Os Semideuses e a Árvore De Sangue escrita por DennysOMarshall, Robert Zhang, HenryDixon


Capítulo 7
DAKOTA




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O bar estava escuro. Parecia que haviam muitas pessoas ali aquela noite. Várias pessoas se moviam na plateia, bebendo álcool em copos vermelhos de plástico. No fundo, uma luz neon piscava "Bebidas Grátis: Amanhã". De repente, uma luz se acendeu no chão. Duas pessoas num palco. Gritos de toda uma multidão se estenderam por todo o bar. Os olhos de Dakota brilharam. Uma nota de guitarra desafinada se tocou e um silêncio breve.

Os dedos de Dakota começaram a se mexer insanamente de um lado para o outro. Suas unhas mal-cortadas chocando-se contra cinco botões de cores diferentes. Depois de trinta segundos, uma escrita branca voou aos céus "100 Note Streak!". Dakota olhou para o lado, embora seus dedos continuassem a se mexer freneticamente. O que viu não foi a mesma coisa que viu na realidade em que estava imerso. Viu um rapaz de cabelos arrepiados e negros, usando um terno barato comprado num varejo qualquer. Sua gravata estava por dar nó, amarrada ao redor da camisa social aberta até o botão do meio. Suas olheiras eram notáveis. Tocava na mesma insanidade que ele. Por agora, nenhuma voz se ouvia naquela música, só notas. Aos dois minutos, as vozes dos dois rapazes começaram a se confundir. Ambos repetiam a voz aguda que irradiava das caixas de som.


"As the red day is dawning

and the lightning cracks the sky

we'll raise our hands to the heavens above

With resentment in their eyes"

Na sala, dois jovens se empolgavam com seus instrumentos na mão. Eram como guitarras de verdade, mas estavam conectadas a um console de videogame preto e verde. Ao invés de cordas, a guitarra era provida de cinco botões de cores verde, vermelho, amarelo, azul e laranja. Os dois jovens eram Dakota Marshall e Jopler Reignhell, que viraram a noite no acampamento jogando aquele jogo. No sofá, copos vermelhos como da plateia virtual estavam derramados, com gotas de café dentro dele. Os cabelos de Dakota estavam desgrenhados, e seus olhos zumbificados como quem não dorme a séculos. No corpo, somente uma bermuda marrom e a camisa social desabotoada do dia anterior. Seus dedos estavam avermelhados. Tocara uma seleção de cerca de 145 músicas a noite inteira. Acho que, se era bom nos jogos de tênis na escola, a pessoa a quem mais era grato era Jopler Reignhell.


— We feel the pain of a lifetime lost in a thousand days... Through the fire and flames we carry o— neste momento, o foco de Dakota no jogo foi retirado. Jopler demorou mais ou menos cinco segundos para entender porque o parceiro havia deixado quase cem notas seguidas passarem. Já era meio-dia, e ninguém percebera. A porta estava quase sendo arrombada. Alguém batia.


Jopler se sentou no sofá e apertou o botão de pausa no controle customizado com caveiras e monstros esverdeados. Dakota esfregou os olhos, tirou a alça da guitarra do ombro e deixou-a no sofá. Antes de atender a porta, deu um leve bocejo e abotoou a camisa. Pegou a chave que estava num criado mudo ao lado da porta e a abriu. Estendeu a cabeça para fora da porta.


Mas o quê... — os olhos de Dakota estavam quase fechados devido a luz forte do sol. Demorou um pouco para ver um casal em frente a si. De um lado, um rapaz de cabelos pretos com remelas nos olhos. Sua camisa do acampamento estava amarrotada e usava uma calça tactel azul. Um dos pés estava descalço, no outro, uma meia rasgada e suja. Uma figura que conheceu no mesmo momento, era Oliver. Mas a sua real surpresa foi ver quem o acompanhava. Os longos cabelos ruivos estavam quase perfeitamente penteados. Os olhos azuis refletiam a imagem de Dakota. O cabelo ruivo se estendia até o fim das costas, e as roupas brilhantes e pretas cobriam até o último vestígio da camisa do acampamento que usava por baixo delas. Era Katherine Darkholme. Seus lábios estavam vermelhos de batom, e no seu rosto, uma expressão seca.


