Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 14
Capitulo 14 – Contrabando no chalé 11.


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeey peopleI'M BAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAACK *O*Sim eu e Isabel voltamos com mais um capitulo tudo de bom pra vocês. Vão, podem soltar os Fireworks :3Eu sei que você devem querer nos matar, mas eu vou te falar, se Ensino médio já é ruim, experimente estudar numa escola que fica fora do seu municio em horário integral. É fia, hoje a vida não tá fácil pra ninguém :c Mas bem, o capítulo tá aí, mandem reviews, NOS XINGUEM MUITO, eu sei, merecemos. Mas acredite, amamos vocês ♥



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Assim que eu estava perto o suficiente, Connor cruzou os braços, ergueu as sobrancelhas e perguntou:

– Então quer dizer que, segundo a Isabel, eu sou seu namorado?

– Hã? Não! C-como que você escutou? – Falei, tentando não ficar vermelha.

– Sabe, sou filho de Hermes, tenho meus truques. Mas mudando de assunto, como ela está?

– Ah, vai ficar bem. Só machucou o braço. – respondi, encolhendo os ombros.

Connor assentiu e nós fomos embora dali. Durante o percurso de volta para o chalé, eu me perguntei se deveria contar sobre a discussão que escutei. Afinal, ele era um dos conselheiros. Bem, isso deveria significar alguma coisa, né? Se bem que, mesmo com pouco tempo de convivência, eu percebi que responsabilidade não era uma das virtudes dos filhos de Hermes.

– Adivinha só, – ele interrompeu meus pensamentos. – recebemos um carregamento novinho de games.

– Ah, interessante. E imagino que isso seja ilegal, certo?

– Não é ilegal se ninguém reclama.

– Essa é sua filosofia de vida?

– É, por ai... Vem, vem cá ver.

Connor me puxou até o chalé 11, que estava do mesmo jeito de antes. Continuou andando até o seu beliche e se sentou no chão, ao lado de um tapete marrom retangular, sujo e fedorento no qual eu nunca tinha prestado muita atenção. Ele o jogou para o lado e revelou um alçapão quadrado não muito grande. Sua madeira estava um pouco mais clara que a do resto do chão do chalé, talvez menos encardida. Connor levou a mão até uma argola enferrujada e puxou. Não consegui esconder a minha surpresa. A portinhola escondia uma espécie de caixa, grande e profunda o suficiente para esconder um adulto bem gordo. Só que no lugar de uma pessoa, lá havia dezenas de tralhas: celulares, caixas de som, videogames portáteis, CDs, DVDs, notebooks, produtos de beleza, roupas, sapatos, alguns livros e muitos outros objetos encaixotados que eu não pude identificar. Connor sorria, orgulhoso de seu patrimônio.

– Como vocês conseguem tudo isso? – Perguntei, perplexa.

– Não se deve subestimar um filho de Hermes, amor. – Connor respondeu, rindo.

Eu assenti, fazendo uma nota mental.

– Mas vocês vendem todos esses troços?

– Você ficaria surpresa. Hm, aparelhos eletrônicos são meio óbvios, né? Eu sei que atraem monstros e blábláblá, mas não conheço nenhum semideus normal que consiga viver sem.

Eu assenti, me dando conta que fazia dias que não entrava na internet. É, realmente aquilo fazia falta.

– Ah, e tem os produtos de beleza. – Connor prosseguiu. – As filhas de Afrodite ficam malucas sempre que chega um vestido ou um perfume novo. Você precisa ver, elas dão a alma por um produto da Victoria’s Secret.

Dei uma risada com a imagem das meninas do chalé puxando os cabelos umas das outras enquanto Connor e Travis ficavam vendendo roupas e sapatos.

– Além dos livros. – Ele continuou. – Sabe né, aqui só tem aqueles livros chatos e poeirentos sobre mitologia. Ok, faz parte da nossa história, mas ficar lendo aqueles livros o tempo todo? Por Hermes, ninguém aguenta. Então nós vendemos esses aqui, de literatura infanto-juvenil e tal. Faz o maior sucesso entre os filhos de Atena.

Assenti, pegando um livro de capa azul que me chamou atenção. Não posso dizer que sempre gostei de ler. Na verdade, com a dislexia, ler só me dava dor de cabeça. Mas literatura sempre me interessou. Ás, vezes, quando não tínhamos nada para fazer, minha mãe pegava um livro e lia para mim. Era uma boa lembrança.

Observei a capa azul. Era linda, com o titulo dentro de uma nuvem branca. Se chamava “A culpa é das estrelas” e era escrito por um tal de John Green. Não era muito grande nem muito grosso. Virei o livro e li a contra capa. Parecia legal.

