Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 13
Capitulo 13 – Mania de ouvir atrás da porta.


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeey povo *o*Sumi, né? Eu sei, mas eu tenho meus motivos, acreditemEu agora estou estudando em período INTEGRAL, ou seja, tempo 0 para dedicar a minha tão amada fanfic :/Isso significa que eu vou demorar mais pra escrever os capítulos. Mas não me odeiem, ok?
Ah, Quero deixar uma super obrigada para a Little Unicorn, que deixou uma recomendação diva para mim. Eu amei *o* Sigam o exemplo dela :9
Beijo e até lá embaixo



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Meu primeiro impulso foi tentar segurá-la, mas ela estava muito distante. Felizmente, as cordas de segurança impediram que ela atingisse o chão e virasse purê de semideusa. No entanto, com a queda, o elástico que a prendia esticou a em seguida se retraiu, fazendo com que o lado esquerdo do corpo da minha amiga se chocasse com a parede.

– ISABEL! – Gritei, sem conseguir conter o temor na minha voz. – Você tá bem?

Ela me respondeu com alguma coisa com “Uhn...” e eu imaginei que pelo menos ela estava viva. Estava começando a descer quando escutei um barulho esquisito, como água borbulhando. Olhei para cima e entendi imediatamente a origem do som. Lava.

É muito estranho esse negócio de instinto de semideus. Geralmente, meu raciocínio não é muito rápido. Demoro horas resolvendo uma expressão algébrica ou tentando interpretar um texto. Entretanto, naquele momento em que eu tinha que decidir entre subir e parar a lava antes que ela me atingisse ou resgatar Isabel, meu cérebro começou a trabalhar a mil. Eu criava inúmeras hipóteses do que eu poderia fazer e no que isso resultaria. Sabia que não tinha tempo a perder. Se não parasse a lava, ela ia descer até ocupar toda parede, e eu imaginei que fosse levar tempo até aquilo parar de escorrer. Isabel estava viva apesar de tudo, e como ela mesma disse, nós temos sangue olimpiano na veia. O que pode ter acontecido de tão grave?

Enquanto um turbilhão de pensamentos girava na minha cabeça, eu ouvi alguém gritar meu nome lá em baixo. Olhei na direção da voz e vi que Cory estava prendendo o equipamento de segurança com uma rapidez incrível.

– O que aconteceu com a Isabel? – Ele perguntou, terminando de prender seu equipamento e já começando a subir.

– Ela se desequilibrou e caiu. – respondi simplesmente. Estava tão nervosa que não conseguia formar respostas descentes.

– Melissa, continua subindo, eu a levo pra enfermaria.

Eu poderia ter protestado, mas não achei que fosse uma boa hora. A lava já tinha começado a escorrer e, se eu não fosse rápida, iria me atingir logo. Cory parecia ser responsável, então eu concordei que Isabel estava em boas mãos. Recomecei a subir, colocando todo o meu empenho em ser rápida e ignorando os protestos do meu corpo.

Não demorou muito para eu estar completamente suada. As pedras estavam começando a ficar quentes e os meus dedos doíam muito. Mas eu não tinha subido tudo aquilo para desistir agora. No topo da parede havia uma grande rocha, que fazia com que a lava se dividisse em duas, nos dando a oportunidade de apertar o botão e interromper a sua queda. Claro que não era muito seguro você ficar entre duas faixas de magma fervente, mas eu não tinha muita opção.

Quando ao topo, tive a sensação de estar atravessando fogo. O calor era insuportável e logo meus olhos começaram a lacrimejar. Não conseguia formar nenhuma imagem clara a minha frente. Só vi um grande círculo vermelho e lancei minha mão intuitivamente na sua direção. Á princípio nada aconteceu e eu temi que tivesse apertado o botão errado, mas em seguida uma barragem começou a subir e lava começou a escoar. Uma onda de alivio percorreu o meu corpo.

– Graças aos deuses. – Suspirei.

Olhei de relance para baixo e vi que Isabel já não estava lá. Dei um meio sorriso e me preparei pra descer, dando pequenos saltos verticais para chegar mais rápido ao chão. Ah, o chão... Eu nunca pensei que o contato com a grama fosse me deixar tão feliz.

Me livrei do equipamento de segurança o mais rápido que pude e comecei a andar na direção da enfermaria. Só então eu percebi como isso seria doloroso. Olhei para mim mesmo por um instante. Meu aspecto não poderia estar pior. Eu sentia dor em cada região do meu corpo, estava coberta de hematomas e a minha roupa e meu cabelo estavam chamuscados. Acho que Isabel podia esperar. Me joguei na grama e senti o cansaço tomar conta de mim. Naquele momento decidi: Parede de escalada nunca mais.

