Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 14
Complicação é apelido


Notas iniciais do capítulo

OI pessoinhas, então é o seguinte, eu tenho um prova dia 20/01 importantíssima, e preciso estudar quatro folhas de conteúdos :0 Isso quer dizer que provavelmente irei demorar um pouco para atualizar a fic, então tenham paciência, por favor. Bjsss e boa leitura ;-)



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Sinto uma mão me balançar, claramente tentando me despertar. Resmungo qualquer coisa, e coloco o travesseiro em cima da minha cabeça. A mão é insistente, e continua a me perturbar.

— Adelina, levanta!

Todo o sono se esvai quando ouço sua voz. É a primeira vez desde que ele se declarou de forma sutil, que fala comigo. Nós simplesmente havíamos nos ignorado, até agora.

— O quê?

— Levanta, nós vamos almoçar em um restaurante que inauguraram ontem. A dona é amiga da sua vó.

Me deixa ficar dormindo, vai.

Ele simplesmente puxa as cobertas de cima de mim como resposta.

Saio da cama estilo zumbi, com um excesso de mau humor, esbarrando de propósito nele.

Saco uma saia jeans e regata preta. Rafael continua parado ao lado da cama, me encarando.

— Você quer um convite pra sair? Ou eu devo me vestir na tua frente?

— Tentador, mas eu preciso falar com meu tio. Não demore.

E ele sai, me deixando ainda mais irritada. Detesto quando me apressam, e além do mais, acho que estou de TPM. Pois é, de novo.

Me troco rápido, e nem me maquio. Saio do quarto penteando os cabelos com os dedos, e vejo os três prontos para ir, apenas me esperando.

— Pronta? — Pergunta Joseph.

— Aham, mais pronta impossível.

— Então vamos.

Entramos no elevador, e me mantenho o mais longe o possível de Rafa, que fica me dando olhares furtivos.

Vamos até um carro cinza, estacionado do outro lado da rua.

Joseph senta no banco de motorista, e minha vó também se senta na frente, me obrigando a ficar atrás, com o Rafael.

A tensão dentro do carro é quase palpável, e fico me contorcendo, sem saber o que falar ou fazer.

— Eu conheço essa sua amiga?

— Na verdade não, mas tenho certeza que vai gostar dela. Aliás, ela tem uma filha da sua idade, a Betina, aposto que vocês vão ser boas amigas.

Resmungo alguma coisa qualquer. Depois reclamam do meu nome.

— Adelina?

— Hnm?

Faço questão de continuar olhando pela janela, e apreciando a visão. E sendo uma perfeita covarde.

Cara, desde quando que eu, me tornei uma covarde? Alguma coisa estava acontecendo comigo, e certamente não eram os hormônios.

— A gente precisa conversar.

— Aham, tô sabendo.

Alguém me mate, por favor. Até pago.

— Ok.

— Ok.

E o silêncio se prolonga, até chegarmos ao tal local. Saio do carro apressada, fechando os olhos por um segundo, para me acalmar.

Por que sinto essas coisas quando estou perto dele? E por que, por que, não consigo parar de imaginar seus braços ao meu redor, e seus lábios sobre os meus?

Por que, meu Deus, minha vida se tornou tão complicada?

Sacudo os ombros, arrumo minha postura e ergo o queixo. Caminho em direção ao tal do restaurante. Sinto alguém enroscar seu braço ao meu, e quase me desvencilho, mas acabo desistindo da ideia.

Nós quatro somos recebidos por uma mulher de aspecto gentil, que nos cumprimenta com um sorriso. Uma garota, provavelmente sua filha, sussurra algo para ela. Quando percebe nossa presença, sorri. Um sorriso esplêndido, devo dizer.

Aliás, toda ela é esplêndida. Sabe aquelas garotas com rostinho de boneca? Loiras, com um corpo escultural? Sorriso bonito e olhos azuis de anjo? Tipo princesas? Pois é.

Aliás, seu sorriso tinha um alvo. Nem preciso dizer quem.

Aperto o braço de Rafael, o puxando para mais perto de mim. Sinto a raiva queimar dentro de mim como lava quente.

— Rafael, quanto tempo!

Ela me ignora completamente e se inclina na direção de Rafa, que permanece estático quando ela o beija perto da boca.

Cachorra!

— Então vocês se conhecem?

Mal sou capaz de esconder o veneno na minha voz. Betina não percebe, ou finge não perceber.

— Na verdade, nos conhecemos muito bem, certo Rafa? Éramos namorados.

Simplesmente perfeito. Alguém me apresente um bom motivo para não enforcar essa vaca agora mesmo.

— Mas isso foi há muito tempo. — Rafael acrescenta quase que imediatamente.

— Verdade, mas certas coisas nem o tempo diminui. — E ela pisca para ele.

COMO É QUE É?!

Rafael me puxa pelo braço, provavelmente pressentindo algo. Sento em uma mesa com os braços cruzados, e provavelmente a expressão mais emburrada de todos os tempos.

— Você parece ter sido um garoto de muitas garotas, Rafa.

Adelina...

Viro o rosto, no momento em que Joseph e vovó se juntam a nós.

— Ficou muito bom, não acham?

Olho para o restaurante direito dessa vez. De fato, o lugar até que era agradável. O teto possuía pequenos lustres em forma de flores delicadas. Mal se podia ver parede, pois tudo era coberto por janelas, que davam a impressão de estarmos em um espaço aberto. A decoração era rústica, com mesas e cadeiras de madeiras, com pequenos e delicados detalhes entalhados nelas. As toalhas terminavam em rendas lindamente trabalhadas, o que só contribuía para o lugar parecer ter saído de um livro de contos de fadas.

