Lua Cheia escrita por Ania lupin


Capítulo 6
Capítulo 6- Nove meses


Notas iniciais do capítulo

To bem generos hj né kkkkkk mosdestia é uma qualida minha. rerere



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BPOV

Cozinhar com Esme era relaxante. Ela era quieta, delicada, habilidosa, tão como uma mãe deveria ser. Mãe. Deus, em menos de nove meses eu seria uma mãe, e apesar de ser quieta, eu era habilidosa apenas na cozinha, e a delicadeza passava um pouco longe de mim – a desastres que dominava.

Desisti de picar o resto da melancia quando minhas mãos começaram a ficar trêmulas, não precisava de algumas gotas de sangue para deixar os vampiros ao meu redor num frenesi em massa.

"Eu termino, querida. Por que não vai se sentar com Edward?" Esme era realmente um amor.

"E deixar você aqui, sozinha, preparando comida para mim? Nunca!" Mas larguei a faca, dando espaço para a mãe postiça, e fui sentar-me num banco perto de um dos balcões da cozinha. "Esme," Comecei, espiando discretamente a sala, onde os garotos estavam entretidos demais com o videogame. Alice e Jasper não estavam em nenhum lugar próximo, graças a Deus, e Carlisle ainda não voltara do hospital aquele dia. Rosalie deveria estar cuidando dos seus carros, assim eu esperava. "Posso te perguntar uma coisa?"

"Claro." E eu observei maravilhada a vampira cortar o resto da melancia em segundos, colocando todos os pedaços habilidosamente no liquidificador.

"Não me entenda mal, é só uma curiosidade," Talvez a pergunta saísse melhor se eu fosse mais direta. Ou não. Bem, agora que já comecei... "Vampiros não podem ter filhos, podem?"

Me chutei mentalmente quando vi por um breve segundo uma expressão não muito feliz no rosto terno da mulher. Deveria ter esperado Carlisle para perguntar aquilo, com certeza. Deveria ter ido direto para o hospital vê-lo, ah Bella estúpida.

"Vampiras não podemos ter filhos, Bella." Ela enxugou as mãos no avental que usava, e veio sentar-se ao meu lado. "Disso eu tenho a mais absoluta certeza, afinal, tentativas não faltaram." Ela sorriu timidamente, e se vampiros pudessem corar, a rosto redondo de Esme estaria da cor de um tomate neste momento. "O nosso corpo não muda, então é impossível comportar o crescimento de um bebê." Os olhos topázios ficaram perdidos por um instante, antes de voltarem a me olhar. "Por isso, é muito importante pensar bem antes de aceitar a transformação, querida. Você tem uma escolha, uma coisa que nenhum de nós teve. Você-"

"Esme, eu não quero nada se não for de Edward." Falei tão baixo que uma pessoa humana não escutaria, mesmo tão perto. E me virei rapidamente para a sala, tentando adivinhar pela expressão de meu vampiro se ele estava ou não ouvindo nossa conversa. Mas a expressão neutra dele não me encorajou muito, como eu esperava, afinal anos de experiência o faziam disfarçar muito bem.

Por um instante fiquei perdida em meus pensamentos, e aparentemente foi um instante longo o suficiente para Esme perceber que algo não estava bem.

"Bella, querida, não sabemos se vampiros e humanos podem ter filhos." Ela falou alto o suficiente para eu escutar, e quando eu vi por um segundo uma expressão diferente no rosto do meu vampiro, sabia que ele havia ouvido também. Precisava falar com Esme, e precisava sair dali. Agora.

"Esme, podemos fazer uma torta de morango?" Me levantei rápido do banco, indo procurar a fruta na geladeira, torcendo para não achar.

"Ah, estamos sem morangos Bella, não pode ser de-"

"Podemos ir buscar? Por favoooor! Deve ter no mercado, não vamos demorar muito, juro que não te incomodo mais depois disso!"

