Entre Deuses E Mortais escrita por Taisa Alcantara, Isabel Oliveira


Capítulo 12
Capitulo 12 – Lutando no ar


Notas iniciais do capítulo

Olha aqui, dois capítulos de uma vez *o*
Surpresinha para vocês nesse capitulo *o*
PS: Se tiver algum erro avise



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Foi uma sensação realmente maravilhosa. O medo se misturando com a sensação de liberdade. Olhei para o lado e vi Isabel voando num lindo Pégaso branco.

– Ei! – Ela gritou. – Está gostando?

– Claro! – Eu respondi, entusiasmada. – É maravilhoso!

Ela gargalhou e voou á minha frente. No começo tive um pouco de dificuldade, mas logo já tinha aprendido a dominar o animal. O tempo foi passando sem eu perceber. Estava sobrevoando os campos de morango quando ouvi um apito soar ao longe. Guiei Pietro de volta aos estábulos e pousei tranquilamente.

– Muito bem semideuses. – Lee Fletcher verificou rapidamente se todos tinham pousado, então continuou: – Vocês já sabem. Cada um pega a sua armadura e espada.

Segui os outros campistas até uma grande mesa, onde os itens de guerra estavam dispostos. Eu fiquei próxima a Isabel e Malory, que procuravam uma armadura que coubesse.

– Eu odeio essas coisas. – Isabel resmungou, enquanto passava a armadura pela cabeça. – São feias, pesadas e desconfortáveis.

Peguei uma que parecia ter meu tamanho. Ergui-a no ar e fiz uma careta.

– Como eu visto esse troço?

– Vem cá. – Malory riu. Ela já tinha terminado de colocar a dela. – Eu te ajudo.

A filha de Apolo passou a armadura pela minha cabeça e começou a prender o lado direito, ao mesmo tempo em que conversava comigo.

– Então, o que o David quis falar com você?

– Hã? – franzi a testa. – Ah... Tá. Ele só veio se desculpar mesmo e tal.

– Claro... – comentou Isabel, não muito convencida. – Então por que ele beijou sua mão?

Juntei as sobrancelhas e senti meu rosto ficar quente.

– Eu não sei. Acho que estava tentando ser educado, só isso. – respondi. As meninas começaram a rir. – Será que vocês podem parar de me zoar?

– Ok, ok. – Malory falou, se divertindo. Ele prendeu a última tira da armadura – Pronto. Já terminei.

– Ótimo. – Isabel também já estava vestida. – Estamos prontas para guerra.

Voltamos para onde Lee Fletcher estava. Mais alguns campistas chegaram e ele recomeçou a falar.

– Certo. Estão todos aqui, né? – Ele varreu os olhos pelo local. – Bem, acho quem a quantidade de meninos e de meninas está equilibrada. Acho que vou fazer um “Garotos x Garotas”. O que acham?

Houve murmúrios de aprovação. Lee montou seu Pégaso, e todos o imitaram. Quando estávamos no ar, o ouvi gritar:

– Ok, vamos lá. Armas em punho.

Ouvi o som de várias espadas cortando o ar a o mesmo tempo. Desembainhei a minha adaga, e finalmente notei como fui distraída. Ela era muito curta para uma batalha no ar. Com certeza não ia alcançar meu adversário.

– Quando forem derrotados, voltem para o chão! – Lee continuou. – Não quero covardia, ok? Comecem quando eu apitar! Um, dois, três...

O apito soou. No segundo seguinte, eu só escutei o som de bronze se chocando, as asas dos Pégasos cortando o ar e algumas provocações. Meu coração começou a bater mais rápido e a adrenalina tomou conta do meu corpo.

Incrivelmente, conseguia captar cada detalhe das batalhas que ocorriam a minha volta. Isabel lutava com um menino bem mais velho que ela e estava indo bem. Malory estava com um pouco de dificuldade de se equilibrar em seu Pégaso e duelar ao mesmo tempo. Um combate acirrado ocorria entre Lee e uma filha de Apolo que parecia ser muito experiente.