– Você já leu? – Connor perguntou, aparentemente interessado.

– Hã, não. Na verdade, eu nunca ouvi falar. Mas parece bom.

– Quer? Faço por um preçinho especial.

Dei uma gargalhada.

– Não, obrigada. Não gosto de viver “fora da lei”.

– Muito interessante você dizer isso depois de ter roubado uma loja.

– Ei! Eu fui corrompida por um certo filho de Hermes.

– Ninguém colocou uma adaga no seu pescoço que eu saiba. – Ele se defendeu. – Além do mais, você é péssima em roubos.

Revirei os olhos.

– Claro, claro... E quem aqui roubou um iate, hein? Me diz?

Connor balançou a cabeça.

– Isso não vale. Eu ainda não roubei um iate. Só falta a oportunidade.

– Aham, oportunidade. Quando acontecer, não se esqueça de ligar para o asilo em que eu vou estar, faço questão de testemunhar.

Connor franziu as sobrancelhas, desafiador. E antes que eu pudesse reagir, atacou minha barriga, enchendo-me de cosquinhas.

– Ah não, para com isso. – Eu pedia, entre gargalhadas – Cosquinha não, odeio cosquinha. – ele não obedeceu – Para Connor!

Tentava afastar as mãos dele de perto da minha barriga, mas o Stoll era mais rápido e persistente. Acho que ele ficaria me fazendo cócegas o dia todo se Travis não tivesse aparecido.

– Hã... Connor? Estou interrompendo alguma coisa?

Nos afastamos naquele mesmo segundo. Senti meu rosto ficar mais quente. Travis levava um sorriso travesso nos lábios.

– Hã... Então, Quíron mandou chamar você, chegou uma campista nova.

– Oh, claro, eu já vou lá. – Connor disse, um pouco sem graça.

– Certo. Ela está na Casa Grande. Eu não posso mostrar o acampamento pra ela, então você faz isso. Só não – Ele olhou para mim e deu um meio sorriso. – demore muito.

Dito isso, virou as costas de foi embora, deixando seu irmão e eu á sós mais uma vez. Connor se virou para mim e pude perceber que estava corando também.

– Hã, então, eu vou indo... Er, te vejo depois?

– S-sim. Até mais.

Connor sorriu e foi em direção à porta, acenado para mim antes de sair. Quando eu ia fechar o alçapão, me lembrei da Isabel ter pedido para eu pegar algo para ela passar o tempo. Escolhi um game portátil que não estava lacrado e coloquei na minha mochila. E não, não me senti culpada. Havia inúmeros aparelhos ali, e era por uma boa causa. Eu fechei a portinhola atrás de mim e a cobri com o tapete surrado.

Conferi o meu horário e vi que eu ainda tinha tempo sobrando antes da Oficina de Artes & Ofícios, então resolvi passar na enfermaria e entregar o videogame para Isabel. Chegando lá, me surpreendi em encontrar David ao lado da maca dela, enquanto falava alguma coisa. Eu sei que eu não devia estar assustada, afinal, eles eram irmãos. Mas a presença dele ainda era estranha. Ele tinha me deixado confusa. Quer dizer, primeiro ele grita comigo. Depois vem se desculpar e fica todo fofo. Toda aquela bipolaridade estava me deixando louca.

Me aproximei devagar, sem querer chamar a atenção de nenhum dos Mason. Mais uma vez, não queria ouvir a conversa, mas David falava bem alto, e eu imaginei que ser ouvido era o seu objetivo.

– Mas não te deram nada ainda? Cara, você não pode mofar aí. Olha só, seu braço tá super inchado. E se você tiver quebrado?!

Isabel revirou os olhos.

– Que inchado o que, criatura? Dramático assim você só podia ser filho de Apolo. Eu já falei que eles dão prioridade aos casos mais graves. Eu não to sentindo dor nenhuma. Eu já disse, só estou entediada.

– Para de proteger esses médicos irresponsáveis! – Ele respondeu, irritado. – Você não tem que querer justificar o erro deles.

– Tá bom Dave. Quando puder me trazer comida boa eu agradeço. Sabe, aqui eles só servem sopa e gelatina. Por favor, onde estão os hambúrgueres?

Não pude conter uma risada. David me viu e fechou a cara. Isabel, ao contrario, deu um sorriso radiante.

– Então você trouxe mesmo alguma coisa para me distrair! – ela exclamou, apontando para o joguinho na minha mão. – Cara, eu amo você eternamente.

