Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 3
A Vidente


Notas iniciais do capítulo

Bem neste capítulo vai entrar mais uma OC (Sirama) e agradeceria imenso se me dissessem a vossa opinião acerca dela :) xx



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Decidi entrar, um cheiro a incenso entrou-me nas narinas. Era uma sala ampla com todo o tipo de coisas à venda. As paredes eram roxas, e via amuletos, pós, incensos, colares e estátuas. No balcão estava uma mulher com um aspecto mesmo estranho, a combinar com o resto da loja. Tinha uma pele morena, os olhos verdes claros, roupas largas, e o cabelo negro estava todo apanhado numa trança até à cintura. Estava coberta de acessórios.

-Estava à tua espera, Susan Pevensie.

-Desculpe, conhece-me?- era um truque para me impressionar, Claire devia tê-la informado da minha visita.

-Sim e não. - Fiquei a olhar para ela com um olhar atónito, mas ela continuou. - Sei a razão pela qual estás aqui, mas vou deixar-te explicar convenientemente.

-Bem … - hesitei – Eu quero algo que me faça esquecer uma memória, uma pessoa.

-Continua. Não penses que dou uma poção a qualquer um, justifica.

-Bem, eu fui a um sítio, e apaixonei-me, mas nunca mais o posso ver. Isto tem me dado muito sofrimento. - Tentei ser o mais simples na minha explicação possível.

-Susan Pevensie, conheço o teu segredo, o segredo da Terra Mágica, Nárnia. – Fiquei completamente sem reacção, jurava que até estava a tremer. - Eu própria partilho desse segredo. Em tempos também estive em Nárnia, muito antes da profecia dos dois filhos de Adão e das duas filhas de Eva se concretizar. Desde aí, só pude ir lá quando me necessitavam e recentemente fui lá. Um rapaz, que agora é rei pediu o meu auxílio, para eu lhe conceder informações. Ele desejava saber se eu conhecia alguma passagem daquele mundo para este. Eu disse-lhe que iria fazer uma pesquisa e em breve voltaria, quando lhe dei esta resposta conseguia ver o desespero espelhado no seu olhar. Esse rapaz chamava-se Caspian.

O meu coração parou. Caspian, como eu, queria desesperadamente encontrar uma solução. Ela voltou a falar.

-O meu nome é Sirama, e tu minha filha, tu vais precisar de ser muito forte. Voltarei em breve, vou procurar Aslan. Preciso de te pedir que voltes aqui daqui a uma semana, e vê se estou aqui, se não estiver aqui, peço-te que voltes na semana seguinte e assim sucessivamente até ao meu regresso.

Acenei com a cabeça e virei costas. Estava quase a sair da loja quando ouvi ela a dizer:

-Nunca tentes esquecer algo que te fez tão feliz, e que só perdeste porque te foi tirado pelo destino.

Uma lágrima caiu-me e saí dali. Tinha muita coisa para reflectir.

Sentei-me na poltrona do meu quarto, firme, olhando para a parede.

Um misto de sentimentos assaltavam-me. Uma súbita esperança, porque Caspian não se esquecera de mim e um pânico, porque podia perder essa esperança se Sirama não encontrasse solução. Na minha cabeça ainda repetia o que ela me tinha dito "tu vais precisar de ser muito forte". O que é que ela queria dizer com aquilo? Estremeci.

Tinha tanto medo de adormecer, de me entregar às sombras. Todo esse receio vinha dos pesadelos. Aqueles pesadelos que me pareciam tão reais, demasiado reais.

Mas nessa noite dormira bem, devido ao chá que Len me entregara, um chá que garantia sono sem sonhos.

Aqueles sete dias passaram rapidamente, mais rapidamente do que eu queria. Como o prometido, voltei à loja de Sirama, encostei a mão à porta, se ela já estivesse lá ela abriria-se sem qualquer dificuldade. Mas estava fechada. Não estava ninguém ali. Senti o meu coração a cair e a despedaçar-se, metade da esperança que possuía desapareceu naquele momento.

Dias depois, encontrava-me na sala de convívio com as minhas amigas. Miriam e Elizabeth estavam falar sobre tranças, uma conversa que era, sem dúvida, hilariante. Claire estava um pouco mais afastada de nós a rever matéria. Aproximei-me dela e prendi a atenção dela.

-Claire, a tua tia não costuma estar muito tempo por aqui, pois não?

-Quem, a Sirama? Ela quase nunca está cá. Tiveste sorte em encontrá-la. – Soltou uma pequena gargalhada.
Eu continuava com um ar sério.

-Que foi Su, ela não te disse coisas todas estranhas pois não? Ela assustou-te Susan?

-Não, não foi nada disso. – Esbocei um breve sorriso.

-Espero que ela não te tenha dito nada de sinistro, ela é estranha.
- Não te preocupes Claire. – Ela achava a tia uma farça, assim como eu achei no início, mas ela sabia de tudo, ela sabia da existência de Nárnia.

Fomos interrompidas por Elizabeth e Miriam a rirem-se a bandeiras despregadas, mas Claire voltou a falar-me.

-Oh Su, e o Will? – Ela tentou esconder o gozo que aquela pergunta lhe dava. - Corei por um instante, mas tentei logo clarear a voz e dar-lhe um tom natural.

- Que tem?

- Ouvi dizer que ele anda perdido por ti, e tu não lhe ligas nenhuma. Devias … - ela foi interrompida por algo, algo que eu não reparara.

Ouvi uma voz suave.

- Susan. – Eu reconheci imediatamente a voz, e tive medo de olhar para cima e enfrentá-lo.

