Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 7
Capitulo 7 – Chalé 11


Notas iniciais do capítulo

Gente, só para constar, eu pessoalmente amo os Stoll de Paixão.
Então, é logico que eles não podiam ficar de fora, certo?
Bem, se eu fosse escolher os atores para interpretar Connor e Travis no filme, sem duvida que escolheria os irmãos Sprouse. Então quando pensar em Stolls na minha fic, pensem neles *u*
Certo, me empolguei demais aqui, vamos á história



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Nos despedimos de Quíron e começamos nosso tour pelo meu novo lar. Isabel foi muito simpática e começou a puxar assunto.

– Você veio da onde, Melissa?

– Eu moro em Nova York, mas estava no Brasil quando descobri toda essa história.

– Brasil? De verdade? Cara, eu sempre vejo fotos desse lugar. Parece bem bonito.

– Bom, é um país enorme, e eu só conheço uma parte do Rio de Janeiro. As praias de lá são maravilhosas.

– Que legal! Espero poder conhecer um dia. – ela murmurou, com ares de sonhadora. – Você tem quantos anos mesmo?

– Tenho 14. Faço 15 essa semana.

– Uhu! Vamos fazer uma festa.

– Festa? Não, eu não curto muito festa.

– Como assim? Ah, você nunca foi numa festa aqui, minha filha.

Eu ri.

– E você, tem quanto anos?

– Tenho 16, apesar de não parecer. – ela revirou os olhos, e imaginei que se referia a sua estatura. – Estou há quatro anos aqui.

– 4 ANOS? – eu estava surpresa – Como assim? Então você descobriu que era semideusa com 12?

Ela assentiu

– É. A idade que a maioria de nós descobre. Na verdade, você até que descobriu meio tarde. – Isabel olhou intrigada para mim.

Pensei no que a minha mãe tinha dito. O colar me protegera de monstros por mais tempo que os outros semideuses.

– Acho que tive sorte. – menti.

Isabel me mostrou tudo: a quadra do voleibol, onde semideuses jogavam contra caras com pernas de bode (Isabel disse que se chamavam sátiros); o lago de canoagem; a parede de escalada; o pavilhão onde se faziam as refeições; a floresta onde ocorria o “Capture a Bandeira” (A filha de Apolo explicou que era um pique-bandeirinha com espadas e lanças); a arena; os estábulos, onde eu descobri que tinham cavalos alados; a plantação de morangos, que era a fonte de sustento do Acampamento; as forjas e por fim, a formação com os chalés.

– São doze chalés, um para cada deus. Aquele ali – ela apontou para um lindo chalé dourado que tinha o número 7 em cima – é o meu. Você vai ficar no 11, chalé de Hermes. Venha.

Fiquei um pouco decepcionada quando chegamos. Esperava algo grande e imponente como o chalé de Zeus ou de Apolo. Mas este parecia o mais velho. A soleira estava completamente desgastada e a pintura marrom, descascando. Olhei para dentro. Este devia ser o mais lotado chalé do acampamento.

– Muito bem semideuses – Isabel fez com que todos prestassem atenção em nós duas – Esta é Melissa. Nova campista. Ainda não foi reclamada, então, com já sabem, vai ficar aqui. Por favor, recebam-na bem e não roubem nada.

Podia estar enganada, mas pareceu que todos ficaram um pouco decepcionados com a ordem. Isabel virou-se para mim:

– Agora eu tenho que ir. Vou ajudar meus meios-irmãos a organizar as armas do arsenal.

– Ah, não. Fica aqui comigo, não quero ficar sozinha.

Estava muito nervosa. E aqueles olhares que os filhos de Hermes lançavam para minha bolsa não me deixavam mais segura.

– Fique tranquila. – Isabel falou. – Ninguém vai machucar você. Na hora do jantar é só você seguir a fila até o pavilhão do refeitório. Boa sorte.

Dito isso, ela se virou e foi embora. Não estava muito confiante, mas entrei mesmo assim. Alguns campistas me olhavam, e eu estava ficando constrangida. Dava passos cuidadosos, evitando derrubar qualquer coisa. Entretanto, num momento de desatenção, eu pisei em um tênis e me desequilibrei. Iria me espatifar no chão se alguém não tivesse me segurado.