– Você não merecia, mas eu trouxe mesmo assim. É, eu sou demais, eu sei. – falei, entregando o game á ela.

– Adeus deuses, adeus mundo. Angry Birds, aí vou eu. Muahahaha.

Isabel ligou o aparelho e tocou a tela. Logo ela estava jogando, completamente desligada de tudo a sua volta.

David olhou para mim. Parecia que toda a simpatia dele havia ido embora, deixando apenas raiva e aborrecimento. Foi esse mesmo
David que havia gritado comigo no campo de treinamento de arco e flecha. Esse jeito dele me fazia sentir mal, intimidada. Eu realmente odiava isso.

– Que foi? Fiz alguma coisa errada?! – Disparei, demonstrando que também estava com raiva.

David revirou os olhos e me pegou pelo pulso, me arrastando para fora da enfermaria.

– Aonde você tá me levando?! Ficou maluco? Me larga David, você tá me machucando!

Eu sacudia a mão inutilmente enquanto ele se afastava da enfermaria. David me puxou até um campo aberto e vazio. Quando ele finalmente me largou e ia abrir a boca para dizer alguma coisa eu explodi:

– TÁ PENSANDO O QUÊ?! Por que Hades você me arrastou pra cá, hein? Cadê o David bonzinho e simpático? Cadê a história de ser meu amigo? Qual é o seu problema garoto?!

Ele me olhava com confusão e surpresa. E eu também estava. Não me lembro de ter gritado com ninguém daquela maneira e nem de sentir tanta raiva. Tinha conhecido David naquela manhã e realmente não tinha direito de gritar com ele assim. Mas ele também não podia me arrastar pelo pulso como se eu fosse uma boneca.

– Calma. – Ele murmurou, respirando fundo. Parecia estar fazendo um grande esforço para não gritar comigo também. – Eu só quero saber por que você não me avisou quando a minha irmã caiu de cima da parede de escalada.

Aí a minha ficha caiu, carregada de culpa. Não tinha sequer pensado nele. Imagino que David tenha ficado muito preocupado com sua irmã e morrendo de raiva de mim, com razão.

– Ah, desculpa. – Falei. – Eu não pensei... Olha, entendo que não esteja feliz. Eu estava tão preocupada que me esqueci de falar com você. Não fiz por mal, acredite.

– Claro que você não fez por mal. Imagino que ir para o chalé com Connor Stoll realmente tenha te deixado distraída demais para pensar que eu pudesse estar preocupado.

– Você... Você estava me espionando? – murmurei, estreitando os olhos.

– Claro que não. Não ache que eu me importo tanto com o que você faz ou deixa de fazer da sua vida. – Ele retrucou, com um gesto de desdém. – Só que eu fiquei sabendo que alguém tinha caído da parede de escalada. Não sabia se tinha sido você ou ela, e como vocês duas estão grudadas, fui te procurar. Então te vi entrando no chalé 11 com o Stoll, o que não devia ser surpresa, porque vocês também estão grudados. Resolvi não atrapalhar.

– Você é ridículo. – Bufei. – Claro que você não devia ter percebido que eu estava mancando devido aos inúmeros machucados que eu arranjei. Claro, acho que seu ego não consegue enxergar nada além do seu lado.

Ficamos nos encarando por alguns segundos. Sabia que tinha errado por não ter contado nada a David, mas nada justificava aquela grosseria. E aquela implicância com Connor já estava me irritando. O Stoll não tinha nada a ver com aquilo.

– Escuta, eu já me desculpei. Não sou obrigada a ficar ouvindo essas suas besteiras. –

Virei-me e comecei a me distanciar, mas David segurou meu braço. Não foi nada brutal, como antes. Ele me puxou delicadamente, me dando a chance de me livrar dele se quisesse. Mas eu não fiz nada. Voltei-me para ele, cruzei os braços e ergui as sobrancelhas, como se dissesse “E aí, o que foi agora?”.

– Olha, não devia ter gritado com você. – Ele começou, encolhendo os ombros. – Desculpa, mais uma vez, esse meu gênio meio explosivo. É como uma chama, ás vezes eu não consigo conter.

Assenti, mas ainda com os braços cruzados, deixando claro que aquilo não era suficiente.

– E ver Isabel daquela maneira, inconsciente e machucada, sem eu poder fazer nada foi o pior para mim. Por isso estava tão irritado. – David encolheu os ombros e baixou os olhos. – Eu me senti tão inútil. Detesto não poder protegê-la.