Ei, cara. — Dakota estendeu a mão para Oliver, que cumprimentou com um tapa, e depois olhou para Katherine, retribuindo a expressão seca — Em que posso ajudar, filha de Hades?


Precisamos conversar — Katherine disse, e percebendo que Dakota ia falar algo, falou mais alto — conversar agora. Abra a porta.


Dakota surpreendeu-se com o tom de voz e abriu a porta. Katherine pareceu ter nojo ao entrar no chalé. Latas de Coca-Cola se espalhavam pelo chão. Quase se assustou com o ronco de Pergos no beliche do fundo, que mais parecia um rugir de leão. Encontrou a primeira mesa disponível e sentou-se. O olhar de Oliver parecia mais sério do que o normal. Jopler tirou o CD do jogo e colocou outro, jogando no modo silencioso. Coçando os olhos, Dakota puxou uma cadeira e sentou após ver Oliver fazer o mesmo. Olhou para os olhos de Oliver e Katherine.


E então...?


Você vai partir numa missão, Dakota Marshall — disse ela, sem rodeios. Os olhos de Dakota se arregalaram. Oliver teria escolhido palavras melhores — Uma missão para salvar os deuses e o Olimpo. Você partirá conosco, a escolha de Oliver Heinrich, que foi a escolha de Morfeu.


Morfeu... — Dakota gaguejou — O deus... do sono?


Não — Oliver disse, num tom que tentava acalmar Dakota — Morfeu é o deus do sonho. Hipnos é o deus do sono. Pai de Morfeu. E meu pai.


Você é irmão de um deus? — Dakota o olhou com certo respeito e curiosidade. Além de filho de um deus, era irmão de outro. Oliver o respondeu com um levantar de ombros e um olhar que dizia "é, meio que isso aí". Dakota sacudiu a cabeça — E como assim? Que missão é essa? — voltou o olhar para Katherine — Está esperando sair num grupo de três semideuses juntos e ficar por isso mesmo? Tem monstros brotando de árvores por aí.


Vamos em seis — disse ela — e o conteúdo da missão, eu não sei direito. Quero dizer, Própon me explicou, mas... Bem, eu não entendi muito bem. É muita coisa absurda pra processar.


Vamos em seis? Cadê os outros três? — Dakota questionou.


Isso está a nossa escolha, mas temos de ser prudentes. Morfeu, que contatou Própon diretamente, exigiu a participação de Oliver Heinrich nessa missão. Própon exigiu a minha participação. Oliver exigiu a sua participação.


Certo — Dakota sorriu para Oliver — e quem é que vai escolher os outros seis?

Eu não sei. Precisamos de gente boa e experiente. Um bom arqueiro, alguém com perícia em adagas... E alguém que arranje um jeito de chegar ao nosso destino.


Oliver de riu. — Ora, de carro, é claro.


Katherine lembrou-se que Dakota tinha um carro estacionado perto do acampamento e que poderiam usar.


Ótimo. — Dakota disse — Acho que sei onde podemos encontrar um bom arqueiro. Quando Própon vai nos dar mais informações sobre o que temos que fazer exatamente?


Assim que tivermos os seis, eu acho. Própon parecia muito preocupado e não estava muito disposto a falar. O mesmo com Turbanus. Os dois estavam bem tensos naquela hora quando me chamaram. Quem é que o arqueiro que você pretende levar com a gente?


Dakota deu uma risada leve. — Vamos ao chalé sete. — Foi até onde ficavam os beliches e passou a mão por cima. Pegou a sua esfera de ébano e tirou a camisa social, colocando a camisa do acampamento.


