Um Plano de Vingança escrita por Dark Lady


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma Complicação




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Na manhã seguinte acordei bem cedo e então decidi começar a planear tudo enquanto vestia o uniforme e fazia um risco negro nos olhos. No final olhei-me ao espelho, não podia deixar de notar que estava bonita, sempre me tinham dito isso, sempre tive uma fila de rapazes atrás de mim mas nunca me interessei por nenhum deles. Via no espelho uma rapariga alta com corpo bem definido, olhos de um azul hipnotizante e cabelo negro ondulado que ia até ao meio das costas. Era extraordinário como parecia estar a olhar para alguém que não era eu.

Peguei no saco que continha o meu material e livros e saí do dormitório. Caminhei lentamente até à sala comum e notei que ainda não estava lá ninguém. Olhei para o relógio que estava em cima da lareira e vi que ainda eram 7h50, provavelmente os outros só começavam a dirigir-se para ali passados dez minutos então sentei-me numa poltrona próxima à lareira e fiquei ali a contemplar o fogo que ainda ardia.

- Bom dia! – Ouvi uma voz bastante animada atrás de mim e virei-me para ver quem era.

- Bom dia Daniel.

- Estavas à minha espera? – Ele sorriu marotamente.

- Era isso mesmo, sem dúvida. – Disse ironicamente.

Ele riu-se, um riso lindo até, e chegou-se perto de mim e deu-me um beijo leve na face. Eu corei ligeiramente, nunca tinham feito algo assim. Desviei o olhar dele e os meus olhos encontraram uns olhos azuis que nos observavam. O Daniel pareceu notar a direcção do meu olhar e virou-se para ver quem estava ali.

- Bem Daniel, tu realmente não perdes tempo. – Disse o Malfoy que apesar de falar com o amigo não desviava o olhar de mim.

- Sabes como é Draco, não se pode perder tempo em nada. – Daniel sorriu mais ainda bastante animado.

O Malfoy apenas balançou a cabeça e aproximou-se de nós. Olhou mais uma vez para mim e eu por mais que tentasse não conseguia desviar o olhar daquelas safiras brilhantes.

- Bom dia Manson. – Disse ele com indiferença e logo seguindo para a porta em direcção à saída da sala comum.

- Bom dia. – Disse baixo, e duvido que ele tenha ouvido alguma coisa.

- Bem e porque não irmos comer qualquer coisa, estou esfomeado.

Eu olhei para Daniel e não pude deixar de rir da cara dele. Para mim tudo aquilo era estranho, estava habituada a estar constantemente séria, sem companhia e agora encontrava-me ao lado de um rapaz que não conseguia parar de me fazer sorrir. Mas eu tinha de me concentrar no plano, não me podia distrair com aquilo.

Segui com o Daniel até ao salão principal e sentei-me ao seu lado logo no início da mesa, só depois reparei que Draco Malfoy estava sentado à minha frente. Tentei abstrair-me desse facto e concentrei-me na comida. Permaneci no meu lugar a olhar para o prato vazio à minha frente completamente alheia ao que se passava à minha volta. De vez em quando pegava no copo e bebia um pouco de sumo e foi num desses momentos que algo me assustou.

Imagens começaram a aparecer na minha mente, corpos deitados no chão de qualquer jeito, olhos arregalados e sem vida a fixar o céu. De repente senti uma dor horrível e vi com horror que tinha partido o copo na mão que agora pingava sangue para cima do prato. Eu estava paralisada, não era a primeira vez que via imagens na minha mente mas nunca tão nítidas como aquelas. O que tinha mudado?

- Suzane? – Ouvi Daniel gritar ao meu lado mas eu não me conseguia mexer, estava estupidamente paralisada a olhar para a mão ainda fechada no copo partido.

Então senti umas mãos a abrirem a minha mão magoada e a tirar os pedaços de vidro partido de lá e depois a enrolar o que parecia ser um pano branco. Depois senti que estava a ser puxada para fora do salão principal e que todos olhavam para aquela cena. Mas o que se estava a passar? Porque é que aquelas imagens não saiam da minha cabeça e me deixavam raciocinar decentemente?

- Raios Manson, acorda! – Ouvi alguém dizer antes de sentir uma dor na face e despertar do meu transe.

Olhei para o autor daquilo confusa e então deparei-me com os olhos horrivelmente hipnotizantes do Malfoy.

- Ficaste doido? Perdeste o único neurónio que tinhas ou apenas ficaste com tendências suicidas? – Gritei-lhe com fúria fixando os olhos dele.

