Amor À 19 Vista escrita por RoBerTA


Capítulo 13
Acho que um bicho me mordeu, e ele começa com C...


Notas iniciais do capítulo

OI amores! Talvez tenha alguns errinhos, porque eu não revisei, então desculpem... Boa leitura!



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— Você tem certeza?

Aceno fracamente com a cabeça, enquanto fecho os olhos. Dou um passo em sua direção, enquanto um par de braços me cerca. Suspiro levemente, inalando seu perfume inebriante. Meus olhos permanecem fechados, e meu coração parece que vai explodir, tamanha minha alegria. Tento, em vão, abrir meus olhos, para poder ver quem está me proporcionado essa sensação.

De repente, o mundo parece oscilar sob nossos pés, e sinto sua respiração ofegante fazer cócegas contra minha face. O agarro com força, temendo cair.

Com medo de perdê-lo.

Quando por fim sou capaz de abrir meus olhos, não consigo ver seu rosto. É um misto de tudo e nada. Parece brilhar, ao mesmo tempo em que parece me engolir através de suas sombras. Encontro-me e perco-me nele.

Um sorriso vai tomando forma aos poucos em meu rosto, e abro a boca para dizer o que tanto anseio. Mas não sai som algum. Franzo o cenho, enquanto tento novamente. As palavras simplesmente parecem ter fugido do meu alcance.

Um pânico toma conta de mim enquanto ele tenta se desvencilhar de nosso abraço. O agarro com mais força, tentando dizer o que sinto, mas ele continua tentando escapar.

Uma lágrima quente desce por minha face enquanto me jogo nele, o abraçando da forma mais forte que sou capaz.

Meus olhos finalmente se abrem, de uma forma alarmada. E não é nada o que esperava. Compreendo, ainda um pouco zonza, que estava sonhando.

Mas então, por que ainda sinto alguém sendo esmagado sob meu abraço esmagador?

Fico um pouco confusa quando percebo que estou no nível do chão, e mais confusa ainda fico quando vejo Rafael embaixo de mim, deitado de costas contra o chão. Ele parece desconfortável, com meus braços e pernas ao seu redor, o abraçando de forma tão... Indescritível.

Como num passe de mágica, me lembro de tudo. Dos trovões. De mim indo até o inimigo. Eu sendo fraca e covarde. Adelina sendo abraçada e abraçando de volta... Tudo isso me atinge como um tapa na cara, enquanto olho para Rafael, desfrouxando o aperto, e sentindo meu rosto queimar de vergonha.

— Bom dia. — Ele diz, como se tudo aquilo fosse normal, e acontecesse todo dia e toda hora. Me amaldiçoo internamente.

— Hnm, bom dia.

Pulo de cima dele, que levanta do chão de forma lenta e preguiçosa.

— Dormiu bem?

Olho confusa pra ele. Que raios de pergunta foi essa?

— Aham, eu até sonhei.

— Eu sei.

E ele sorri um sorriso cheio de dentes. Tremo, só de pensar no que ele quis dizer.

— A gente deveria repetir a dose.

Ele pisca e sai do quarto, me deixando desamparada e completamente mortificada.

Gemo de desespero, enquanto troco o pijama por uma roupa que cobre mais meu corpo.

Saio do quarto enquanto travo uma batalha no topo da minha cabeça, tentando domesticar meus cabelos rebeldes, e convertê-los em um rabo de cavalo alto.

— Bom dia Adelina, dormiu bem?

Faço um sinal de joinha para minha avó que parece estar tendo um diálogo bastante animado com Joseph. Dou um pulo quando sinto Rafael apertar minha cintura por trás. O bombardeio com tapas enquanto ele se protege e ri de mim.

Cruzo os braços e fico com uma expressão de carranca, enquanto ele continua rindo, e vai dar bom dia para minha vó e seu tio.

— Você parece ter tido uma noite ótima. — Joseph comenta distraído para Rafael, que me lança um olhar malicioso.

— Você não faz ideia.

Engulo seco enquanto me sento em uma cadeira.