Tive a ideia de subir com meu Pégaso, por que do alto eu teria um noção melhor da batalha. Quando já estava posicionada, procurando por um possível oponente do qual eu poderia dar conta, uma voz familiar falou atrás de mim:

– Ei, aonde vai? Está pensando em fugir? – Virei meu Pégaso para olhar o dono da voz e, adivinhe só! Era David.

– Eu não vou fugir. – expliquei. – Só estou tentando ter uma visão melhor do que está acontecendo...

– Hm, ok. E que tal ter uma noção prática? – David falou, empunhando sua espada.

Ah, claro. Ele estava querendo duelar. Merda.Como eu ia duelar com ele? David estava no acampamento há dois anos, sem dúvida que era muito melhor do que eu em qualquer coisa.

– E aí? – Ele insistiu. – Não diga que está com medo.

Ok, agora ele estava provocando. Ajeitei-me no cavalo e empunhei a minha adaga. David a fitou com um olhar duvidoso. Eu apertava o seu cabo com força, tentando não passar nervosismo. Ali, mais do que nunca, eu desejei ter uma espada. E então algo realmente estranho aconteceu: a lâmina de bronze celestial cresceu até ter mais ou menos 80 centímetros. Fiquei meio atordoada por um instante, até David falar:

– Hm, legal. Mas eu não tenho muito tempo. Vamos?

Ele atacou, direcionando a espada para meu tórax, mas eu consegui desviar seu golpe. Era realmente complicado lutar e controlar um Pégaso ao mesmo tempo. Consegui defender-me de mais um dos seus ataques com a espada. Não vi quanto tempo ficamos lutando, estava preocupada demais evitando perder alguma parte do meu corpo. Não demorou muito e meu braço já começou a dar sinais de cansaço. David aproveitou e deu um golpe em falso, me deixando distraída. No segundo seguinte sua lâmina estava á ameaçadores milímetros do meu pescoço.

Touché. – Ele murmurou, triunfante.

– Oh, meu parabéns. – disse, sem emoção. – Agora tira esse troço do meu pescoço que meu braço tá dormente.

Ele sorriu, saboreando a vitória, e guardou a espada. Baixei a cabeça, num cumprimento sarcástico e guiei Pietro para o chão. Já tinham alguns campistas por lá, inclusive Malory.

– Hey, você tá ai. – Chamei. – Tudo bem?

– Mais ou menos... – Ela respondeu, distraída. – Eu fui a primeira menina a perder. Tava duelando com um tal de Nicholas. Ele é novo aqui, não tem uma semana que chegou ao acampamento. Mas já luta melhor que eu. Sou um lixo com espadas. Prefiro arco e flecha.

– Duelei com David... Ele é bom também. – Eu falei, encolhendo os ombros. Ficamos em silêncio por alguns segundos até eu me lembrar de uma coisa.

– Ah, olha só o que estanho: quando eu tava lutando com David, eu estava usando uma adaga, certo? – ela assentiu – Mas aí eu percebi que ela seria inútil ali, daí eu desejei ter uma espada. Tipo, foi muito esquisito. Eu simplesmente quis e de repente... Tcharam! – Eu disse, exibindo minha nova arma para Malory.

Ela arqueou a sobrancelha e pegou a espada da minha mão. Depois de analisá-la me devolveu, falando:

– É mesmo estranho. Mas não é incomum. Conheço muita gente que tem armas encantadas, como pulseiras, colares e até mesmo canetas.

Dei um meio sorriso.

– Bom, mas isso é bem útil, não? Quero dizer, eu tenho uma adaga que posso carregar pra cima e pra baixo, já que é pequena. E uma espada sempre que precisar.

– Isso é verdade. Mas... Como ela vira adaga agora?

Ela me olhou para mim e desviou o a espada de bronze na minha mão. Eu segurei fortemente seu punho e mentalizei aquela arma que a minha mãe me entregara no iate. Aquilo parecia ter acontecido meses atrás. Então a lamina brilhou e voltou ao tamanho original.

– Melhor assim. – Sorri e a coloquei na bainha.