Um garçom, também sorridente, interrompeu minha inspeção.

— O que desejam?

Ele anota nossos pedidos, e dessa vez faço questão de não pedir toda a comida inteiramente verde.

A própria Betina aparece para pedir o que iriamos beber.

— Só água para mim.

Sou a primeira a falar. Ela mal olha para mim, enquanto assente. Já com Rafael, ela é toda sorrisos. Sério, fiquei com vontade de vomitar.

Quando Rafael sorri de volta, o chuto por debaixo da mesa. Ele faz uma careta para mim, que devolvo com um olhar assassino.

Betina sai, rebolando de forma exagerada.

Quando nossos pedidos são trazidos, já estou sem fome. Fico remexendo e brincando com a comida.

— Não vai comer? v Rafael pergunta preocupado.

— Estou sem fome.

Ele suspira.

— O que foi agora?

— Por que você acha que tem alguma coisa errada comigo?

— Porque eu sei que tem. Agora me fala o que é.

Largo os talheres na mesa, fazendo o maior barulho e atraindo olhares na minha direção. De repente me lembro do jantar, e decido que não quero fazer aquilo com a minha avó novamente.

— Lá fora.

É tudo que digo. Levanto da mesa, dizendo para minha vó que preciso de um ar. Saio do restaurante, sentindo a presença dele logo atrás de mim.

Vou em direção a uma árvore, cuja sombra enorme serve de refúgio do sol quente. Encosto-me de costas no tronco, só então olhando para ele.

Sua expressão pode ser traduzida em um enorme ponto de interrogação.

— O que você queria falar comigo?

Minha voz sai mais dura do que eu pretendia. Ele se aproxima a apoio suas mãos contra o tronco, ao lado da minha cabeça, me cercando.

— Por que você fugiu de mim ontem?

— É... Complicado.

–—Você é toda complicada, mas isso não me impediu de me apaixonar por você toda.

Apaixonar.

Agora não tinha mais volta.

— Mas nós nos odiamos. — Repouso minha mão em seu rosto, e ele fecha os olhos.

Isso era o que você sempre dizia para si mesma. Eu nunca te odiei de verdade, só não era capaz de admitir o que sentia.

Também fecho os olhos quando ele encosta seu rosto no meu, testas e narizes grudados.

— Se lembra de quando te disse que a fonte não funcionava?—– Assinto fracamente. — Eu estava errado. Ela me fez conhecer meu amor, agora só depende de nós para que o resto se realize.

Ofego, quando suas mãos descem para minha cintura. Passo meus braços ao redor de seu pescoço.

— Me lembra de passar mais tarde lá para agradecer.

E o puxo para um beijo.

O que poderia acontecer se eu admitisse que estou perdidamente apaixonada?

Esqueço-me do mundo, das minhas preocupações e do depois. Aproveito o agora. Pauso o momento na minha memória, e o guardo para todo o sempre. Cada toque, cada tudo, me faz ter ainda mais certeza.

Apaixonei-me pelo meu inimigo.

Apenas nos separamos quando o ar realmente se faz necessário.

— E então, você sente o mesmo por mim?

Ele me encara com seus grandes olhos azuis, carregados de expectativa, onde me perco.

— Deixa eu pensar... Claro que sim! Mas se eu te ver olhando para a vaca da Betina, ou a cachorra da Rachel, eu transformo tudo isso em desculpa para matar.

Ele ri, enquanto me abraça.

— Se eu tiver você, por que olharia para outra?

Abro minha boca para responder, quando tudo acontece rápido demais.

Rafael é arrancado violentamente de mim, enquanto um garoto moreno lhe acerta um soco na cara.

Ele é rápido em revidar, acertando seu agressor também.

Estou prestes a entrar na briga, quando reconheço o garoto.

Alexander.

Cubro minha boca com ambas as mãos.

Não. Não. Não.

Como ele me encontrou?!

Eu devia saber, afinal a vida é assim mesmo. Quando tudo parece estar nos conformes, alguma coisa sempre dá errado.

Ou um fantasma do passado volta para interferir no presente.

Jogo-me contra ele, o empurrando contra a mesma árvore que instantes antes eu estava escorada.

E então lhe dou um bom tapa na cara.

— Seu maldito! Porque não me deixa em paz!?

— Espera aí, você conhece esse aí?

Rafael se aproxima, aguardando minha resposta.

— Preferiria nunca ter conhecido.

E então dou as costas para o idiota estapeado contra a árvore, torcendo para que um cometa caia nele, e caminho de volta para o apartamento.

Não demora muito para que Rafa me alcance.

— Quem é ele?

— Se lembra de quando eu falei que era complicado? Essa complicação tem nome. Alexander.

— Ele?

Assinto.

— Eu preciso ficar preocupado?

— Desesperado.

Tudo bem, não era pra tanto.

— Eu não estou entendendo.

— E eu não estou com vontade de explicar agora.

— E então é isso? Eu digo que estou apaixonado por você, descubro que é recíproco, levo um soco de um estranho, e então você simplesmente dá o fora?

— Rafael, — repouso minhas mãos em seus ombros, e o encaro — você já teve mais que uma namorada. É esperado que saiba pelo menos o básico sobre como as mulheres funcionam. Sem pressão, ok?

— Por enquanto.

E então é ele quem vai embora.

Ignoro o aperto no coração, e sigo em frente.

E agora, o que eu faço?


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