Lua Cheia escrita por Ania lupin


Capítulo 7
Capítulo 7- Coisas que eu não posso te dar.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ LEITORES MARAVALHOSOS...
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EPOV

Ela andava agitada demais nestas últimas noites. Falante demais. Com sonhos estranhos demais. Eu a observava de longe, sentado na velha cadeira de balanço, quando seus sonhos começaram a piorar naquela noite.

"Edward." Em milésimos estava ao lado dela, minha mão segurando a sua, tão quente.

"Sshh querida, estou aqui. Está tudo bem. Nada vai te machucar." Esperava que minhas palavras sussurradas ao pé de seu ouvido melhorassem de algum jeito o sonho, mas como das últimas vezes, foram inúteis.

"Tem tanto sangue..." Como sempre, tanto sangue. Ainda não havia perguntado nada daqueles pesadelos, mas estava próximo disso. Tinha certeza de que não acontecia nada que a pudesse deixar tão nervosa a ponto de sonhar toda noite aquele mesmo sonho: nós nos mudaríamos em pouco tempo, ela tinha total escolha de se mudar para perto de Dartmouth ou para o Alasca, sabia disso. Não era obrigada a aceitar a transformação, não agora, e nem em nenhum momento se não quisesse. Então o que estava acontecendo?

Bella havia se aquietado novamente, apesar do rosto aflito, não mostrava sinal nenhum de que acordaria em algum momento próximo. Foi quando eu me afastava de volta para a cadeira que escutei o que me desorientou por completo.

"Meu bebê... não machuquem meu bebê..."

Para mim, tudo havia se encaixado. Era uma conclusão que quase rasgava meu peito de tão angustiante. Era tudo – a única coisa – que eu não podia dar a Bella. Um filho.

Era angustiante me lembrar dos pesadelos enquanto tentava arrancar a cabeça do personagem de Emmett no videogame. Não fazia nem bem para mim, que perdia violentamente, nem para meu irmão, que inflamava mais o ego a cada vitória, e nem ao controle do console, que iria se quebrar logo mais.

Pelo canto do olho via Bella sentar-se num banco perto de minha mãe, enquanto Esme terminava de preparar o suco. Melancia, ela odiava melancia. Mas quando ela entrou no carro naquela noite eu vi que não conseguiria ter uma conversa coerente antes de lhe dar esse maldito suco. Melancia, morango, framboesa, amora, carne mal passada, suco de tomate, desde sábado o paladar de Bella parecia ter se modificado para querer coisas de cor vermelha. Era tão... bizarro, pela falta de uma palavra melhor.

Há! Emmett 20, Edward... 0. Argh.

Ela não estava doente, ela não parecia doente. Enjoava às vezes, ficava um pouco tonta, mas fora isso estava normal. Anemia? Explicaria a tontura, mas não o enjôo. Para ser uma virose, ela teria que ter alguma febre e não ter a fome dos últimos dias. Decidi que a manteria em casa até Carlisle chegar, porque agüentar mais um dia de dúvidas estava fora de cogitação. Ao menos tiraria a hipótese da doença de minha cabeça.

"Não me entenda mal, é só uma curiosidade," Hum? Por que ela falava tão baixo? Como se diminuir a voz, logo a dela, fosse me impedir de escutar. Mas aquela era uma das vezes que eu teria preferido ser normal, pois com a próxima frase eu pude ouvir o crack do controle se partindo. "Vampiros não podem ter filhos, podem?"

"Me dê outro controle." E mais uma vez, voltava a aquele assunto.

Mas que inferno Edward, eu comprei-

"Só me dê, Emmett."

Em segundos voltamos à partida, mas eu não conseguia mais não me concentrar na conversa que acontecia na cozinha. Um filho. Como eu poderia dar a ela isso, justo isso? Tive que recrutar todo meu autocontrole para não destruir o controle novo quando a ouvi responder uma pergunta de Esme.

"Eu não quero nada se não for de Edward." Queria gritar para ela poupar seus esforços de falar tão baixo. E tive que manter minha expressão tão neutra quanto o possível no momento em que ela se virou para mim, apenas torcendo para Bella não perceber nada de errado.

Mas ela andava tão estranha, era como se houvesse algo entre nós. Distante até, de alguma maneira. Bem, estava claro que o que havia entre nós era o fato dela querer ser mãe, e eu lhe tirar esse direito. Nunca pensara naquilo, era uma coisa que eu nem considerava. Para que considerar o impossível?