Uns 20 minutos depois eu vi o Pégaso da Isabel descer. Ela caminhou pesadamente até nós, com a cara fechada.

– Ah, aquele garoto idiota, como aquele pedaço de bosta pode ser meu meio-irmão?

– Uou. Calma Isabel. – Malory disse, atordoada. – O que houve? De quem você tá falando?

– Daquele Nicholas. – Ela respondeu, praticamente cuspindo o nome do menino. – Você sabe, aquele de cabelo preto, que chegou á pouco tempo no acampamento. Ele tava lutando com você.

Malory assentiu fracamente, incentivando Isabel á prosseguir.

– Então, depois de eu derrotar o primeiro menino, eu fui duelar com ele. Bem, ele riu de mim. Ridículo. – Ela revirou os olhos. – Olhou pra mim como se eu fosse uma piada. Enquanto a gente lutava ele ficava debochando, tipo “Isso é o melhor que você sabe fazer?” ou “Pelo menos aquele sua amiguinha era bonita”. Argh.

Malory fez uma careta e eu juntei as sobrancelhas.

– Mas você não fez nada? – perguntei.

– Sim, eu tentei retrucar, mas estava irritada e distraída, ele acabou aproveitando a oportunidade, me atacou e venceu.

Ela bufou e se sentou ao nosso lado, com os braços cruzados e a cara fechada. Eu e Malory nos entreolhamos e não tocamos mais no assunto.

A aula não demorou muito pra acabar. Quando estávamos saindo do estábulo, o famoso Nicholas passou por nós. Ele até que era bonito, parecia ter uns 17 anos, com cabelos bem pretos e olhos igualmente escuros. Antes de ir, o menino se virou e deu uma piscada provocativa para nós, fazendo Isabel fuzilá-lo com os olhos.

As meninas acabaram mudando de rumo em direção aos campos de morango por que iriam ajudar os filhos de Deméter com a colheita. Me despedi e fui para a arena, ter minha aula de espadas.

– Hey! Vamos ter aula juntas então. – Claire exclamou quando me viu entrar. – Que legal, vou te ensinar um monte de golpes.

Sorri e fui com ela até o centro da arena, onde já pude encontrar alguns campistas lutando. Enquanto falávamos, contei para o que tinha acontecido com a minha espada e ela pareceu bem empolgada.

– Isso é incrível, duas armas em uma! Vai ser bem útil em batalha, você vai ver. Bom, mas vamos começar logo. A primeira coisa que eu vou te ensinar vai ser a posição de defesa e de ataque.

* * *

A aula passou incrivelmente rápido. Claire me ensinou milhares de golpes e truques. Aprender a lutar com espadas foi mais fácil do que eu imaginei, e apesar de estar suada e morrendo de fome, eu não me cansava. Estava prestes a me defender grandiosamente quando a trombeta do almoço soou.

– Graças aos deuses. – Claire comentou, embainhando sua espada. – Eu acho que poderia comer um boi. Estou morrendo de fome.

Caminhamos até o pavilhão junto com os outros campistas. No caminho encontrei com Malory e Isabel, que estava com a roupa e os sapatos sujos de lama. Conversamos até nos separar, cada uma indo para a sua mesa. Sentei mais uma vez ao lado de Connor, que me recebeu com um grande sorriso.

– Oi Mel. Como foi a aula de equitação?

– Foi bem. – Falei, me servindo com o frango assado. – David se desculpou comigo. Ele não é tão ruim quanto eu pensei.

Connor arqueou as sobrancelhas e ficou me olhando, em silêncio.

– O que foi? – Perguntei, um tanto desconfortável.

– Então vocês são amigos, agora? – Ele disse, com a voz áspera.

– Bom, não exatamente amigos. Não é como você, ou a Isabel, ou a Claire. Apenas não o odeio mais.

Ele continuou em silêncio, mas dessa vez me olhava de um jeito diferente. Vi um sorriso surgir no canto da sua boca.

– Mel, posso te pedir uma coisa?

– Depende... Se for pra roubar... – eu murmurei, levantando o prato para alcançar o molho.

