Irritantemente Adorável escrita por Mrs House


Capítulo 2
Capítulo 2




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Cameron entrou na grande sala de diagnósticos, Chase e Foreman olharam-na por cima de suas revistas e House sorriu para a grande barriga que ela agora carregava de cima a baixo pelo hospital.

“Desculpem o atraso, enjoo matinal.” Ela segurou suas mãos e o beijou levemente.

“Eu te disse para ficar em casa, não temos nenhum paciente.”

“Sim, mas eu estava entediada e você tem horas de clínica pendentes o suficiente para duas pessoas.” Normalmente ele teria adorado a ideia dela fazer suas horas, mas não na atual situação.

“Como se eu fosse deixá-la chegar perto daquela colônia de germes e vírus.” Ela revirou os olhos para House.

“Ei, por que as palavras estão embaralhadas?” Ela soltou suas mãos e se aproximou da lousa branca que ainda exibia os sintomas do último caso.

“Cameron, não há nada errado com as palavras.” Foraman disse e todos a olharam preocupados.

“Cameron, sorria.” Chase ordenou e os três assistiram horrorizados seu sorriso distorcido com uma parte do lábio inferior pendurada.

O sorriso escorregou de seu rosto quando ela ergueu os braços e não conseguiu alinhá-los à altura dos ombros. “House, acho que estou tendo um...” Ela lutou contra a gagueira para tentar se comunicar, mas se interrompeu quando o mundo à sua volta começou a girar de maneira caótica. House, que a assistia estático, conseguiu segurá-la a tempo de amortecer sua queda com o próprio corpo.

“Droga de perna.” Ele xingou baixinho.


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Cameron acordou com House sentado ao pé de sua cama e sorriu.

“Braços em frente ao corpo, palmas para cima como se estivesse segurando uma pizza.” Ele ordenou saltando da cama e sorriu satisfeito quando ela os manteve na posição requerida sem esforços.

“Meus olhos estão bem?” Ela perguntou quando ele terminou de examiná-los.

“Seus olhos são lindos.” Ela sorriu, mas durou pouco. “Só os vasos que não.”

“Micro aneurismas preveem futuros derrames.” Ela murmurou para si. “Greg, o que está acontecendo?”

“Eu não sei.” Ele suspirou. “Mas vou descobrir. Encha suas bochechas.” Ele ordenou e bateu simultaneamente dos dois lados de seu rosto. “Você deveria se capaz de manter o ar dentro.”

Resmungou.

“Vou pedir para os meninos colherem algumas amostras, você ficará aqui por alguns dias.” Ele mancou para fora da sala, mas parou em choque na porta, olhando diretamente para a bolsa de urina pendurada na cama. “Sangue.”


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“A análise da urina revelou excesso de proteína e glóbulos vermelhos.” Foreman anunciou ao entrar na sala. House e Chase estavam sentados à mesa ocupados com a ficha de Cameron. “Exames mostram um nível de creatina acima de 2,5. Então...”

“Primeiro ela tem um derrame e agora seus rins estão falhando, por quê?”

“O ultrassom não mostrou nenhum tumor ou pedras. Nenhum sinal de stress do feto, nenhuma obstrução no trato urinário e a pressão está boa, sem pré-eclâmpsia.” Chase acrescentou.

“E se a falência dos rins veio primeiro? Eles poderiam ter causado o derrame e não o contrário.” Foreman sugeriu.

“Rins normalmente não ficam presos no cérebro.” House refutou.

“Mas eles podem ter liberado um coágulo. Os sintomas iniciais de falência dos rins são náusea, vômito e inchaço dos tornozelos. Ela pode ter confundido com o enjoo matinal.”

“É mais provável que o coração lance um coágulo.”

“O Eco estava normal. Sem problemas cardíacos no histórico.”

“Não, mas se tivesse lido o histórico com atenção veria que ela teve seis casos de estreptococo.” House jogou a ficha para ele.

“Na garganta.” Chase disse. “Que fica a 25 centímetros do coração.”

“Deixe-me reformular, seis casos de estreptococo não tratados.”

“House, ela tomou os antibióticos.”

“Ninguém toma todos e é como dizem, os médicos fazem os piores pacientes. E o que acontece quando estreptococo não é tratado?”

“Febre reumática.”

“O que leva a... Foreman?”

“Estegnose da válvula mitral.” Ele suspirou. “Nós vamos olhar o coração.”


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“Cameron, por favor, fique parada.” A voz de Foreman ecoou pela máquina de ressonância magnética.

“Foreman, eu também sou médica, sei como me comportar.”

“Tudo bem, desculpe.” Ele riu.

Enquanto Foreman e Chase procuravam defeitos em seu coração, flashbacks invadiram seus pensamentos.