Então os três saíram. Katherine usava um casaco cinza amarrado em volta da cintura e um short jeans com um chinelo. Oliver tropeçava um pouco e Dakota, que ainda não havia se familiarizado com as mudanças mais recentes do acampamento enquanto estivera fora, estava reparando tudo minuciosamente no caminho para o chalé 7. Ao chegarem lá, Dakota pensou que devia ter levado os seus óculos escuros. O ouro que enfeitava o chalé de Apolo refletia a luz do sol direto nos olhos dele. Um "7" em latão brilhava sobre a porta. Katherine olhou para os dois garotos ao seu lado, apreensiva. Imaginou que seria um filho de Apolo, mas estava hesitante a quem seria. Um sorriso se formou em seus lábios vermelhos quando viu o olhar encantado de Oliver. Sabia que ele estava mesmo empolgado para ir nessa aventura. Dakota olhou para Oliver e sorriu, como se dissesse "aqui vamos nós de novo, cara".


A porta do chalé estava aberta. Entraram lá descaradamente. Dakota teve o cuidado de fechar a porta quando todos entraram. Os olhos de Katherine, que estava no acampamento há somente um ano percorriam todo o chalé, que não havia sido visitado por ela antes. Depois sua atenção foi toda para Dakota, para saber quem ele contataria. Dakota estava na ponta dos pés, tentando achar quem ele queria achar. Um rapaz loiro, gordo e baixinho passou ao seu lado, segurando um arco fajuto. Dakota o parou.


— Ei, cara — disse ele, chamando a atenção do menino — você viu o Xavier por aqui? Xavier Sheeper?


O menino fez um sinal joia com a mão e apontou para trás. Sorriu levemente e deixou o chalé. Katherine se aproximou de Dakota. Oliver fez o mesmo. Dakota se moveu pelo chalé de Apolo, olhando todos os arcos em exibição nas paredes. O chalé, por mais irônico que seja, era muito mais quente que todos os outros. Katherine tomou um susto quando Dakota gritou o nome de Xavier, que veio andando até eles no mesmo momento. Xavier usava uma calça jeans preta e o anel negro brilhava em seu dedo indicador. Seu cabelo loiro desgrenhado sacodiu quando chegou em Dakota.


Marshall! — apertou a mão dele e sorriu para Oliver e Katherine — a que devo a sua presença aqui no chalé sete?


Dakota sorriu enquanto apertava a mão dele. — Viemos aqui para pedir a sua ajuda, Xavier. Num assunto sério.


O semblante de Xavier sumiu com o sorriso. — Sério? Que nível de sério?


Nível Própon, eu acho. — Xavier o passou a ouvir com mais atenção — É um tipo de missão. Eu também não sei muito. Se aceitar, vamos agora pra Casa Grande confirmar sua participação. Sei que você está sempre afim de algo pra fazer, e... bem, precisamos de um arqueiro.


Sim, eu... acho que realmente estou sem nada pra fazer. Mas o meu arco, eu estou sem ele. Sério, ele sumiu mesmo.


Isso é facilmente recuperável. Eu conheço uma garota de Hermes que vende de tudo aqui nesse acampamento. Vamos nela assim que passarmos pela Casa Grande, feito?


Xavier balançou a cabeça que sim. Katherine disse que "ótimo" e saíram do chalé de Apolo em rumo a Casa Grande. No caminho, Katherine tentava explicar mais ou menos a situação para Xavier, que ouvia tudo atenciosamente. Oliver adicionava alguns detalhes sobre Morfeu e porque ele contatou Própon.


Certo — disse Xavier, olhando para a porta da Casa Grande ao chegarem lá — o que é que eu vou dizer pro diretor?


Sei lá — respondeu Dakota — acho que você não diz nada. Acho melhor a filha de Hades explicar tudo. Katherine fez que sim com a cabeça e andou até a porta junto com os outros.


O que viram lá dentro, foi Própon sentado numa mesa conversando com Adam Bunny, filho de Afrodite, o garoto que no dia anterior havia conversado com Katherine. Os dois trocaram olhares. Adam deu um sorriso malicioso.



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