- Não! Apenas fiz isso para saíres desse teu estado de transe irritante. – Ele estava também irritado e também gritava. – Será que não percebeste que tens a mão a sangrar e que provavelmente ainda tens vidros dentro dos cortes?

Então olhei novamente para a mão direita e vi que o pano deixara de ser branco e estava completamente vermelho. Depois comecei a ficar com a visão turva e a sentir-me fraca, então senti umas mãos agarrarem-me antes de desmaiar.

Quando abri os olhos deparei-me com um tecto branco e muita luz. Olhei para os lados e só via camas vazias, ninguém estava por perto. Sentei-me na cama e olhei para a mão direita que estava completamente ligada e onde sentia uma pequena ardência. Ouvi passos atrás de mim e virei-me para ver quem era e vi uma enfermeira dirigir-se a mim com um sorriso nos lábios.

- Ah acordou Miss Manson. – Disse ela sorrindo.

- Porque é que eu estou aqui? – Eu estava um pouco confusa, a última coisa que me lembrava era do Malfoy me dar um estalo e ver a minha mão cheia de sangue.

- A menina perdeu muito sangue e desmaiou.

- Há quanto tempo estou aqui? – Disse olhando pela janela e vendo a luz do sol.

- Não muito, ainda está a tempo do almoço. – Ela sorriu mais uma vez e depois voltou a falar seriamente. – E por falar nisso, pode e deve ir almoçar. A menina está a precisar. Ah e não faça muito esforço com a mão, tive de abrir mais os cortes para retirar os vidros que estavam mais profundos e por isso não convém fazer muito esforço. – Terminou de falar, virou costas e dirigiu-se para uma porta ao fundo da enfermaria.

Eu levantei-me e fui até ao salão principal. Ainda sentia uma ardência irritante na mão que tentava ignorar ao máximo mas que vi ser menos dolorosa se permanecesse com a mão levantada e por isso conjurei um lenço para colocar ao pescoço e pendurar a mão nele. Entrei no salão e vi que já estavam bastantes lugares ocupados, dirigi-me para a mesa de Slytherin e não demorou até encontrar Daniel a meio desta. Fui lentamente até ele e sentei-me no lugar vazio ao seu lado.

- Suzane finalmente. Estás melhor? – Perguntou ele com um olhar preocupado mal me sentei ao seu lado.

- Sim. Ainda sinto um pouco de ardência na mão mas nada que não consiga suportar. – Disse sorrindo.

- Desculpa mas eu fiquei sem acção, não sabia que fazer. – Disse ele olhando para o prato à sua frente. – E depois o Draco levou-te para fora do salão. – Depois baixou a voz para que só eu ouvisse. – Devo dizer que fiquei aliviado, pensei que ele não gostava de ti.

- Pois! – Foi tudo o que consegui dizer antes de me concentrar no prato à minha frente.

- Manson, estás melhor? – Ouvi uma voz conhecida perguntar do outro lado de Daniel e olhei instantaneamente para o seu dono.

- Sim! – Depois olhei novamente para o prato como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo. – Obrigada por me levares à enfermaria.

- Não fiz mais que a minha obrigação, afinal o Daniel parecia em estado de choque. E depois desmaiaste, não te podia deixar lá no meio do corredor. – Ele disse com indiferença o que por algum motivo desconhecido fez-me sentir uma dor no peito.

- Mas lembra-te que aquele estalo foi o primeiro e o último. Se me voltas a bater não sabes o que te acontece. – Disse olhando-o ameaçadoramente.

- Wow estalo? – Perguntou Daniel confuso. – Draco, tu deste-lhe um estalo porquê?

- Ora ela parecia que estava em transe não tive escolha.

- Tinhas sim. Davas-lhe um beijo na boca. – Disse Daniel e depois começou a rir à gargalhada.

Eu e o Malfoy olhamos para ele com um olhar assassino e ele parou logo de rir levantando as mãos como se estivesse a pedir rendição.

- Não teve piada nenhuma Daniel. Se ele me beijasse neste momento não estaria aqui para contar a história. - Levantei-me e pensava dirigir-me para fora do salão quando ouvi o Malfoy falar.

- Como se eu alguma vez pensasse em te beijar. Dizer que o estalo era para te tirar do transe foi apenas uma desculpa.

É claro que eu não me deixei ficar. Num momento ele estava a falar sentado no seu lugar no outro estava estendido no chão com o nariz a sangrar. Ele olhava para mim com um olhar assassino e eu olhava-o da mesma forma.

- Isso foi só uma amostra do que posso fazer se me irritares demasiado. – Disse virando as costas mas algo me fez tropeçar batendo com a mão magoada no chão o que me fez sentir uma dor aguda.

