Aon escrita por Rodolfo Rodrigues


Capítulo 14
Resgate, Reconquista e Guerra




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Algo ressoava na escuridão, era grave e pesado, sufocante de fato. Cada batida parecia perfurar profundamente o peito, o mundo estava pesado, parecia que seria esmagado a qualquer momento. Podia ouvir ranger de dentes ao longe, vozes perdidas em desespero, como se o grito viessem de suas almas rachando toda a sanidade do local. O medo, o medo estava amargamente presente no ar, deixando um aroma fétido em putrefação. Seu corpo corria em direção aos gritos, mas havia apenas escuridão, por mais que sentisse o chão e as folhas batendo em seu corpo em quanto corria seus olhos não achavam luz alguma e seu corpo caiu em um abismo sombrio o fazendo despertar.

– Foi apenas um pesadelo. Disse a si mesmo o elfo.

Ele levantou e percebeu que ainda faltava muito para o nascer do sol, a fogueira já estava apagada, apenas algumas fagulhas cintilavam entre as cinzas. Guilherme ainda dormia tranquilamente, porém a garota não estava mais ali, mas teu cheiro não estava longe e o garoto foi a sua procura. Ela estava ajoelhada próxima a um tronco de arvore com um pequeno buraco, a garota parecia cochichar com alguma coisa. Haourin se aproximou puxando-a pelo braço e agarrando a pequena criatura que ela conversava.

– Não faça mal ao marmota. Berrou a garota.

Haourin afastou a garota e observou o pequeno esquilo em sua mão.

– Marmota? Isso é um esquilo Larissa! E o que você faz com um espirito da floresta? Perguntou o garoto.

– Ele me passava informações sobre o que está acontecendo no castelo, até você chegar como um bruto e o agarrar. Disse Larissa com certo tom irritada.

– Pensei que estava fazendo algo de errado, desculpe-me! Revele-se espirito. Disse jogando o pequeno esquilo um pouco mais para longe.

– Não seja rude com o marmota. Ainda mais alterada.

– É um esquilo. Disse Haourin.

– Eu o chamo da forma que eu quiser. Cruzou os braços ao dizer.

– Tudo bem Larissa, ele não me feriu. Prazer em conhece-lo...

– Haourin, Elfo de Thanos.

– Haourin! Um pouco rude para um elfo da floresta, ainda mais para um druida. Disse o espirito.

– Perdoe-me espirito, minha noite não foi das melhores e ainda tenho que descobrir um jeito de salvar meus amigos. Fez uma reverência em forma de desculpas.

– Está tudo bem meu jovem – Não está não – tentou cortar Larissa, porém o espirito a conteve. Está tudo bem sim, de fato o que eu e Larissa conversávamos era exatamente sobre como entrar em Tehamera. Falou calmamente.

– Então o que podemos fazer, ouvi tambores ao acordar estou temendo pelo pior e não temos muito tempo para planejar. Disse o elfo tentando buscar conforto para sua impaciência em alguns passos.

– Se tivéssemos mais tempo poderia juntar algumas criaturas mágicas que ainda existem neste reino. Falou pensativo o espirito.

– Não há tempo, se os tambores começaram a tocar eles já estão preparando o enforcamento. Falou Larissa com certa apreensão na voz.

– Diga-me espirito, oque sabe sobre como entrar na cidade e chegar a praça sem ser visto? Muitos guardas? Indagou Haourin.

– Não muitos, para uma cidade daquele tamanho, porém o problema são os cidadãos, pois também são Dragões do Mar e todos trabalham unidos. Explicou o espirito.

– Então não preciso me segurar quanto a matar os cidadãos daquela cidade correto? Perguntou o jovem elfo.

– Você diz como se fosse capaz de matar todos de uma vez! São milhares de pessoas que estamos falando e todos são capazes de lutar. Ponderou a garota.

