Entre O Céu E O Inferno escrita por Walber Florencio


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Queda de Halael


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo, contando a história de Halael. Espero que gostem. Ansioso por seus reviews. :)



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Desde a criação dos anjos, Halael se mostrara um dos melhores guerreiros do céu e se tornou o Primeiro General, posto mais alto que um querubim normal poderia alcançar.

Halael foi enviado a Terra, como ficou conhecido o Éden após a morte de Adão. Sua missão era aplacar a fúria dos anjos caídos. Estes preparavam um ataque a Enoque, cidade fundada por Caim.

Havia boatos de que os anjos que tentaram Eva tinham perdido as asas e se tornado humanos. Quando foram expulsos não houve uma cerimônia para muitos, só os arcanjos e os vingadores viram. Halael não sabia que as asas deles haviam sido arrancadas brutalmente. Só sabia que eles estavam na Terra e odiavam o fato de estarem tão perto da humanidade.

Enoque era a maior cidade daquela época. Por vários milênios não houve nenhuma que se comparasse, nem mesmo a majestosa Gomorra. Até que Babel se ergueu. Seus moradores adoravam seus antepassados, em especial Adão e Eva. Rechaçavam Lilith por ela ter traído Adão. Por toda a sua existência Enoque foi governada pela linhagem de Caim, filho de Adão.

Enoque foi destruída pelos anjos caídos numa única noite de tormenta, sangue e fogo. Halael tinha por missão impedir isso, mas falhou. Um anjo, mesmo com a ajuda da magia e das armas dos enoquianos, não podia contra a fúria de cinquenta caídos. Foi uma carnificina, onde Halael matou pelo menos metade dos oponentes, mas foi gravemente ferido. Tudo escuro.

Quando acordou, o anjo se viu nos braços acolhedores de uma garota. Tinha aparência jovem, traços delicados. Era linda. E era a única sobrevivente de Enoque. Assim que a viu, Halael foi tomado pela vontade de beijá-la. Ficaram se olhando por um tempo. Halael pôs na cabeça que se a desvirginasse seria expulso do céu e se tornaria humano, quando poderia tê-la à vontade.

Halael estava coberto de sangue, rasgado por cortes profundos, asas expostas. Mas não sentia dor. O carinho que transpassava pelos olhos da garota era como um anestésico para ele.

Os dois se aproximam. Os lábios de Halael e os da garota se tocam. Foi um beijo demorado.  Halael sente um volume em sua calça. Fica meio desconfortável, mas a garota apenas sorri. Ela o beija mais ardentemente e Halael corresponde com mesma intensidade. As mãos dele acompanham os contornos do corpo da garota, até chegar aos seios.

Abraços... Beijos ardentes... Pernas sobre a outra... E fazem sexo.

Logo, Halael perdera a sua castidade, uma das principais virtudes dos anjos. E para sua surpresa a garota não era virgem. Após o momento feliz com a parceira amorosa, Halael se despediu da garota e voltou para o céu.

No caminho foi surpreendido pelos hashmalins, os anjos vingadores. Tomou posse da espada Raio Flamejante e se defendeu do ataque repentino. Queria se tornar humano, mas não por meios dolorosos.

Halael foi ferido no braço esquerdo, que agora estava imóvel e coberto de sangue. Ainda tinha, porém, o braço direito e o usava com habilidade incrível.

Miguel apareceu e o viu lutando bravamente contra dúzias de hashmalins. Percebendo que nenhum dos vingadores seria capaz de vencer Halael, ele mesmo decidiu derrotá-lo.

– Quietos! – gritou Miguel – deixem que eu resolva este embate.

E saltou o arcanjo sobre Halael brandindo a espada Chama de Deus. Com a agilidade que lhe é característica, o Primeiro General defendeu-se. A Raio Flamejante bloqueia o avanço da majestosa espada de Miguel. De armas cruzadas os dois se olharam, Halael tentando compreender o motivo de tal fúria, e Miguel tentando entender porque seu general traiu as leis dos anjos.