Levantei-me num ápice e encarei-o.

- Olá Will.

-Podes … Hum … Queria falar contigo … A sós …

Notei o nervosismo presente na sua voz, e surpreendi-me, o que ele quereria comigo? Assenti com a cabeça e ele começou a andar. Acompanhei-o e permaneci em silêncio, à espera que ele me falasse.

- Tu já sabes o que eu sinto por ti, não sabes?

Corei instantaneamente. Acenei com a cabeça e continuei a andar. Ele parou, algo de que eu não estava à espera. Agarrou-me nos ombros e encostou-me à parede. Falou com uma voz desgastada.

-Susan, eu, eu só queria saber… Eu tenho alguma hipótese? – Estava tão tímido que puxou uma madeixa do seu cabelo encaracolado para trás da orelha.

-Eu … Eu … - Gaguejei, ele deixara-me sem palavras – Existe uma coisa que eu não entendo.

-Diz.

- Porquê eu?

Ele esboçou um sorriso genuíno que me aqueceu a alma.

-Porque não há ninguém igual a ti, és única.

Ele dissera aquilo como se fosse a coisa mais simples do mundo, como se fosse óbvio. As únicas reações que eu consegui ter foram a de abraçá-lo e a de murmurar um "obrigada".

Will sempre fora meu amigo, desde que me lembro. Ele é um amigo próximo de Peter, portanto sempre fui habituada a vê-lo por minha casa.

Não sei quanto tempo durou aquele abraço, mas quando o larguei ele lançou-me um sorriso, beijou-me a face e deixou-me.

Olhei para ele a afastar-se. Quem sabe um dia, quando eu estivesse curada, me poderia apaixonar por ele. Mas não acreditava que ele iria esperar por mim, não, ele era demasiado bonito, um dia alguma rapariga roubaria o seu coração.

Mas também eu poderia nunca me curar. Havia a possibilidade de eu nunca mais ser capaz de amar alguém. Não me imaginava com mais ninguém à exceção de Caspian.

A espera era angustiante. Sentia-me cada vez mais aflita. Estava impaciente e desejava que a semana passasse o mais rapidamente possível.

Acabou por chegar o dia. Antes de sair de casa, coloquei cuidadosamente a carta que escrevera para Caspian na minha bolsa, tinha a esperança que talvez pudesse entregá-la para Sirama e ela lhe pudesse dar a carta.

Voltei lá. Hesitei por um segundo. A loja de Sirama nunca me parecera tão imponente. Encostei a mão na porta e para minha surpresa abriu-se. Ela estava de volta.

Tinha medo de avançar, e cada passo dado por mim era pesado e difícil, porque eu sentia, de uma maneira que estranha, que estava a caminhar de encontro ao destino.

A loja parecia exactamente a mesma desde a última vez, mas adquirira mais luz.

- Susan. Estou aqui, mas por pouco tempo, sabia que me procurarias, em busca de respostas. – Siram era sempre assim, falava em enigmas.

- Tem novidades?

- Cada vez estou mais próxima, mas ainda não o encontrei. Sabes bem como Aslan é, desaparece quando quer. Mas sei que o vou encontrar, duas pessoas precisam dele. - Não tinha a certeza se ela estava a falar de mim e de Caspian. – Susan, quando voltar, deve ser aproximadamente daqui a três semanas, antes disso, não voltes aqui que te é inútil.

Acenei com a cabeça.

-E mais uma coisa, pediram-me para te entregar isto.

Depositou na minha mão um pequeno embrulho branco. Abri-o e encontrei lá um colar com um medalhão. Era prateado, todo trabalhado, decorado e tinha inscrito numa das faces um "C" e noutra face um "S". Uma alegria profunda caiu sobre mim.

-Acho que não é preciso dizer-te quem enviou isso.

Aí lembrei-me do que eu tinha na minha bolsa. Tirei a carta e entreguei-lhe.

-Sirama, imploro-te que lhe entregues isto. É tudo o que me resta.

Calmamente, ela pegou na carta e guardou-a.

-Não te preocupes minha filha, ela será entregue.

Subitamente a frase "tu vais precisar de ser muito forte" assaltou-me o pensamento, deixando-me desnorteada. Tinha de lhe perguntar o que ela queria dizer com aquelas palavras antes que ela partisse de novo.

-Sirama …

-Fala Susan. - Não sei porquê mas tinha a sensação de que ela já sabia o que eu ia perguntar.

-Quando disseste que eu ia precisar de ser forte, do que estavas a falar?

-Não te preocupes com isso, ainda é muito cedo.

Agradeci-lhe e despedi-me. À medida que voltava para casa as palavras dela ecoavam no meu pensamento. "Ainda é muito cedo".

Quando cheguei a casa coloquei-me em frente ao meu espelho, colocando no meu pescoço o colar que Caspian me dera. Admirei o medalhão por uns momentos e depois coloquei-o dentro do decote, escondendo-o.

Desejava guardar aquele momento para sempre. Aquele momento em que ainda havia esperança.

As duas primeiras semanas de espera passaram de uma maneira relativamente normal. Após três semanas depois do meu encontro com Simara voltei lá, mas não ela ainda não voltara.

Tentei manter a esperança e a calma, mas sabia que o desânimo tomaria conta de mim.

"E se ela não encontrasse Aslan? E se quando o fizesse ele lhe dissesse que não existem passagens, nem maneiras de criar uma? E se Caspian desistisse de mim?" Uma dor apertou-me no coração.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado e qualquer dúvida, comentário, crítica ou opinião não hesitem em escrever :D xx



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