Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 8
Capítulo 8 - NÃO ESQUECE QUE EU TE AMO!


Notas iniciais do capítulo

Gente linda do meu ♥ (haha, consegui fazer coraçãozinho *-*)
Mais gente nova nesse capitulo, uhul 'o'/
Novamente: A imagem da personagem não exatamente igual a descrição, é apenas para ter uma ideia. A mente de vocês é livre para imaginá-los do jeito que quiserem.



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Comecei retomando a conversa.

– E você Stoll? Quantos anos?

– 16. Travis tem 17.

– Ah. Há quanto tempo estão no acampamento?

– Ah, cara... Muito tempo mesmo. Sabe, passamos o ano todo aqui.

– Por quê?

– A nossa mãe vive em Washington e, bem, não se importa muito com a gente.

Fiquei um pouco chocada com isso. Connor e Travis pareciam ser tão extrovertidos. Não podia imaginar que eles tivessem problemas em casa.

– Oh... Sinto muito.

– Não tem problema. – ele sorriu para mim – Gosto daqui. Sabe, sempre tem alguém para pregar peças, ou roubar...

Olhei para ele, tentando decifrar se falava sério ou não.

– E você, é da onde? – Connor pergutou.

– Nova York. Mas estava no Brasil quando fui atacada por um monstro e descobri que era semideusa.

– Nossa! E o que você estava fazendo tão longe?

– Meus avós moram lá.

– Ah, sim. Me conta como foi sua luta com o monstro? Eu adoro ouvir essas histórias.

Comecei a explicar tudo para Connor, percebendo que estava fazendo o caminho mais longo para os chalés. Falei do avião, então da briga dos meus pais que escutei e, por fim, de Fred. Quando citei que ele tinha me chamado de gatinha, Connor deu uma gargalhada.

– Não, espera um segundo: você está querendo dizer que, antes de tentar te matar, o lestrigão flertou contigo?

– É. Agora que eu estou te contando é que vejo como isso soa estúpido.

Connor ainda gargalhava.

– Cara, acho que esse é o monstro mais original de que eu já ouvi falar.

– Bom, se a minha mãe não tivesse o matado, você poderia parabenizá-lo.

– Foi sua mãe que matou? Ah, é. Continua sua história.

Prossegui falando de como Fred tinha se transformado e me machucado, e falei então sobre o colar. Connor pareceu intrigado e eu torci para não ter falado demais. Felizmente, depois ele deu de ombros e eu terminei a história, explicando como minha mãe me salvou e enganou um ricaço para roubar seu iate. Quando citei esse último detalhe Connor arregalou seus olhos, parecendo perplexo.

– Como assim você e sua mãe roubaram um iate?!

– Hã, eu já expliquei, ela fingiu que o carro do homem estava sendo roubado e...

– Não. Não é isso! Sua mãe é filha de Hermes ou coisa assim?

– Hm... Não. Ela é normal, até onde eu sei. Connor, você não precisa ficar tão assustado...

– Eu não estou assustado. Estou decepcionado comigo mesmo. Eu nunca, NUNCA, roubei um iate. Como a sua mãe rouba um iate e eu não? Quer dizer, eu sou um filho do deus dos ladrões! Não acredito nisso. Minha vida não tem mais sentido.

Todo aquele drama estava me fazendo rir.

– Você está exagerando.

– Você não entende. Meu orgulho ficou ferido. E eu preciso roubar um iate se quiser recuperá-lo. – Ele disse, mais para si mesmo do que pra mim.

Revirei os olhos.

– Ok, Stoll. Mas da próxima vez não conte comigo, viu?

– A sua ajuda eu dispenso. – Ele falou, rindo.

Dei um leve empurrão nele, que revidou fazendo cosquinhas em mim.

Quando finalmente chegamos ao chalé, Travis esbarrou conosco na entrada. Ele fechou a cara e cruzou os braços.

– Onde os dois estavam?

– Ah, fomos até a loja, arrumar algumas coisas para a Melissa. – Connor falou, com um sorriso amarelo.

Travis não melhorou a carranca. Olhou para a mochila que estava nas minhas costas e lançou-nos um olhar reprovador. Eu pensava: Pronto, lá vem bronca. Estamos ferrados. Muito obrigada, Connor Stoll.

– Não acredito, mano. – Travis murmurou, num tom aborrecido. Olhei para Connor com o canto do olho, odiando-o por ter me metido nessa encrenca. Já tinha até começado a ensaiar meu discurso de desculpas quando Travis terminou sua fala: – Como você vai roubar com a novata e não me chama? Tá pensando em trocar de parceiro de crime?