– Quanto a isso não se preocupe eu e Guilherme seremos capazes de nos livrarmos desses problemas. Provavelmente o enforcamento será apenas para os dois, os outros deverão ser mantidos na prisão então precisamos retira-los de lá sem chamar a atenção, acha que consegue fazer isso Larissa? Perguntou Haourin.

– Claro que sim, já invadi inúmeras vezes essa cidadezinha! Bufou irritada a garota.

– Ótimo, irei buscar Guilherme e partiremos imediatamente! Disse o elfo já caminhando!

Haourin percorreu os poucos metros que distanciavam de seu acampamento e chutou Guilherme o fazendo despertar como urso furioso.

– Vamos, chegou a hora de atacarmos esses tais Dragões. Disse Haourin recolhendo seu arco e conferindo suas espadas.

– Quando quer que eu invada a prisão? Perguntou Larissa afobada por vir correndo.

– Assim que ouvir as explosões, misture-se a multidão e faça o que tem que ser feito não se aproxime da praça não estaremos diferenciando amigos de inimigos. Falou secamente.

Em Tehamera os homens já haviam preparado a praça para o evento, o carrasco estava parado sobre a base de madeira que fora feito para enforcar as pessoas enquanto outros dois serviçais faziam os últimos preparativos para a fogueira da bruxa. Os três foram trazidos acorrentados, as correntes eram encantadas com a anulação de poderes. Enquanto caminhavam para o enforcamento ouvia-se uma voz esbravejar ao fundo, provavelmente a de Victor tentando resgatar Palloma, mas os esforços pareciam em vão as correntes o impediam e as chicotadas estralavam sobre sua pele e ressoava sobre o ar. Os primeiros raios do sol cortaram as nuvens sobre as muralhas, os gritos de Victor e os anúncios dos trovadores trouxeram vida à praça e em pouco tempo ela estava cheia, quando a escuridão começou a se dissipar o senhor do Castelo surgiu com sua mulher o povo se calou. Deu passos calmos até os tronos que ficavam próximos a zona de enforcamento e estendeu os braços pedindo a atenção dos homens e mulheres que o rodeavam.

– Senhoras e Senhores, O príncipe Girardos. Disse o bardo fazendo uma reverência se retirando do local.

– Meus caros irmãos, há muito tempo chegamos esse pequeno reino e trouxemos melhorias para suas terras, enriquecemos seus povos e tudo o que pedimos foram suas terras e o poder sobre elas, mas eles foram injustos e decidiram lutar contra nós e ainda continuam a se amotinar contra nós. O povo urrava e aplaudia as palavras do príncipe e o homem fez um sinal que continuaria a falar.

– E nos últimos dias não foram diferentes, encontramos mais desses nativos que desejam ir contra nosso reino de paz e é claro que para esses que são contra nossa bondade o destino é apenas um... A Morte.

A multidão foi a loucura e vibrava com as palavras, o Príncipe fez um sinal para que os serviçais trouxessem os condenados. Os três foram conduzidos encapuzados até o palco de madeira devidamente preparado para eles e seus rostos foram expostos lá de cima. O povo gritava palavras de ódio e jogavam coisas em seus corpos, Sadi e Paloma estavam tranquilos e apenas observavam a multidão irada a sua frente, porém a bruxa estava tremula era possível ver o medo em seu olhar, parecia que iria enlouquecer a qualquer momento. O carrasco a pegou pelo braço e a amarrou na fogueira e passou a corda nos pescoços dos outros dois. Quando o alçapão se abriu a corda em seus pescoços se arrebentou a fogueira foi rodeada por uma fumaça negra e o fogo se tornou azul quase roxo e o caos se instaurou na praça, os soldados cercaram a área de enforcamento esperando algo surgir do local e não perceberam uma carroça que veio voando por trás caindo sobre a multidão. A trombeta soou nos portões, mas, era tarde o ataque já estava na praça.

– Haourin, tire logo minhas correntes. Berrou irada Paloma.