A primeira coisa que vi foram seus sapatos – um par de All Star surrados – Usava um jeans preto e uma blusa laranja amarrotada do acampamento Então eu levantei a cabeça e vi seu rosto. Tinha o cabelo castanho-claro, meio de lado. Olhos também castanhos e um rosto bonito. Parecia ter mais ou menos a minha idade. Ele me olhava com uma expressão confusa. Só então percebi que estava tempo de mais pendurada nele. Me afastei e fiquei de pé. Ia me desculpar quando outro menino, muito parecido com ele, apareceu com um sorriso travesso no rosto e disse:

– Ai ai... Elas não resistem ao chame dos Stolls.

Senti o meu rosto esquentar enquanto o resto do chalé dava gargalhadas. O menino que me segurou simplesmente revirou os olhos.

– Cala a boca Travis. Você ta deixando a menina sem jeito. – Depois se dirigiu a mim. – Não liga pro idiota do meu irmão não, ok? Ele só fala besteira. Você está bem?

Eu assenti, ainda sem voz para falar qualquer coisa.

– Ótimo. Eu sou Connor Stoll, conselheiro do chalé de Hermes junto com o meu irmão. Você é Melissa, né? A nova campista.

– É... Vocês são gêmeos? – eu perguntei apontando para Connor e Travis.

– Não, de jeito nenhum! – Travis interviu – Apesar de sermos supostamente parecidos, eu sou muito mais charmoso, bonito, inteligente, legal, divertido, engraçado,...

– Mentiroso... – Connor interrompeu, fazendo-me dar uma risada contida. Travis revirou os olhos e saiu do chalé.

– Não, liga para ele. Travis é meu irmão mais velho, e mais dramático. – Connor e eu rimos. Depois ele me analisou de cima a baixo. – Bom pelo que eu posso ver você ainda não tem a blusa do acampamento, certo?

Olhei para as minhas roupas. Tinha me trocado no iate. Usava uma blusa branca com um símbolo hippie, um short com tachinhas e uma sapatilha. Olhei para Connor e ele entendeu.

– Não tem problema. Vem, vou arrumar algumas coisas para você.

Saímos do chalé juntos. Connor foi andando até uma construção diferente. No topo dela eu vi umas letras estranhas, que pude reconhecer como grego antigo. O mais assustador foi que eu conseguir ler o que estava escrito.

– Loja do Acampamento Meio-Sangue?

– Exatamente. – Ele abriu um sorriso malicioso. – Vem comigo.

Connor me puxou pela mão. Diferente do que eu imaginava, nós não entramos na loja. Fomos para parte de trás dela.

– É o seguinte: A dríade responsável por cuidar da loja sempre sai á essa hora para molhar as plantas.

– Molhar de plantas?

– Pois é. Elas são meio esquisitas assim mesmo. Quando ela sair você a distrai para eu poder entrar. Depois vem atrás de mim. O segredo é não chamar a atenção. Aja com naturalidade.

Demorei alguns instantes para entender quais eram as intenções do filho de Hermes. E vou lhe dizer que elas não me agradaram em nada.

– Espera um pouquinho ai. Você esta querendo roubar a loja? É isso mesmo?

Connor riu como se aquilo fosse óbvio.

– A não ser que você tenha dinheiro aí, é isso mesmo.

– Não, não vou fazer isso. Não posso. É errado. Pode ser fácil para você, já que é filho de Hermes, mas para mim não.

Connor pôs a mão sobre o peito, como se estivesse ofendido.

– Ei! Isso é preconceito sabia? Quer dizer que só por ser filho de Hermes eu roubo com facilidade? Eu faço isso para protestar contra o sistema capitalista em que vivemos. É um absurdo termos que pagar tantos dracmas nessas roupas.

Achei engraçado o jeito que ele estava falando e tentando me convencer. Pensei no dinheiro que minha mãe tinha me dado. Poderia usá-lo para pagar as roupas... Entretanto, senti algo dentro de mim que queria roubar. Clamava por isso. Me lembrei da promessa que fiz para mim mesma na beira da colina. Seria uma nova eu, mais tolerante com coisas novas.

Além do que, eu e a minha mãe já tínhamos roubado um iate. Uma camiseta não era nada perto disso.

Enquanto pensava na minha decisão, vi alguém saindo da loja. Era uma menina de mais ou menos 12 anos. Seus cabelos eram louros e encaracolados e ela usava um vestido verde.

– Aquela é a dríade. Precisamos entrar antes que ela volte. – Connor viu que eu ainda estava indecisa. Então segurou as minhas duas mãos e olhou bem no fundo dos meus olhos. Meu coração deu um salto. – Melissa, presta atenção: umas das minhas tarefas como conselheiro é ajudar os novos campistas a se entrosarem, certo? É isso que quero fazer, vamos lá. Vai ser legal.

