P.O.V Freddie

Uma vez ou outra, minha mãe me levava para a escola, mas eu geralmente ia com a Carly, e nós nos encontrávamos na portaria. Como será que Sam deve estar indo com isso? Puxa, olha a hora. Fui ao banheiro e escovei os dentes, lá mesmo encontrei uma blusa, e logo tirei a que eu usava. Fiquei espantado com a ‘fartura’ dos seios de Sam. Eram realmente grandes. Onde ela escondia tudo isso afinal? Senti a minha temperatura subir. Seria possível ficar excitado com o meu próprio corpo? Que idiotice, Benson! Vesti logo a blusa e peguei a calça que ela tinha usado ontem, que ainda estava no mesmo lugar.

Para a minha sorte, não tinha ninguém em casa, apenas eu no corpo de Sam. Sai, hesitando, meio de fininho, caso tivesse alguém a espreita. Caminhei até o colégio, coisa que não foi difícil de achar, já que a rua da escola é movimentada, apinhada e barulhenta.

- Oi, Sam! – Carly falou, logo antes de eu entrar, e nós acabamos ficando lá fora mesmo.

- Olá, Carly... – eu disse, tentando parecer o mais repulsivo possível.

- Você me chamou de Carly? Nada de Carls, Carlota ou Carlis? – ela perguntou, levantando a sobrancelha esquerda e cruzando os braços.

- Pois é, aconteceu uma coisa estranha ontem, eu estou meio... Em choque, sabe. – eu falei.

- O que houve ontem? Me conta, Sam! Tem a ver com a entrevista? O Freddie apertou sua mão e desmaiou, é? – Carly riu de mim, digo, do Freddie.

- Não, não, nada disso, nem teve nada de muito diferente... Tirando que a mãe dele chegou, quando ela... Eu, quando eu estava indo embora... – disse.

- Sam, tá tudo bem com você? – ela perguntou parecendo preocupada.

- S-Sim, acho que sim... Por que não estaria? – eu perguntei também, mas para a minha sorte, um SUV preto estacionou em frente a calçada, e um “eu”, com uma roupa que eu completamente usaria saiu. Era assustador olhar para mim, quer dizer, para ela, desse jeito. É como se eu tivesse morrido e estivesse vivendo um dia-dia normal, para ver o que eu havia feito de errado. Sinistro. Sam me fitou, assustada, segurando a alça da minha bolsa lateral nervosamente. Ela começou a se aproximar de mim e de Carly. Eu não sabia o que fazer. Eu deveria beijá-la? Mas ela era o garoto agora, não era? Ela queria me beijar? Meu Deus, o que fazer, o que fazer... Calma, Freddie.

- Oi, gente. – ela disse tentando parecer calma.

- Ah, oi Freddie. – Carly disse.

- Hey, ér... Hm... Fracote! Ahahaha, pois é, eu zoo esses manes! Cadê seu amiguinho pateta? OU SERÁ QUE É SEU MARIDINHO? – eu falei, meio que zooando a mim mesmo. Sam esboçou um sorrisinho satisfatório, como que dissesse que aprovou, entretanto, não respondeu. Tudo bem, era realmente estranho para as pessoas me verem agarrado assim com o Nevel... Mas ele é meu diretor, o que eu poderia fazer?

- Então, como foi a sua entrevista com o Nevel? – eu perguntei. Essa eu queria saber.

- Ele tentou me beijar, mas eu esfreguei tapenage na cara dele. Que garoto mais biruta! – Carly explicou, cruzando os braços.

- Eei, pessoas. – disse uma voz, vinda por trás de nós.

- Heey, Chuckmané. – Sam disse, botando a mão na boca. – não é assim que você fala com ele, Sam? – ela falou, cutucando meu braço com seu cotovelo.

- Ah, claro, né, FredNerd! Aprendeu direitinho, haha! – eu falei, exagerando no “haha”, que me deixou com um ar de psicopata. Carly e Chuck se entreolharam. Em seguida, o sinal bateu. Nada de Nevel, por enquanto.

- Vamos indo? – Carly disse.

- Anda. – Chuck respondeu.

- Sam, me ajuda aqui, com as minhas... Lentes... De... Contato. – Sam falou. – alcançamos vocês depois.

Carly nos encarou por um tempo, depois saiu, levando Chuck junto.

Fiquei pensando se Sam já teria visto meu amiguinho intimo. Bom, provavelmente sim, ou não, não sei. Pensei por alguns segundos em falar sobre os amiguinhos íntimos dela. Amiguinhos que nada, estavam mais para amigões. Afastei essas ideias malucas da minha cabeça. O que estava dando em mim? Depois me lembrei do que eu queria falar.

- É melhor contarmos para a Carly, de repente, ela pode nos ajudar. – eu disse.

- Tá doido?! Ela vai saber que nos beijamos! – ela disse balançando a cabeça negativamente. – Escuta, você não pode contar isso para NINGUÉM! Vai ser nosso segredinho...

- Então me beijar foi um erro?

- Escuta, Freddie, eu não queria ter trocado de corpo com você, eu queria ser eu mesma... – Sam falou.

- VOCÊ. NÃO. RESPONDEU. MINHA. PERGUNTA. – eu falei me exaltando.

- Eu...

- Anda, crianças, pras suas salas, agora! – disse a monitora nova, a Sra. Palmers. Ela era velha, chata e ranzinza e surpreendentemente tinha uma filha. Sinto pena do homem que teve de aturá-la. Nem bonita ela é. Sam apenas entrou no colégio, sem falar nada. Continuei sem uma resposta, mas não iria insistir na frente da Palmers. Então, entrei também.