Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 2
Sonhos




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Antes de ter qualquer reacção, já estava a gritar. Tinha acordado a gritar, ao mesmo tempo que jorravam lágrimas dos meus olhos. Len entrou no quarto precipitadamente, preocupada comigo. Abraçou-me e tentou-me acalmar, limpando-me as lágrimas, mas elas pareciam intermináveis, pois imediatamente a seguir eram substituídas por outras.

Lucy também me veio consolar, agradeci às duas e disse que estava bem e que fora apenas um pesadelo. Len despediu-se de nós e saiu, mas Lucy permaneceu no mesmo lugar.

-Susan- Fez uma pausa, hesitante - tens a certeza que foi apenas um pesadelo? Tens a certeza que não tem nada a ver com o Caspian?

-Sim Lu - Menti.

Não voltei a dormir. Mal toquei no pequeno-almoço e voltei para as aulas. Ultimamente andava com cada vez menos apetite.
A semana passou a voar, e antes que desse por ela, já era sábado. Voltara a falar com Peter, embora pouco. Encontrava-me sentada a ler.
-Susan- disse Peter.

-Sim.

-Sabes aquele meu amigo, o Will?

-Sim, que tem?

-Ele, hum. – hesitou- ele está interessado em ti.

Fiquei sem palavras. Não acreditava nele. Senti o sangue a descer-me à face. Normalmente um rapaz como Will, tão popular preferia Elizabeth.

-Hum.- Clareei a voz- Tens a certeza?

-Claro.

-Ele está bem? Quem iria querer-me a mim quando pode ter a Elizabeth? – a minha voz não soava como inveja, mas sim como um facto.

-É claro que está bem. Ele não está interessado nela, mas sim em ti.- ele mostrava uma expressão serena, demasiado serena até, mas compreendia, Will era bastante amigo dele, alto, bem constituído, com os olhos azuis e o cabelo loiro aos caracóis, era a perdição das raparigas.

-Isso passa-lhe. - respondi secamente.

Estava prestes a entrar no universo do meu livro até que Pete me voltou a falar:

-Ele gosta mesmo de ti Susan. Nunca o vi assim com ninguém. Até acho estranho nunca teres reparado, tu passas por ele e ele lança-te olhares profundos, apaixonados. Toda a gente repara, até as tuas amigas já notaram, não passa despercebido a ninguém. – se elas notaram alguma coisa não me tinham dito . Corei, mas deixei-o prosseguir – Tudo começou desde que voltamos, ele viu-te no estado em que está..estavas e perguntou-me todo preocupado o que se passava contigo, acho que foi a partir daí que ele começou a desenvolver isso por ti, bem, se não foi aí que ele os começou a desenvolver, foi aí em que os começou a mostrar. Susan, tu sabes muito bem que ele pode ter quem quer, mas ele escolheu-te a ti.

-E isso obriga-me a escolhê-lo?

-Nunca disse isso, só estou a sublinhar o facto de ele te ter preferido a ti, no meio de tantas outras.

-Mas de qualquer maneira, porque é que não veio ele falar comigo?

-Eu só te estou a dizer isto para completar o que disse no outro dia, tu podes avançar com a tua vida e esquecer o que se passou para trás, não precisas de estar presa a Caspian.

No inicio senti a fúria a voltar a mim. Ele ainda achava que aquilo que tinha dito era correto, mas no entanto, ele estava preocupado comigo, e o tom que usava desta vez era mais dócil.

Abracei-o e disse-lhe:

-Peter, entendo o que estás a sentir, mas não precisas de estar preocupado. Se Will me quiser dizer alguma coisa, que venha ele.

Peter fez um meio sorriso e afastou-se.

O fim-de-semana passou rápido. Conseguira dormir alguma coisa.
Levantei-me, e quando estava pronta para ir para a escola esperei por Edmund, Lucy e Peter.