– Melissa! – escutei a voz familiar de Claire chamar. – Fiquei sabendo que Isabel caiu da parede. Ela tá bem?

– Hm, eu não sei como ela está. Cory a levou para a enfermaria. Na verdade, eu estava tentando ir para lá, mas o meu corpo todo dói.

Claire riu.

– Primeira vez na parede? Fica tranquila, já já você se acostuma.

Fiz um careta, querendo dizer que não ia voltar para a parede nunca mais. Claire me avaliou, preocupada.

– Quer que eu te ajude a levar para o chalé?

Assenti da melhor maneira que pude. Claire se levantou e me ofereceu a mão, puxando-me com cuidado. Apoiei-me nela e fui meio andando, meio carregada, até o chalé 11.

– Ufa. Pronto, tá entregue. Agora vê se toma um bom banho e fica bem. – Claire piscou pra mim, e eu agradeci com um sorriso.

Eu fui até a minha mochila e tirei uma roupa limpa e cheirosa lá de dentro. Enquanto fechava o zíper, ouvi uma risada conhecida entrar no chalé. Em seguida a porta foi fechada e a risada se tornando mais fraca, até terminar com um “Ai, ai”.

– Connor? – chamei.

– Mel? É você? – Saí de trás do beliche de modo que ele pudesse me ver. Connor soltou um longo suspiro de alivio. – Cara, pensei que não tivesse ninguém aqui. Você me assustou.

– Uhum. O que você aprontou?

Um sorriso travesso cresceu no seu rosto.

– Você vai ver.

Revirei os olhos e comecei a ir à direção do banheiro. Connor me interceptou com um olhar curioso.

– Ei, o que houve com você? Foi pra guerra e nem me chamou, é?

– Hahaha, engraçadinho você. Parede de Escalada. Foi isso que aconteceu. E, se você não notou, tô precisando de um banho.

Ele franziu a testa, como se quisesse saber o que tinha feito de errado. Eu mesma não sabia por que estava sendo grossa. Só sabia que queria tomar um banho imediatamente e Connor estava me impedindo.

– Calma Melissa. Desculpa. É... Eu só fiquei preocupado. Você já foi á enfermaria?

– Ainda não.

– Toma um banho que depois eu te levo lá. Você vai precisar de um pouco de Ambrosia. Cara, nem eu me machuco tanto na parede. Só você mesmo. – Ele sorriu. – Foi sozinha?

– Isabel foi comigo. Mas... Ela quase caiu de lá de cima. Se machucou e teve que descer.

Baixei a cabeça e senti um pouco de culpa pela queda dela. Eu a desconcentrei. Tinha que abrir minha grande boca para falar do encontro com Connor. O encontro. Senti uma pontada de raiva do Stoll. Porque ele tinha que me chamar pra sair?

Connor pôs a mão no meu rosto, verificando um dos machucados, mas eu me afastei rapidamente. Ele olhou para mim, meio aturdido, e eu entrei no banheiro e bati a porta.

Escolhi o box menos sujo e liguei o chuveiro. A água gelada me pegou de surpresa, mas não recuei. Precisava desse choque. Era fantástico o poder que a água tinha de me deixar mais leve. Era como se ela escoasse, junto com a sujeira, tudo de ruim que eu carrego dentro de mim. Os problemas, preocupações, medos e tudo mais. Não vi o tempo que fiquei embaixo da água, mas saí quando percebi que os meus pés e mãos estavam ficando enrugados. Sequei-me com cuidado para não tocar os hematomas e feridas. Coloquei a roupa delicadamente e sai do banheiro.

Para minha surpresa, Connor ainda estava ali. Senti um pouco de culpa por tê-lo tratado mal. O Stoll não tinha nada a ver com o fato de Isabel ter caído, nem tinha me chamado para sair por mal.

Ele levantou os olhos do seu joguinho portátil e deu um meio sorriso.

– Assim é melhor. Vamos, a enfermaria ainda precisa de você.

Ri, um pouco sem jeito. Meu corpo já não doía tanto, mas preferi ir apoiada em Connor. Cair não me parecia uma boa ideia naquele momento.

Assim que chegamos eu comecei a procurar por Isabel. Ela podia estar em qualquer lugar entre aqueles campistas nas macas, e eu só queria que ela tivesse bem. Connor foi até a recepção para perguntar sobre ela e aconselhou que eu ficasse sentada esperando. Me controlei para não rir. Eu? Sentada e esperando? Nunca.