Eu mordi o lábio inferior. Tinha certeza que iria me arrepender disso, mas concordei.

– Tá bom, eu vou. Mas acho melhor nós não sermos pegos.

Connor sorriu e assentiu.

– Ok, você só precisa distrair a dríade. Se ela me vir entrando na loja vai atrás de mim.

– Pô, que fama que você tem, hein?

Ele encolheu os ombros.

– Certo, mas como vou distraí-la? – perguntei.

– Ah, faz qualquer coisa. Assim que eu entrar, você entra também, disfarçadamente.

Eu concordei e fui para o lado da loja, onde a tal dríade segurava um vasinho de planta. Me aproximei devagar, então percebi que ela conversava com a mudinha que estava no vaso.

– Anw, que belo bebê clavo voxê é! Eu vou regar voxê, e voxê vai clexer e ficar o clavo maisi lindo o mundo! Quem é o bebê da Sophia? Xim, é voxê.

Não conseguia dizer o que era mais estranho: o fato da dríade estar conversando com a plantinha como se conversasse com um bebê, ou o fato do pequeno cravinho parecer entendê-la. Sim, a planta se mexia e crescia conforme elas conversavam.

Ignorei as esquisitices e foquei no plano do Connor. Precisava distraí-la. Fiz a primeira coisa que me ocorreu. Me aproximei dela enquanto ainda estava de costa e joguei-me sobre Sophia e todas as suas plantas. O vasinho que estava na sua mão se espatifou no chão, sujando nós duas de terra.

– Oh! Me desculpa! Perdão, eu sou tão desastrada. – estendi a mão a mão para a menina, que me fuzilou com os olhos verdes. Não digo olhos com a íris verde, mas olhos completamente verdes, como clorofila.

– Meus Deuses! – ela esbravejou. - Será possível que você não olha por onde anda?! Olha o que você fez!

– Ah, me desculpa... Não queria derrubar você, eu tropecei. Quer que eu te ajude?

– Não. Esquece. Vocês semideuses são todos atrapalhados. Você só vai piorar as coisas. Olha, não tem problema, ok? Eu me ajeito. Pode ir embora.

Sai dali sem pensar duas vezes. Olhando para os lados para me certificar de que não estava sendo observada, eu entrei na loja e rezei para que Connor já estivesse lá dentro. O estabelecimento estava com a iluminação bem fraca. Havia apenas um caixa que, obviamente, estava vazio. Pisava com muito cuidado para não fazer barulho.

Contornei a área de sacos de dormir e atravessei a parte de comida para Pégasos. Achei a área de roupas no final da loja. Havia várias batas, regatas e camisetas laranja de diferentes tamanhos. Em todas pude ver “Acampamento Meio-Sangue” escrito. Olhei para os lados, preocupada, já que Connor ainda não aparecera.

Estava à procura de uma blusa do meu tamanho quando escutei um ruído estranho. Meu coração acelerou. Me virei, á procura de algo ou alguém que o tivesse feito. Mas estava sozinha. Então ouvi outro barulho do outro lado da loja. Estava com vontade de sair dali e desistir daquela estúpida ideia de roubo. Mas agora já era tarde de mais e teria que fazer aquilo até o fim. Foi nesse momento que senti alguma coisa apertando os lados da minha cintura. Estava prestes a gritar quando Connor saiu de trás de uma arara de roupas, gargalhando.

– Seu idiota! Que me matar de susto?! – Eu falei, uma tom acima do recomendado.

– Shiiiiiit. – ele falou, colocando o dedo sobre os meus lábios. – Quer ser pega no flagra?

Tirei a mão dele da minha boca.

– Você ficou maluco? – eu sussurrei, com raiva – Porque fez isso?

– Desculpa. – Connor respondeu, sem conter o riso. – Mas eu não resisti. Sei lá, acho que tá no meu sangue.

– Ah deixa, pra lá. Vamos acabar logo com isso.

– Muito bem. Eu peguei uma mochila para colocarmos as coisas. – ele disse, tirando uma mochila preta com coraçõezinhos rosa das costas. – Você já escolheu a blusa?

– Não to achando meu tamanho...

– Ai Zeus, como você é lerda! Duvido que seja uma filha de Hermes. Olha, aqui. – ele falou pegando uma camiseta tamanho P. – Deve servir.

– Ótimo. Essa mesmo. Vou pegar uma bata e uma de manga comprida também.

