Conectados escrita por Nathalia S


Capítulo 24
XXIII- Conversas entre a morte


Notas iniciais do capítulo

Consegui voltar rapido dessa vez kkkk.

Faltam uns cinco capítulos para o fim da história, então comentem.

Boa leitura!



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Rafael não conseguia dormir. Revirava-se na cama, mas o sono não aparecia.

Naquele dia, assim que recuperara-se um pouco após a saída de Agatha ele fora falar com seu pai. Expusera todos os fatos e pedira para que o homem não insistisse mais em seu casamento com Kate. Falou que cuidaria do filho, mas não queria se casar com aquela mulher. Seu pai sempre era um homem compreensível, mas naquela situação não fora. Dissera que ele havia escolhido aquilo, nem que fosse de forma involuntária, agora deveria arcar com as consequências e casar com Kate, já que ela se mostrara tão entusiasmada com a ideia do casamento.

Aqueles fatos ficavam martelando na mente do jovem Suvens. Em nenhum segundo ele conseguira parar de pensar em Agatha e no quanto ele a magoara. E no quanto ele fora idiota ao engravidar Kate, embora tivesse certeza de sempre ter se prevenido. Mas, ao que tudo indicava, ele esquecera-se alguma vez.

Cansado de ficar deitado com seus pensamentos, Rafael sentou-se na cama e pegou seu celular no criado mudo. Precisava falar com Agatha, nem que fosse para ouvir ela xingando-o e mandando-o longe. Precisava ouvir a voz dela.

O relógio em seu criado mudo marcavam 03h04, ele hesitou um segundo ao ver as horas, mas optou por continuar a ligação.

O telefone chamou algumas vezes até que a voz de uma mulher da operadora disse que o mesmo estava ocupado. Rafael estranhou aquilo, afinal, com quem Agatha estaria conversando aquela hora? Então lembrou do quão...confusa sentimentalmente ela saíra de seu escritório e imaginou que ela poderia estar passando pela mesma insônia que ele, e decidira desabafar com uma amiga.

O jovem esperou mais dez minutos, então voltou a ligar para Agatha. No quarto toque ela atendeu. Sua voz estava estranha, como se estivesse ansiosa ou correndo para fazer alguma coisa.

-Agatha, você está bem? - Perguntou Rafael, assim que ouviu o ''alô'' dela.

-Rafael? Desculpa, mas essa não é uma boa hora para conversarmos, estou realmente ocupada. Tenho que ir ao hospital o mais urgente possível.

-Claro, sem problemas, posso ligar outra hora para você. Mas, por que você vai ir ao hospital? Está tudo bem contigo? - Perguntou Rafael, realmente preocupado.

-Estou bem. Mas meu padrasto...bem, ligaram do hospital falando-me que ele acabou de falecer. Preciso ir para lá o mais rapidamente que conseguir para cuidar de umas papeladas.

-Meus pêsames Agatha. Mas você não quer uma carona? Posso levá-la até lá, sem problema algum!

Rafael desejava em todo o seu íntimo que ela aceitasse a carona. Adoraria passar um tempo com ela e ficar com ela em um momento como aquele.

No outro lado da linha fez-se um silêncio momentâneo. Agatha ponderou sobre qual resposta daria a Rafael. Seu orgulho mandava ela negar a carona, no entanto, precisava chegar ao hospital o mais rápido que conseguisse e um táxi demoraria muito mais que uma carona...

-Tudo bem. Venha me buscar o mais rápido possível, por favor.

-Já estou indo. - Respondeu Rafael, sem conseguir conter que um pequeno sorriso se formasse em seus lábios.

O jovem Suvens vestiu uma calça jeans, uma camiseta e um moletom preto o mais rápido que pode, após calçou um velho par de tênis que tinha, mas que raramente usava. Dirigiu em alta velocidade até o apartamento de Agatha e, ao chegar lá, encontrou-a esperando-o na calçada. Assim que o carro dele parou no acostamento, a jovem mulher entrou no carro, sentando-se no banco do carona. O rosto de Agatha demonstrava toda a ansiedade que ela estava sentindo.

-Desculpa lhe incomodar à essa hora, mas eu realmente preciso chegar lá rápido. Não sei porque, já que ele já morreu, mas o hospital pediu que eu não demorasse.

-Não é incomodo algum Agatha, até porque foi eu quem ofereceu essa carona. -Falou Rafael, ligando o carro e começando o percurso ao hospital.

-Sei disso. Mas, sei também que você tem seus próprios problemas para pensar ou resolver, não quero lhe atrapalhar.

-Você jamais me atrapalharia! - Falou ele, sem conseguir se conter.

