Os Semideuses e a Árvore De Sangue escrita por DennysOMarshall, Robert Zhang, HenryDixon


Capítulo 2
OLIVER




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O chalé de Dionísio era uma visão muito usual para Oliver. Dakota morava lá durante os verões, e era para onde ele sempre ia. Não haviam muitos semideuses naquele chalé, mas na visão de Oliver, todos os que lá moravam eram pessoas insuportáveis. Tinha um, em especial, chamado Pergos. Pergos era grego. Grego mesmo. Nascera na Grécia, durante uma breve visita de Dionísio ao país. Pergos era um total festeiro. Chegou até uma vez a ser seriamente repreendido por Própon ao falar para mortais sobre uma festa que ele daria no Acampamento Meio-Sangue. Disse que, se confiassem mesmo nele, seria uma coisa bem confusa para a pobre cabeça deles.

— Agora sim! — berrou Jopler, um garoto vesgo que morava também no chalé doze — Chegamos ao filho pródigo, sóbrio até o final! — levantou-se e apertou a mão de Dakota.

— Oi, Jopler — disse ele, com um sorriso — espero ter chegado depois da festança do Pergos.

Jopler riu. — Todos gostaríamos. Mas Turbanus tá de olho no Pergos. Ele já pode beber, e provavelmente trouxe vinho pro Acampamento, não sei — isso queria dizer: "ele trouxe, mas eu não posso dizer em circunstância alguma!" — e o Turbanus acha que ele vai fazer algum escândalo, sei lá.

— Vocês acham? — Oliver, que nem tinha sido cumprimentado disse, com um olhar sarcástico — nem o próprio Dakota vai com a cara do pinguço de suco de uva.

Dakota riu e deu um tapinha no ombro de Jopler, indo para o beliche. Deixou sua mochila no chão e sentou-se na cama, espreguiçando. Oliver ia sentar na cama, mas achou melhor não ficar tentado a dormir. Não ia gostar de acordar todo pintado e sem roupa no meio do acampamento. Foi mais ou menos isso que aconteceu da última vez que um filho de outro deus deu bobeira naquele chalé. Agora todos o chamam de Pequeno Peter.

— Novidades? — Dakota recostou-se na parede em que o beliche encostava.

— Algumas. Um ciclope esteve tentando infiltrar-se no Acampamento, mas já está estabilizado. Tem uma gente nova, também. Gente interessante. Tem uma nova, filha de Poseidon.

Dakota o olhou atônito, como se por um segundo alguém lhe houvesse dito algo absurdo. Uma filha dos Três Grandes era algo novo mesmo. O último filho dos Três Grandes morreu antes mesmo de nascer. Os monstros mataram a mãe de Nevally Porvon.

O que quebrou a tensão do garoto foi a batida forte na porta e a voz rouca de Turbanus mandando todos saírem. Oliver se lembrou, então, que era uma sexta-feira, e era dia do Capture a Bandeira.

Os dois saíram do chalé desanimado. Dakota era, na verdade, como todos os outros filhos de Dionísio, um bom atleta — mediano, na verdade — e Oliver... bem, Oliver tinha medo de que no momento clímax da competição caísse dormindo no chão enquanto corria e todos os do time azul pisassem nele e o massacrassem enquanto indefeso. Toda sexta tinha isso, e era assim que os semideuses se mostravam mais hábeis a lutar. Dakota, que só passava o verão no acampamento, tinha menos treinos, por isso menos habilidade. Oliver também, porque ele sempre convencia Turbanus a deixá-lo assistir.

— Venham, crianças — Turbanus berrou, trotando — temos os comandantes dos times aqui. Ian McKourch, conselheiro do chalé de Ares, e Sara Everdeen, conselheira do chalé de Atena.

Dakota e Oliver estavam parados do lado de um grande pilar branco torneado por vinhas. Olhavam para os dois comandantes. Ian, um sujeito muito bonito para um filho de Ares. Sara era uma moça robusta, de cabelos longos e negros. Em volta deles, haviam muitos semideuses. O número de campistas aumentara muito nos últimos anos, principalmente desde que Própon chegou. Mais sátiros estão ao trabalho, e mais semideuses estão sendo resgatados do universo mortal.

Oliver supôs, que como sempre, Sara o convidaria para o seu grupo pelo mesmo motivo. Oliver era uma ótima isca. Mas o problema é que ele não sabia a hora de fingir estar dormindo para ser pêgo e a hora de realmente dormir. Começou a conversar com Dakota, quando Everdeen chegou.

— Quixote! — deu uns tapinhas no ombro de Dakota, que a cumprimentou com um sorriso — Quero você e o Sancho Pança no meu time, tá?

"Sancho Pança?" pensou Oliver, fuzilando a pobre filha de Atena com os olhos.

Dakota riu e se desencostou do pilar, dando um soco leve no ombro de Oliver. — Vamos lá, cara.

Após se vestirem com as armaduras de couro gregas, as quais Oliver achava tão feias que poderiam até combinar com alguns filhos de Ares, foram para a floresta. Todos os semideuses estavam em volta de Turbanus, que empinava de vez em quando sobre um pedaço cortado de uma árvore.

— Crianças! — berrou — Aquietem-se para que eu fale, já! — e relinchou, como se fosse um cavalo mesmo.