Assim que ele virou as costas eu fui entrando na área em que os meios-sangues acidentados ficam em repouso. Fiz uma revista com os olhos em busca da filha de Apolo, mas vi que não a iria achá-la tão facilmente. Depois de pouco menos de um minuto olhando, desisti e resolvi voltar.

Quando fazia a meia volta pelo corredor na direção da recepção, escutei uma voz rigorosa dando bronca em alguém. Quíron. Pensei em sair rapidamente dali, mas quando ouvi uma outra voz respondendo, fiquei paralisada. Era Cory. Eu nunca poderia imaginar Cory alterado e gritando com alguém. Não resisti e fui à direção a origem das vozes, num segundo corredor. Aproximei-me de uma porta que estava entreaberta e encostei o ouvido contra a parede. Cory não parecia nada feliz.

– Isso é impossível. Como assim você precisam dar prioridades aos pacientes de maior gravidade? Sempre tivemos Néctar e Ambrósia suficiente para todos os campistas.

Escutei um longo suspiro de Quíron.

– Cory, preciso que você se acalme. Você é o filho de Atena mais sensato que eu conheço, por isso eu vou te contar uma coisa que ninguém deve ficar sabendo.

Escutei o barulho de uma cadeira se arrastando e imaginei que Cory tivesse se sentado. Quíron pigarreou antes de começar:

– Nossos estoques estão acabando. Não só os nossos, mas também de todo o Olimpo. Os deuses também estão passando por um racionamento. Lá em cima todos estão alvoroçados, porque aos poucos estão envelhecendo. E você sabe bem como são vaidosos. Eu ainda não entendi ao certo, mas a fonte deles secou. E se não recuperarmos logo, iremos sofrer as consequências. Você está ciente de como necessitamos da comida mágica para nos curarmos. E quando nossos estoques acabarem, os semideuses doentes e mais machucados irão morrer. E aqueles feridos irão ficar inutilizados por bastante tempo. Entende agora?

Um longo silêncio se seguiu até que Cory respondesse.

– Entendo. Então... Precisamos de uma missão. Recuperar a fonte dos deuses.

– Eu sei. Esse é o maior problema. A fonte da comida dos deuses é ninguém menos que Hebe. Esposa de Héracles e deusa da juventude. Pelo que parece ela está se juntando ao exército de Cronos e se voltando contra os Olimpianos.

– Oh. Isso é péssimo. Mas... Se a gente conseguisse ir atrás dela, poderíamos tentar convencê-la a se juntar a nós novamente. – Cory sugeriu, com uma voz esperançosa.

– Ou talvez vocês conseguissem ser carbonizados. Entenda: não é que não acredite em vocês. Mas não quero que mais nenhum semideus morra. Você sabe que temos outros problemas pra resolver. Um exército para montar. Só peço que você mantenha a calma. Agora que Annabeth está em missão, você é o filho de Atena que pode liderar esse acampamento.

Depois de mais um silêncio, ouvi Cory concordar com uma voz rouca.

– Sim, tem razão. E fique tranquilo, não vou contar isso para mais ninguém. Obrigada pela a atenção Quíron.

Mais uma vez, ouvi o barulho da cadeira se arrastando e percebi que estava na hora de eu me mandar dali. Andei rápido na direção do outro corredor. Quando estava virando à esquerda, ouvi a porta sendo aberta. Apressei o passo, mas sabia que Cory iria me alcançar logo. O jeito era disfarçar e fingir que estava ali por conhecidência.

Cory virou no outro corredor e me viu encostada na parede perto da área de repouso dos meios-sangues. Usei todo o meu talento para atriz (ou seja, quase nada) para parecer que estava surpresa por vê-lo ali.

– Oi Cory. Como Isabel está? – Perguntei, ansiosa.

– Ah, não foi nada de grave. Ela só machucou o braço. Vai ficar mais um tempo em repouso. – Ele respondeu, sem emoção na voz.

– Eu posso vê-la?

– Ah, sim. Ela está deitada naquela cama ali. – Ele murmurou, indicando uma maca no canto direito. – Só não faça com que ela se esforce muito, tá?

– Ah, claro, tudo bem. – Sorri em agradecimento.

Cory acenou a cabeça e foi embora. Era possível notar sua tensão pelo andar.

Na maca, Isabel parecia péssima. Cabelos embaraçados e colados ao rosto devido o suor. Muitos hematomas e arranhões espalhados pelo corpo. Havia um corte acima da sua sobrancelha coberto por uma pomada amarelada. Tenho certeza de que ela vai querer se matar quando souber que Cory a viu desse jeito.

– Ei. – Sussurrei, cutucando-a levemente no braço. – Você está acordada?