Uma fumaça negra passou por ela e Sadi e suas correntes caíram. Enquanto a batalha se desenrolava na praça, uma garota percorria a escuridão entre os corredores da prisão da torre, Victor, Glauber e Patrícia foram libertos por Larissa.

– Você! Disse Patrícia invocando o cajado.

– Calma, eu vim ajudar, estou com Haourin. Falou rapidamente a garota.

– O que ele disse para fazermos? Perguntou Glauber!

– Fugirmos e não aparecermos na praça, ele e Guilherme estão fazendo o caos naquele lugar. Falou a nativa.

Patrícia deu alguns passos pensativos pelo corredor próximo a saída dos fundos que não passaram despercebidos por Glauber.

– O que foi Patrícia? Algum problema? Perguntou o garoto.

– Esse cheiro, tem cheiro de magia pura... é... Paloma... Victor não abra essa porta. O grito da garota fora em vão Victor já havia o feito.

Uma luz dourada tomou conta do local e lançou Victor para longe seu corpo ficou com varias queimaduras e ardia até a alma, a dor era dilacerante. Paloma havia invocado a espada mestre de Aon, seu poder era enorme e seu brilho cegava e queimava qualquer pessoa.

– Você está louca Paloma? Berrou Sadi com todas as escamas aparentes.

– Vá se ferrar Sadi, eu estou muito puta, não entre na minha frente. Disse aos berros a garota.

Paloma cruzava a praça cortando tudo e a todos, a magia da espada consumia qualquer coisa que tocasse ou que estivesse muito próximo de seu corte, parecia queimar como fogo. Os corpos tocados pela lamina simplesmente desapareciam e tudo ao redor era consumido de forma dolorosa, os gritos tomavam conta do local, alguns haviam desistido de lutar e apenas tentavam escapar, mas não havia para onde fugir pois as ruas foram lacradas com destroços e hora ou outra pedaços enormes de pedras eram lançadas ao centro da praça por Guilherme, que usava pessoas que transpassavam as barreiras para derrubar os arqueiros da muralha. A garota investiu contra o príncipe, mas o carrasco a barrou e ela o atacou e quebrou a lança do inimigo, o homem tinha certa resistência ao poder de Paloma. Cada investida era barrada por uma magia de proteção do carrasco, a garota tentou um corte vertical de baixo para cima e o homem fez o corte passar por ele, Paloma usou toda força para puxar a espada para baixo colocando muita pressão no ataque, porém o carrasco se esquivou novamente e ela atingiu o chão criando uma grande cratera e o brilho de sua magia criou vários feixes de luz que queimou algumas pessoas que se aproximavam para atacar pelas costas. A luta entre os dois parecia equilibrada, porém Paloma estava ficando cada vez mais irritada, uma de suas investidas laterais atingiram o braço do carrasco e este cambaleou pela pressão do ataque que não perfurou sua barreira e Paloma deu uma rasteira o derrubando no chão e ficando a espada contra seu peito, mas a barreira ainda resistia e a garota colocava mais força a ponto de seu próprio corpo se queimar com o poder. A barreira trincou e cedeu à espada transpassou o peito do carrasco e o acumulo foi tão grande que o local foi totalmente tomado pela luz dourada. O Príncipe havia se tornado cinzas e o local havia encontrado um silêncio aterrorizante, e Paloma observou tudo a sua volta e não havia nada e então lembrou de seus amigos, não deveria ter usado tanto poder com eles por perto. O Desespero tomou conta de seu corpo ela percorreu o olhar desesperado por todo local até ouvir a voz de Sadi vindo de traz de uma das esquinas.

– Está tudo bem sua doida, eu consegui me esconder a tempo e proteger a bruxa. Disse o Elfo negro com a bruxa desmaiada em seus braços.

– Haourin... onde está aquele desgraçado!? Sua voz saiu com tons de extrema preocupação.

– Estou bem aqui sua tapada. Ouviu-se a voz do elfo vindo de uma parte alta.