Meu comportamento agitado e repentino com certeza era de se estranhar, mas ainda assim, Esme acabou dizendo sim, pedindo apenas um minuto para ir ao seu quarto e ficar apresentável. E foi nesse instante que Edward resolveu abandonar o jogo e aparecer na cozinha.

"Suco de melancia? Achei que você não gostasse." Disse ele quando me viu tomando o líquido avermelhado do copo.

"É bom variar?" A frase não saiu tão convincente como deveria.

"Eu poderia ir com você pegar os morangos." Ele pareceu magoado, e eu me odiei por isso. Fiz meu melhor para dar um sorriso, e fui abraçá-lo.

"Eu gosto da companhia de Esme também. É legal ter alguém para cozinhar e fazer tortas, você sabe que eu nunca fiz coisas assim com Renée." Pelo menos não coisas comestíveis. "E ficar com sua mãe me faz sentir menos falta da minha." Por um momento ele pareceu não se convencer com meu pequeno discurso, mas no instante seguinte ele me deu um dos beijos mais doces que já me dera. Era incrível como ele conseguia me derreter tão facilmente, como o simples toque daquela pele fria me deixava completamente vulnerável ao vampiro.

Mas quando nos separamos e nossos olhos se encontraram, eu sabia que havia algo de errado com ele, assim como ele provavelmente sabia que havia algo de errado comigo.

"Me desculpe." Falamos juntos, e se o clima não tivesse se tornado tenso, eu teria rido com a coincidência. "A chave do Volvo está sobre a mesa, Rosalie está trabalhando no carro de Esme."

"Edward-"

"Esme está descendo." E o que eu mais quis era mandar minhas preocupações para o inferno naquele segundo, e explicar o que estava acontecendo para ele. Mas então, era uma situação tão delicada aquela – tão única, talvez – que eu não poderia arriscar despeja-la em cima dele sem ter uma mínima certeza de que ele entenderia. Se alguém da família entendesse, eu imaginava que estaria salva. Teria que esperar, só mais um pouquinho. "Eu te amo, Bella. Muito." E com um beijo na testa, ele voltou para a sala.

Fomos até metade do caminho em silêncio, Esme provavelmente tentando achar as palavras certas para me perguntar o que havia de errado, e eu tentando achar as certas para contar que ela seria avó. Foi ela quem começou a falar.

"Posso eu te perguntar algo agora, querida?"

"Se for perguntar onde iremos achar morangos às oito horas da noite em Forks, eu também não sei."

A risada doce dela conseguiu me tranqüilizar um pouco.

"Não é isso. Eu queria saber, desculpe se estou me intrometendo mais do que devo, mas você e Edward, vocês...?" Ela olhou pra mim um pouco sem graça.

Ok, agora era a hora.

"Sim." Como eu tinha a capacidade de corar, eu fiquei da cor dos morangos que compraríamos. "Eu deveria ter dito não, ter esperado até o casamento, ele queria isso, e então de uma hora para outra ele não queria mais, desistiu de esperar e-" Foi quando eu fiz uma pausa para respirar que percebi que chorava. Essas alterações de humor me deixariam louca até o final destes nove meses. "E aconteceu."

Já estávamos no estacionamento do mercado então. Era longe o suficiente, se Edward realmente estivesse em sua casa. Fechei os olhos e senti um abraço frio, duro, mas confortante. Deus, a faça entender, por favor, a faça entender.

"Esme, eu juro, foi só Edward, nunca teve mais ninguém!" Com meu rosto molhando a camisa da minha segunda mãe, minha voz saiu abafada. "Eu nunca faria isso com ele. Nunca o trairia dessa forma, você tem que acreditar em mim, sabe o quanto eu amo o seu filho!"

"Bella, você está me deixando confusa."

Um minuto e eu havia me recomposto o suficiente para me afastar e secar as lágrimas.

"Esme, vampiras não podem ter filhos, mas eu tenho certeza que vampiros podem. Ao menos, Edward pode." As próximas palavras fizeram exatamente o que Alice dissera que aconteceria com a possibilidade de um bebê na família – deixaram Esme radiante. "Você está pronta para ser avó?"

