Conectados escrita por Nathalia S


Capítulo 23
XXII- No frio dos seus olhos


Notas iniciais do capítulo

Genteeee, mil desculpas pela demora. Não tenho muito o que dizer, só que o enem e o vestibular estão batendo a minha porta kkkk. Estou estudando muito e isso acaba me deixando sem tempo para escrever e, quando tiro um tempo, não tenho imaginação. Mas ai está o capítulo. Obrigada a todas que vem comentando.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/278052/chapter/23

O dia seguinte amanheceu lindo. O céu não tinha nuvens e o sol brilhava fortemente sobre a cidade de Pelotas. Agatha acordara extremamente cedo e se arrumara de forma impecável, queria que Rafael a achasse bonita depois de tantos dias sem se verem.


Por outro lado Rafael acordou cansado, sem a mínima vontade de ir trabalhar, não tinha motivos para aquilo, depois da notícia que recebera da Kate na noite seguinte tinha menos motivos ainda. Ele ainda não conseguia acreditar que aquilo era real. Não comentara com ninguém sobre aquilo, queria adiar o máximo possível aquele momento, pois já imaginava a atitude que seu pai lhe obrigaria a tomar assim que ficasse sabendo. Enquanto Agatha arrumou-se impecavelmente para um dia de trabalho, Rafael vestiu uma calça jeans e uma polo branca com uma jaqueta de couro preta, algo completamente anormal em seu ambiente de trabalho.


Enquanto Agatha foi o caminho todo até o serviço sorrindo, Rafael foi com uma expressão triste em seu rosto. Na verdade controlava-se para não chorar. Não bastava a ausência de Agatha em sua vida, agora ainda recebera aquela bomba da Kate. Ele decididamente não sabia o que faria de sua vida dali em diante. Ambos demonstravam naquele momento, para o mundo e para ninguém ao mesmo tempo, que eram opostos.


Agatha chegou ao escritório e entrou na sala de Rafael. Organizou alguns papéis que haviam se acumulado na sua ausência e sentou-se na cadeira em frente a mesa de seu amado. Sim, ela sentia-se pronta para chamá-lo daquela forma. Ela o amava. Nunca o esquecera. E sempre o amaria. Depois de tanto tempo negando aquilo, ela chegara a conclusão de que estava mais do que na hora de admitir aquilo para si mesma.


Menos de cinco minutos depois a porta abriu-se e por ela passou Rafael. Ele estava distraído, tão distraído que nem reparou na bolsa de Agatha na sala da jovem, mas quando entrou em sua sala, teve uma grande surpresa.


Por alguns segundos ele ficou paralisado, apenas olhando a jovem e bela mulher em sua frente. Não podia acreditar que ela realmente estava ali. Para ele, ela havia deixado-o permanentemente ou por mais alguns belos anos. Mas ali estava ela, sentada sensualmente naquela cadeira, com um sorriso meigo em sua face.


Agatha deteve-se alguns segundos observando a beleza de Rafael. Agora que sabia o que realmente sentia por ele, seu velho amigo lhe parecia ainda mais atraente. Não conseguia evitar o sorriso que teimava em ficar em seu rosto.


–Agatha? - perguntou ele.


–Sim, voltei de viagem! - Respondeu a jovem e ele aproximou-se um pouco. Ela se levantou e continuou a olhar nos olhos dele.


–Pensei que demoraria mais...


–Não queria que eu voltasse?


–Não, quero dizer, sim, queria que você voltasse. Mas não é por isso que eu achei que você demoraria mais. - Falou ele, sentindo-se idiota por gaguejar perto dela.


–Imaginou que eu tinha ido embora novamente?


–Sim! - Afirmou ele. Agatha abaixou a cabeça e falou:


–Não poderia deixá-lo, não dessa vez;


Quando ela tornou a erguer sua cabeça, Rafael percebeu que havia um brilho diferente nos olhos dela, o mesmo brilho que havia quando eles ficavam juntos na adolescência. Por alguns segundo ele se perdeu naquele olhar hipnotizante que só ela tinha, mas então voltou a realidade. Lembrou-se da conversa com Kate e do que tinha que falar para Agatha. Infelizmente aquilo não era algo que podia ser adiado. Era melhor ela saber por ele do que por terceiros.


–Agatha...tenho uma coisa para te falar. - Disse Rafael e a jovem sorriu.


–Eu também tenho uma coisa para te falar, mas você pode falar primeiro.


O sorriso dela era tão lindo naquele momento que Rafael quase voltou atrás, mas não podia. Tinha que falar naquele instante ou nunca mais falaria.


–Eu...na verdade não sei por onde começar.


–Entendo-te. É bem complicado, mas tente.


–Eu...você sabe que eu estava saindo com a Kate, não sabe?


Agatha segurou-se para não fazer uma careta. Ele não podia falar logo que amava ela também? Precisava mesmo falar sobre a mulher com quem ele estava saindo?


–Sim, eu sei. - Falou ela, tentando não demonstrar o quão incomodada ficava ao tocar naquele assunto. Afinal, não queria parecer muito ciumenta, muito menos possessiva.


–Então...não sei como aconteceu, mas...é...bem...


