Ao acordar, a primeira coisa que Rafael fez foi conferir seu celular, ainda tinha um fio de esperança de que Agatha lhe mandaria alguma notícia sua. Mas estava enganado. Não havia nada de novo em seu celular.

Voltou a recostar-se na cama muito irritado e preocupado. Ela não havia dito para ninguém onde iria e aquilo o deixava preocupado, por outro lado o irritava mais que tudo.

Arrumou-se rápido, sem prestar atenção em nenhum detalhe, ao contrário do dia anterior e saiu de seu apartamento comendo uma maçã. Enlouqueceria se ficasse mais algum minuto dentro daquele local. Dirigiu rápido até a empresa e chegou dez minutos antes do início do expediente.

Assim que entrou na sala de Agatha, surpreendeu-se ao ver que a porta de sua sala já estava aberta. Um sorriso tomou seu rosto e ele apressou-se em entrar em sua sala, esperando ver sua velha amiga lá, mas para sua surpresa e desgosto não era Agatha e sim seu pai que lá estava.

-Bom dia filho! - Saudou o homem. - Parece desapontado por me ver aqui.

-Bom dia pai! Não estou desapontado, apenas...

-Esperava que fosse outra pessoa?

-Sim. -Confirmou Rafael, decidindo expor aquilo para seu pai.

-Filho, é exatamente sobre isso que eu vim falar com você aqui. - Disse Ricardo.

-Ela lhe ligou dizendo que nunca mais vai voltar? - Perguntou Rafael, com um ar irônico.

-Não. Ela não entrou mais em contato comigo desde que avisou que estava indo embora. Na verdade eu queria pedir a você que desse um tempo a ela!

-Dar um tempo a ela? - Perguntou Rafael, confuso.

-Sim. Você já pensou que ela pode ter ido viajar para pensar sobre a situação de vocês? Tudo isso é muito novo para ela, talvez Agatha não sinta-se pronta ainda para assumir um relacionamento com você. Lembre-se de que ela partiu de Pelotas muito magoada com você há anos atrás. Talvez agora que ela o tenha perdoado...bem...talvez ela não consiga entender como pode ter lhe perdoado. Eu sei que é confuso, mas as mulheres são confusas. Dê um tempo a ela, se quando ela voltar de viagem não lhe der uma resposta aos seus sentimentos, daí sim você pode ficar bravo, mas agora...apenas deixe-a com seus pensamentos.

Terminado seu pequeno discurso, senhor Ricardo saiu deixando um Rafael perdido com seus pensamentos.

''Será que ele está certo e esse tempo todo que ela está longe de mim seus pensamentos estão em mim?''

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Agatha sorriu largamente ao descer da roda gigante. Ela nunca fora muito fã de parques de diversão, mas suas amigas a tinham arrastado para um naquela noite. Era um famoso parque de Porto Alegre, e era muito movimentado. Na sua maior parte por adolescente de 15/16 anos, mas é claro que tinham aqueles ''adultos'' felizes que caminhavam alegremente por entre os brinquedos. Agatha se encaixava nessa última categoria.

Suas amigas não haviam mais se quer tocado no nome de Rafael, apenas queriam que ela se divertisse um pouco ( ou muito). A princípio os planos delas para a noite eram de ir ao cinema, mas Gabriela preferira algo mais radical. E ali estava ela agora, Agatha, pensando em como o céu estava bonito visto da lancheria do parque e em como gostaria que Rafael estivesse ali com ela.

-Pensando no amado? -Perguntou Gabriela, parando ao lado de Agatha no balcão da lancheria.

-Não. - Apressou-se em responder Agatha, mas Gabriela ergueu uma sobrancelha e a jovem suspirou. - Talvez. É que...me pareceu tão certo largar tudo em Pelotas e vir para a capital, mas agora que estou aqui sinto que deveria voltar.

-Não está feliz de estar com suas amigas? - Perguntou Gabriela, apenas para fazer charme.

Agatha virou-se para olhar as outras meninas que estavam na fila para o túnel do terror.

-Não, bem pelo contrário, estava com muita saudade de vocês. É só que...não sei como explicar, é como se minha mente não conseguisse se desconectar de onde está Rafael. Meus pensamentos ficam vagando até Pelotas e eu fico me perguntando se ele está bem e o que está fazendo. Tenho medo de me afastar demais e perder ele. Não conseguiria aguentar passar mais dez anos sem falar com ele.

-Vamos. - Disse Gabriela subitamente.

-Vamos onde? - Perguntou Agatha, estranhando o fato da amiga ter se levantado e já estar se encaminhando para a saída da lanchonete.

-Vou te levar para a rodoviária. Que eu saiba deve estar saindo um ônibus dentro de quarenta minutos, vou e levar lá e te mando sua mala essa semana ainda.

-Mas por que você está me mandando embora? - perguntou Agatha, fazendo-se de desentendida.

-Amiga, - Disse Gabriela, abraçando Agatha. - nós duas sabemos que seu coração e sua mente não pertencem a esse lugar, não agora pelo menos. Você vai para Pelotas, se entende com seu gato e volta quando os dois estiverem felizes e prestes a casar. - Terminou ela, rindo.

-Não sei amiga, acho que não estou pronta para isso. - Falou Agatha, mostrando-se incerta.

-Mas eu sei disso por você. Vá em busca da sua felicidade, você merece isso.

Agatha fechou os olhos e meditou por um segundo sobre o que estava prestes a fazer. Se ela voltasse e falasse para Rafael sobre seus sentimentos ela não estaria se humilhando? Foi então que ela percebeu que não se importava mais. A única coisa que ela queria era estar ao lado de quem ela amava, era mostrar o quanto se importava com ele, queria amá-lo todos os dias como se não houvesse amanhã.

Um sorriso foi formando-se gradualmente nos lábios da jovem e ela abriu os olhos, dando de cara com todas as suas amigas paradas, lado a lado, fitando-a, com um ar de expectativa.

-E então? - Perguntou Gabriela.

-Me leve até a estação rodoviária, preciso correr atrás do que eu amo.

Todas as amigas entreolharam-se sorrindo, finalmente Agatha havia percebido seus sentimentos e decidira admiti-los para si mesma. Uma das fases mais difíceis ela já passara.

Praticamente correndo, as amigas se dirigiram até a estação.

Em Pelotas, Rafael recebia uma sms de Kate, dizendo que tinha algo urgente para contar a ele.