Mal acreditei. Agora eu sabia da onde vinha o exemplo. Connor encolheu os ombros e respondeu:

– Ah, foi mau, cara... Só fui dar uma força para ela se enturmar, né? Você me conhece, não aguento ver uma menina indefesa sozinha no acampamento.

Revirei os olhos e empurrei os Stolls para entrar no chalé.

Travis e Connor vieram logo atrás de mim. Pensei e ir para a minha cama. Aí eu lembrei que não tinha cama.

– Meninos. – Chamei. – Eu não tenho lugar para dormir.

Connor veio para perto de mim e passou a mão em volta da minha cintura, fazendo uma carinha triste.

– Anw, tadinha dela. Poxa, e eu acho que o chalé tá lotado... Que tal dormir juntinho de mim?

Revirei os olhos e bati na mão dele.

– Será que você não consegue ficar um segundo sem falar besteira Stoll?

Travis chegou, rindo da situação.

– Olha, o “Senhor Besteira” tem razão. O chalé tá lotado. Mas eu acho... – Travis foi até um armário que estava perto de nós, abriu a porta e tirou um saco de dormir lá de dentro. – Achei. Aqui, olha. Você usa esse saco de dormir até ter uma cama para você.

– Ah, obrigada Travis. – disse, pegando o saco e desenrolando. Estava empoeirado e um pouco comido pelas traças, mas era o melhor que eu iria conseguir.

– Ah, você pode ficar com este espaço aqui. - Connor falou, apontando para um lugar vazio no fim do chalé, que ficava ao lado de um beliche. Eu caminhei até lá e estiquei o saco. Connor veio para o meu lado e pousou o braço no meu ombro – Sabe o que é melhor? Fica bem do lado do meu beliche. Viu como eu sou bonzinho? Mereço ou não mereço um beijinho?

Ele virou para mim, fechou os olhos e fez biquinho. Eu virei seu rosto e beijei a sua bochecha. Ele fez uma falsa cara de decepção, que logo foi substituída por um sorriso.

Sentei no saco de dormir e abri a mochila. Fui organizando as roupas ali dentro, tomando o cuidado de deixar o pacote com dinheiro bem escondido em meio aquele monte de pano. Então peguei a minha nova camiseta laranja e perguntei a Connor aonde eu poderia me trocar. Ele apontou para uma porta de madeira, que tinha uma ilustração tosca de uma bonequinha com vestido.

Devo dizer que o banheiro feminino não era muito melhor do que o resto do chalé. O chão estava molhado e sujo, o teto tinha papel higiênico grudado, as pias estavam entupidas e boa parte dos sanitários estava quebrada. Entrei em uma das cabines que julguei menos imunda e troquei a blusa. Quando botei os pés para fora do banheiro, ouvi o assobio de Connor.

– Agora sim você é uma campista. Vai seduzir geral.

Taquei a blusa que tinha trocado no seu rosto.

– Para com isso Stoll. – Falei, sem conter o riso.

Fui para perto dele, pegando a blusa da sua mão e abrindo minha mochila para guardá-la. Estava fechando o zíper quando Isabel apareceu.

– Ah, finalmente te achei menina! Aonde você se meteu?

– Hm, eu fui arrumar uma camisa do acampamento.

– Ok, não importa. Vem comigo.

Assim, ela me puxou pelo braço e me levou para fora do chalé.

– Calma aí, garota! Pode me dizer o que você quer? – eu disse.

Ela parou de andar e respirou fundo.

– Ah, desculpa estar tão esbaforida assim. É por que eu procurei você pelo acampamento quase todo. Fiquei até preocupada.

– Calma. Não aconteceu nada de mais, tá?

Isabel parou e ergueu uma das sobrancelhas. Lançou um olhar desconfiado para a camiseta e depois para mim.

– É mesmo? E por que eu não consigo acreditar em você? – Isabel cruzou os braços. – Me diz, como você conseguiu essa blusa?

– Bom... Eu fui andar com Connor. Ele foi muito legal comigo. Me levou até a loja e...

Isabel me interrompeu bruscamente.

– Para. Já entendi tudo. Ai meu Zeus! Você já deixou Connor te levar para o mau caminho?

– Não foi isso. – encolhi os ombros – Eu só quis experimentar algo novo, sei lá.

– Ok, ok. Eu não vou discutir. Vamos, eu quero te levar para arena. Vou te apresentar alguns dos meus meios-irmãos.

Fiquei animada. Em poucas horas eu já estava fazendo mais amigos do que já fizera num ano inteiro. Mas antes que pudesse ir atrás de Isabel, me recordei de uma coisa.

