Parei de me debater na cadeira ao perceber que ela estava pregada ao solo. Abaixei a minha cabeça e fitei meus pés, que agora tinham sangue que escorriam desde os meus tornozelos que estavam também marcados por conta das cordas.

 - Por quê? – perguntei sussurrando com minha voz que estava rouca, por conta do choro que estava prestes a começar

Eu não posso acreditar que Angie havia planejado aquilo, não posso acreditar no fato de ela estar fazendo isso sem ao menos pensar no que significávamos uma para a outra, éramos irmãs de coração, melhores amigas para sempre.Não podia ser verdade, a encarei novamente e fechei forte os olhos esperando que quando eu abrisse tudo simplesmente voltasse ao seu lugar que tudo não passava de um pesadelo, mas quando abri os olhos, me deparei com a verdade, ela ainda estava ali.

 - Eu não vou sair daqui! – disse Angie enquanto via meu esforço contra qualquer tipo de pensamento presente em minha cabeça.

 - Por quê? – repeti, esperando que houvesse uma explicação lógica ou qualquer outra coisa que me fizesse perceber que não era um sequestro.

 - Renesmee você tem alguma lembrança do ataque da Victória contra sua mãe? – assenti – Sabe aquela garotinha que foi terrivelmente morta pelos Voltures? – assenti novamente, não tinha ideia da onde ela estava querendo chegar – Ela era minha irmã, Bree Tanner – minha mente estava em disparada, de fato me lembrava mas nunca que eu iria imaginar que ela fosse a irmã de Bree.

Angie me encarava com um rosto inexpressivo, mas tinha um certo brilho no olhar, totalmente desconhecido até então, era raiva,  expectativa e insegurança.

 - E-eu me lembro, mas não entendo aonde quer chegar.

 - Como não Renesmee? Como a garota perfeitinha não entende algo tão óbvio? – seu tom de rancor estava me matando por dentro, por que ela me odiava tanto? – Sua mãe foi a grande culpada de tudo isso, ela foi a causa da morte de James, por causa dela Victória criou aquele exército de recém-criados, onde tirou a pureza do sangue de minha irmã, e como se isso não bastasse os Voltures a mataram.

 - Mas minha mãe nunca planejaria algo assim, e os Cullens ofereceram ajuda a sua irmã, os Voltures é que... – ela me interrompe

 - Os Voltures é que a mataram, sim eu sei, e pode ter certeza que me vingarei deles, mas primeiro de sua mamãezinha, afinal os Voltures não teriam de matá-la se ela não fosse sangue ruim.

Sangue Ruim?

 - É isso que acha de mim? Uma sangue ruim? – perguntei incrédula

 - Não Ness, entenda, você não é o meu alvo, sua mãe é.

 -E o que você acha que vai acontecer comigo se você machucar a ela?

 - Acho que você vai entender minha dor – disse enquanto saia porta a fora.

Meu coração acelerava cada vez mais, a dor, o pânico, e o medo, principalmente o medo, tomavam conta do meu corpo. Tinha medo por mim, mas principalmente pelas pessoas que amava, as feições daqueles que eu amava, agora passavam lentamente em minha cabeça, cada sorriso, me lembrei de quando me “tornei novamente uma Cullen”.

“Ao abrir a porta Bella me abraçou com força, mas quando foi tentar se afastar percebendo que talvez estivesse fazendo a coisa errada eu a abracei de volta e sussurrei em seu ouvido:

 - Me desculpa Mamãe? – ela me encarou parecendo desacreditada do que ouvia e abriu um sorriso maravilhoso para mim, minha mãe, como eu havia sentido sua falta... Como eu a amo, ou melhor, como eu amo todos eles!

 - Não tem o que desculpar.

Agora todos nós nos abraçávamos e eu pedia desculpa a todos e eles também, mesmo sabendo que a única que deveria se desculpar por algo era eu mesma.”

Meu primeiro beijo com Jake

“- Linda música – disse a voz que eu reconheceria de qualquer lugar do mundo, a voz da única pessoa que me faria feliz, se fosse possível...

 - É... – respondi enquanto Jake se sentou no sofá, perto de mim, o que me fez sentar também.

 - Me desculpe pelo que houve lá em cima eu não...

 - Não tem problema – o interrompi – eu não deveria ter entrado sem bater, é que... eu ia me desculpar pelo que eu disse hoje, eu só estava co medo de que vocês desistissem de mim... – disse deixando uma lagrima escapar

 - Ei, não precisa chorar – ele disse levantando meu queixo – Nunca desistiríamos de você. EU nunca desistiria de você. – aquelas palavras causaram um arrepio em minha coluna - E pelo que aconteceu no quarto...

 - Jake, eu agi como uma bebê desculpa, é que... E-eu te amo, - disse essas palavras mesmo sabendo que era egoísta fazer isso - mas sei que você não se sente dessa forma por mim e eu entendo, ela é seu imprinting...