— Vó?

— Fala Adelina.

— A Lana ligou e disse que ia passar aqui hoje para me ver. Não tem problema, né?

— Claro que não! Eu até estava com saudades dela. Ela certamente é uma boa garota.

Boa até demais.

— É.

Fico distraída, olhando para o teto enquanto o almoço é feito, e o pobre — sintam a ironia carregada de veneno — Rafael arruma a mesa.

— No que você está pensando?

— Não é da tua conta.

— Você é a garota mais insuportável que eu já conheci, sabia?

— Obrigada. Eu fico tocada quando me elogiam dessa forma.

— De nada.

Começamos a almoçar um delicioso macarrão. Sério mesmo, é o melhor que já experimentei.

— Que delícia! Quem fez?

— Rafael. — Joseph fala com a voz carregada de orgulho. Ele dá dois tapinhas nas costas de Rafael. — Desde pequeno ele tem um dom na cozinha.

Coloco o garfo sobre o prato.

— Que coisa de mulherzinha.

— Eu não tenho culpa se você mal sabe encher um copo d’água.

Fulmino ele com o olhar. Estou prestes a xingá-lo até a morte, quando meu celular começa a tocar.

Franzo o cenho enquanto olho quem é. Suspiro e atendo.

— O que foi Lana, se perdeu?

— Não, não é isso. Acontece que estou na frente da porta do apartamento de sua avó, tocando a campainha feito uma doida, e ninguém atende.

— É que aconteceu um pequeno incidente ontem de tarde, e nós estamos no apartamento 93. Vem aqui que já vou te receber.

— Ok, já estou indo.

Mal levanto da mesa, e já ouço a campainha tocar.

Corro para a porta, e logo a abro.

Cubro a boca com as mãos.

— Você, você... Tem uma franja!

Lana continua com sua estatura incrivelmente baixa, me obrigando a abaixar um pouco a cabeça para encará-la. Seus cabelos negros possuem cachos grandes, que caem sobre seus ombros. Com suas sardas, e seus grandes olhos azuis, a franja a tornou ainda mais boneca de porcelana do que já era.

A puxo para um abraço de urso, que a garota faz questão de retribuir.

— Vem, — puxo seu braço — vovó quer te ver.

Praticamente a arrasto até a mesa, onde Rafael era o único que já havia terminado de comer.

— Joseph, Rafael, essa é minha amiga Lana. Lana, esses são Rafael e seu tio Joseph.

Ela acena para eles, e então seu olhar se fixa em Rafael de uma maneira nada legal, pro meu gosto.

Meu. Deus. Do. Céu.

Ela piscou pra ele!

Não, isso só pode ser um pesadelo. Como é que ela pode piscar para ele? Porque, tipo, ele é meu... Inimigo! É, isso aí. E além do mais, quem em sã consciência, olharia para ele daquele jeito?

Tudo bem que o fato de ele ainda estar sem camisa não contribuía em nada, com aqueles músculos... Ou a forma como um pouco de seu cabelo dourado caia sobre seu olho, com a cor do céu noturno mais lindo jamais visto. Ou a forma como seu sorriso fazia meu coração palpitar. Ou até mesmo como senti uma coisa no estômago no momento que passei a ser o alvo de seu olhar completamente penetrante.

Uau, preciso visitar um psiquiatra imediatamente.

— Então, Lana, que tal irmos passear? Tem uns lugares bem legais por aqui. Vamos.

A puxo novamente, mas com mais afinco dessa vez, sem esperar que ela concorde ou discorde.

— Esperem, eu vou com vocês. Afinal, eu conheço essa cidade como a palma da minha mão.

Os olhos da Lana parecem brilhar. Sinto vontade de vomitar. Rafael parece se controlar para não gargalhar. E esse negócio de rimar me dá vontade de gritar.

— Ok, a gente vai indo na frente. Se apresse se não quiser ficar para trás. Tchau pra vocês dois que ainda estão sentados!