A jovem calou-se e Rafael espiou ela rapidamente, mas logo voltou sua atenção para a estrada. O rosto dela estava pensativo...longe. Como se ela estivesse pensando em mil coisas ao mesmo tempo, e talvez estivesse.

-Por que estava me ligando àquela hora? - Perguntou a jovem Jeicks, subitamente.

-Queria conversar com você. Precisava conversar com você! - Afirmou Rafael.

-Ainda quer conversar? - Perguntou Agatha, não apenas para saciar sua curiosidade sobre o que seria o tópico da conversa, mas, também, porque não queria que o silêncio voltasse ao ambiente.

-Não sei se esse é o momento certo.

-Tenho certeza de que todo momento é o momento certo quando temos algo a dizer.

Rafael refletiu um pouco sobre o que Agatha acabara de falar. Então falou:

-Na verdade queria te pedir desculpas de novo.

-Sério? Você me ligou só para isso? - Perguntou a mulher, sentindo-se um pouco irritada.

-Não...isso era uma parte do motivo...a segunda era: O que você tinha para me falar?

Agatha sentiu seu rosto começar a esquentar. Não podia contar para Rafael naquele momento o que ela ia falar pela manhã. Não se rebaixaria tanto. Não depois de saber as ''novas notícias'' sobre a vida dele.

-Não era nada de mais. Apenas queria que soubesse para onde viajei e como foi minha viagem, apenas isso. - Respondeu ela, com a primeira coisa que lhe veio à mente.

-Tenho certeza de que não era sobre isso que você ia falar comigo. Mas se não sente-se a vontade para falar agora, tudo bem, não vou lhe forçar a isso. - Respondeu ele. Ao ver o silêncio de Agatha, falou: - Mas se você quiser me dizer para onde foi, ficarei feliz.

Agatha sorriu com a mudança de assunto vindo dele. Era isso uma das coisas que lhe encantara desde sempre em seu ''anjo'': A capacidade de entender as pessoas. Por um bom tempo ela dissera que ele daria um ótimo psicólogo, porém ele sempre quisera ser um empresário. Naquele instante Agatha voltou a pensar como quando era mais jovem.

-Fui até Porto Alegre. Estava precisando passar um tempo com minhas amigas. Precisava desabafar com alguém e mudar os ares. Isso sempre me faz bem.

-Podia desabafar comigo. - Sugeriu ele.

-Não! Entenda Rafael: Não somos mais crianças e você não é mais meu amigo.

A dureza nas palavras da jovem mulher surpreenderam Rafael, mas não apenas ele. A própria ficou surpresa consigo. Não imaginara que conseguira falar aquilo naquele tom de voz.

Sem saber o que dizer, Rafael ficou em silêncio. Ambos permaneceram naquele estado pelo resto da caminho, o que demorou cerca de cinco minutos do relógio, embora, para eles, tenha parecido uma eternidade.

Assim que Rafael estacionou o carro na frente da porta do hospital, Agatha retirou o cinto de segurança e virou-se para ele. O jovem Suvens fez a mesma coisa.

-Obrigada pela carona. Foi realmente importante para mim. - Falou ela, sem saber o que mais poderia dizer.

-Não precisa me agradecer, isso é o mínimo que eu poderia fazer. - Disse Rafael. Agatha apenas assentiu e abriu a porta do carro. - Você quer que eu fique com você?

-Não precisa, não sei quanto tempo pode demorar, então é melhor você ir embora.

-Certo. Mas se precisar de alguma coisa pode me ligar.

-Ligarei sim. - Garantiu Agatha, olhando nos profundos olhos de Rafael, lutou, mas, com esforço, conseguiu não prender-se neles. -Agora tenho que ir. - Disse ela, saindo do carro.

-Até breve Agatha. E avise-me sobre a hora do velório e tudo mais. - Falou Rafael.

-Avisarei assim que souber! - Afirmou ela. - Agora vá embora e durma um pouco, você parece estar precisando de uma boa noite de sono.

E ali estava em Agatha algo que Rafael sempre admirou: O dom de cuidar dos outros, mesmo quando quem mais precisava de cuidado era ela.

-Pode deixar que irei sim. Até logo. - Despediu-se Rafael.

-Até logo. - Respondeu Agatha, fechando a porta do carro e entrando no hospital.

Rafael ficou alguns segundos parado na frente do hospital, até que o barulho de uma ambulância que retornava tirou-o de seus devaneios. Ligando o carro, Rafael decidiu retornar à seu apartamento, onde tentaria dormir um pouco, nas poucas horas que restavam para o amanhecer.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? RSRSRS



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