– Olha, daqui a pouco te sigo. – avisei – Só vou ali chalé de Hermes rapidinho buscar a minha mochila.

– Ué? Vai ficar que nem maluca andando pelo acampamento com uma mochila nas costas? Deixa lá.

– Eu não sei... Connor pode ser legal, mas eu não confio nem um pouco neles. Sabe, né? Hermes é deus dos ladrões.

– Hm, você tem razão. Ok, então vai que eu encontro você na arena, tá? É aqui pertinho, vai andando reto naquela direção até você encontrar vários campistas lutando.

– Tá bem. Te vejo lá. Tchau.

Connor estava conversando com Travis no seu beliche quando voltei. Me aproximei e abaixei para pegar a mochila que, por incrível que pareça, estava intacta.

– Ué? Voltou por quê? – Travis perguntou.

– Vim buscar a minha mochila.

– Porque você não a deixa aí?

– Por que eu não confio em vocês.

– Nossa! Assim você me magoa! – Connor interviu. – Pode deixar suas coisas aí, menina. Prometo que não vou deixar ninguém mexer.

Seu olhar parecia sincero. Mas ainda não tinha me convencido.

– Connor, posso até confiar em você. Mas e o resto dos seus irmãos? Como eu vou saber que assim que eu virar as costas minha mochila não será atacada?

– Tem minha palavra. – Connor olho para o irmão dele. – Nossa palavra. Os irmãos Stoll prometem proteger seus bens.

Travis assentiu e pôs a mão sobre o peito, assim como seu irmão. Resolvi dar um voto de confiança para os dois.

– Tá. Tá bom. Espero que eu não vá me arrepender disso. Mas se eu voltar e algo estiver fora do lugar. – Abaixei e abri a mochila, tirando minha adaga lá de dentro. Tentei parecer bem ameaçadora. – O chalé 11 vai ficar sem conselheiros.

Dito isso, eu coloquei a adaga na cintura e olhei para os Stolls, que não tinham ficado muito impressionados com minha pose malvada. Pelo contrário, pareciam se segurar para não rir. Deixei-os e fui para a saída. Quando alcancei a porta, escutei Connor gritar meu nome.

– O QUE É? – gritei de volta.

– NÃO ESQUECE QUE EU TE AMO! – ele respondeu, com um sorriso cafajeste no rosto.

No segundo seguinte, o chalé foi tomado por risadas e uivos dos campistas, direcionados para mim. Senti meu rosto esquentar. Vai ter volta, Stoll, eu pensei. Então sai dali o mais rápido possível.

Não foi tão difícil encontrar a arena. Era possível ouvir o barulho de armas se chocando ao longe. Isabel lutava contra uma menina de cabelo loiro com mechas azuis nas pontas. Ela era mais alta e magra que Isabel. Ambas lidavam muito bem com a espada. Imaginei se um dia seria tão habilidosa assim.

Sentei e observei-as terminarem a luta, que Isabel venceu. Ela sabia usar a baixa estatura ao seu favor. As meninas se cumprimentaram e vieram para a arquibancada. Chamei Isabel.

– Ah, finalmente você chegou!

– Desculpa. O idiota do Connor tinha que fazer uma das suas piadinhas. – respondi, fazendo careta.

As duas meninas riram.

– Não liga não, ele sempre implica com as novatas. – a garota de mechas falou. – Ah, é. Eu sou Malory. Filha de Apolo também.

– Prazer. Sou Melissa, filha de “ainda não sei quem”.

Cumprimentei-a com um aperto de mão. As meninas se sentaram na arquibancada, uma a minha direita e outra a minha esquerda.

– E aí Melissa, está gostando daqui? – Malory perguntou.

– Por enquanto sim. Eu fui bem recebida no chalé de Hermes.

– Então, vai querer festa? – Isabel interviu, entusiasmada.

– Não! Caraca, que coisa.

Malory pareceu não entender.

– Que história é essa? Por que festa?

– É por que a graçinha ali vai fazer aniversário essa semana. Daí eu estou planejando uma super festa. – Isabel explicou.

– Que não vai acontecer. – Interrompi.

– Veremos...

– Mudando de assunto, – falei. – quantos anos você tem, Malory?

– Dezesseis. Estou no acampamento há três anos. – A filha de Apolo puxou um cordão, onde eu contei três contas de argila. – Olha só. Cada conta representa um verão.

– Que legal!

– É sim. Sabe, apesar de a vida para a gente não ser fácil, gosto muito do acampamento.

Isabel concordou com a cabeça.