Chegámos e cada um foi para o seu lado, Lu para o piso 2, eu para o piso 4, Edmund para o piso 3 e Peter para o piso 5.

Infelizmente havia uma sala em comum a todos os anos, a sala de convívio, e inevitavelmente, para a minha sala tinha de se passar por ali. Tentei escapulir-me entre a multidão, mas sabia que a pessoa que andava a evitar me ia ver, eu sabia que sim.

-Susan. – uma voz suave disse, como se estivesse surpreendido. – Não te esperava ver aqui. – Olhei em volta e vi que estava no piso errado, piso 5. Depois olhei para a pessoa que estava a falar comigo, bem, eu já sabia, mas ainda tinha uma réstia de esperança de que não fosse quem eu pensava.

-Ah, olá Will. Aparentemente enganei-me no piso…

Ele soltou uma gargalhada tão natural, que por momentos esvaziou toda a dor que eu sentia.

-Então, estás melhor? - Senti-me a corar, do que ele estava a falar? - Ouvi dizer que andas com problemas em dormir.

-Ah, sim. – Afirmei mais descansada, mataria Peter mais tarde - Deve haver alguma coisa de errada comigo. – Sorri, um dos primeiros sorrisos sinceros desde que tinha voltado. Era tão fácil sorrir à beira de Will. Mas eu não era rapariga para ele, e depois de Caspian, acho que seria muito difícil voltar a apaixonar-me.

Despedi-me dele e vim-me embora, ao virar costas apercebi-me que um monte de gente estava a olhar para nós, mas tentaram disfarçar quando repararam que eu estava a olhar para eles.

Encontrava-me quase no fim do corredor quando aconteceu uma coisa que eu não esperava, algo que podia parecer normal, mas que ia mudar muito as coisas.

Antes de poder reagir, estava no chão. Foi como adormecer. À medida que ia abrindo os olhos, ia sentindo uma dor muito forte na parte de trás da cabeça. À minha volta havia uma grande agitação, não sabia o que se passava, à medida que a minha visão se foi tornando mais nítida ia reconhecendo alguns rostos, via Peter, Edmund, Lucy, Will, Miriam, Elizabeth e Claire. Foi Edmund o primeiro a falar:
-Su, su, estás bem?

A minha voz saiu fraca, mas dava para ouvir.

-O que se passou Ed?

-Tu desmaiaste, acho que foi porque hoje não tomaste pequeno-almoço e ficaste fraca. – a sua voz saía como uma explicação.

Desta vez foi Pete que falou, a voz dele saiu uma mistura de raiva com preocupação:

-Su, nunca mais faças isto, tens de te alimentar!

Acenei com a cabeça. Não me sentia capaz de falar mais.

Fui dispensada do resto das aulas e permaneci em casa a descansar. No início da tarde a minha mãe assegurara que eu tinha tudo o que precisava, mas ela saiu e disse que só voltaria no fim do dia.
No início estava sossegada, mas acabei por desesperar. Fiquei tão desesperada que comecei a escrever uma carta para Caspian, desejando com toda a minha força que um dia lha pudesse entregar.

Lá estavam todos os meus sentimentos, tudo o que eu não podia dizer a mais ninguém, tudo aquilo que eu guardara dentro de mim.

Já tinha escrito bastante quando mergulhei a minha cara em lágrimas. Começara a pensar que talvez Peter tinha razão, e que ele já tinha avançado, às tantas já estava casado. Mais e mais lágrimas escorriam-me. Estava num desespero total que só pensava: "Talvez o melhor era eu poder esquecê-lo, mas acho que só contando comigo isso não vai ser possível, eu não tenho força para me libertar dele… Se houvesse uma maneira qualquer"

Aí lembrei-me de algo. Ouvira falar daquelas videntes, diziam que elas nos podiam fazer esquecer algo que lhe pedíssemos. Mas eu não acreditava naquilo, achava que era tudo uma grande aldrabice, talvez recorresse aquilo quando estivesse quase no limite.