– Não, não é isso. – Ele sorriu. – É só que... Eu estava pensando... Quer sair comigo?

Eu fiquei tão assustada que deixei o prato cair em cima da mesa. Não quebrou, mas fez barulho suficiente para que todos os filhos de Hermes olhassem para mim.

– Era só dizer não... – Connor comentou, um pouco aborrecido.

– Não, não é isso. É só que... Você quer sair comigo?

– É, né. Foi o que eu disse. Então, sim ou não?

Eu fiquei quieta por alguns segundos, pensando. Connor tinha me pegado de surpresa. Eu realmente não sabia o que responder.

– Hum, bem... Eu não vejo por que não.

Ele sorriu e pareceu bem satisfeito consigo mesmo. Nos levantamos e seguimos a fila para fazer a oferenda aos deuses.

– Então. – Connor falou. Seu sorriso não saia do rosto. – Quinta-feira, se estiver fazendo sol, vai ter tipo uma festa no lago. Estava pensando de a gente ir junto.

– Ah, claro. – Senti meu rosto corar. – Pode ser.

Voltamos para a mesa e comemos em silêncio. Eu estava um pouco desconfortável naquela situação. Foi tão inesperado. Terminei o almoço rapidamente e saí do pavilhão sem me despedi. Não queria ser grosseira, mas estava muito nervosa.

Chequei meu horário e vi que poderia escolher: Corrida de canoas ou parede de escalada. Antes que pudesse decidir, ouvi a voz de Isabel me chamando.

– Hey, você comeu rápido. Vai fazer o que agora?

– Eu posso escolher. – Murmurei, mostrando o papel á ela.

– E já escolheu?

– Tava pensando em escalada. Parece divertido.

– Oh, você tem certeza?

– Acho que sim... Vem comigo?

Ela hesitou e mordeu o lábio inferior, mas no fim concordou. O muro não ficava muito longe do pavilhão e, conforme eu me aproximava, ia reparando em como era grande.

– Nossa! Isso é bem alto. – Eu comentei.

– Haha, você devia se preocupar com a lava, isso sim. – Isabel disse, enquanto prendia o seu equipamento de segurança.

Observei-a, checando se estava brincando. Mas não parecia brincadeira.

–Do que você está falando?

– Vai me dizer que você não sabia que escorre lava se a gente não chega ao topo á tempo?!

– Tá brincando, né? M-mas isso é muito perigoso, nós podemos nos machucar!

Isabel me olhou como seu eu tivesse dito que Ares tinha medo de escuro.

– Claro que não. Nós somos semideusas, minha filha. Temos sangue olimpiano correndo na veia. Sua ficha ainda não caiu?

Eu abri a boca para responder, mas fechei novamente. Ela tinha razão, a minha ficha ainda não havia caído. Eu era uma meio-sangue. Havia uma força divina dentro de mim. Lá fora, vários monstros estavam doidos para me matar e até me devorar. O lestrigão foi só o primeiro de muitos.

– É, você tá certa. Vamos nessa.

Prendi meu equipamento e comecei a subir, seguindo Isabel. Tenho que admitir que não foi fácil. Volta e meia a parede balançava, pedras caiam e eu tive a impressão que a temperatura estava subindo rapidamente. O silêncio permaneceu um bom tempo entre nós duas. Eu estava determinada a focar na escalada, mas os últimos acontecimentos ocupavam minha mente. Quando estávamos na metade do trajeto, decidi que devia compartilhar minhas incertezas com alguém.

– Isabel. – Chamei. – Adivinha só o que aconteceu hoje no almoço.

– Apesar de ser filha de Apolo, – Ela desviou de uma rocha que caia na sua direção. – eu sou péssima em adivinhações. Me conte.

– Tipo... O Connor me chamou para sair.

O que aconteceu em seguida foi realmente assustador e inesperado: Parece que o que eu disse a surpreendeu bastante, porque Isabel se distraiu e pisou em falso, perdendo o equilíbrio e despencando da parede.


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Notas finais do capítulo

Gostiram? (;
Acho que mereço uns reviewzinhos, nér?
Kisses *o*



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