– É mesmo. E você também vai aprender a amar esse lugar, Mel. Hã, posso te chamar assim?

– É claro.

– Ei. – Isabel disse, olhando para minha adaga na cintura. – Você não disse que tinha uma arma.

– Ah, é. – puxei-a com cuidado para mostrar para as meninas. – Minha mãe disse que foi presente do meu pai.

– É linda, nossa! – Malory exclamou.

– É mesmo. – Isabel concordou. – Você já tem um cinto com suporte para colocar?

Neguei com a cabeça.

– Fique aqui.

Isabel me devolveu a adaga e correu para um canto da arena, onde tinha uma mesa com algumas armas de treino. Ela procurou e tirou uma tira longa dali. Voltou para a nossa direção rapidamente.

– Vê se esse serve.

Passei o cinto no cós da calça e prendi. Tinha um encaixe no lado que ficou perfeito para minha arma. Agradeci a Isabel.

– Olha, vamos voltar para o chalé. – Malory aconselhou – Tá ficando tarde e eu quero tomar banho antes do jantar.

Malory estava certa. Quando deixamos a arena, vi que o sol estava caminhando para a linha do horizonte. O tempo tinha passado rápido.

Assim que nos aproximamos dos chalés, deparamos com uma briga. Vários campistas reunidos, formando um círculo. Eles gritavam e torciam.

– Ai meus deuses! – Isabel exclamou. – O que está acontecendo?!

– Eu não sei... – murmurou Malory, apreensiva.

– Droga! Na frente do chalé de Ares. Já até imagino quem seja.

Olhei ao redor, tentando entender do que ela estava falando. Foi quando vi os irmãos Stoll. Eles estavam cercados por um pequeno grupo de campistas, próximos à confusão. Connor segurava um bolo de dinheiro enquanto Travis escrevia alguma coisa numa ficha. Não precisava ser muito inteligente para adivinhar o que eles estavam aprontando: Apostas. Fui até eles, esbarrando em alguns meios-sangues. Isabel veio logo atrás de mim.

– O que tá acontecendo, meninos? Quem tá brigando? – eu perguntei.

Connor sorriu para mim.

– Oi Mel, quer fazer alguma aposta?

Isabel interviu, nervosa.

– Stolls, vocês poderiam fazer alguma coisa de útil e me responder que Hades está acontecendo aqui?

– Desculpa esquentadinha, mas você sabe como está a crise hoje em dia, né? – Travis respondeu, sarcástico. – Agora é um dólar a informação.

– O QUÊ? Ah, vão para o Tártaro! – Isabel esbravejou, empurrando os dois.

Connor olhou para mim e, entre risos, falou:

– Sabe... Eu estou aceitando pagamento em beijos.

Eu ri e apertei sua bochecha.

– Vai sonhando, Stoll. Vai sonhando.

Fui atrás de Isabel. Ela estava conversando com Malory, balançando as mãos. Parecia muito nervosa.

– Ah, que droga! Não acredito que a Clarisse arrumou briga de novo!

– Quem é Clarisse? – eu indaguei, perdida com toda aquela confusão.

– Ah, é uma filha de Ares idiota. – Isabel respondeu, com um gesto de desdém.

Nós três estávamos tentando abrir caminho em meio aos campistas quando um menino loiro e bronzeado, como um surfista, apareceu e abraçou Malory. Tinha olhos de um azul muito claro e... Oh, um instante. Não, seus olhos não eram azuis. Eram cinza.

– Oi Joseph. Estava procurando você. – Malory falou, dando um beijo no canto da boca do menino. Imaginei que fossem namorados.

Isabel chegou mais perto de mim e cochichou:

– Filhos de Atena. Eles são perfeitos.

Joseph olhou para mim, intrigado.

– Campista nova? – eu assenti. – Oi. Eu sou Joseph, filho de Atena.

– Sou Melissa. Prazer.

Ele me cumprimentou com um aperto de mão.

– Sabe quem tá brigando, amor? – Malory perguntou.

– Quem mais podia ser? As duas filhas de Ares mais esquentadinhas desse acampamento: A Clarisse e a Claire.


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Notas finais do capítulo

Gente, aqui (http://fanfiction.com.br/historia/305715/True_Love/) tem a fic da minha co-autora glamurosa. É uma original muito fofa. Se quiserem dar uma olhadinha nós ficaríamos muito felizes. :3
Não esqueçam do reviews *----*
Beijos e Feliz Natal. Que Papai Noel traga o seu sátiro e um Iphone. Tchaau ♥
PS: Me avisem se tiver erro.