Continuei a escrever. Nem me apercebera que já tinha escurecido. A minha mãe acabou por voltar e os meus irmãos também.

Fui acordada de súbito. Era Len.
-Minha querida, o jantar já está pronto.

-Vou já num instante.

Levantei-me. Era difícil para mim de acreditar que tinha adormecido ali, em cima da carta.

O jantar foi silencioso e nem uma palavra sobre o meu desmaio, retirei-me mal terminei a refeição.

O desespero voltara, e não conseguia ter descanso. Na minha cabeça passavam-se milhões de coisas. "Su, és tão parva, ele já te esqueceu, já avançou com a sua vida, foram só uns dias, não podes ter ficado verdadeiramente apaixonada com ele, isto é só uma coisa estúpida da adolescência". Deu-me uma dor no peito, estava a mentir a mim própria, para ele pode ter sido apenas um amor qualquer, mas para mim, bem, basta dizer que eu não me apaixono facilmente, e quando o faço não é por qualquer um. Penso que acima de tudo, o que eu mais temia era ele já me ter esquecido.

E nós não sabíamos quanto tempo já tinha passado lá, da última vez que voltamos a Nárnia tinham passado centenas de anos, quem saberia, Caspian já podiam ter morrid… Um arrepio percorreu-me a espinha impedindo-me de prosseguir com aquele raciocínio. "Não, não podia ser".

A semana passou lentamente, e até tinha conseguido dormir consideravelmente bem. A tensão que existira antes em minha casa desaparecera e até se podia dizer que tudo tinha voltado ao normal, lentamente eu voltara a ser uma pessoa social, ou pelo menos aparentava isso. Mas bem dentro de mim, ainda me doía a alma, era difícil para mim respirar, e com o passar dos dias cada vez mais. Num piscar de olhos já tinha passado um mês, e logo após mais outro.

Por esta altura, pensava que eu já estaria curada do espírito, mas eu continuava igual, bem, igual não, mas pior, cada segundo, cada minuto longe dele era mais sofrimento. Sentia-me como uma bomba-relógio, cada vez mais próxima do fim.

Numa semana os pesadelos voltaram. Na primeira noite sonhara que Caspian se estava a afogar e que eu estava ali, presente a ver tudo, mas era incapaz de o proteger, de o salvar, estava inapta de pedir ajuda, de gritar.
Len estava ao meu lado com um chá na mão, aparentemente o choro interminável voltara.

-Voltaste a gritar Su.

-Desculpa mãe, não a queria acordar.

-Não te desculpes, tenta descansar, é o melhor que podes fazer neste momento.

Assenti com a cabeça e fechei os olhos. Podem ter passado horas, mas eu não tinha dormido, apenas estivera a pensar.

No dia seguinte o mesmo, e assim pelo resto da semana. Desta vez os pesadelos eram diferentes, uma ocasião era que ele estava preso, a ser torturado, e eu não me conseguia mover para o ajudar.

No entanto, o pesadelo que mais me magoou, que mais me feriu foi o do penúltimo dia da semana. Estava perto de uma montanha, Caspian apareceu e aproximava-se de mim, cada vez mais, quando estava próximo, eu tentei falar com ele, abraça-lo, mas ele estava sem reacção, como se não me visse ali a tentar falar com ele, a tentar conseguir a sua atenção. Foi desesperante. Nessa noite Len já tinha olheiras e um ar terrivelmente cansado, Peter andava silencioso, mergulhado nos seus pensamentos.

Então foi aí que eu tomei uma decisão, tinha de tentar visitar uma vidente, uma qualquer.

Falei com Claire, usando as noites mal dormidas como desculpa, e ela disse-me que a sua tia era uma vidente, pedi-lhe a localização e no mesmo dia, no fim das aulas estava eu, em frente aquela loja de aspecto sinistro.


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Notas finais do capítulo

lamento que este capítulo esteja um pouco confuso mas eu já escrevi esta parte à um ano xD



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