um susto, e solto um gritinho involuntário, assustando Rafael também.

— O que foi? — Ele pergunta alarmado enquanto sorrio amarelo.

— Nada não.

E então ficamos nos encarando, sem dizer nada. Eu resolvo quebrar o encanto.

— Hã, vou me trocar no banheiro.

Pego uma muda de roupa, e corro para o banheiro, não antes de me virar para encará-lo, quando ele chama meu nome.

— Obrigado por me proteger da barata.

Fico vermelha, sem precisar ver para saber. Não são suas palavras que me causam esse efeito, e sim o jeito que ele olha para mim. Um jeito tão... Íntimo.

— Hã, er, sim, sim, claro, ao seu dispor. Tchau.

Me embanano toda, enquanto tropeço no tapete do corredor e caio de cara no chão. Não demora muito para que sinta suas mãos tentando me levantar.

— Você está bem?

Ele exibe uma preocupação genuína estampada em sua cara.

— Vou sobreviver, obrigada.

E me tranco no banheiro.

Troco de roupa pensativa, e depois fico me encarando no espelho enquanto escovo os dentes. Quer saber? Acho que estou precisando de uma mudança. Enterrar o passado e me remodelar para o futuro.

Vou para a sala, onde encontro uma Terezinha sorridente, um Joseph com cara de Joseph, e um Rafael aborrecido.

— Nossa Rafa, quem morreu?

Ele me olha mal-humorado.

— O apartamento de vocês não está mais interditado.

E ele sai da sala, com sua aura negra, tamanho o mau humor.

— Nossa, que cara mais bipolar.

Dou de ombros, e só então processo o que ele disse.

Desinundaram — essa palavra existe? — o apartamento!

Por um momento, viro uma pequena bomba nuclear de alegria, mas então, quando me lembro da noite anterior, uma onda de tristeza me abate.

— Hnm, nós vamos voltar hoje?

— Claro querida, mas só depois do almoço, já que Joseph insistiu tanto.

— Rafael vai fazer o almoço hoje?

— Não, eu pedi pizza. Você gosta?

Quem não gosta?

— Claro. Hnm, onde o Rafa foi?

— Não sei, acho que para a cozinha.

Concordo e vou atrás dele. O encontro apoiado contra um balcão, de frente para uma janela, olhando para fora.

Faço algo que nem eu acredito. O abraço por trás, e ele se assusta, mas quando percebe que sou eu, apenas sorri.

— O que foi, sua chata, não consegue mais viver sem mim?

Eu não ouvi isso.

— Como é que é?!

Ele se vira de frente para mim, e então me prende contra o balcão.

— Estou errado? — Maldita sobrancelha estupidamente sexy.

— Muito errado.

— Então prova. — Seu corpo se cola contra o meu, e quase tenho um infarto nessa hora.

— E como eu deveria provar? — Pergunto nervosa, tentando ignorar suas mãos em minha cintura.

— Resistindo. — Ele sussurra no meu ouvido, causando arrepios múltiplos em todo o meu corpo.

Antes que eu perceba, ele me ergue e me senta em cima do balcão, me fazendo ficar um pouquinho mais alta. Seus lábios começam a trilhar beijos pelo meu pescoço, enquanto fecho os olhos e tento me lembrar de como se respira pela boca.

Suas mãos alcançam meus cabelos, e brincam com eles. Não consigo me controlar, e passo as pernas ao seu redor, puxando-o contra mim, na tentativa de nos tornar um só. Agradeço aos deuses por não estar de saia ou vestido, enquanto tento recuperar a razão.

Mas é inútil, pois Rafael me tem nas mãos, em todos os sentidos da palavra.

— Vai desistir? — De novo aquela maldita voz rouca, que me faz ter pensamentos terríveis.

— Nunca. — Digo fracamente, mas a palavra por si só é uma enorme e reluzente bandeira branca, mostrando o quão entregada estou.

E só para mostrar como não me rendi, passo os braços ao seu redor também, querendo acabar com aquela tortura.

— Tem certeza que não vai se render? Última chance.

Ele enterra o rosto no meu pescoço, e demoro um pouco para me lembrar de como se fala.

— Tenho.

— É uma pena.

Ele se desvencilha de mim, me deixando sozinha com essa chama que arde dentro de mim. Pisco aturdida, tentando tentar entender o que acabou de acontecer.

— Você é gay?

Ele nem se ofende. Apenas sorri de forma marota para mim, e se volta para a sala, não antes de parar na porta, e descansar a mão em sua batente, enquanto vira meia face para mim.

— Você sabe que não. Mas se tiver dúvidas quanto a isso, eu ficarei feliz em provar o contrário.

E então sai.

Meu Deus, ar, cadê você?

Vou tateando as paredes para não desabar no chão. Entro na sala, e avisto Rafael sentado em um sofá de um só lugar. Ele me olha de forma maliciosa, e sinto meu rosto ferver. Bem naquela hora a campainha toca, me fazendo dar um pulinho.