Eram tantas a coisas que me passavam pela cabeça, coisas que me aliviavam e me desesperavam ao mesmo tempo, graças a meu egoísmo. Ela não iria mais querer se transformar, isso era bom, ótimo. Eu viveria todos os anos possíveis ao lado dela, e partiria contente para onde quer que eu fosse depois dessa pós vida. Mas por mais que eu acreditasse tanto quando ela dizia que me amava, seria um amor suficiente por quanto tempo? Por quanto tempo ela ficaria contente em ter apenas nossa família?

Ela não tem uma opinião sobre bebês, porque ela não pode ter bebês com você. Mas ficou claro que ela nunca havia pensado muito bem no assunto.

As palavras de Alice me atormentavam, palavras que eu não fazia questão de escutar, mas que graças ao meu dom foram inevitáveis. Nunca pensei em ser um pai, até algum tempo atrás não havia motivo para pensar nisso. Estava simplesmente bem – na medida do possível – com minha família adotiva. Antes de Bella, nem imaginava que faltava alguma coisa em minha vida, e agora pareciam faltar tantas coisas. O que eu mais queria era dar a ela o que ela queria. Era engraçado, humanos ou não, sempre queríamos o impossível.

Ela desejava morangos agora, outra vez. Era incrível como andava comendo naqueles últimos dias, e não engordava uma grama sequer. Não poderia estar vomitando tudo aquilo, pelo menos disso tinha certeza.

Quando vi Esme subindo para seu quarto, logo após concordar com a caça aos morangos, não hesitei mais em abandonar o jogo – ignorando os resmungos de Emmett – e ir até a cozinha. Bella já estava na metade do primeiro copo de suco quando aparentemente a peguei de surpresa.

"Suco de melancia? Achei que você não gostasse."

"É bom variar?"

"Eu poderia ir com você pegar os morangos." Sim, tinha que admitir que me frustrara um pouco a escolha dela, ela sempre pedia para mim. Estava ela tão confusa sobre tudo para negar minha companhia? Ela estava me evitando, então?

Mas como sempre, Bella venceu meus pensamentos me abraçando, e eu não consegui afasta-la para obter alguma resposta – seu cheiro doce, mais doce do que o normal, só me fez a puxar para mais perto. Ela era tão quente, tão macia, eu não queria perder aquilo. Faria qualquer coisa, aceitaria qualquer coisa...

"Eu gosto da companhia de Esme também. É legal ter alguém para cozinhar e fazer tortas, você sabe que eu nunca fiz coisas assim com Renée. E ficar com sua mãe me faz sentir menos falta da minha."

Havia algo a mais, eu a conhecia bem, algo a mais que Bella não estava disposta a me contar. Algo que eu talvez estivesse com medo de perguntar – não conseguir lê-la era tão frustrante. Mas não queria palavras agora, queria senti-la, apenas, tê-la o mais próximo possível. Seus lábios eram perfeitos, e vi que havia achado mais um jeito de deixar minha mente vazia naquele dia – a beijando.

"Me desculpe." Falamos juntos, e eu me perguntei pelo que ela precisava desculpar-se. Seria a situação pior do que eu imaginava? "A chave do Volvo está sobre a mesa, Rosalie está trabalhando no carro de Esme."

"Edward-"

"Esme está descendo." Não entendi o olhar desesperado que ela me deu, mas quando escutei Esme voltando para o andar de baixo, decidi que meu tempo tinha chegado ao fim. Eu falaria com ela até o fim do dia, prometi a mim mesmo, mas não agora. "Eu te amo, Bella. Muito." Mais do que algum dia você sequer pode sonhar.

Rezava para aquilo bastar.

"Estou preocupado."

Tinha descrito nos mais específicos detalhes como Bella sentira-se naquele sábado mais uma vez naquela segunda feira, para arranjar uma desculpa para ir até o hospital ver Carlisle. E muita fome, náusea e vômitos foram resumidos por Carlisle, mais uma vez, como alguma virose humana, que só se tornaria perigosa caso houvesse febre ou sinal de desidratação. Uma pequena virose.

Não tem que se preocupar, estes sintomas devem desaparecer dentre alguns dias.

Mas nem a companhia, nem as palavras de meu pai, conseguiram me acalmar – como poderiam, quando tinha um problema bem maior em mente do que uma virose?

Eu era egoísta. Estava acabando com a possibilidade de ela ter uma família normal, de ela poder formar uma, de ela pensar em formar uma. Os sonhos pareciam fazer tanto sentido agora. As palavras que ela sussurrava noite após noite ardiam em minha mente.

Filho, tem algo mais te incomodando?