Recolhemos tudo e colocamos dentro da mochila, para poder sair logo dali. Estávamos perto da porta, quando Sophia entrou. Connor e eu nos abaixamos atrás o mostruário de bijuterias.

Merda. Era só o que faltava! Quem mandou você ser tão lerda? – Connor sussurrou.

– Agora a culpa é minha? Olha: primeiro saímos daqui, depois discutimos, ok?

– Certo. Vamos nos aproximar da porta, bem devagar. Não faça barulho.

Connor saiu na frente, se agachando por trás de objetos da loja. Eu o segui, tomando cuidado para não chamar atenção. Quando estávamos a menos de um metro da saída, Connor disse:

– Assim que ela se distrair, saímos correndo.

Eu assenti. Ficamos de olho na dríade, esperando a oportunidade certa. Depois de alguns minutos, ela finalmente se virou e abaixou para pegar alguma coisa atrás do balcão. Aproveitamos a deixa e batemos em retirada. Connor abriu e porta e nós saímos o mais silenciosamente possível da loja.

Já do lado de fora, eu olhei para trás. Sophia nos fuzilava com a cara mais ameaçadora de todos os tempos. Nunca pensei que espíritos da natureza pudessem parecer tão malignos.

– Oh-oh. – Connor murmurou. – Acho melhor corrermos agora.

Sem parar para pensar, me virei e saí o mais rápido que pude atrás do filho de Hermes. Só paramos de correr quando chegamos ao lago, longe o suficiente do perigo da dríade. Nos sentamos debaixo de uma árvore para recuperar o fôlego.

– Eu nunca, nunca, nunca mais vou roubar mais nada com você. Ouviu, Stoll? – eu falei, em meio à respiração pesada.

– Ainda bem. Pelos Deuses, nunca vi uma semideusa tão lerda para roubar! Tenho certeza que você não é filha de Hermes.

– Você já disse isso. – respondi, revirando os olhos.

– Eu sei. Mas... Sabe, talvez isso não seja tão ruim assim.

Connor me fitava com um sorriso malicioso no rosto.

– Não seja idiota, por favor.

Desviei o olhar, constrangida. Peguei a mochila que estava do meu lado e abri. Tirei de dento dela as roupas. Depois olhei melhor e notei que tinham outros objetos ali também. Uma garrafa térmica rosa, uma lanterna, uma carteira e um ursinho de pelúcia.

– Que coisas são essas, Stoll?

– Peguei isso para você, ué. Encare como um presente de boas vindas. Não sei quando vai ser reclamada e nem se vai sair em uma missão. Mas é sempre bom estar preparada.

– Hã, obrigada... Mas, e isso? – mostrei o ursinho de pelúcia.

– Ah, sim. Peguei esse para você poder dormir agarradinha com ele pensando em mim. Assim você nunca vai se esquecer do Connorzito lindo aqui.

Dei uma risada.

– Você é sempre tão implicante com as meninas novas do chalé assim?

Connor sorriu.

– Não. Só com as mais bonitas.

Senti minhas bochechas esquentarem, mas não pude conter um sorriso. A princípio, eu estava me sentido pouco a vontade com Connor. Quero dizer, ele era legal, e estava sendo super legal comigo... Mas era estranho para mim. Como eu já disse, durante a minha vida, eu tive pouquíssimos amigos. Meninos como o Connor nem olhavam na minha cara. E mesmo que ele fosse amigável e bonito, ainda não me sentia cem por cento segura ao seu lado.

– Ei, quero saber mais sobre você. – Connor interrompeu meus pensamentos. – Quando aninhos?

– Ah... 14 anos. 15 nessa sexta.

– Oba! Vai ter festa. – ele falou, animado.

– Não, não e não! Que ideia fixa de vocês. Só pensam em festa, cruzes!

Connor riu.

– Ok, ok. Sem festa então. – ele não me pareceu muito convincente. – Vamos voltar para o chalé, conversamos mais no caminho.

– Certo. – Me levantei e recolhi as coisas, colocando de volta na mochila.

Notei que agora eu carregava duas bolsas, a que continha minhas coisas da mala e a que Connor tinha me dado. Esvaziei a bolsa de alça, colocando seu conteúdo dentro da mochila, e depois a dobrei e botei própria ali também. Terminado isso, saí andando com o filho de Hermes.


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Notas finais do capítulo

Ai ai, eu amo o Connor *o*
Disse que postaria hoje, viu? :3
Não esqueçam dos reviews *---*



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