— Deve ser o entregador. — Joseph se pronuncia. Ele vai até a porta, paga o carinha e leva a pizza para a sala.

— Querem comer aqui, ou na mesa?

Perguntinha legal.

— Por mim pode ser aqui mesmo.

— Eu também. — Vovó diz.

— Se é o que a Adelina quer, eu também quero.

Coro até a alma.

— Tudo bem, vocês vão pegar os copos e um refrigerante?

Assentimos. Voltamos para a cozinha, e me sinto tão quente a ponto de desmaiar. Pego dois copos, e ele pega os outros dois e mais a garrafa de refrigerante.

Nós dois vamos passar pela porta ao mesmo tempo, então ficamos nos encarando, eu sem jeito e ele com olhar malandro.

— Primeiro as damas. — E inclina a cabeça para mim.

Saio praticamente correndo.

Chego na sala e dou os dois copos para Joseph e vovó. Rafael me entrega um e serve a todos nós. Fazemos uma rodinha ao redor da enorme pizza, e comemos.

Acho que não preciso descrever como foi o almoço, afinal comer é igual para todo mundo. Fora as vezes que Rafael encostava em mim, e parecia demorar propositalmente para desencostar de mim.

Quando estamos perto de terminar, Rafa se vira para mim.

— E ai, vai fazer o que hoje?

— Eu estava pensando em ir ao cabeleireiro.

Ele franze o cenho, enquanto olha fixamente para meus cabelos negros, lisos e excessivamente longos.

— Eu gosto do seu cabelo assim.

Pego uma mecha que atrapalha minha visão, e a examino.

— Eu também, mas quero mudar um pouco. Eu sempre tive meu cabelo assim. Você vem comigo?

Ele parece travar um dilema interno, até que finalmente assente.

— Claro, quando?

— Depois que levar minhas coisas de volta para o apartamento da vovó. Você me ajuda?

— Tudo o que você quiser.

Sorrio, de uma forma que ele não possa ver.

Quando terminamos, eu e Rafa nos oferecemos para limpar e lavar os copos. Somos rápidos, mas não resisto e jogo água nele, que obviamente revida. A gente faz uma guerrinha, que logo depois me arrependo, quando tenho que limpar.

Então ele me ajuda a levar meus pertences, no caso, uma bolsa vermelha, de volta para meu quarto.

— Onde eu ponho?

— Joga em qualquer canto.

Pego minha bolsa, vejo se o celular e minha carteira estão dentro, e então me considero pronta.

— Vamos?

— Claro. Você já sabe aonde quer ir?

— Na verdade não. É aí onde você entra.

Ele suspira.

— Estou me sentindo usado.

— Cala a boca e vamos logo.

Pegamos “o” elevador, que já estava se tornando um velho amigo para mim, e acabo sendo convencida — lê-se obrigada — a ir na moto dele. Ele alega que irá ser mais rápido e prático.

— Segura firme.

— Avá.

Dessa vez, não sinto pânico nenhum, na verdade, até gosto.

Rafael para em frente a um salão de beleza, cuja fachada exibe enjoativos tons de rosa.

— Será que eu preciso marcar uma hora?

— E só agora você pensa nisso?

— Eu preciso mesmo?

— Não. Vamos?

Concordo, e sem perceber, pego sua mão. Ambos olhamos para elas, entrelaçadas, se encaixando perfeitamente. Coro, pela milésima vez naquele dia, e tento soltar minha mão, mas ele a segura apertada, e começa a andar. Obrigo-me a acompanhá-lo.

Quando entramos, uma mulher com um penteado assustador de tão exótico, nos cumprimenta. Sorri de forma amistosa.

— Olá meus queridos, posso ajudar?

— Eu quero cortar o cabelo.

— Claro. Vocês poderiam aguardar um pouco? Já serão atendidos.

Concordamos e nos sentamos em umas cadeiras verde limão, onde uma garota provavelmente da minha idade, com cabelos exoticamente azuis e rosa está sentada. Ela ergue seus olhos negros da revista que está lendo, me olha sem interesse, e quando olha para Rafael, abre um enorme sorriso.

De novo não...

— Rafael!

— Ah, oi Nick. Essa é a Adelina, minha, hã, hnm...

— Prazer.

Estendo a mão para ela, que faz questão de ignorar.

Vaca!

Tudo bem, isso vai ter retaliação.

— Deixe-me ver, você deve ser uma ex do Rafa, certo?

— Sim, ele falou de mim? — Seus olhos brilham, enquanto que Rafa parece extremante desconfortável ao lado.

— Nem precisava. Acho que ele já deve ter pego quase todas as garotas daqui. Por que você seria diferente?

Nick me olha com raiva.

— E você, seria o que? A próxima da lista?

— Não, querida. Eu sou a atual. Você é a dispensada, por assim dizer.

— E quem disse que eu fui dispensada?!