Virei-me ao mesmo tempo que puxava a varinha mas antes que pudesse lançar algum feitiço já a minha varinha voava da minha mão para a mão do mesmo professor que me tinha ido buscar à carruagem no dia anterior. Depois vi a varinha do Malfoy seguir na mesma direcção. Ficamos os dois sentados no chão a olhar para o professor que estava em pé no nosso meio e com um olhar furioso para nós.

- Vocês endoideceram? – Gritava o professor, o que juntando àquele olhar me arrepiou. – Dois alunos de Slytherin a atacarem-se a meio do almoço. Vão os dois ser castigados.

- Mas professor foi ela que começou. – Disse Malfoy apontando para mim, o que fez com que eu o olhasse mais ameaçadoramente.

- Não me interessa quem começou Mr. Malfoy. Estão os dois de castigo. Logo à noite depois do jantar na minha sala. E vinte pontos a menos para Slytherin.

Dito isto ele atirou a minha varinha na minha direcção, que apanhei sem grande dificuldade, e a do Malfoy na direcção dele, que também a apanhou sem dificuldade, e foi-se embora. Eu levantei-me com alguma dificuldade agora pois a mão doía-me imenso, olhei para lá e vi que estava a sagrar.

- Brilhante. – Murmurei para mim mesma.

Dei mais um olhar irritado para o Malfoy que também já se tinha levantado e ao virar-me para ir embora o meu olhar cruzou-se com o de Daniel que estava completamente atordoado com a cena que tinha visto. Saí do salão principal mais uma vez com todos os olhares fixos em mim até que ouvi passos atrás e ouvi uma voz que conhecia.

- Devo dizer que nunca vi um murro tão bem dado ao Malfoy desde o terceiro ano. – Disse Harry Potter a sorrir. Eu olhei para ele e não pude deixar também de sorrir.

- Até que soube bem dar-lhe aquele murro. – Disse rindo mais ainda ao lembrar da cena.

Caminhei lado a lado com ele até à sala de Defesa Contra a Magia Negra onde descobri que aquele professor arrepiante dava aulas. Entrei na sala, dirigi-me até ao fundo desta e sentei-me na última mesa. Não prestei muita atenção na aula, não é que não fosse interessante mas em primeiro lugar a mão doía-me cada vez mais e depois eu já sabia aquela matéria toda. Pensando bem não havia matéria nenhuma que eu não soubesse. Aquelas noites e fins-de-semana perdidos na biblioteca tinham de ter algum proveito não?

E a tarde passou-se assim, com umas dores horríveis na mão (começava a pensar seriamente em ir ter com a enfermeira para me dar alguma poção para tirar aquelas dores insuportáveis) e com umas aulas onde eu ouvia aquilo que já sabia, o que era bastante secante. Então entretinha-me a escrever no pergaminho (enfeitiçando a pena é claro porque eu não conseguia escrever) coisas como: “Odeio o Malfoy”, “Vou matar o Malfoy” e “Loiro irritante com lindos olhos azuis”. É claro que nesta última frase agarrei na pena com tamanha fúria para riscar aquilo que até vi estrelas quando uma dor que chegava até aos ossos me fez largar a pena imediatamente e fechar os olhos concentrando-me para não gritar.

Quando finalmente a última aula do dia terminou eu fui directamente para a enfermaria para falar com a enfermeira. É claro que quando lá cheguei ela começou com um grande sermão do tipo “Eu avisei para ter cuidado e não fazer esforços. Blá blá blá” enquanto me mudava a ligadura ensanguentada. Mas depois lá me deu a poção que eu bebi de uma só vez apesar do gosto horrível e fui para o salão principal comer alguma coisa. Nem sequer me aproximei do Daniel pois sabia que o Malfoy estaria por perto por isso decidi ficar logo no início da mesa, longe deles. Mas não pude deixar de lançar um pequeno sorriso ao Daniel quando ele me olhou.

Assim que terminei de jantar saí em direcção à sala do professor Snape. Mal tinha saído do salão comecei a ouvir passos atrás de mim mas nem me dei ao trabalho de olhar para trás e ver quem era. Continuei o meu caminho tentando ignorar os passos que me seguiam e quando cheguei à sala do professor bati à porta, foi quando a pessoa que vinha trás de mim parou ao meu lado sem dizer nada.

Olhamo-nos por uns instantes, azul no azul, até que ouvimos um “Entre” vindo do outro lado da porta e desviamos o olhar para lá. Eu abri a porta e entrei primeiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam a gostar :)



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