 - Ness, de onde tirou isso? – disse com sua voz que soava tão doce – Eu não tive um imprinting por Angie, o que aconteceu é que nós dois acabamos nos precipitando para tentar esquecer quem a gente realmente ama – olhei para os seus olhos que me mostravam que era verdade – e só quando você apareceu é que vimos que o que fizemos era errado, Ness, não existe nada que eu ame mais do que você – eu tentei dizer alguma coisa, mas ele colocou seu dedo sobre os meus lábios de forma suave, me calando – e agora vejo que nada, nem ninguém poderia mudar o que sinto por você. E não é só por causa de um imprinting, porque quando cheguei era como se nem nos conhecêssemos e você me mostrou como seria difícil conquista-la, me fazendo levantar toda manhã prometendo a mim mesmo, que faria de tudo para que você começasse a me amar, mesmo que fosse como um amigo, porque qualquer tempo que eu passo com você vale a pena, porque ao seu lado eu me sino completo e feliz. Renesmee Carlie Cullen eu te amo mais que minha própria vida, e por isso lhe pergunto: você aceita ser minha namorada?

Meu coração não sabia se parava ou acelerava ao máximo, as palavras de Jake... Ele teve um imprinting por mim, não havia amor entre Angie e ele de nenhuma das partes, e agora ele havia se declarado para mim me pedindo em namoro.

Me aproximei mais dele, então ele segurou a minha cintura, enquanto eu subia minha mão passando envolta de seu pescoço, podia sentir sua respiração contra a minha, quando nossos lábios estavam quase se tocando sussurrei:

 - Eu te amo, Jake.

Então nossos lábios se encontraram sua boca era quente contra a minha, então ele pediu passagem com a língua e a cedi, nossas bocas se encaixavam perfeitamente uma na outra, nossas línguas faziam movimentos lentos, e muito apaixonados, seu beijo era doce, ele acariciava minha bochecha com leves movimentos, enquanto sua outra mão me mantinha presa ao seu corpo.”

Como era possível, ter a felicidade tirada de você com o simples fato de confiar, confiar naquela que me jurava lealdade, eu a considerava minha irmã, alguém que eu daria a vida se necessário, e agora só via alguém que queria uma vingança. Seria isso que ela sempre havia planejado? Isso que a conduziu a me “adotar”? Ela planejava matar minha mãe e eu não permitiria isso.

Voltei a me debater na cadeira, de forma descontrolada, lagrimas enchiam meu rosto, pela dor causada pelas cordas presas em minhas mãos e meus pés, mas não me importava eu precisava sair dali, precisava proteger àqueles a quem eu amo.

 - Não perca seu tempo. – disse a voz masculina – As cordas são cobertas por óleo de verbena, é como um ácido para vampiros e já que não pergunta eu respondo, sou Luke primo da Angie – abri a boca como se para falar algo mas nada saia – Olha não sei o que ela pretende no fim, e sinceramente não quero te ferir nem nada, mas ela era minha prima... – vi um tom de mágoa – Espero que um dia me entenda...  – entender que ele quer uma vingança matando a todos que amo, acho que não – Aqui está sua comida – e enquanto ia se virando eu o chamei

 - Não posso comer amarrada.

 - Então acho bom começar a pensar em algum jeito, porque a comida não vai em direção a sua boca sozinha! – disse rindo enquanto saia porta a fora

Ah interessante agora estou sem comida, fraca e totalmente indefesa e inútil para defender aqueles que amo. Me lembrei da vez em que Daniel estava estressado e me falou algo que agora faz sentido.

“Todos pareciam melhor agora que o clima não estava tão tenso, com exceção de Dan, ele estava muito triste e aquilo estava me matando... O encontrei na sala, sozinho com uma expressão acabada.

 - Hey – eu disse sentando- me ao seu lado.

 - Oi – ele estava realmente deprimente!

 - Não vai mesmo me contar o que está acontecendo?

 - Não vai fazer diferença para nenhum de nós...

 - Vai sim eu posso te ajudar! – falei tentando ser positiva, então ele me olhou como se fosse me matar.

 - Sabe qual o seu problema? – ele não me deu tempo para responder, e disse – Você acha que consegue ajudar a todos, quando não consegue lidar nem com os seus próprios problemas! Talvez se você me deixasse em paz, teria mais tempo para resolver os seus problemas, então sério SAI DAQUI E ME DEIXA! – gritou.”

Talvez era esse meu problema eu tentava ajudar, eu amava demais, eu me importava demais, confiava demais e me machucava demais. Confiei em Angie, me apeguei a minha família, me envolvi com Jacob. Não me arrependo de nada disso, apenas de saber que no fim nada vai acabar bem e tudo vai ser minha culpa.

Minha família, meu irmão Dan, Seth e Jake. Jake como eu gostaria de tê-lo perto de mim mais uma vez, sentir seu toque, seu beijo, ouvi-lo dizer que está tudo bem, quando sei que nunca mais os verei.

Esse pensamento me fez adormecer com o trecho de uma canção, que a pouco tempo me parecia deprimente e agora define o que sinto.

And there's no remedy for memory, your face is like a melody
It won't leave my head, your soul is haunting me
And telling me that everything is fine
But I wish I was dead

Every time I close my eyes
It's like a dark paradise
No one compares to you
I'm scared that you
Won't be waiting on the other side
Everytime I close my eyes
It's like a dark paradise
No one compares to you
I'm scared that you
Won't be waiting on the other side