Empurro Lana pra dentro do elevador, e antes que tenha a chance de xingar, ou dizer qualquer coisa, ela me interrompe.

— Adelzinha, eu acho que acabei de encontrar minha alma gêmea!

Fala sério!

— Acho que você está muito precipitada. Mal o conhece!

Amiga, se controle, você não é chuva para se precipitar.

— E daí? — Ela cruza os braços. — Eu saberia reconhecer de olhos fechados minha alma gêmea.

— Então você está cega.

— E o que que você tem a ver com isso?

Nessa hora, o elevador parece um forno, como se ondas telepáticas de raiva em forma de chamas e mísseis fossem emanadas de nossos corpos.

— Porque talvez ele tenha dona.

Cruzei meus braços sobre o peito.

— É mesmo? E eu poderia saber quem seria?

Ela também cruza os braços, e tenta inutilmente ficar mais alta.

— Talvez seria e... — Mordo a língua, antes que fale algo que certamente me arrependeria mais tarde. — ...xatamente a namorada dele. A desostrogenada da Rachel.

Ela arregala os olhos para mim.

— Ele tem namorada?!

— Pois é, acho melhor procurar outra alma gêmea.

Me viro para sair do elevador, que já havia aberto há muito tempo. Quase grito quando vejo Rafael, encostado na porta do elevador já aberto, me olhando com uma expressão entretida. [n/a: ele não tem superpoderes, só usou as escadas...]

— Então eu tenho dona, é? Bom saber.

Fico em pânico, sem saber o que fazer ou o que dizer. Ambos sabemos que ele não tem uma namorada há muito tempo.

Passo por ele, e saio do prédio com passos largos, enquanto Lana precisa correr para me acompanhar.

— O que foi aquilo?

Ela pergunta ofegante para uma Adelina que se recusa a responder. É tão mágico se referir em terceira pessoa, ainda mais com um nome tão sexy feito o meu.

Apresso os passos, e vejo três garotos conhecidos sentados num banco arrodeado de garotas, conversando.

— Oi Romeu, oi Steve, e oi garoto-que-não-sei-o-nome.

— É Thiago.

— E eu perguntei?

Ele me olha de mau humor.

— E quem disse que isso foi uma resposta para sua pergunta não perguntada?

— E quem disse que eu não perguntei?

— Talvez porque você pediu se tinha perguntado, com uma notória onda de ironia.

— Talvez eu não estivesse sendo irônica, só eu mesma.

Dou uma piscadinha para ele, que franze o cenho e fica pensando quem estava certo e quem estava errado.

O resto do pessoal permanecia em silêncio, tentando absorver a cena que antecedeu.

— Antes que vocês perguntem, essa é Lana, minha melhor amiga. Esses são os amigos da sua alma gêmea.

Como eu sou má.

Ela me olha irritada, e sua bochechas assumem um tom de vermelho berrante.

— Adelina!

Finjo inocência. Falsa, só para avisar.

— O que foi? Vocês não são mais almas gêmeas?

— Talvez você não seja mais a mesma. Talvez, você também não seja mais a minha amiga.

Rolo os olhos. Lana e sua mania exagerada de exagerar. Dou de ombros também.

— Tanto faz, quem vai perder é você.

Rafael havia permanecido em silêncio até aquele momento. De repente ele dá um passo à frente, mais pra perto de mim, devo acrescentar.

— Vocês estão brigando por minha causa?

— Mas é um convencido mesmo! E estamos brigando sim por sua ilustre causa.

Ele arqueia as sobrancelhas.

— E eu poderia saber o motivo?

Todos me olham em expectativa. Inclusive as garotas ao redor do banco, que ainda não se tocaram e não foram embora.

Olho de relance para Lana, que devolve o olhar com desafio.

— Ela disse que vocês eram almas gêmeas e todo esse blá blá blá. Mas ela mal te conhece! É preciso muito mais do que uma olhada para chegar a essa constatação.

Ele concorda solenemente.

— Como um ou mais beijos, certo?

Concordo.

— Dividir um pote de sorvete?

Concordo.