Chegávamos de volta a casa, após quase uma hora a procura de uma caixa de morangos. Não que precisássemos deles como desculpa, mas a vontade que se criara em mim de comer aquela fruta se tornara insuportável. Nem preciso comentar que Esme não parou até achar e comprar um estoque de morangos para mais de uma semana.

É claro que ela estava pronta para ser avó. E era bem provável que a família inteira estivesse pronta para receber um integrante pequenino. Mas será que eu estava pronta para ser mãe? E Edward? Reagiria tão bem quanto Esme?

Quando o Volvo parou, quase voei para fora do carro. Precisava falar com Edward, agora, já. Mas ele não estava me esperando, nem lá fora, nem na parte de baixo da casa. E antes que eu pudesse subir para procurá-lo em seu quarto, Alice estava na minha frente, bloqueando meu caminho.

"Edward não está, se é isso mesmo que você quer me perguntar." A vampira resmungou de um jeito não muito bem humorado. "Seu futuro está uma bagunça pra mim."

"Meu futuro estava uma bagunça para mim também, se isso te conforta." E lá estava meu humor se alterando novamente, em velocidade recorde. Respire Bella, respire, chorar não melhoraria nada e bater com o punho na mão que a impedia de andar apenas resultaria numa fratura.

"Edward foi falar com Carlisle, mas não se preocupe, a probabilidade de tudo ficar bem no final é grande."

"Então as coisas podem ficar ruins?" A vampira não fazia um bom trabalho em me acalmar naquele momento, nem em deixar meu humor estável. Quando a mão finalmente soltou meu braço, minhas mãos foram parar na minha cabeça, aquilo tudo estava me dando uma enxaqueca tão grade. "Alice, eu realmente preciso-"

"Por que você não me contou?" Foi quando eu me preocupei em olhar ao meu redor que percebi que não havia ninguém na sala. Esme estava na cozinha, cantarolando enquanto preparava com rapidez a torta, mas fora as duas, não havia mais ninguém próximo.

Uma onda de calma tomou conta de mim e eu fui até o sofá me sentar. Era para os meus pensamentos estarem me deixando louca – onde estava Edward, o que ele estava pensando, por que fora até Carlisle, será que ele sabia, será que ele me odiava? – e nessas horas Jasper era uma benção. Três. Devia ter imaginado que se Alice sabia, Jasper sabia também.

"Você sabe." Afirmei.

"E você não sabe como foi difícil para descobrir, você estava me deixando quase louca! Não sabe como fiquei feliz quando você tomou a decisão de sair com Esme, finalmente eu conseguia ver algo mais claro, com você falando isso ao lado de um vampiro. Nas últimas semanas andava difícil me concentrar para te ver, eu te enxergava, e ainda enxergo nos meus pensamentos, como um borrão." A pequena sentou-se ao meu lado, com um sorriso simpático. "Mas quando tive um relance de você numa sala toda branca, falando com um médico que não era Carlisle, eu comecei a ligar os fatos. Me lembrei de como havia visto você com os pés mais inchados no casamento. Você não estava doente. Você estava com todos os sintomas de uma mulher grávida! E hoje eu confirmei isso. Você até cheira diferente!"

"Edward-"

"Ainda não sabe. Vai ser melhor se você contar para ele. Ele está muito preocupado com você, tem certeza que há algo de errado, e não saber o que é está o deixando louco."

Me desesperei, apesar de Jasper, quando cheguei a conclusão de que ele poderia estar pensando qualquer coisa. Achei que tivesse sido tão cuidadosa com minhas explicações, mas agora que eu pensava com mais clareza, era óbvio que ele iria desconfiar. Por que eu me recusava a ver Carlisle, por que não quis ir a casa dele durante o final de semana, por que não esperei alguns dias para ir atrás de um livro em Seattle, e ainda voltei, horas depois, sem nada. Eu desconfiaria.