Sei que essa é a mais estúpida pergunta que alguém pode fazer a alguém (principalmente se esse alguém está desacordado numa maca), mas eu precisava ouvir dela que tudo estava bem. Ainda me sentia culpada pelo que havia acontecido, e vê-la daquela maneira fazia meu coração se partir.

Humm... Que foi? – Isabel murmurou, tentando abrir os olhos.

Mordi o lábio inferior. Recebi a recomendação de não fazê-la se esforçar, e era exatamente isso que eu estava fazendo.

– Shiit. Não se esforce muito, Bel. Como você tá?

– Uh, acho que estou bem. Mais ou menos. Olha, eu estou com dor. Isso não é bom, é?

Dei um fraco sorriso.

– Sim, é bom. Significa que você está viva. Nunca mais me assuste assim, ok?

Isabel tentou rir, mas acabou fazendo um careta de dor.

– Tudo bem. Eu só acho que essa dor já deveria ter passado. Já me deram Néctar?

Encolhi os ombros, tentando não parecer nervosa. Se a discussão que eu ouvi fosse tão séria quanto parecia; se nossos estoques de comida mágica estivessem realmente acabando, o acampamento estava prestes a enfrentar uma grave crise. Era só olhar em volta: quase todas as macas estavam ocupadas com meios-sangues feridos e doentes. Se não tivéssemos como curar os heróis, como seria possível nos prepararmos para um combate? Era lógico que sem o Néctar e Ambrosia pra salvar nossas vidas, estávamos realmente ferrados.

Olhei preocupadamente para Isabel.

– Eu vou procurar por alguém. Eh, não fica nervosa, sim?

– Nervosa, eu? Você que tá toda esquisita aí. Vai lá procurar algum enfermeiro bonitão pra me atender, vai.

Consegui deixar escapar uma risada.

– Ok. Não saia daí.

Fui em busca de um filho de Apolo que pudesse me auxiliar. Depois de buscar algum rosto familiar, encontrei com Lee Fletcher, o conselheiro que tinha me ensinado a montar no Pégaso. Ele me pareceu bem atarefado, enquanto andava de um lado para o outro com uma prancheta na mão, mas não se importou em me ajudar.

– Ah, sim. Isabel Mason. É verdade, ainda não demos Ambrosia para ela, mas você tem que entender que estamos dando prioridade á casos mais graves. Fique tranquila, ela vai estar bem em pouco tempo.

Mordi o lábio inferior. Me perguntei se Lee já sabia do racionamento do alimento dos deuses, mas ele estava calmo demais. Imaginei que aquele assunto fosse bastante confidencial. Fazia sentido, afinal, eu já estava começando a entrar em pânico. Agora multiplique isso por um acampamento inteiro. É, já dá pra ter uma ideia.

– Obrigada Lee. Hã, eu vou falar com ela. Até mais.

Ele acenou em despedida e eu voltei para a maca da Isabel. Ela estava avaliando a sim mesma enquanto fazia caretas de desaprovação. Resolvi contar o que tinha ouvido no corredor apenas quando tivesse curada. Acho que não precisava de mais aborrecimentos agora.

– Escuta, – eu disse, quando estava ao lado da sua cama. – Lee falou que eles têm dado prioridade aos casos mais graves, portanto você vai ter que esperar um pouquinho mais. Ele também falou que você não se machucou muito, então vai estar melhor rapidinho.

– Aff. Detesto ficar parada aqui. – Isabel bufou. Depois ergueu o olhar para mim com um sorriso presunçoso. – Hey, você não tem como arrumar alguma coisa com o seu namorado pra eu passar o tempo?

– Hã? Namorado? Mas eu não... – Depois de alguns segundos finalmente compreendi de quem ela estava falando. – Ei! O Connor não é meu namorado Isabel, não inventa!

– Haha, mas bem que tu gostaria que fosse, né? Admite, eu sei que você gosta dele.

– O que? Ah, chega. Venho aqui na maior boa vontade e você fica de graça? Tchau.

– Ei, não se esquece de trazer alguma coisa pra me distrair, viu?

Dei as costas para Isabel antes que tivesse que escutar mais alguma graçinha. Na entrada da enfermaria me deparei com Connor, encostado na porta. Estava com aquele típico sorriso cafajeste no rosto. Um pensamento engraçado brincou na minha mente. Tentei imaginar o Stoll no papel de namorado. É, talvez Isabel tenha razão. Ele até que não seria ruim.


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Notas finais do capítulo

Aew, acho que vou postar um espécie de "capitulo extra" com uma Pov do Connor. O que você acham
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