–Fale logo Rafael, sabe que me irrito quando as pessoas fazem suspense demais. - A jovem estava ficando realmente nervosa. Esperava que uma bomba estourasse a qualquer instante e sentia que era exatamente aquilo que iria acontecer.


Rafael respirou fundo e fechou os olhos. Quando abriu-os preferiu não olhar para Agatha, não queria ver a expressão de decepção quando a mesma tomasse conta do rosto dela.


–Acontece que a Kate está grávida, e terei que me casar com ela.


Assim que ouviu aquilo, Agatha não acreditou. Pensou que era uma piada, ele só podia estar de brincadeira com a cara dela.


–Você está brincando, não é?


–Não! Me desculpe, me desculpe mesmo. Não sei como isso aconteceu, só quero que me desculpe.


–Você não sabe como aconteceu? - Perguntou Agatha, tentando controlar o tom de sua voz. - Acho que você é grandinho o bastante para saber como isso aconteceu, Rafael.


–Eu nunca pensei que isso aconteceria, me desculpe, Agatha.


–Não precisa me pedir desculpas, afinal, sou apenas sua secretária. - Respondeu a jovem, tentando sair do escritório dele. Porém Rafael segurou seu braço antes que ela chegasse à porta.


Ela virou-se para ele calmamente. Rafael soltou o braço dela ao ver a expressão em sua face. Ele estava esperando choro, ódio, rancor. Ele esperava ver qualquer coisa na face dela, menos o que viu. Seu rosto estava frio, era uma máscara. Ele não tinha a mínima ideia do que se passava na mente dela, era impossível ler seus pensamentos. Sua face estava completamente profissional, como se eles nunca tivessem se visto antes.


–Me desculpa. - Pediu ele, uma última vez. A face da jovem continuou impassível.


–Não tem por que se desculpar. Você vai se casar e vai ser pai. Parabéns!


–Você sabe que não é isso que eu quero, Agatha.


–Não, eu não sei. Infelizmente eu não sei. Pensei que sabia, voltei por pensar que sabia, mas me surpreendi ao chegar aqui. Não te conheço como pensei que conhecia.


–Você me conhece sim. Sabe que no fundo sou o mesmo garoto de quem você era amiga.


–Não, não mesmo. O garoto de quem eu era amiga...aquele garoto...ele era diferente dos outros. Não teria as atitudes que você tem hoje. Desculpa por te desiludir, mas você não tem mais nada daquele garoto.


Assim que disse as últimas palavras, Agatha saiu da sala de Rafael. Não aguentaria ficar ali mais nenhum segundo. Precisava caminhar um pouco, refrescar sua mente, se continuasse naquele prédio acabaria enlouquecendo. Ou pior...poderia encontrar Kate, e a última coisa de que ela precisava naquele momento era encontrar aquela mulher repugnante.


Rafael ficou assistindo Agatha sair de sua sala, mas não fez nada. Não sabia o que podia fazer. Ela lhe parecia bem resolvida ao sair daquela sala. Sabia que no fundo ela ainda era a mesma garota de outra época, mesmo que ele houvesse mudado, ela ainda era sensível, frágil. Lá no fundo ela ainda precisava de proteção. Mas, daquela vez, era ele que a machucara. Era impossível que o apunhalador protegesse a vítima.


Rafael sabia que não se esqueceria tão cedo do que vira nos olhos dela no momento da notícia. O frio que ela emanara. Somente aquilo já bastava para ele perceber o quanto ele a magoara. Sabia que para o seu erro não haveria perdão. Sentou-se em sua cadeira giratório e apoiou a cabeça nas mãos, estava perdido dentro de si mesmo e, por mais que tentasse, não conseguia encontrar a saída.


Agatha caminhava apressadamente pelas ruas do centro da cidade. Tentava conter as lágrimas que fluíam incontrolavelmente de seus olhos, mas não conseguia. Rafael a magoara de novo, mais do que da última vez. Ela não podia suportar aquilo. Novamente Kate se pusera entre os dois, novamente Kate vencera aquele jogo. Justo no momento em que Agatha julgara-se pronta para admitir todos os seus sentimentos à Rafael, aparecia aquilo. Talvez fosse o melhor. Ainda bem que ela mandara ele falar primeiro, assim não se sentiria tão envergonhada se o encontrasse de novo. Mas, talvez, o melhor a se fazer seria sair da cidade novamente. Voltar a capital e tentar retomar sua antiga vida, longe de Rafael, longe de Kate, longe do futuro filho dos dois.


Rafael seria pai...quantas vezes ela se pagara pensando em como seria fofo ele segurar um bebê nos braços e em como o sorriso dele ficaria resplandecente ao ver o filho pela primeira vez. Mas em todos esses pensamentos a mãe seria ela. Ela estaria ao lado dele, ela veria todos os acontecimentos e viveria-os também. Mas Rafael arruinara aquela possibilidade de futuro para os dois.


O amor pode ser bom, mas as vezes ele machuca. Essa frase não saia da mente de Agatha. Ela a lera em algum lugar quando era adolescente, mas só agora ela entendia o verdadeiro significado por trás daquelas palavras. O amor pode ser bom, mas as vezes ele machuca.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai...ainda tenho leitores? kkkkk. comentem e vou tentar voltar até sábado. Beijooos. *-*