— Passar uma tarde inteira no sofá assistindo filmes?

Concordo.

— Saber que a pessoa tem uma queda por Barbie?

Concordo. Espera aí...

— Entender e gostar de ouvir as besteiras descomunais que ela fala? Levar um extintor no pé? Começar a gostar de amarelo? Sentir ciúmes? Sonhar com essa pessoa? Querer muitos e muitos outros não encontros? Dizer que a última noite, provavelmente foi uma das melhores de sua vida? E que começou a gostar de trovões, por seus próprios motivos?

Ele termina ofegante, sem nunca deixar meu olhar. Derreto, afundo, me recupero, e derreto de novo. Tudo que ele falou... Era sobre nós. Isso foi praticamente uma...

Calo meus pensamentos quando ele dá três passos na minha direção, e para bem na minha frente. Uma mão repousa sobre meu rosto.

— Mas principalmente, saber que tem uma dona. E que ela certamente não é a namorada que ele não tem mais a um bom tempo.

...declaração. Ele. Se. Declarou. Pra. Mim.

Agora sim o inferno congelou.

Ouço Lana ofegar atrás de mim, enquanto também sinto minha cabeça ser violentamente puxada para trás.

Mais por reflexo, chuto em direção a minha agressora, que acaba se revelando uma Rachel possessa.

Então, o modo assassino da Adelina é ativado.

Uso minhas unhas, que mais parecem garras. Mas até que ela não é tão fraquinha assim. Recebo um soco no estômago, e sou obrigada a me curvar. Ela acerta uma joelhada na minha barriga também. Uma onda de raiva toma conta de mim, e me ergo, dando um soco em seu olho direito no processo.

Estou prestes a devolver a joelhada, quando um par de braços me envolve, e o mesmo acontece com ela.

— Sua @#$%!!!

Pois é, ela me xingou de uma forma baixa. Mas também, olha de quem estamos falando.

Fico chocada quando Lana atravessa a distância entre mim e a coitada, e dá um tapa nela.

— Dá próxima vez, morde a língua antes de falar da minha amiga.

De repente as pessoinhas começam a aplaudir, sei lá o que, e os braços musculoso, que até imagino de quem são, me soltam.

Viro de frente para Rafael, que me fita com um sorriso. Ele toca meu rosto com as pontas dos dedos, e aproxima o rosto do meu.

E então corro dele.

Fujo, não sei pra onde. Escuto Lana gritar alguma coisa ilegível, e Rafael responder algo que também não compreendo.

Quando minhas pernas se cansam, me escoro numa parede de tijolos, e deslizo lentamente até o chão. Enterro a cabeça nas mãos e choro baixinho.

Por que eu tenho que ter hormônios? Seria tão mais fácil não precisar passar por essa fase chamada adolescência, com todas essas confusões internas e esses sentimentos revoltos.

Sinto uma mão pequena erguer meu rosto de forma delicada. E então e la enxuga minhas lágrimas.

— Adelina. Você precisa esquecer, e simplesmente seguir.

Um arrepio percorre meu corpo quando percebo o que ela quis dizer.

— Não...

— Escuta. — Ela me obriga a olhar em seu rosto, que parece sério. — Esquece aquele imprestável, ok? Além do mais, não sou eu a alma gêmea do Rafael.

Olha confusa pra ela.

— O que você está querendo dizer com isso?

— Adelina, Adelina. Como você conseguia ser a melhor aluna da turma? Sério mesmo, você precisa acordar para as coisas simples da vida. E enxergar o que está bem debaixo do seu nariz.

Ela me dá as costas, e volta na direção de onde viemos.

Continuo sentada no chão sujo, e até vejo um ratinho passar correndo por ali, enquanto tento organizar a porcaria que minha vida se tornou.

Esquecer não é um problema. Isso eu já esqueci. Mas como lutar contra aquilo que se chama autopreservação, e fica gritando que aquilo vai acontecer de novo, se você baixar as barreiras?


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Notas finais do capítulo

... com C de Ciumes.