Senti meu coração se desfazer. Esse negócio de querer proteger as pessoas que você mais ama... Foi o que motivou minha mãe a atravessar o oceano pra me trazer para o único lugar no mundo que poderia ser seguro pra mim. No entanto, se fazer de coitado não funcionava comigo. Deixei o corpo ereto e disse:

– Ok, tudo bem. Eu sinto muito por você. Também não quis te deixar preocupado. Mas você realmente precisa se controlar. Ficar gritando com todo mundo não vai mudar nada na sua vida.

David assentiu.

– Eu sei, eu sei. Já me desculpei pelo meu gênio explosivo e tudo mais. É só que eu não me conformo com essa história de dar prioridade aos piores casos. Sempre tivemos Ambrósia e Néctar suficientes pra todo mundo.

Mordi o lábio inferior, ponderando a ideia de contar ou não a conversa que eu tinha escutado sem querer. Tinha certeza que ele merecia saber o que estava acontecendo. Mas era errado, extremamente errado. Não devia estar sabendo de nada daquilo, e contar para mais alguém só iria piorar. Acabei decidindo tirar uma dúvida que estava me consumindo.

– Dave, posso te perguntar uma coisa?

– Você já perguntou uma coisa. – Ele respondeu, com um sorriso brincalhão.

– Você entendeu. – sorri contidamente. – É que... Eu ouvi alguém falando sobre um exército de Cronos e uma guerra que se aproxima e sei lá o quê. Quero saber o que é isso. Você pode me contar?

Aquele sorriso brincalhão de meio segundo antes desapareceu imediatamente. Tive medo de ele começar a gritar novamente comigo, mas apenas falou:

– Não é muito educado ouvi a conversa dos outros.

Juntei as sobrancelhas, cogitando se ele não estaria sabendo que escutei a conversa de Cory e Quíron, mas então percebi que a intenção dele era outra.

– Não mude de assunto.

David suspirou e olhou para os lados, como se tivesse medo que alguém nos escutasse. Então me pegou pela mão e me arrastou para o fundo da floresta, até nos depararmos com uma pedra alta e grande o suficiente para nós dois.

– Escuta. O que eu vou te contar é bem sério. Não são todos os campistas que sabem, mas já existem muitos rumores. – Ele usava o mesmo tom de voz que Quíron usou para contar a Cory sobre o racionamento da comida dos deuses, o que me deixou verdadeiramente assustada. – Você sabe que antes dos deuses surgirem, existiam os Titãs, certo?

Assenti, fazendo-o começar a contar uma grande história sobre como o titã Cronos estava reunindo um exército de monstros e semideuses que queriam derrubar o Olimpo. Segundo David, Cronos fora partido em pedacinhos e jogado no Tártaro por Zeus, mas agora ele estava reunindo seus pedacinhos num caixão de ouro, muito bem protegido dentro de um navio de cruzeiros chamado Princesa Adrômedra. Pelo que parece, ele estava trazendo deuses menores e meios-sangues insatisfeitos com os deuses para invadir o Olimpo e começar um novo império.

Quando ele terminou, fiquei muito tempo em silêncio. Estava processando tudo que ele havia dito e como tudo aquilo era assustador. Devia estar transparecendo todo o meu medo, por que ele me perguntou:

– Você está bem?

Olhei para ele, voltando à realidade.

– Ah, s-sim. É só que... Isso é horrível. Quero dizer, outros semideuses, contra os próprios pais. E você falou em uma guerra. Isso significa... Que nós vamos ter que lutar contra eles?

David assentiu pesarosamente. Eu me encolhi, sentindo um arrepio percorrer todo o meu corpo.

– É melhor a gente voltar. Já está escurecendo. – Ele sugeriu. – A floresta não fica muito interessante durante a noite.

Caminhamos para fora da floresta sem nenhuma pressa. David me guiava, segurando minha mão. Tenho certeza que se estivesse sozinha já teria me perdido, mas ele parecia conhecer muito bem o caminho. Só percebi como o tempo tinha passado quando saímos para o campo aberto. O sol estava se pondo, banhando o acampamento todo com um lindo tom de rosa alaranjado.

– Sabe, essa é a minha cor favorita – David comentou. – O céu fica completamente laranja, como o sol.

– É lindo. – Concordei. – Mas eu gosto mais do azul.

– Tenho que ir agora. – Ele largou minha mão. – Preciso ver como minha irmã está. Foi bom conversar com você.

Retribui o sorriso, acenando em despedida. Assim que ele se virou em direção à enfermaria e eu deixei escapar um suspiro. Estava o contendo desde quando ele havia pegado a minha mão pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Bom, bom. Bjs, até o próximo capitulo :*



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