– Onde você está maldito? Seu olhar percorria todos os cantos das ruas.

Ela encontrou o elfo sentado sobre o telhado do que havia sobrado da taverna “Long Horn”, seu rosto estava um pouco machucado com alguns filetes de sangue escorrendo e algumas queimaduras.

– Santos Deuses Haourin, você está ferido. Paloma estava tremula tentando achar uma forma de chegar ao garoto que apenas ria da situação.

– Relaxa tapada, estou bem já que o meu poder irá regenerar meus ferimentos, acho melhor você dar atenção a quem eles estão trazendo ali. Disse o elfo apontando para o grupo saindo de uma portinhola da torre carregando o corpo de um guerreiro coberto por queimaduras.

Enquanto Paloma corria em direção aos amigos que carregavam Victor um raio cortou do chão ao céu vindo de trás das casas da praça, um mago inimigo invocou um dragão das nuvens. Antes que ele pudesse lançar outra magia Guilherme o partiu no meio com as próprias mãos e o lançou para além da muralha. Haourin levantou-se se preparando para a batalha e Sadi já havia criado uma bola de chama com a boca a cuspindo contra o céu atingindo o dragão. A bola atravessou a criatura formada por nuvens e explodiu além delas e a criatura ficou apenas rodeando o céu.

– Que diabos é isso? Perguntou Sadi ao vento.

– Um sinal! Respondeu Larissa. – o ultimo mago enviou um aviso para as tropas expedicionárias, elas irão retornar e destruir tudo o que conhecemos. Vocês causaram a ira deles. Disse por fim a garota.

– Nós só fizemos algo que vocês deveriam te feito há muito tempo. Retrucou Haourin.

– Para um elfo você é muito rude. Vocês têm culpa, nós iriamos no rebelar contra eles, mas por vocês fizemos isso antes de estarmos prontos e não temos um exército pronto para lutar contra tantos guerreiros. A voz de Larissa era vazia e sem esperança.

– ah... bufou o elfo. Vamos ajudar, perdoe-me Larissa realmente tivemos culpa e vamos ajudar a proteger seu reino, mas vou precisar da ajuda de Marmota. Explicou o elfo.

– Tudo o que for necessário. Respondeu Marmota.

– Vamos. Convidou o elfo saindo da praça.

O chão central da praça foi tomado por uma explosão e por entre a fumaça surgiram Karina, Carolina e Eduarda.

– Tio. Berrou a garota indo em direção de Haourin.

– Bem a tempo Eduarda, vou precisar de sua ajuda venha. Falou o elfo calmamente.

– A Carol está bêbada. Denunciou a jovem elfa.

– Qual o problema? Eu bebi mesmo e se pudesse bebia mais, mas essas chatas ai me tiraram da taverna, estava tão bom. Karina eu quero mais daquela bebida negra com vinho. As palavras da arqueira saiam moles e desencontradas.

Seu corpo pendia para os lados e Karina se esforçava para mantê-la de pé.

– O que ela bebeu? Perguntou Sadi se aproximando com grande sorriso no rosto.

O elfo negro segurou Carol e a fez girar no próprio eixo varias vezes fazendo a garota ficar tonta e enjoada, a arqueira quase caiu inúmeras vezes tentando andar e Sadi continuava a importuna-la. Paloma chamou a atenção de Karina para ajudar com a cura de Victor, mas antes lançou um feitiço ao céu. Um Leão surgiu correndo sobre as nuvens e devorou o dragão das nuvens. Carol estava vomitando em um canto da praça enquanto Sadi continuava a sacaneando fazendo seu estomago embrulhar mais vezes.

– Como chegaram aqui? Perguntou Haourin a Eduarda.

– Eu encontrei com elas na taverna e falei sobre o ocorrido, quanto mais nos aproximamos de Tehamera seus poderes ficavam mais evidentes e Karina usou o poder de Paloma como ponto de ancoragem para o tele transporte e foi assim que chegamos rápido. Explicou Eduarda.


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