Carlisle me conhecia bem demais. Ele deixou a prancheta azul sobre um balcão, e me guiou para dentro de um dos poucos quartos vazios daquele hospital.

"Acho que Bella," E era difícil admitir aquilo em voz alta. "Bem, acho que passou pela cabeça dela, ter filhos." Ele me olhou com simpatia, e eu desejei não conseguir ler pensamentos naquela hora para não ter que lidar com toda a pena que se passou na mente de meu pai. "É difícil saber que ela quer algo que eu nunca vou poder dar. Acho que você sabe como me sinto."

"Sei muito bem." Ele suspirou, e lembrou-se de quando teve uma conversa parecida com Esme. Vampiras não podem ter filhos, o corpo simplesmente não muda para um feto poder se desenvolver. "Mas, eu nunca tive conhecimento de algum caso parecido com o de vocês dois. Vampiros não se relacionam com humanos do jeito que você se relaciona com Bella, para termos alguma prova concreta de ser impossível. Ao menos, nem eu, nem nenhum vampiro que eu conheço, sabe de algum caso como o de vocês."

"Mas o melhor a fazer é não criar esperanças." Disse, esperando que ele me contradissesse de algum modo, mas ele não o fez.

"Com esperanças, as coisas podem ser mais dolorosas depois."

"O que eu faço?" Minhas mãos correram pelo meu cabelo, enquanto me sentava na maca vazia. "Ela está tão estranha! Eu tenho certeza de que está me evitando desde sábado, por algum motivo, mas eu refiz todo aquele dia na minha cabeça diversas vezes já... Eu não fiz nada que pudesse incomodá-la. A única coisa que disse que pode tê-la incomodado era que ela cheirava diferente." Foi quando ele me interrompeu.

"Diferente, como? Um cheiro mais amargo?"

"Mais doce." Não entendi a curiosidade. "Por que?"

"Mulheres grávidas ficam com um cheiro mais amargo." Suspiramos ao mesmo tempo, mania humana que não perdíamos. "Desculpe filho, a única ajuda que posso te dar é dizer para tentar, com cuidado. Não fale nada para ela, e não crie muita expectativa."

Tentar. Eu nem mesmo considerava mais tentar qualquer coisa com Bella, como poderia, depois de descobrir que as coisas não tinham ido tão bem quanto eu imaginara? Depois de saber que de algum jeito, por mais que tivesse tomado cuidado, a machucara? Ela não havia respondido quando eu perguntei aquela noite, mas a ausência de uma resposta já me fizera entender que tudo não fora cem por cento seguro.

Carlisle se aproximou um pouco mais, colocando uma mão no meu ombro. "Filho, tenha fé. Às vezes, milagres acontecem."

Tudo sempre parecia mais fácil após conversar com Carlisle, mas a situação atual não amenizou em nada. Ter fé em algo não comprovado, que provavelmente seria impossível no final, não trazia grandes melhoras para o que me afligia. Tinha que falar com ela, tinha que deixar claro de uma vez o que estava acontecendo. E se o caso fosse ela querer ter filhos, o melhor a fazer era deixar claro que aquilo não tinha chance nenhuma de acontecer. Eu nunca mais deveria considerar a possibilidade de fazer amor com ela ainda no estado de humana – era tão frágil, tão perigoso.

Quando cheguei em casa, a intenção era ir direto para onde quer que Bella estivesse – pois deveria estar lá, já que o Volvo havia retornado. Mas Esme me parou com um pedaço de torta na mão, e no momento em que prestei atenção nela e em Alice, também na sala, sabia que tinha algo de errado.

"Shakespeare?"

"Bella está no seu quarto, filho, leve a torta para ela."

Subi rápido, querendo que as vozes das mulheres recitando Sonhos de uma noite de verão ficassem mais baixas. Abria a porta de meu quarto, e continuava a escutá-las.

Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem diga que nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.

Sonhos...

Bella dormia tão serena na cama que não tinha coragem de acordá-la. Sentei-me na cama, tirando das mãos dela o livro que minha pequena lia antes de pegar no sono e o colocando sobre o criado mudo. Todas as emoções de antes voltaram mais fortes ao ver o título. O que esperar quando se está esperando: Um guia para as futuras mamães. O que era aquilo?