A espada do Príncipe dos Arcanjos derretia a lamina da espada de Halael. Miguel impôs todas as suas forças na Chama de Deus e a Raio Flamejante estilhaçou em mil pedaços ardentes. Ágil, Halael desviou antes que a arma vencedora tocasse sua pele. Sabia, porém, que fora vencido. Se rendeu em humilhante derrota.

No mesmo instante uma dúzia de anjos vingadores pulou sobre ele e lhe arrancaram as asas. Em meio a este espetáculo horrendo, uma chuva de sangue e penas.

Raiva. Arrependimento. Sede por vingança. Os sentimentos vinham em sua cabeça com intensidade. Perdera as asas. E acima de tudo caíra numa região por ele desconhecida, longe da garota por quem cometeu o sacrifício. Os olhos azuis os abandonaram e em seu lugar surgiram olhos cinzentos. Queria ser humano e não sabia se o era.

Os raios solares acabavam de nascer. Já não havia mais nenhum ferimento nele, mas estava nu.

Percebeu-se em algum lugar parecido com um porto. Vozes alegres de um grupo de trabalhadores que chegavam para mais um dia de trabalho no cais obrigaram Halael a se esconder atrás de uma pilha de barris de vinho. Porém, percebendo que precisaria de ajuda para arranjar umas roupas, o anjo caído deixa de lado a vergonha e sai detrás dos barris.

- Bom dia, cavalheiros! – saudou Halael, encobrindo com as mãos as virilhas.

Um deles não segurou a gargalhada. E não custou para que todos os outros fizessem o mesmo. Cada vez mais constrangido Halael tentou ser ouvido em meio às risadas.

- Fui assaltado e me levaram tudo. Será que posso contar com a ajuda de vocês?

Os trabalhadores não se opuserem em ajudá-lo, claro depois de dez minutos de piadas. Deram-lhe algumas roupas velhas e moedas, o suficiente para o desjejum. Ele não precisava, porém, se alimentar. Mas para não levantar suspeitas comeu qualquer coisa.

Halael passou mais alguns dias naquela pequena cidade portuária, mas depois partiu rumo ao desconhecido. Encontrara em suas andanças pelo mundo uma série de povos e pessoas diferentes. Cada povo com seus costumes. Cada pessoa com suas ambições. Percebeu que não era humano. E ficara aliviado, pois ao conviver com eles descobriu o quanto são fracos, influenciáveis e carnais. Entendeu porque os anjos caídos os odiavam tanto.

Durante uma viagem por um deserto, avista uma caravana militar com cerca de vinte homens montados em belíssimos cavalos. Eles escoltavam uma mulher, presa no interior de uma carroça. Reconheceu seu cheiro. Era a garota. Capturaram a única sobrevivente de Enoque. Levavam-na para Sodoma. Halael não podia aceitar perdê-la de novo.

O grupo tinha parado para o almoço. Muitos se afastavam dos cavalos e carroças, e um jovem chamado Alísio foi deixado para cuidar da futura escrava sexual do rei de Sodoma. Ele olha na carroça. A moça estava vestida com roupas rasgadas, deixando as coxas e parte dos seios expostos. Os cabelos loiros sujos, algemada, ensanguentada, a mercê do guarda. Ele deitou-se sobre a garota tentando beijá-la. Todas as tentativas foram frustradas. Usando de mais força, começa a despi-la. Quando consegue um beijo forçado, é puxado por alguém de extrema força para fora da carroça.

Alísio olha assustado para Halael. O anjo renegado dá um único soco no jovem. Este tem o rosto deformado por um golpe fatal. Está morto.

A garota sai da carroça com olhar apavorado e salta nos braços de Halael.

Fogem e vão viver longe de tudo, a beira de um rio. Os anos seguintes são felizes, apenas os dois desfrutando de um paraíso com amor intenso e sublime. Até que ela envelhece, e logo morre.

Halael volta a vagar pelo mundo...


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Notas finais do capítulo

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