"Não Bells, não chore!" Se nem Jasper conseguia controlar minhas mudanças de humor, eu realmente estava perdida. Mas quando as mãos frias voltaram a me tocar, consegui recrutar um pouco de autocontrole. "Se chorar, não vou te dar o que comprei hoje a tarde para você, e garanto que desse presente você vai gostar!"

É, Alice seria sempre... Alice.

Subi para o quarto de Edward, deitando-me na cama com o intuito de aproveitar meu presente, mas acabei pegando no sono após algumas páginas. E eu sentia que quase entrava no mundo dos sonhos quando algo na cama se mexeu, e meus olhos automaticamente se abriram. Havia um aroma doce no ar que fizera meu estômago roncar, mas resolvi ignorar a fome desta vez.

"Edward." Disse aliviada, enquanto ele sentava-se ao meu lado no colchão, empurrando para mim um prato com um pedaço generoso de torta. "Não, agora não-" Tentei recusar, mas foi inútil.

"Esme me disse para fazer você comer a qualquer custo." A voz dele não era a de costume, estava fria. Não, estava triste. Quando percebi, fui mais uma vez invadida por diversas emoções que precisava controlar no momento, e desejei não ter hormônios.

Bem, doces sempre acalmavam, e aquele cheiro estava acabando com meu estômago fraco. Não relutei mais em me colocar sentada e dar a primeira garfada.

"Nossa, está maravilhosa." Ele tentou dar um meio sorriso, e desviou o olhar enquanto eu devorava meu segundo pedaço. Comi o resto o mais rápido que pude, e coloquei o prato vazio no criado mudo ao lado da cama, o barulho da porcelana em contato com a madeira sendo alto demais naquele silêncio que dividíamos. "Você foi ver seu pai?"

"Fui." Mas a voz era distante. Ele estava distante. E eu comecei a me desesperar outra vez por dentro, me perguntando onde estava Jasper naquela hora. E agora, o que eu falava? Perguntava o porquê? Ficava em silêncio e deixava ele falar quando estivesse pronto, gritava que esperava um filho dele, chorava? Só percebi que minha mão tremia quando ele colocou a dele sobre. "Por favor, por favor, me conte o que está acontecendo. Você está com medo de me contar?" E eu assenti. "Acha que eu vou ficar bravo?" Dei os ombros. "Bella, eu prometi que nunca mais machucaria você, e eu não vou. Não importa o que você tenha para me dizer, eu vou entender. Por favor." Eu abri a boca diversas vezes, mas o som simplesmente se recusava a sair. "Bella, seu silêncio está me deixando louco."

"Me beija." Finalmente consegui falar.

"O que?"

"Me beija, só me beija."

E eu não esperei mais para acabar com a pequena distância entre nós, e ele também não protestou quando meus braços envolveram seu pescoço, nossas bocas se encontrando quase desesperadas. Ele iria entender, naquele instante eu senti que ele iria entender, e era como se um peso enorme fosse tirado dos meus ombros.

"Eu te amo Bella, eu te amo tanto." Ele sussurrou contra meus lábios enquanto me puxava forte, mas ao mesmo tempo cuidadoso, para mais perto dele. Nosso beijo já nos levava para outro rumo, percebi quando ambos estávamos deitados na cama. Aquele era o momento perfeito.

"Você acha que consegue ser mais cuidadoso do que a vez passada, meu amor?" Admito que me diverti e me permiti sorrir quando vi a confusão nos olhos cobres. Quando ele se afastou um pouco, minha mão foi parar sobre minha barriga, e eu continuei. "Não é por mim, é por ele."

"Ele?"

"Ele – ou ela – pode ser meio vampiro, mas talvez ainda seja um pouco delicado agora." E eu pude ver naqueles olhos topázio o momento em que a confusão se dissolveu, e ele absorveu a informação. "Parabéns, papai." Disse, um pouco sem jeito.

Então, eu vi o sorriso mais lindo do mundo.


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