"Edward." Talvez a vontade dela fosse mais forte do que eu pensava. Era aquele livro que ela tinha ido procurar em Seattle, por isso não me queria junto? Tentei me livrar de qualquer pensamento duvidoso – como Bella poderia estar grávida, ela não faria aquilo. Nem ao menos considerei a possibilidade dela poder estar grávida de mim – era doloroso demais pensar nisso agora. Me odiei por ter tal pensamento – afinal, estaria grávida de quem se não de mim – , eu confiava nela! Não havia nem ao menos tempo para ela ficar desse jeito com qualquer outra pessoa, ultimamente quando não estava comigo, Bella passava o dia com Alice. Haveria uma explicação. "Não, agora não-"

"Esme me disse para fazer você comer a qualquer custo."

A observei devorar a torta grato por ter alguns minutos – ou talvez apenas segundos, pela velocidade que ela ingeria o doce – para clarear a cabeça.

"Nossa, está maravilhosa." Lutei conta a vontade de começar a pedir explicações naquele instante. Eu precisava ouvir o que havia de errado, precisava ouvir logo. Quando escutei o prato fazer contato com o criado mudo, sabia que a conversa iria finalmente fluir. Ao menos assim eu esperava. "Você foi ver seu pai?"

"Fui." Como eu começaria aquilo? Direto? Bella, não podemos ter filhos, no que você está pensando? Cheguei a começar a me enfurecer como toda aquela situação, mas quando vi as mãos dela, tão pequenas, tremendo, toda a raiva se foi e só ficou a preocupação. Minha Bella, o que havia de errado com minha Bella? "Por favor, por favor, me conte o que está acontecendo. Você está com medo de me contar?" Ela assentiu. "Acha que eu vou ficar bravo?" Achava. "Bella, eu prometi que nunca mais machucaria você, e eu não vou. Não importa o que você tenha para me dizer, eu vou entender. Por favor." Mas apesar das diversas tentativas de começar a falar algo, o silêncio ainda reinava por parte dela. A vi abrir a boca algumas vezes, mas não falava nada. "Bella, seu silêncio está me deixando louco."

As primeiras palavras dela não foram bem as que eu esperava.

"Me beija."

"O que?"

"Me beija, só me beija."

De repente, os braços dela me envolviam e ela se puxava para mais perto, fazendo nossas bocas se encontrarem num beijo forte demais. Não. Eu a amava, Deus eu a amava, mas não. Ela iria se machucar, ela iria... Ela iria me deixar louco. Eu perdi quando senti uma mordida muito leve em meu lábio inferior, apenas um roçar de seus dentes frágeis. Perdi, e aquilo não estava certo. Eu faria o que ela quisesse. Se ela quisesse filhos, então eu lhe daria, de algum jeito, o que ela queria. Nada mais importava. Eu arranjaria um jeito, qualquer jeito.

"Eu te amo Bella, eu te amo tanto." Talvez pudesse ser possível, filhos entre nós. Precisávamos tentar mais, só isso. Por que eu reconsiderava mesmo essa idéia? A queria tanto naquele momento que nem uma mínima preocupação de machucá-la passou pela minha cabeça. Eu conseguiria ser cuidadoso, eu nunca iria feri-la de nenhum modo, nunca mais. Sabia o que me esperava, diferente da primeira vez, sabia meus limites, o que deveria, o que podia fazer. E aparentemente, ela queria tanto quanto eu aquilo, então estranhei quando minutos depois Bella hesitou.

"Você acha que consegue ser mais cuidadoso do que a vez passada, meu amor?" Cuidadoso? É claro que eu seria cuidadoso, eu sempre era ao redor dela, não era uma coisa que precisava ser pedida. Será que eu havia a ferido mais do que imaginava na primeira vez? Eu havia sido tão cauteloso, apesar de ter-lhe dado manchas roxas – pelo menos assim imaginava – fora limitado a hematomas os ferimentos, não? Algo a mais, eu teria percebido antes.

Me afastei um pouco, confuso com o pedido e esperando mais do que nunca uma explicação, quando a observei colocar uma mão sobre a barriga. "Não é por mim, é por ele." Senti meu corpo paralisar por um segundo. O que ela queria dizer com aquilo?

"Ele?"

Sonhos que o homem sonha sempre. Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.

"Ele – ou ela – pode ser meio vampiro, mas talvez ainda seja um pouco delicado agora." Se meu coração batesse, ele com certeza teria parado. Ela estava mesmo me falando o que eu achava que ela estava me falando? Um bebê? "Parabéns, papai." Meu bebê.

Naquele segundo, tive a certeza de que realmente existia um Deus lá em cima olhando até mesmo por nós. Não haveria outro jeito de eu ser presenteado com um milagre mais maravilhoso. Sorri, vendo as lágrimas se formando no canto dos olhos de Bella, e se fosse capaz, estaria como ela naquele momento perfeito.


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