Eles estavam abraçados na cama dele, ambas as respirações ofegantes e os corações batendo em um ritmo frenético.

“Allison.” Ele respirou. “Acho que você deveria se mudar.”

Por um instante ela parou de respirar, isso era algo que ela simplesmente não esperava.

“Você tem certeza?” Ela enfim perguntou.

“É claro, a não ser que você não tenha. Você já praticamente mora aqui há um mês e até mesmo mantem algumas roupas em minha gaveta, assim poupamos gasolina.” Ele deu de ombros.

“Ah, e economizar gasolina é o único motivo pelo qual você quer que eu me mude?”

“É claro que não, também tem o sexo...”

“Greg!” Ela riu e bateu em seu peito. “Você só quer que eu me mude para gastar menos e entrar em minhas calças?”

“Mulher sem coração!” Ele fingiu indignação. “Como pôde bater em um aleijado?” Ele colocou a mão no peito de maneira afetada, o que só fez com que ela passasse de um rizo para uma gargalhada.

“Eu pensei que você não quisesse que as pessoas soubessem sobre nos, elas vão desconfiar quando nos virem chegando juntos todos os dias.” Ela disse quando conseguiu respirar novamente.

“Eu também achava que não, mas quando vejo a maneira que os outros médicos a olham, tenho vontade de gritar em plenos pulmões que você é minha.” Ele a abraçou mais apertado.

“Só sua.” Ela o beijou e as coisas esquentaram rapidamente.


Três meses depois, House estava em uma luta de boxe com Wilson e Cameron estava chorando no chão do banheiro. Ela estava desorientada com o fluxo de emoções e pensamentos que atormentavam sua mente. Ela olhou novamente para o pedaço de plástico branco em suas mãos e as duas linhas cor de rosa que decidiram seu destino.

Ela estava grávida. Gregory House era o pai.

Quando House finalmente chegou em casa e eles foram dormir, ela o observou por horas. Seu rosto exibia uma serenidade praticamente impossível de ser encontrada durante o dia, os músculos relaxados aliviando suas rugas de expressão, se anjos existissem, deveriam ter sua aparência.

Ela passou os dedos por seu cabelo levemente, com cuidado para não acordá-lo. Sua possível reação à novidade a perturbava. Será que ele ficaria feliz? Ou será que odiaria o filho? Cameron colocou a mão em seu estômago, bem em cima do útero, de certa maneira ela já amava o pequeno, seu filho, uma mistura perfeita de si mesma e de Greg, como seria possível então que ele o pudesse odiar?

“Alli?” Ele resmungou e abriu lentamente os olhos. “O que aconteceu?” Perguntou, preocupado ao ver as lágrimas em seu rosto, ela não percebera que estava chorando.

“Greg, eu preciso te dizer algo.”

“Você pode me dizer qualquer coisa.” Ele pegou uma das lágrimas com o polegar. Ela se sentou na cama e ele a acompanhou.

“Eu estou.. Greg, eu estou grávida.”

Ela calculou que eles ficaram cinco minutos em silencio, talvez mais ou talvez menos, mas o que importa é que, até agora, ele não havia demonstrado nenhum sentimento.

“Greg?” Ela ousou perguntar baixinho. Mas ele não respondeu, ao invés disso se levantou e foi até a sala com ela o seguindo de perto.

Ele se serviu de um copo de whisky e o tomou em um único gole antes de enchê-lo novamente e se sentar no sofá.

“Como?” Ele simplesmente perguntou.

“Uma camisinha pode ter estourado, é a única opção, você é o único.” Mas ela sabia que não era sobre isso que ele estava perguntando. “Eu não sei, Greg.”

“Eu não posso ter esse filho, Allison, simplesmente não posso.” Ele apertou sua mão livre em um punho tão forte que os nós de seus dedos ficaram brancos.

“Você não é como ele, House.” Ela disse com a confiança que ele não tinha. “Você não tem nada a ver com seu pai.”

“E como você sabe?!” Ele gritou. “Durante toda a minha vida eu odiei aquele homem, meu pai.” Ele disse com nojo. “Assim como essa criança me odiará.”

Cameron sentiu as lágrimas voltando ao seu rosto.

“Você sabe que não é verdade, eu sei que você não é como ele. Eu te amo, Greg, e o mesmo acontecerá com essa criança.” Ela pegou a mão dele e a descansou em sua barriga. “Seu filho, Greg, nosso filho.” Ela enfatizou a última parte. Ele não disse nada, apenas a abraçou.

“Nosso filho.” Ele repetiu.


E agora, assustada pela vida que crescia dentro dela, uma única lágrima escapou de seus olhos, até ela se lembrar que supostamente não deveria se mexer.



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Notas finais do capítulo

O que acharam? ^^