— Por que nenhuma garota sã terminaria com o Rafael. É óbvio que foi ele quem deu o fora em vocês. Além do mais, você ainda parece gostar dele. Mas do que deveria pro seu próprio bem.

Termino com uma nota de ameaça na minha voz. Nick parece rosnar, e bem nessa hora a mulher com o louco penteado interfere, provavelmente pressentindo uma briga.

— Já tem um lugar para você cortar o cabelo, vamos?

Concordo, e lanço um último olhar de aviso para Nick, que me olha com raiva.

Quando percebo que Rafael continua lá, sentado ao lado daquela qualquer, chamo ele.

— Rafa, vem aqui!

Ele obedece sem pestanejar. Mas é claro, não sem tirar proveito da situação.

— Alguém está com ciúmes. — Ele sussurra com um sorriso de orelha a orelha.

Ignoro e me sento na cadeira, de frente para um espelho.

A cabeleireira tem um cabelo um pouco mais normal.

— O que vai querer, querida?

— Diminuir um pouco o tamanho, e repicar.

Ela concorda e começa o trabalho.

Espero pacientemente, até que termine.

Sou despertada de meus devaneios sobre fantasmas quando a mulher passa a secar meu cabelo com o secador. Sinto um nó na garganta quando vejo tanto cabelo no chão.

Fico com os olhos fechados, até que ela termine de secar.

— Pode ver, querida.

Abro os olhos, e me vejo refletida no espelho. Agora meu ex-longo cabelo vai até um pouco abaixo dos ombros, e está completamente repicado, ao contrário do antigo corte reto. Também tenho uma pequena franjinha, que pessoalmente achei bem charmosinha.

Me viro para Rafael, que me encara com um brilho nos olhos.

— E então, o que achou?

— Linda, como sempre.

Coro — que bruxaria é essa?! — e abaixo a cabeça, consequentemente deixando a franja cair sobre meus olhos. Logo sinto seus gentis dedos erguerem meu queixo, e com a outra mão ele arruma minha franja.

— Bem melhor. — E sorri.

Sinto a mulher limpar a garganta, tentando chamar minha atenção. Pago, e arrasto Rafael para fora, antes que eu veja mais uma ex dele por ai.

Mas é claro que a sorte não está do meu lado.

Alexander está parado, perto da moto do Rafa, provavelmente me esperando. Quando me vê, anda na minha direção. Ele para na minha frente, e sinto Rafael ficar tenso do meu lado.

De repente, Alex assume uma expressão chocada, e levanta uma mão, como se fosse tocar em mim, mas desiste, depois de ver minha expressão assassina.

— O que você fez com o seu cabelo?

— Exatamente, meu cabelo, ou seja, você não tem nada a ver com isso.

— Mas você me prometeu que nunca cortaria.

— Seu hipócrita, quem pensa que é para falar de promessas?!

— Quantas vezes eu vou precisar pedir o teu perdão?!

— Mil vezes, e mesmo assim eu nunca te perdoaria.

— Mas Adelina...

— Acabou! Entendeu!? ACABOU!!!

Ele me segura pelo braço, mas nesse momento Rafael entra na discussão, e o empurra.

— Você não ouviu o que ela disse?! Dá o fora, cara, antes que eu quebre essa tua cara.

Alex olha de mim para Rafael, até que assente.

— Eu não estou desistindo de você, entendeu? Você vai ser minha novamente, isso é uma promessa.

— Eu até me preocuparia, se você soubesse o significado de promessa. Vem, Rafa.

E o puxo pelo braço, em direção a sua moto, que nos espera no estacionamento.

— Adelina, eu não quero ser chato nem nada, mas eu preciso saber...

— E saberá. Mas não agora.

Ele concorda, contrariado. Voltamos para o apartamento, e ficamos nos encarando na porta.

— O que você diria se eu dissesse que me acostumei a dormir contigo?

— Que você não é o único.

— E o que você diria se eu te convidasse...

Ponho a mão em seu peito — musculoso demais, para meu próprio bem interrompendo-o.

— Acho melhor não, coleguinha.

— Muito rápido?

— Demais.

Ele assente.

— Não vou ganhar nem um beijo de despedida?

Dou uma risadinha.

— Até mais, se quiser.

— Eu quero...

E me puxa para um beijo ardente, cheio de paixão.

Quando nos separamos, ofegantes, descanso minha cabeça em seu peito. Ele me abraça, e ficamos assim por um tempinho.

Me solto relutante dele, que também parece relutante em me soltar.

Dou um sorriso pentelho para ele.

— Viu? Nem precisei me render. — E pisco.

Fecho a porta antes que ele possa rebater. Rio enquanto o ouço bufando através da porta. Encosto a cabeça nela, e sei que ele continua lá.

— Parece que é você quem não consegue mais viver sem mim.

— Isso eu não posso contestar.

E então sinto sua presença sair do outro lado da porta.

Deslizo lentamente por ela, até ficar sentada no chão, sorrindo feito uma boba.


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