Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 17
Confronto




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Abri os olhos com alguma dificuldade. Sentia o corpo inteiro dorido, mas a parte que apresentava mais dor era a parte de trás da cabeça. Com as mãos tentei inspecionar aquela zona e, para minha surpresa, dores lancinantes invadiram-me assim que pousei a ponta dos dedos naquela parte do meu crânio. Desviei a minha mão para baixo e apercebi-me que a minha cabeça estava repousada sobre não uma, mas duas almofadas.

Desviei os lençóis e tentei erguer-me. As dores eram insuportáveis. Parecia que o meu cérebro ia explodir a qualquer momento.

Olhei para o relógio. Uma e meia da manhã. Percorri vagarosamente a minha casa até chegar à cozinha. A minha mãe, que ainda se encontrava acordada, aproximou-se de mim.

-Su, querida, estás bem?

-Sim mãe. O que se passou?

-Tu entraste no quarto de Peter e desmaiaste.

-Hum. – tinha acontecido outra vez. Tinha desmaiado sem eu ter qualquer controlo ou modo de impedir. Quando Sirama chegasse ter-lhe-ia de contar. – Qual é o estado de Peter?

-Fui deitá-lo ao bocado. – Len estava sorridente. – Ele lembrou-se de Lucy e de Edmund. Oh Susan, devias ter visto a felicidade da pequena Lucy. Parecia que o Natal tinha chegado mais cedo. E de ti ele também se lembrou, certo?

-Ele não disse nada sobre mim?

-Tu foste ter com ele e passados alguns minutos Lucy e Edmund chegaram da escola. Peter chamou-me e eu conjuntamente com os teus irmãos fomos ter com ele. Quando entramos no seu quarto, Peter disse algo do género “ela desmaiou, não sei porque razão”; Lucy e Edmund abraçaram Peter e depois ajudaram-me a tratar conta de ti.

-Peter não sabe quem eu sou. – as lágrimas apoderaram-se da minha face e não tinham fim.

-Não…Não posso acreditar numa coisa dessas. – a minha mãe aproximou-se de mim e abraçou-me, dizendo palavras reconfortantes. Mas nada do que ela dissesse podia animar-me. Todos os meus medos relativamente a Peter me esquecer tinham-se tornado reais. Peter não se lembrava de mim.

-Mãe…- tentei enxaguar as lágrimas e colocar uma voz mais firme- Quando é que ele vai voltar para a escola?

-Como as coisas estão a correr melhor do que o esperado, talvez até ao fim da semana ele volte.

Engoli em seco e decidi ir deitar-me pois no dia seguinte tinha que me levantar cedo.

 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

Estava no primeiro intervalo da manhã e ainda ninguém me viera falar de Peter. De certo modo, estava agradecida. Não queria romper em lágrimas no meio de toda a gente. Até porque detestava que me vissem a chorar. O meu grupo estava muito animado pois o professor que ia dar a aula que íamos ter de seguida estava a faltar.

Olhei em volta e comecei a aperceber-me de algo: o número de casais entre os meus amigos estava a aumentar a uma velocidade alarmante. Miriam e Matthew encontravam-se sentados um à beira do outro e Matthew estava com o braço à volta dos ombros de Miriam. Dempster, que desde o dia anterior não largava o nosso grupo, estava a ter uma conversa bem animada com Claire. Charles tentara falar comigo e com Elizabeth, mas nenhuma de nós lhe dava muita atenção.

Repentinamente levantei-me. O grupo silenciou-se e ficou a olhar para mim com um ar de espanto.

-Su, onde é que vais? – questionou-me Elizabeth.

-Vou falar com William. Tenho que ter uma conversa com ele. – as pessoas ficaram mais aliviadas e eu reparei na troca de olhares entre Elizabeth, Claire e Miriam. Elas pensavam que eu me encontrava de algum modo interessada em Will.

Fui até ao piso onde ele tinha aulas. Cheguei à porta da sua sala e para minha surpresa, ele não estava lá. Decidi ir procura-lo à sala comum pois precisava mesmo de falar com ele.

A sala comum estava completamente lotada. Encontrá-lo ali ia ser muito complicado. Saltei de cabeça em cabeça em busca dos cabelos dourados e ondulados. Subitamente vi-os. Encontravam-se perto do bar. Dirigi-me até lá e toquei-lhe nas costas. Ele olhou para mim muito surpreendido.

-Olá Susan. – afirmou ele sorridente.

-Queria falar contigo Will. – vi a preocupação que surgiu na face dele face ao meu tom mais frio do que era habitual.

-Aqui está demasiado barulho. Já tocou a campainha. Queres que te leve à sala e assim podemos falar pelo caminho? – concordei com ele e fomos percorrendo os corredores.

-Então, sobre o que é que querias falar Su? – o sorriso voltou a aparecer-lhe na cara.

-William, o Peter voltou.

-A sério? Como é que ele está?

-Está bem…Está muito melhor do que o esperado…Ele lembra-se de Len e de Edmund e de Lucy…-a minha voz saiu um pouco fraca.

-E de ti? Ele lembra-se de ti? – parei de andar e coloquei as mãos no rosto. Lágrimas começaram a correr. William não hesitou e deu-me um abraço apertado. Estávamos ali os dois parados, abraçados; eu com as mãos a cobrirem-me o rosto e William com os braços a rodearem-me o corpo. As pessoas passavam por nós e olhavam-nos com um ar interrogativo. Eu sabia bem o que ocorria naquelas mentes. “Será que eles namoram?”; “De certeza que eles namoram”; “Estes dois já começaram a namorar?”. Quando finalmente Will me largou, os meus olhos já tinham secado.

-Su, ele vai lembrar-se de ti, tenho a certeza. Não te preocupes mais. – com uma das suas mãos limpou um rasto de água que se encontrava alojada por baixo do meu olho esquerdo. Como é que era possível William ser solteiro?

Sem qualquer aviso prévio, alguém foi contra William com tamanha força que ele quase chocou contra a parede. Olhei para quem tinha sido o autor do empurrão e, para minha surpresa, era alguém que era bastante conhecido naquela escola.

-Sai da frente, oh palerma. Devias era pedir-me desculpa– falou ele para William.

-Quem foi contra mim foste tu. – respondeu William na sua calma habitual, mas vi as suas mãos apertarem-se em sinal de raiva contida. Toquei delicadamente no braço dele.

-Will, acho que é melhor irmos…

-Sim, vai com a tua namoradinha. E aproveita e não voltes a aparecer-me à frente. Agora já não és tão valente como eras dantes, porque o teu amiguinho já não está aqui, não é, William?

-O que é que disseste sobre Peter? – a fúria começou a sobressair nas feições de William.

-Agora já não tens o estúpido do teu amigo para te defender, pois não?

-Repete isso mais uma vez. – cuspiu William completamente irado.

-William, não vale a pena, vamos embora. – tentei eu chamá-lo à razão. Olhei em volta e vi que já um monte de gente se tinha reunido para assistir ao pseudo-confronto. William não ouviu o que eu disse e manteve-se exatamente na mesma posição em que se encontrava, sem mexer um músculo.

-É, vai embora vai. Mas manda um recado ao teu amigo, diz-lhe que ele é tão inútil que nem suicidar-se conseguiu.

Afastei-me de William e espetei com toda a minha força um murro no meio da cara do maior idiota da minha escola.

-Stanley, se voltas a dizer alguma coisa do género sobre o meu irmão, levas com outro murro. – virei costas e vim embora, mas ainda consegui ver que o nariz de Stanley tinha começado a sangrar.


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