E todos se aquietaram e olharam o centauro, que agora trotava de um lado pro outro. Dakota e Oliver estavam sentados num tronco caído, cheio de lodo.

— Suponho que todos conheçam as regras. Para os que chegam este verão, ouçam-me com atenção. Vocês tem direito a correr pela floresta inteira. A bandeira deve ter não mais do que dois guardas. Desarmem os prisioneiros, mas tratem de não machucá-los seriamente. Morte será severamente punida. Armem-se e preparem-se. Se armaram como usualmente. Oliver tinha a sua foice, com a qual tinha uma habilidade razoável, para quem tão pouca coisa sabe fazer. Dakota tinha a esfera de ébano, que ganhara anos atrás, de um amigo que morrera em combate. A esfera, se pressionada com força, poderia transformar-se no que Dakota necessitasse. Fosse uma espada, um arco ou uma colher.

Turbanus trotou pela última vez quando o jogo começou. Oliver e Dakota se apressaram para colocar seus elmos. Depois ambos correram. Logo mais, Oliver perdeu Dakota no meio do caminho. Provavelmente, como sempre, foi despistar os vermelhos. Oliver prosseguiu, apertando a foice com dificuldade. Ao lado, viu um vulto vermelho passar por si. Pensou que fosse não um elmo com pluma vermelha pelo tamanho, mas alguém de cabelos ruivos. Provavelmente Katherine Darkholme. Filha de Hades, a garota parecia controlar a terra para empurrá-la com mais eficiência para cima. Seus pulos eram altos, rápidos e furtivos. Era assim que ela geralmente chegava perto da bandeira, pegava seu arco e atirava flechas perto de qualquer um do time contrário que chegasse perto, para que se afugentasse do local. Era incrível como ela conseguia se adaptar a qualquer situação, um filho de Ares forçou ela a largar o arco, mas com uma rapidez descomunal ela roubou a espada de um garoto ao seu lado e continuou a luta com golpes firmes e rápidos, ela se movia com tamanha graciosidade e beleza que chegava a parecer uma bela bailarina lutando em uma guerra de Troia.

Passou também por alguns filhos de Afrodite que estavam sentados num tronco, penteando seus cabelos com a mão e olhando seus reflexos num lago. Não corriam, tampouco pareciam interessados em capturar a bandeira.

Correra muito. A floresta tinha uma extensão muito grande, e nunca se sabia, ao menos que carregasse uma bússola, se estava indo na direção certa da bandeira. Mas Oliver assustou-se quando ouviu alguns ruídos. Levantou a foice, e parecia ser capaz de golpear o nada continuamente só pela sua segurança. Foi quando cinco rapazes saltaram de trás de uma moita e cercaram Oliver com suas espadas de bronze.

— Mordemos a isca de novo? — disse, confuso, um dos rapazes que formavam o grupo.

O rapaz do meio parecia inconformado. Era loiro, altura media e tinha pele clara. Seu nome era James K. Xavier Sheeper. Conselheiro do chalé de Apolo, e naquele momento, a favor do time de Ares. Pegou sua espada de ferro estígeo e dirigiu-se a Oliver.

— Talvez se ele não participasse sexta que vem... Se déssemos a ele um bom incentivo para dizer a Turbanus que está... incapacitado, Xavier? — disse um filho de Hermes com olhar malicioso para Oliver. — Não seria... hehe... Divertido?

Xavier pareceu ignorá-lo. Jogava na desportiva, mas aquele filho de Hermes parecia realmente incentivado a machucar Oliver. — Saia do caminho. — disse Xavier. — Ou...

Neste momento, um dos rapazes foi derrubado. Ao se virar, Xavier deparou-se com uma figura segurando um bastão negro com detalhes acinzentados. Um bastão de ébano. Dakota desmaiara o rapaz com seu bastão. Xavier aprontou-se com a espada de bronze.

— Vai, Oliver! A bandeira é por essa direção mesmo, corre! — disse Dakota, apertando o bastão.

Oliver levantou-se do impacto e começou a correr em direção da bandeira.

— Estão esperando o quê?! — Xavier gritou para os outros três rapazes, tentando inflingir um golpe em Dakota, que defendeu com o bastão. Logo, este foi transformado numa espada de ébano.

Oliver levantou-se, perplexo, e começou a correr. Desajeitado, começou a jogar algumas vinhas que retirava das árvores nos dois rapazes que o seguiam. Correu até que estivesse muito cansado para continuar correndo dos rapazes e atirou sua foice neles. Não os acertou, mas os despistou o suficiente para que perdessem Oliver de vista.

E assim, ao olhar entre as árvores, viu, finalmente, aquela perfeição... a bandeira avermelhada, que chacoalhava com o vento. Antes que pudesse comemorar em vitória, ouviu um bradar com algo parecido com: O filho de Hipnos achou a bandeira! Monta nele! e começou a correr para a bandeira. Ao chegar lá, viu que já haviam outros dois campistas do time de Sara Everdeen, que distraíam os guardas. Olhou ao redor, mas a única coisa que viu foi Darkholme, o olhando apreensiva e com uma flecha preparada para qualquer um que tentasse o impedir de pegar aquela bandeira.

Aquele era o momento de Oliver. E ao levantar a bandeira pelo haste, o time azul havia ganhado, e o relincho de Turbanus ouviu-se, propagando-se pela floresta toda.



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